Universidade Donut
João F. Coelho fez bem em destacar estas palavras de Marques dos Santos, Reitor da Universidade do Porto (e como nunca é demais repeti-las): «Tem assumido um discurso pró-região. Afinal, como chegou o Norte a este declínio? Como perdeu a sua força reivindicativa? - O que terá acontecido foi que o Norte não soube criar as condições para fixar emprego de grande qualidade nos vários sectores. Todo esse emprego foi para Lisboa, para outros locais ou para fora do país, o que significa que não conseguimos fixar pessoas de elevada qualidade, que contribuam para o progresso da região. É uma culpa partilhada pela região e pelo Estado? - Claro que sim, é de toda a gente. Os empresários e os artistas vão todos para Lisboa. Às vezes, interrogo-me se estão à espera de algum deus que venha criar as condições na região. Cada um de nós tem de se sacrificar um pouco para criar as condições necessárias. Se quem é capaz e pode contribuir abalar daqui para fora, isto nunca crescerá. E seria interessante que os que daqui saíram, a diáspora da região, regressassem. Talvez seja ingenuidade? Se é, então desistimos, ficamos com um país macrocéfalo que tem apenas um grande centro em Lisboa e deixamos de nos queixar.» Subscrevo em absoluto o que aqui é dito e faço votos para que a UP comece desde já a inverter a sua política, voltado para a Baixa. A desertificação do núcleo histórico do Porto e declínio da cidade consumou-se com a decisão da universidade de abandonar o centro. Esperemos que esta volte a investir na Baixa (até porque possui muito património esquecido por aí), caso contrário, e por este andar, ainda se arrisca a se transformar numa universidade “donut” replicando apenas os defeitos da cidade. Pode existir uma região sem um núcleo duro? Eu acho que não. Etiquetas: Porto, Universidade, Urbanismo |
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