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terça-feira, setembro 15, 2009

Cavalgar o comboio nacionalista

Realmente ao incontável número de apreciáveis características de Manuela Ferreira Leite, o nacionalismo era mesmo o que lhe estava a faltar. A utilização de argumentos de pendor nacionalista sempre foi uma boa forma de agitar medos e fantasmas que desviam as pessoas do que é realmente importante e do que se passa nas suas costas sem que estes reparem até ser tarde demais.
A ideologia nacionalista, do nós contra os outros, ou dos outros contra nós, sem que saibamos bem porquê, tem tido os resultados conhecidos e não pode deixar de se entender o argumento primário de Manuela, como um insulto à inteligência dos portugueses. Não tomemos os espanhóis por santos benfeitores, eles defendem os seus interesses tal como nós devemos defender os nossos. Não é razoável é imaginar que nos devamos prejudicar porque os espanhóis têm um interesse que por razões de pirraça política não queremos partilhar e então arranjámos um argumento qualquer para desviar a atenção da nossa verdadeira agenda.
Mas este assunto do comboio dos espanhóis não é ideologia, é simples tolice, o que torna um pouco tolinha a autora do argumento. É tanto assim que perante a evidência que os fundos que beneficiam a Espanha por terem um comboio a chegar ao lado de cá da fronteira serem os mesmíssimos que Portugal acabaria por beneficiar, visto que está comprovado que a única fronteira terrestre que possuímos ser mesmo com Espanha (desde que ninguém o negue), a sua campanha se tenha visto forçada a alimentar o assunto com mais frases feitas tipo "ninguém nos intimida, nem nos pressiona", ou com a mãozinha amiga de Ferreira do Amaral que confessa já ter sofrido pressões espanholas, mas ter resistido estoicamente ao invasor (deve ser o lado monárquico da família).
Não há nos vagos "vamos negociar com Espanha" ou o novo "vamos negociar com Bruxelas" o vislumbre de uma ponta de coerência, ideia ou resolução para como se espera fazer chegar os fundos europeus destinados ao TGV mas sem comboio, e como se espera resolver o problema de credibilidade do país sempre que ocorrer a assinatura de acordos bilaterais com outros países, certos que passam a estar da nossa incapacidade em cumprir compromissos.
Não parece ser fundamental responder com argumentos. O que parece fundamental é deixar em aberto silêncios incómodos e nenhum comprometimento importante (onde é que eu já vi isto...). Depois de dia 27, logo se vê…
Estas tolices, às vezes parecem mais ser parte de uma estratégia, tendo em conta que o nacionalismo bacoco se segue à história dos ucranianos e cabo-verdianos e ao aparentemente já longínquo "casamento é para procriar". Desta maneira parece fazer cada vez mais sentido a ideia que Sócrates pretende colar à Manuela, e que tantos jornalistas se tem esforçado por desmentir, que este PSD e a sua líder estão mais à direita do que alguma estiveram.
É uma polémica que vinha mesmo a calhar para toda a gente. Manuela evitar falar em propostas, Sócrates evita falar nas reformas dolorosas e aproveita para colá-la à direita conservadora. Enquanto os políticos esgrimem argumentos do tipo, eu gosto mais do rectângulo do que tu, de Santa Apolónia parte todos os dias paulatinamente e sem polémicas, às 22:30, o Lusitânia Comboio Hotel. A única ligação ferroviária diária entre Lisboa e Madrid, que chegará à estação de Chamartin exactamente às 08:58 (hora espanhola). Cerca de 10h de uma excitante viagem para aproveitar e saborear cada momento dos cerca de 660km que (por carro) nos separam da capital espanhola…

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