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sexta-feira, setembro 25, 2009

Do voto

A política para lá de espectáculo é feita de expectativas e muitas vezes estas são claramente grandes e muitas vezes infundadas. Os governos não fazem nada sem o empenho dos povos que governam e a atitude, frequente nos portugueses de não se interessarem particularmente pela política, mas facilmente exigirem medidas do seu agrado aos governos e governantes que desprezam, é típica do elevado potencial de expectativa que temos dos políticos, potencial esse que dessa forma nunca pode ser correspondido e logo é sucessivamente defraudado.
Acreditar num projecto político de um partido político de poder, de um país integrado num bloco como a união europeia e logo por isso um partido fora das grandes caracterizações ideológicas, mas dotado do pragmatismo exigido pelo momento, não é um processo de adesão incondicional, não é uma adesão acrítica a todas as medidas e políticas desse projecto político e muito menos a expectativa que todas as suas acções terão sempre um impacto positivo sobre nós deixando os dissabores para os outros.
A adesão a um projecto político deve contemplar uma análise sobre a generalidade dos efeitos esperados pela presença de um partido no poder, sobre o rumo que se pretende para o país, devendo existir um fenómeno de identificação de aspectos do discurso político com os valores e anseios de cada um, não apenas para si mas para a sociedade, perante a expectativa, essa sim fundada, que um partido ou que algum partido reúna um número apreciável de características e aspectos que nos interessem ainda que não todos.
Votar é mais um acto altruísta que egoísmo individual. Votar é a expressão do nosso interesse pessoal que pretendemos ver reflectido na sociedade que idealizamos para todos. Logo não é possível esperar que o resultado das eleições se traduza numa vantagem para mim que resolva todos os meus problemas, mas que antes resulte em vantagens para a ideia que temos de sociedade o que em fim último resultará em vantagens para todos.
É por estas razões que tenho tido dificuldade em situar-me como um apoiante indefectível de alguém ou de algum partido. Talvez por isso, passados 18 anos de me ter iniciado nessa escola de putativos políticos que são as associações de estudantes, continuo basicamente como comecei, independente.
Mas isso nunca me afastou do interesse pela política, nem do reconhecimento dos meus valores ou interesses neste ou naquele projecto político.
Já me entusiasmei e já me entristeci com a política. Já fiquei surpreendido e desiludido, mas não considero existir alternativa ao interesse que me suscita a res publica pela inevitabilidade de termos de viver em sociedade.
Por isso, muito embora não me reveja em absoluto em nenhum dos actuais partidos, nem nos seus líderes. Embora muitas vezes tenha visto que quase todos possuem características de hipocrisia a calculismo político que me desagradam, para além de uma arrogância que às vezes me ofende, não posso deixar de confiar o meu voto àqueles que neste momento me parecem contribuir mais para a melhoria das condições de vida dos portugueses e para o atingimento de níveis de desenvolvimento que há muito reivindicamos, sem ilusões épicas ou miserabilismos.
Voto no PS, não porque me identifique inteiramente com o seu programa, mas porque me identifico menos com os restantes programas, e especialmente porque não me revejo, e em alguns casos não confio, nas pessoas que protagonizam esses programas.
Voto no PS porque apesar de uma legislatura muito atribulada recheada de casos que ainda estão longe de sabermos a fundo a sua origem ou conclusão, este governo demonstrou a coragem de encetar reformas e tomar medidas que me parecem essenciais na escola pública, no sector dos medicamentos, no sector da banca, na administração central, na justiça, nas contas publicas, no TGV ou no Aeroporto, entre outras, ainda que nalgumas vezes não da melhor forma. Identifico-me totalmente (aqui sim) nas reformas conduzidas por este governo quanto à qualidade da democracia, com a reforma do parlamento, a limitação de mandatos e a lei da paridade. Já os restantes programas apenas propõem o fim de muitas dessas reformas.
Voto PS porque independentemente do que se diga, o PS tem uma consciência social, porque respeita uma visão tolerante e aberta da sociedade, porque investiu num futuro ecologicamente sustentável, porque pôs Portugal na linha da frente do que me melhor se faz em tecnologia, porque estabeleceu acordos que dinamizam as universidades portuguesas e por muitas outras medidas, mas também porque tem de facto uma atitude contra a inércia e o miserabilismo em que este país teima em manter-se.
“Não há alternativa ao trabalho árduo...” dizia Sócrates há dois anos na sua mensagem de Natal e realmente há muito trabalho pela frente, muito provavelmente ele nunca acabará. Mas não é certamente passando os dias a lamentar o nosso destino cruel que os problemas se resolverão.
Desta forma no dia 27 pretendo contribuir para uma solução de estabilidade governativa votando no PS.

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