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sábado, setembro 19, 2009

Leve, leve que está fresquinho

Dentro do mercado, perseguido por um pequeno grupo de apoiantes, Louçã cumprimentou os vendedores de frutas, legumes, animais de criação e pão. A poucos metros da peixaria, e num tom de voz mais baixo, disse a Adelino Granja, candidato bloquista à câmara de Alcobaça, que não queria ir àquele espaço. Por isso, quando passou pela entrada que dá acesso à zona do peixe nem sequer olhou para trás, apesar dos acenos das vendedoras.
Questionado pelos jornalistas sobre o facto de ter evitado a peixaria, Francisco Louçã foi rápido na resposta; “Nunca vou.” Porquê? “Por uma questão de princípio”, respondeu. E sustentou: “Porque cria uma dinâmica de espectáculo. Eu quero um contacto com as pessoas, não quero favorecer nenhuma forma de populismo, nenhuma forma de simplicidade na campanha eleitoral.”
Público


Temos, de um lado, os vendedores de frutas, legumes, animais de criação e pão. Gente cordata, com a qual se discute ideias, proeminente na res do espírito, discreta. Temos, de outro lado, as peixeiras. Gente pouco cordata, com a qual não se discute ideias, indiscreta (que inclusivamente acena). Falar com os vendedores de frutas, legumes, animais de criação e pão é favorecer o contacto com pessoas e sem populismos. Falar com peixeiras é não favorecer o contacto com pessoas e ser populista.

Falando da política que Louçã propõe para o país. Ainda que se não vote em Francisco Louçã, é muito fácil concordar-se com ele. Por regra, todas as premissas do seu discurso estão correctas. E são as premissas quem cria empatia entre político e eleitor. Porém, grande parte das conclusões - das soluções para o país - estão erradas. No fundo, Louçã é um vendedor de peixe clássico: vende perca do Nilo no mercado da Costa Nova e diz «Leve, leve que está fresquinho! Acabei agora mesmo de a apanhar!»
Daí que faria mais sentido Louçã ter ido cumprimentar as peixeiras, ao invés dos vendedores de frutas, legumes, animais de criação e pão.

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