Votar já não é o que era. Por falta de comparência do PSD, estas eleições não tiveram a força de tracção habitual. O partido do governo ficou sozinho a disparar em todas as direcções (inclusive para dentro) não se coibindo, no entanto, de encenar a expiação dos seus pecados democráticos. De mão no peito, Sócrates reitera a sua fé no futuro, o qual será, na melhor das hipóteses, igual ao que já tivemos. Ah! Sócrates, Sócrates, nosso pequeno Tartufo de trazer por casa. “Em quem votar então?”, dizia eu. Sou um eleitor do BE (na variante PSR) geneticamente programado, mas mais uma vez vou procurar outras companhias. Aquilo está a crescer demais e não está pronto ainda para assumir o poder. Muita retórica, muito entusiasmo académico, mas poucas provas dadas, por exemplo, nas autarquias. Se o BE pretende ser governo, primeiro tem de conquistar câmaras, assembleias municipais e juntas de freguesia. Formar quadros e aprender com a experiência. Neste momento, considero que o aproveitamento da legítima insatisfação dos eleitores por parte de Louçã & Cª não faz justiça ao próprio partido. Era preciso um pouco mais do que defender a necessidade de se travar uma maioria absoluta. Contas de mercearia não são para aqui chamadas. Portanto, para mim, votar vai voltar a ser o que era. Votarei Jerónimo de Sousa. O PCP tem provas dadas em várias autarquias (incluindo Lisboa e Porto) tendo demonstrado possuir quadros à altura dos desafios da governação e uma maturidade democrática exemplar. Aliás, é bom lembrar que, enquanto o PS e o PSD acenavam com o espantalho do salazarismo, Jerónimo cheio de bom senso assegurava que o tempo não volta para trás. Quem perante a histeria dos dois grandes partidos não se rende à serenidade comunista? E, depois, bem precisa Sócrates de um educador, de uma espécie de pai (político) que nunca teve. A criança mimada da democracia portuguesa não pode continuar sozinha em casa. |
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