TGV, OTA e Crescimento
Keynes concluiu que o investimento se multiplica em rendimento através do consumo induzido pelo investimento inicial nos períodos ulteriores [multiplicador do rendimento]. Um exemplo: a um aumento de investimento de 10 Unidades de Conta [UC], corresponde uma aquisição de 10UC em bens capitais durante esse período. As empresas produtoras desses mesmos bens capitais fazem subir as suas vendas em 10UC, distribuindo-os em, nomeadamente, salários. Os titulares desses salários gastarão em consumo este rendimento, de acordo com a sua propensão marginal ao consumo. Sendo esta de, por exemplo, 7/10, o acréscimo de investimento de 10UC provocará um aumento de 7UC no período seguinte – o que se traduzirá num aumento correlativo das vendas das empresas produtoras de bens de consumo. E assim por diante, nos períodos sucessivos, infinita mas decrescentemente.* Embora o Estado só vá assumir uma parte da factura, não deixa de ser uma fatia substancial. O Estado é também um importante impulsionador da economia, designadamente em ciclos económicos recessivos. A construção do TGV e da OTA terão, estou convencido, uma palavra a dizer no crescimento da economia. *Porém, se o Estado financiar exclusivamente com impostos as suas despesas, assistir-se-á à diminuição correlativa do poder de compra das famílias. Temos assim, por um lado, a despesa do Estado capaz de se multiplicar em rendimento; por outro lado, a diminuição do consumo das famílias por via do pagamento de impostos [multiplicador negativo dos impostos], pólos que virtualmente se anulam (Trygve Haavelmo). Situação esta que poderá ser corrigida com despesas-transferência (v.g. subvenções), no mesmo período (ou, com um menor impacto, em períodos ulteriores), para as famílias, devolvendo-lhes o poder de compra [multiplicador positivo dos impostos]. Etiquetas: Economia, Política Nacional |
Comments on "TGV, OTA e Crescimento"
É, no entanto, bastante discutivel a prioridade de um novo aeroporto. Tanto quanto sei parece que vai ter um período de vida útil de apenas 35 anos. É de ponderar a sua real necessidade... Outra questão é o efeito avassalador que vai ter sobre o aeroporto de Francisco Sa Carneiro (Porto), no qual continuamos a investir em obras de modernização que se poderão a vir revelar estereis.
Estava no post a referir-me ao impacto das obras no crescimento económico. Questão completamente diferente é a pertinência ou oportunidade das obras.