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domingo, outubro 23, 2005

Ainda As Autárquicas: Porto e Aveiro*

O texto que se segue inaugurou o início da minha colaboração com o Nortugal.info.
O que é o Nortugal.info?
«O Nortugal.info é uma agência noticiosa sedeada na Internet, especializada em notícias, reportagens e estudos que envolvam pessoas e organizações residentes na metade norte de Portugal (distritos de Coimbra, Aveiro, Viseu, Guarda, Porto, Vila Real, Bragança, Braga e Viana do Castelo). O Nortugal.info assume-se como a primeira publicação on-line regional e apresenta-se aos seus leitores com vontade de contibuir para o «upgrade» regional de capacidades e níveis de desenvolvimento económico, social, tecnológico, educacional e profissional. O nosso lema é «Aumentando a nossa 'Inteligência'». Todas as notícias do Nortugal.info são produzidas por uma redacção autónoma e especializada, acompanhando a evolução conjuntural dos factos, indicadores e eventos relacionados com o desenvolvimento da região. O Nortugal.info utiliza texto, fotografia e gráficos na apresentação de notícias e ainda difusão via RSS. O Nortugal.info foi fundado em 2 de Abril 2005 e é detido pela empresa AptusMundi, Lda. O Nortugal.info pode ser contactado pelo email geral@nortugal.info, ou através do telefone 225101043 ou do código Skype Nortugal. A redacção do Nortugal.info está instalada na Rua Santos Pousada, 866, 2º Dt, 4000-481 Porto. »

1. Se o Porto é a cabeça de uma vasta região, Aveiro é a sua asa esquerda (prefiro imaginar o Porto a olhar para o mar...). Agora, para além do espaço social e económico, partilham também as cores políticas.
2. Estas duas cidades fazem parte do clube de 18 câmaras que foram conquistadas por coligações PPD-PSD/CDS-PP. Élio Maia repetiu o percurso de Rui Rio em 2001 no Porto: de candidatura falhada passou inesperadamente a candidatura vitoriosa. O que há em comum entre os dois casos é o facto de as respectivas campanhas se terem concentrado na figura dos dois cabeças de lista e não tanto nos programas eleitorais.
3. Mas as semelhanças ficam por aqui porque nem Aveiro é actualmente comparável ao Porto:a) quer na dimensão (Aveiro tem 61770 eleitores inscritos ao passo que o Porto tem 234749); b) quer no perfil político-social (Porto é sociologicamente de esquerda e liberal e Aveiro é de direita conservadora); c) quer ainda na dinâmica de crescimento (o Porto entrou em decadência, sendo difícil dizer o que realmente é o Porto actual entre Bairros Sociais, Shoppings e os escombros desérticos da Baixa, e, em contrapartida, Aveiro está em fase ascendente, correndo o risco de vir a ser uma das cidades mais dinâmicas do eixo que vai dela própria à Corunha);
4. E, por outro lado, nem os presidentes das câmaras municipais de Aveiro e Porto são comparáveis: a) Rui Rio é militante e dirigente do PPD-PSD e é, apesar dos seus detractores, uma figura com alguma notoriedade nacional; Élio Maia é um independente oriundo do CDS-PP e um ilustre desconhecido fora do ciclo dos aveirenses; b) Rui Rio é um político conflituoso e turbulento (bem tinha razão Carlos Magno quando disse que o discurso mais próximo do BE era o do próprio Rui Rio, que tem um discurso mais de quem está na oposição do que de quem está no poder); Élio Maia é uma personagem conciliadora e pouco dada a arrufos políticos (veja-se o suposto fracasso das suas prestações nos debates de campanha...); c) a candidatura de Rui Rio em 2001 destinava-se apenas a cumprir calendário e a presidência da Câmara Municipal do Porto foi um acidente que lhe aconteceu, ao passo que Élio Maia preparou pacientemente a sua candidatura ao longo de 16 anos, num trabalho de formiga na Junta de Freguesia de S. Bernardo, uma das freguesias rurais de Aveiro, chegando ao ponto de se desfiliar do CDS-PP para não comprometer a necessária coligação com o PPD-PSD que mais tarde ou mais cedo tinha de ser feita, ou seja, a presidência da Câmara para Élio Maia é um projecto para vida.
5. As coligações também não são exactamente da mesma natureza: a) Em Aveiro a influência do CDS-PP ainda é muito nítida («Aveiro, Capital do CDS» lê-se numa lona pendurada na fachada da sede local); sendo esta a família política do próprio candidato, não obstante a sua declaração de independência; o mandatário de campanha foi nada mais, nada menos que o mítico Girão Pereira, que esteve à frente da câmara durante longos anos e que é recordado de uma forma exageradamente lisongeira por muitos (uns adoram-no, outros odeiam-no, quando na verdade não terá passado de uma banalíssima figura do poder local). Sem o CDS-PP não existiria vitória de Direita; b) Já no Porto o CDS-PP deixou-se reduzir à condição de adereço circunstancial de Rui Rio. Creio até, que o PSD por si só teria sido capaz de ganhar as eleições no Porto e um dos grandes males desta coligação é justamente o facto de conceder uma representatividade e um poder aos Populares, que estes não têm de facto. Aliás, podem procurar na imprensa, vasculhar todas as gravações de arquivo, que não encontrarão qualquer tomada de posição ou até uma simples declaração dos candidatos Populares. A única excepção veio de Ribeiro e Castro quando veio ao Porto apoiar a coligação, mas esse não é chamado para estas contas.
6. No final o saldo não é o mesmo: o Porto está em maus lençóis porque vai continuar em piloto automático, sem projecto, sem uma gestão coerente e mobilizadora da cidade. Os eleitores que deram de mão beijada a maioria absoluta a um candidato sem programa, assinaram um cheque em branco que vai ser pago por todos nós. Aveiro está menos mal. É certo que perdeu um bom presidente (mas não excelente), mas sei que não ficou a perder com Élio Maia, que é um homem bom. Contudo, as câmaras não se fazem apenas com um homem...
[*Publicado no Nortugal.info a 21/10/2005]

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