Os Fenómenos Na Baixa Do Porto
Não gostaria de deixar passar em branco o post do David publicado no Dolo Eventual sobre a Rua do Almada e sobre o “renascimento” da baixa do Porto. Também fico contente por saber que há pessoas que querem vir para a baixa a “qualquer custo”, ocupando espaços que precisam de muitas obras, sem estacionamento à porta ou no próprio lote... É claro que estamos a falar de pessoas especiais, e que são uma minoria. A verdade é que os fenómenos que têm vindo a acontecer em algumas ruas da baixa devem-se precisamente a estas pessoas e ao espírito de risco que elas próprias aceitam. Temos exemplo disso a Rua de Miguel Bombarda que hoje é considerada a Rua das Galerias, a Rua Mártires da Liberdade que começa a ter alguns espaços interessantes (já referido também num post do David) e a Rua do Almada. Estes fenómenos devem continuar, mas não bastam para a reabilitação da baixa, existe outro lado, que deve também ser pensado. Temos então do “lado oposto” - a Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo, que também pretende a revitalização da Baixa do Porto. Não vou discutir se estão a trabalhar bem ou se concordo com as estratégias mas a verdade é que tem contribuído muito para a discussão do assunto acabando por lembrar que a Baixa do Porto existe! A habitação é um factor muito importante para que a Baixa volte a ser o que era antes... Trazer pessoas de volta é essencial e a verdade é que antes em algumas zonas da Baixa habitavam classes com algum poder económico, mas as coisas mudaram e hoje as pessoas da tal classe média/média alta que o David refere já não tem como conceito de conforto estas casas da Baixa do Porto... Hoje existem os condomínios fechados, os apartamentos com dois lugares de garagem, arrumos e uma parafernalha de coisas que elas chamam conforto! Também não estou de acordo que se destrua o interior de todos os quarteirões para estacionamentos e se aproveite só a pele do edifício, mas tenho visitado alguns quarteirões e vejo que realmente é preciso fazer alguma coisa, limpar o interior dos logradouros sim, até por uma questão de higiene, iluminação, segurança contra incêndios, enfim... é necessário adaptar os edifícios (sempre dentro do razoável, claro) ao modo de vida e às exigências de quem até gostaria de vir para cá. Até porque os edifícios, muitos infelizmente, o estado de degradação é tão avançado que a sua recuperação é impossível. O caso do edifício do antigo Café Luso (na Praça de Carlos Alberto), por exemplo, é um destes casos, trata-se de um edifício muito interessante a nível tipológico, mas a sua recuperação interior é impossível. A Rua do Almada é também constituída por edifícios em muito mau estado. Quero acreditar que com estas pessoas todas a puxarem pela Baixa, vamos conseguir lá chegar!!! Publicado na Rua de Heráclito |
Publicado por Adriana Floret às 19:44
Comments on "Os Fenómenos Na Baixa Do Porto"
Porque o Porto é uma cidade ao mesmo tempo magnífica e cheia de contradições, gosto de saber que há planos para a necessária reabilitação da Baixa.
Mas o cenário urbanístico do Porto, fora do belo centro histórico, continuará com terríveis cancros enquanto a ideia de cidade suburdinar o seu património artístico e simbólico ao omnipresente automóvel.
O caso do "tunel de Ceuta", desaguando à distância de um passeio frente à fachada do Museu Nacional Soares é um exemplo escandaloso que desprestigia a cidade. Interessante seria criar uma área de protecção, com vastas zonas pedonais, nas imediações do museu. Será assim tão difícil copiar bons exemplos de outras cidades europeias.
Saudações ultraperiféricas.
Retirar o automóvel das Ruas da cidade é uma opinião que defendo para várias artérias do Porto. Mas a população não aceita a idéia com agrado. É só lembrar as discussões que houve à volta deste assunto quando foi lançada a zona pedonal do centro histórico do Porto, e agora com a Rua Miguel Bombarda...
Cumprimentos
Adriana Floret