Porto-Lisboa
Vou insistir na comparação entre Lisboa e Porto. Estou para aí virado. Depois das bibliotecas, mais uns detalhes: 1. Podia falar das quatro salas de espectáculo municipais de Lisboa (Cinema São Jorge, Teatro Maria Matos, Teatro S. Luiz e Teatro Taborda), mas depois da entrega em mãos do Teatro Municipal Rivoli a um empresário do entretimento lisboeta acho que não há mais a dizer. Não há termo de comparação. 2. O site oficial da Câmara Municipal de Lisboa é legível, útil, verdadeiramente informativo e plural (o PCP e o PS têm direito a link na primeira página do site). Qualquer cidadão – munícipe ou não – tem ali à mão uma série de ferramentas úteis. O site oficial da Câmara Municipal do Porto é o que se sabe. Já agora, também se pode verificar como a Assembleia Municipal é diferentemente tratada no Porto e em Lisboa. Já era tempo de as actas, bem como outras informações, serem publicadas on-line. Não custa dinheiro, apenas vontade. 3. É claro que estas diferenças só existem porque em Lisboa existe uma oposição a sério e no Porto, com excepção de Rui Sá (embora diminuído pela sua condição de ex-colaboracionista), a oposição é mais um part-time do que qualquer outra coisa. Como o PS não está a fazer o seu papel, Rui Rio vai ganhando por falta de comparência do principal adversário. 4. Enquanto que por cá se substituem 67 árvores na granítica Avenida dos Aliados (e isto depois de uma longa purga arboricida), em Lisboa a autarquia presenteia a cidade com 29 mil flores e arbustos! Disto tenho inveja, muita inveja... 5. O Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional, Francisco Nunes Correia, anunciou que o próprio estado central irá assumir a reabilitação da Praça do Comércio e da frente ribeirinha entre o Cais do Sodré e Stª Apolónia. O facto de ainda não se saber sequer quanto é que custará este favor à SRU Baixa-Chiado não parece ter pesado na decisão do governo. Entretanto, a PortoVivo SRU continua a tentar pescar o apoio de privados para a reabilitação de uma cidade que, apesar de ser Património da Humanidade, não merece o apoio do estado central. É claro que disto a Câmara Municipal do Porto não tem culpa, mas também não devia deixar passar isto em branco. A desigualdade no envolvimento dos dinheiros públicos na reabilitação das duas baixas é demasiada injusta para que não se tome uma posição pública quanto a isso. Por cá também daria muito jeito que o Ministro Nunes Correia assumisse a reabilitação da escarpa ribeira ou a requalificação do eixo Mouzinho-Flores. |
Comments on "Porto-Lisboa"
Bom trabalho!
Apenas uma nota: quem "escaqueirou" a frente ribeirinha entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia foi o Estado, ou seja, o Metropolitano de Lisboa, que juntamente com a REFER e a Transtejo transformaram esta zona desde há anos num inacreditável e eterno estaleiro!
É pois justo que o Estado compense a Cidade pelos inúmeros incómodos causados, com benefícios ainda invisíveis - o prolongamento do Metro a Santa Apolónia continua por abrir e as condições da travessia fluvial do Tejo continuam a ser o que sempre foram, embora com o embarque noutro sítio...
Mas concordo com a ideia de princípio que as relações Estado-Autarquias, a nível de dinheiros, não são satisfatoriamente transparentes.
Como será quando vier a Regionalização?
Claro que me parece de elementar bom senso que grande parte destas competências soltas e dispersas por Estado e Câmaras deverá ser concentrada nos órgãos regionais, como se faz há muito lá fora (e bem perto de nós...).
Mas para isso, no caso do Porto, era preciso que fosse criada uma REGIÃO METROPOLITANA DO GRANDE PORTO, exterior à actual Região Norte, mas ainda não vi ninguém com "peso" político avançar seriamente com esta proposta.
O mesmo se diga, aliás, de Lisboa, já que todas as propostas de mapa regional englobam a AML na Região do Vale do Tejo, ao arrepio do que se fez lá fora, em que as realidades metropolitanas possuem um tratamento muito específico na arquitectura da organização administrativa...
Caro Tiago,
Em Lisboa sinto-me em casa, mas não ao ponto de a trocar pelo Porto (ou por Aveiro).
Quanto ao mau uso que a autarquia dá às suas salas de espectáculos, o máximo que eu posso dizer é que por cá nem a esse luxo nos podemos dar. Recomendo que arrebitem as orelhas e que estejam atentos. Se há uma desprogramação, isso é sempre indício de privatização (seja lá como for, 4 salas é um exagero...).
No site da CML também há notícias com cheirinho a propaganda, mas nada que se compare ao nauseabundo site da CMP e olha que o site daí é mesmo serviço público.
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É claro que a oposição por cá não funciona por se encontrar em minoria, mas o que pensariam os lisboetas se o líder da oposição fosse um eurodeputado que por aí aparecesse ao fim-de-semana (às vezes nem isso...)? Também devo esclarecer que Rui Rio não está cumprir qualquer programa pelo simples facto de que não apresentou um programa eleitoral. Ganhou com uma carta em branco.
As árvores não existem apenaspara serem admiradas, têm um papel fundamental na garantia da qualidade de vida das populações. É uma questão de saúde e segurança públicas.
Mas não está a conseguir e nunca conseguirá, pelo simples motivo que a reabilitação implica intervenção sobre espaços públicos extremamente degradados (um dia destes publicarei aqui umas fotos). E ainda há outra questão: se há dinheiro dos cofres centrais (de TODOS os portugueses, portanto) disponível para a reabilitação, então que seja distribuido igualitariamente por Lisboa, Porto, Coimbra, Guimarães e etc. Lisboa é a única cidade que vai ter direito a esse privilegio. Eu trabalho e desconto aqui no norte para o estado gastar o meu dinheiro no Cais do Sodré!
Bom ano!
Caro a. castanho,
Metro de Lisboa e Transtejo são o estado? Isso é que está completamente errado. São empresas que existem para servir Lisboa e nada mais. Aqui ficamos nós a perder a dobrar: primeiro financiamos essas empresas e depois financiamos os estragos por elas feitas! Se isto é justo eu quero ser alfacinha! Lisboa é uma criança que chora de dores de barriga pelos doces que comeu a mais. Tenham um pouco de pudor sff!
Quanto à proposta de uma Região Metropolitana do Grande Porto, não percebi lá muito o que pretende. Até porque já existe uma Grande Área Metropolitana do Porto (GAMP) cuja sede é arrendada ao próprio Valentim Loureiro. Para poupar, dizem eles...
Um bom ano!