Lisboa a saque
Este post é dedicado exclusivamente ao David. Foi a forma que eu encontrei para que o David não se sinta tão sozinho na sua luta pela cidade do Porto, e acompanhado na frustração com que por vezes escreve sobre a sua cidade. Numas deambulações blogosféricas dei de caras com um documento sobre grandes projectos para Lisboa, em construção ou em projecto, mas como nós muito bem sabemos é o mesmo que dizer quase aprovados. Em Lisboa tudo é passível de ser destruído e construído um gigantesco mamarracho de betão em cima, como se faltassem habitações disponíveis ou como se o espaço de escritórios não fosse já mais do que suficiente e caro. Lisboa está em saldos e não há metro quadrado de terreno que não esteja aberto à urbanização selvagem (muito além do que seria desejável) embora sempre acompanhado de uma capa de grande qualidade e arquitectura. Reconheço a necessidade de reconverter a cidade e não se alimentar um determinado parque habitacional sem sentido, qualidade ou valor histórico. Pode e deve encontrar-se uma solução para todas aquelas zonas em que inquilinos e senhorios nada fizeram e previsivelmente não vão fazer. Algumas partes da cidade podem ser reconvertidas em imobiliário de qualidade para habitação ou escritórios, e ainda assim, encontrar-se um equilíbrio próprio para cada local, sem que isso signifique a construção de projectos faraónicos e gigantescos, que apenas alimenta o ego de arquitectos, e o bolso de construtores e especuladores imobiliários. Além disso é fundamental respeitar a qualidade de vida dos actuais residentes de zonas ditas “normais” e onde se prevê a instalação de edifícios de grande volumetria que não respeitam qualquer regra das mais básicas, como simplesmente a exposição solar do que já está construído, já para não falar da total falta de respeito pelo património histórico como o caso da Infante Santo, onde o empreendimento está a ser construido sobre o Aqueduto das Águas Livres. Uma das zonas de que já tinha falado aqui era o Parque das Nações, onde pelos vistos continua a devastação de uma zona da cidade que se pretendia nobre. Mas a esta juntam-se Alcântara ou até o Largo do Rato. Vai ser muito interessante viver ou apenas trabalhar em Lisboa nos próximos anos. Dirão alguns que é o desenvolvimento necessário... Todas as aberrações que podemos esperar para Lisboa podem ser consultadas neste site, via Random Blog. Etiquetas: Lisboa |
Comments on "Lisboa a saque"
É inacreditável a forma como estes projectos são impostos e escondidos do cidadão.
Nããããaaa.... frustração não é bem o termo. Mas adiante: teria muito gosto que tu escrevesses ainda mais sobre lx, sobre o teu bairro, sobre a tua (sub)urbe. Aliás, gostaria que o pedro e a cláudia escrevessem mais sobre aveiro, sobre ilhavo e gafanhas. Comparar experiencias só pode ser uma vantagem.