Colónia Agrícola
![]() O Estado Central nunca fez uma boa gestão do território. O Estado Novo só veio piorar uma velha tradição e a democracia não tem sido capaz de endireitar o que torto nasceu. O Primeiro de Janeiro apresentou uma peça sobre um verdadeiro símbolo do desastre centralista: a Colónia Agrícola da Gafanha. Durante o Estado Novo criou-se um organismo intitulado Junta de Colonização Interior que teria como função povoar os campos. O absurdo é que este organismo chegou a ir buscar população da Beira Interior para a Beira Litoral segundo uma lógica de plano quinquenal típica de devaneios totalitaristas. Aquilo só poderia correr mal e hoje é um território perdido entre a administração central e local. Um limbo administrativo e um fóssil do Estado Novo. É claro que o vazio de responsabilidades é terreno fértil para abusos. Usando o google earth é fácil constatar que pululam as casas ilegais e que o território ameaça entrar em entropia. A geração que ainda ía tratando da terra já passou à história e a geração actual não parece ser particularmente vocacionada para a gestão da floresta, a câmara não pode e nem deve mexer no que está fora da sua alçada e no ministério da agricultura já ninguém se deve lembrar do caso. Entretanto, prevejo que nos próximos anos a Srª dos Campos (actual denominação da Colónia Agrícola) irá sofrer uma pressão enorme do betão e do turismo. Por ironia, a gaveta do arquivo morto do ministério tem sido a única defesa contra os predadores de território. O dia em que a Câmara Municipal de Ílhavo assumir a total gestão daquela mata instalada entre dois braços da Ria de Aveiro, então outros amanhãs cantarão para os patos-bravos. Etiquetas: Ambiente, Aveiro, História, Política Nacional, Urbanismo |
Comments on "Colónia Agrícola"
David
Ajunta de colonização interna fez a única reforma agrária de que há memória neste país.
A sua acção fez-se sentir sobretudo no Ribatejo onde milhares de hectares foram expropriados, loteados e entregues a agricultores, sobretudo da beira-alta.
Todas as terras chamadas Foros são resultado desta reforma, cuja grande bandeira é Santo Isidro de pegões.
Isso, Junta de Colonização Interna e não "Interior" como disse por lapso. Sei muito pouco sobre o assunto, mas parece ser um tema digno de estudo. Outras operações deste género ainda subsistem? Ainda estarão sob a alçada do Ministério da Agricultura? É incrível que ainda não se tenha feito a história da acção desta Junta (pelo menos que eu saiba)
Quanto à toponímia "Foros" talvez alguma dela seja bem anterior ao Estado Novo, não achas?
A sua acção terminou durante o governo de cavaco Silva. Na realidade teria terminado em 1980 com a entrega dos terrenos aos "Foreiros", mas as pressões do PCP e da sua "Reforma Agrária" atrasaram o cumprimento por parte do Estado dos contratos que datava de 1950, salvo erro.