A sala de espera
O Jorge Ferreira discute a problemática da construção de um novo aeroporto no Ota Não, o seu novo blogue. «Está na moda considerar que a construção de um aeroporto na Ota é um problema técnico e não um problema político. Será um problema técnico, mas é antes de tudo um problema político. Não é inocente a moda. A intenção é óbvia: se a construção do aeroporto é um problema técnico e não político, então ele deve ser discutido apenas por técnicos, os engenheiros. E se assim é, quem decide a sua construção e escolhe o local não é responsabilizável pela decisão que vier a tomar. A moda, numa palavra, convém ao Governo.» [link] A OTA será um problema político, mas antes de tudo é um problema técnico. E é um problema técnico porque a sua construção ou não construção deve ser defendida, no plano político, após resposta para a seguinte questão: será o actual aeroporto capaz, só por si, de assegurar o tráfego aéreo a médio e a longo prazo em perfeitas condições? E esta é uma questão de ordem técnica. Se a resposta for sim, a decisão política deve ser não. Se a resposta for não, a decisão política deve ser sim ou não. Deve ser sim, caso se considere a afectação de recursos do Estado para um novo aeroporto prioritária, ponderadas as necessidades do país. Deve ser não, caso não se considere a afectação de recursos do Estado para um novo aeroporto prioritária, ponderadas as necessidades do país. A construção de um novo aeroporto só se torna um problema político, assim, após avaliações de ordem técnica aconselharem a sua construção. Sendo a OTA um problema técnico antes de político, quem decide da sua construção é responsabilizável pela decisão que tomar. Isto porque, ainda que necessária, a construção de um novo aeroporto representa sacrifício do investimento noutras áreas. É nesta escolha da melhor afectação de recursos às necessidades do país que o decisor político encontra a sua responsabilidade, a qual é intransferível. ![]() Todos os estudos apontam para a necessidade da construção de um novo aeroporto. A partir daqui, o problema é político. Discute-se se deve ser construído, discute-se se não deve ser construído, discute-se uma nova localização. E há-de sempre discutir-se. O executivo pretende avançar. Tomou a sua opção política, pela qual será responsável. Tem legitimidade. Pois que avance. Aproveite-se a ajuda da UE. Rapidamente. Desde os anos 60 têm sido gastos largos milhões em estudos e discussões. Da autoria de técnicos, políticos e cidadãos. Basta. É hora de decidir. Portugal vive sentado numa sala de espera e é isso que o deprime. Etiquetas: OTA, Política Nacional |
Comments on "A sala de espera"
Viva Pedro! Como vai isto? Ando muito desaparecido dos comentários mas vou tentando acompanhar e hoje vim deixar um averbamento.
Depois de todos os estudos apontarem para a construção de novo aeroporto, o problema da localização continua a ser técnico. É verdade que isto já vem de trás e que sim, é preciso decidir. Mas face às evidências (ie, os problemas técnicos da OTA) será que vale a pena sacrificar a benevolência pela rapidez de resposta?