Timor e o futuro
E Timor? Ainda alguém se lembra? Depois de termos passado algum tempo a escrever nos blogues e um pouco por todos os jornais quando a violência rebentou, o ânimo acabou por esmorecer com a continuação dessa violência numa espécie de desilusão pela dificuldade em encontrar soluções para o jovem país. Daqui a poucas horas teremos os resultados das eleições presidenciais que afastarão Xanana Gusmão da presidência. E apesar das persistentes esperanças que temos no fim da agitação social, ela parece estar longe do fim quando o presidente de um país com apenas cinco anos, que lutou por essa realidade durante quase 30 anos, se mostra desiludido com o país que fez nascer. Começo a perceber a ideia que o aparecimento do petróleo em nações em vias de desenvolvimento é o pior que pode acontecer a um povo. O petróleo tem sido a razão escondida de todos os problemas e toda a agitação dos últimos meses, seja porque entre uma determinada elite se pretende dividir os lucros esquecendo os restantes timorenses ou porque a Austrália se mexe na sombra para aproveitar mais desse petróleo, criando conflitos políticos sobre a determinação que os eleitos líderes timorenses têm para resistir a esses intentos. Seja de que forma for, estas eleições e as legislativas que se seguirão em breve, têm de resolver duas questões essenciais. Planear de que forma o petróleo vai ajudar a economia timorense a dinamizar-se e como é que este petróleo vai, talvez não resolver, mas atenuar a situação de pobreza extrema em que vivem os timorenses, situação potenciadora de grandes conflitos sociais. Ainda assim, temos de reconhecer que a generalidade do povo timorense que de forma estóica mas serena, resistiu aos indonésios, não colaborando e não deixando esmorecer o objectivo da independência, continua a ter o mesmo objectivo de ver Timor crescer sem estes conflitos e não se revê nestes novos protagonistas que apareceram, como o Major Reinado. No fundo tenho esperança que a presença da ONU acabe por transmitir alguma cultura democrática que ainda faz muita falta aos líderes timorenses. Uma esperança que aquilo que ocorre por aquelas bandas seja uma espécie de PREC, natural nestas circunstâncias em que um país procura encontrar um caminho depois de 500 anos de colonização, mais 30 de selvagem ocupação. Um caminho que passe por um Ramos Horta presidente e um governo de unidade nacional encabeçado por pessoas competentes tecnicamente e não necessariamente por guerrilheiros. Fora desta disputa politica mantêm-se e bem a GNR, que tal como se previa está a desempenhar um excelente papel na estabilização das ruas de Timor-leste. Fez bem o Governo português em insistir no envio da GNR por oposição a uma força militar tradicional e o tempo acabou por provar a virtude do braço de ferro com a Austrália quanto à autonomia e chefia da força portuguesa. Etiquetas: Política Internacional, Timor |
Comments on "Timor e o futuro"
A desilusão é, de facto, uma sensação que me atravessa agora que vejo as mais recentes novidades da ilha pela qual milhares de anónimos portugueses chegaram um dia unir-se e a esquecer por uns minutos o seu próprio umbigo.
Quanto aos efeitos perniciosos do ouro negro em nações "em vias de", conferir este artigo:
http://www.nationalgeographic.pt/articulo.jsp?id=1246828