Um bom trabalho

Temo por todas as crianças inglesas. Afinal a policia britânica é que tem a experiência necessária, o que só pode querer dizer que os casos de crianças desaparecidas no Reino Unido são muitíssimo mais frequentes do que em Portugal, ao ponto de as autoridades já estarem habituadas a este tipo de investigações. A polícia portuguesa aparentemente não está. Mas nós que vivemos aqui no burgo temos apenas uma certeza. Nunca assistimos a uma operação de tal envergadura nas buscas por uma criança desaparecida. Por mar, por terra ou até pelo ar, as autoridades portuguesas parecem ter conseguido articular-se correctamente envolvendo diversas entidades que à partida não estariam talhadas para este tipo de trabalho como por exemplo os sapadores florestais. É lamentável o desaparecimento de uma criança, mas independentemente da nacionalidade desta, estamos a falar de um crime. De um crime como tantos outros que ocorrem em Portugal, assim como tantos que ocorrem em Inglaterra onde as estatísticas são até bem maiores do que por cá. Ainda assim isso não interessa para nada. Ser inglês é pertencer a uma espécie de povo à parte. É estar no topo da escala de civilização e olhar lá de cima para todos os pobres sub-desenvolvidos cá debaixo. Ser inglês é fazer férias no estrangeiro, em países com inferior poder de compra e conseguir justificar que isso acontece porque gostam de ajudar os pobrezinhos a desenvolverem-se. Apenas o tempo acabará por confirmar se este acontecimento isolado vai ou não ter impacto no turismo do Algarve. È provável que tenha e em grande parte o aparato à volta deste desaparecimento não é totalmente alheio ao valor que os residentes e turistas ingleses têm nesta região do pais. Para já fica adiada a famosa campanha ALLgarve que o ICEP pretendia lançar no Reino Unido e pode obrigar o Turismo algarvio a procurar outros mercados de outras paragens europeias onde este assunto não tenha tido tão grande impacto. Seja qual for a conclusão desta investigação, os ingleses não podem em consciência queixar-se do empenhamento das autoridades, dos algarvios e ingleses ou outros estrangeiros residentes, entidades públicas, privadas ou particulares, na resolução deste assunto.