Falta de bom senso internacional
Às vezes a comunidade internacional comporta-se de forma absurda e irracional. Começa a não haver um pingo de bom senso. Já todos sabemos que cada um olha para o seu próprio umbigo antes de levantar o olhar para ver quem está à sua volta ou o mal que faz aos restantes. É assim que funciona a diplomacia mundial e não interessa em que zona ou em que conflito se mete a pata, desde que isso nos ajude internamente. É o caso do Iraque, quase desde o início. Esta política de empurrar o problema com a barriga, enquanto o mundo espera pelas próximas presidenciais americanas, continua a resultar na chacina de milhares de iraquianos inocentes e dezenas, senão centenas de americanos todos os meses. Mas o problema do Iraque é um problema regional do Médio Oriente onde tudo tem um equilíbrio demasiado frágil e onde puxando por um lado se acaba por desguarnecer algum flanco importante. O Líbano, a questão israelo-palestiniana, o Irão, a Síria e o Afeganistão não podem ser visto isoladamente, mas como partes de um problema mais vasto que é todo o Médio Oriente. Pensando a coisa desta forma, até se entende, ou até se exige que Nações Unidas, EUA, União Europeia e Rússia tenham um enviado especial para o Médio Oriente e que este seja alguém de prestígio internacional. Alguém reconhecido internacionalmente pelas suas capacidades. Agora, decidir que esse enviado deve, ou pode ser alguém que é também um dos beligerantes, parece-me a mais estúpida ideia que este quarteto poderia ter. É como deitar gasolina em cima de um incêndio já de grandes proporções. Não quero fazer juízos de valor sobre o Sr. Blair, nem sequer sobre o papel do Reino Unido na guerra do Iraque. Não me quero meter nessa história de saber se existem ou não responsabilidades criminais a retirar de toda esta confusão em que se tornou a guerra. É uma questão do mais básico senso comum. Se queremos alimentar a ideia de paz, não podemos pôr como negociador “independente” um dos sujeitos que fez a guerra. É simples, muito simples. Utilizando uma fórmula comum nos dias de hoje, não é possível Blair ajudar a resolver a situação do Médio Oriente, porque ele não faz parte da solução, mas sim é grande parte do problema. Tudo isto é um absurdo inqualificável que apenas continuará a arrastar a região para o caos. Vão buscar um finlandês ou um sueco, ou até um português que não o Durão Barroso, mas o Blair é que não. Etiquetas: Médio Oriente, Política Internacional |
Comments on "Falta de bom senso internacional"
Excelente!
Totalmente de acordo!