Dolo Eventual

David Afonso
[Porto]
Pedro Santos Cardoso
[Aveiro/Viseu]
José Raposo
[Lisboa]
Graça Bandola Cardoso
[Aveiro]


Se a realização de uma tempestade for por nós representada como consequência possí­vel dos nossos textos,
conformar-nos-emos com aquela realização.


odoloeventual@gmail.com


Para uma leitura facilitada, consulte o blogue Grandes Dramas Judiciários

Visite o nosso blogue metafísico: Sísifo e o trabalho sem esperança

O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais para rotundas@gmail.com


Para uma leitura facilitada, consulte o blogue As Mais Belas Rotundas de Portugal


Powered by Blogger


Acompanhe diariamente o Dolo Eventual

segunda-feira, julho 16, 2007

Pensamentos: a desventura máxima é a solidão

A desventura máxima é a solidão. É tão verdade que o reconforto supremo - a religião - consiste em encontrar uma companhia que nunca falhe - Deus. A oração é um desabafo, como com um amigo. A obra equivale à oração, porque nos põe em contacto com os que dela tirarão proveito. O problema da vida é, portanto, o seguinte: como romper a nossa solidão, como comunicar com os outros. Assim se explica a existência do matrimónio, da paternidade, das amizades. Mas que a felicidade resida nisto, balelas! Porque se deva estar melhor comunicando com os outros do que só, é estranho. É talvez apenas uma ilusão: a maior parte do tempo, estamos muitíssimo bem sós. É agradável ter, de tempos a tempos, um odre em que nos possamos despejar e, em seguida, bebermo-nos a nós próprios: dado que pedimos aos outros apenas aquilo que já temos em nós. É um mistério o motivo por que não basta perscrutar e beber em nós próprios e seja preciso reavermo-nos por intermédio dos outros. (O sexo é um incidente: o que recebemos é momentâneo e casual; pretendemos algo de mais secreto e misterioso de que o sexo é apenas um sinal, um símbolo).

Cesare Pavese, in 'O Ofício de Viver'

Etiquetas:

Comments on "Pensamentos: a desventura máxima é a solidão"

 

Blogger Pedro Santos Cardoso said ... (julho 16, 2007 3:48 da tarde) : 

Excelente escolha.

 

Blogger JSC said ... (julho 16, 2007 4:53 da tarde) : 

Pavese era um tipo "doente". O suicídio foi a forma escolhida para colocar fim a uma certa angústia exestencial. Acho o text muito bom, embora tenha que fazer o devido desconto (em ordem a perceber o contexto do autor).

Interessante que hoje em dia, de todos os textos de Pavese, os seus diários são considerados o mais alto momento da sua literatura. Talvez por permitir ao leitor conviver com a dor de um homem "doente"!

Boa escolha!

J.

 

Blogger JSC said ... (julho 16, 2007 4:54 da tarde) : 

É curioso que Pavese suicidou-se em Turim...tal como Primo Levi!
Aquelas altitudes piemontesas não ajudam nada...
J.

 

Blogger Pedro Santos Cardoso said ... (julho 16, 2007 5:22 da tarde) : 

Doentes somos todos nós, Júlio.

 

Blogger JSC said ... (julho 17, 2007 2:33 da tarde) : 

Tenho dúvidas.

 

post a comment