As novas oportunidades e os velhos do Restelo
São os do costume. Toda a gente sabe quem são e de vez em quando são renovados por novos velhos do Restelo que a pouco e pouco vão destilando o seu ódio não se sabe bem a quê. Claro que os jardineiros, as costureiras e as jornaleiras têm profissões dignas. Aliás toda a gente que tenha um trabalho conforme com a lei poderá arrogar-se ao direito de achar o seu trabalho digno. E os outros se calhar também. A questão está mal colocada. Não é a dignidade dos empregos que está em causa mas sim saber se em total igualdade de oportunidades estas pessoas teriam escolhido estes empregos, ou pelo contrário teriam escolhido outras profissões. Aliás, podemos em consciência dizer que estas pessoas escolheram estes empregos? Creio que não. E não compreendo que a campanha publicitária de um programa que visa fazer regressar à escola um país tão carenciado de educação, possa ser vista como atentatória de algum tipo de direito à dignidade dos jardineiros, costureiras ou jornaleiras deste país. Há pessoas que têm vocações. Vocação para polícia, bombeiro ou enfermeiro. Vocação para canalizador, pedreiro ou metalúrgico. Vocação para professor, politico ou velho do Restelo. Mas seja qual for a vocação, só a livre escolha que a educação permite será capaz de garantir aquilo que realmente se pretende para o futuro. Este programa tem outro aspecto essencial. Este programa não visa exclusivamente dar oportunidade às pessoas que o frequentarem de mudar de emprego. Aliás muitas das qualificações que possam vir a obter apenas os ajudarão a progredir nos empregos que já têm. Ou nem isso. Muitas até irão preferir manter os actuais empregos. Agora não por não terem a educação necessária, mas porque os seus actuais empregos, desde que técnicos, como canalizadores ou electricistas, pagam muitas vezes melhor que essa utopia do escritório como qualidade de vida em que muitos portugueses vivem e desejam para os seus filhos. Este programa também permite que um maior número de portugueses possa ter uma melhor e maior educação o que apenas pode melhorar a nossa capacidade de decisão e informação o que só pode fazer bem a esta democracia. Etiquetas: Educação, Política Nacional, Sociedade |
Comments on "As novas oportunidades e os velhos do Restelo"
Permita-me discordar de si no seguinte: «Este programa também permite que um maior número de portugueses possa ter uma melhor e maior educação o que apenas pode melhorar a nossa capacidade de decisão e informação o que só pode fazer bem a esta democracia.».
Não é verdade.
Os portugueses não vão ter, nem mais nem melhor, educação.
Apenas certificação do que já conhecem.
No resto, concordamos.
JP. essa também era a minha ideia e aliás na minha outra casa escrevi que isso não fazia grande sentido. Mas o programa afinal tem uma componente que reconhece competências atribuindo-lhe uma determinada equivalência escolar, mas depois permite a continuação dos estudos. Reconheçamos que nem o contrário podia ser. Não é possivel dizer a alguém que tinha de começar do zero porque isso acabava por arrasar o programa.