Dolo Eventual

David Afonso
[Porto]
Pedro Santos Cardoso
[Aveiro/Viseu]
José Raposo
[Lisboa]
Graça Bandola Cardoso
[Aveiro]


Se a realização de uma tempestade for por nós representada como consequência possí­vel dos nossos textos,
conformar-nos-emos com aquela realização.


odoloeventual@gmail.com


Para uma leitura facilitada, consulte o blogue Grandes Dramas Judiciários

Visite o nosso blogue metafísico: Sísifo e o trabalho sem esperança

O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais para rotundas@gmail.com


Para uma leitura facilitada, consulte o blogue As Mais Belas Rotundas de Portugal


Powered by Blogger


Acompanhe diariamente o Dolo Eventual

domingo, maio 07, 2006

Grandes Dramas Judiciários: URBINO DE FREITAS (5)

Como leitura complementar recomendamos que visitem este site com imagens do Cemitério de Agramonte onde Mário foi a enterrar, bem como o site do Tribunal da Relação do Porto que oferece um apanhado dos casos que fizeram história, incluindo - lá está - o caso Urbino de Freitas.
.
5. Interrogatórios de Urbino.

As diligências policiais activam-se, no Pôrto e em Lisboa. No cemitério de Agramonte, a 4 de Abril, os clínicos Júlio Franchini e Adelino Costa procedem à autópsia do Mário, sob a presidência do Juiz do 2.º Distrito Criminal, Silva Lima.
No mesmo dia 4, Morais de Carvalho, aproveitando um momento em que Dona Maria Carolina se encontra menos oprimida pela ressaca das atribulações, submete-a a novas preguntas. Exorta-a a reconstituir os factos, desde a recepção das amêndoas à morte do neto.
Ela passa a reconstituir, minunciosamente, tôdas as ocorrências dêsses cinco dias perturbados de angústias. Ao referir os clisteres, a que ninguém aludira até ali, Morais de Carvalho corta, alvoroçado:
- O quê?! Clisteres?! Receitados, preparados e ministrados ao Mário pelo tio?! E calou êsse pormenor?!
Sai da casa Sampaio e dirige-se a casa do médico Joaquim José Ferreira. Êste, que ignorava tal circunstância, dispara, convicto:
- «Isso explica-nos tudo! Porque não se compreendiam bem as melhoras das crianças após o primeiro incómodo e a recaída que veio depois»!
Morais de Carvalho endireita ao Comissariado, convencido de que encontrara a chave do enigma. Temudo Rangel, que o esperava ali, sem que o Comissaário lhe fale em Urbino, «é a única pessoa interessada na autoria do crime».
Êle escreve, nesse mesmo dia, a Pedroso de Lima, Comissário do 2.º Distrito Policial de Lisboa, participando-lhe que não crê na culpabilidade de Carlos de Almeida e Miss Lothie. A 6 recebe a resposta de Pedroso de Lima, que lhe diz: «Êste crime não foi praticado senão por um homem que quer ser o único herdeiro duma rande fortuna».
Fôra posta de lado a suspeição sôbre Carlos de Almeida. Miss Lothie apresentara-se à Polícia, espontâneamente, no conhecimento de que o seu nome fôra apontado como sendo o da presumível criminosa, afirmando que o envenenador de Mário deve pertencer à família. Refere-se à morte do seu amante, José Sampaio, no Hotel Paris, do Pôrto, medicado por Urbino, e que, em Coimbra, recebera antes um frasco de remédio, com ácido prússico, remetido por um tal Eduardo Mota. Em carta a Berta Sampaio, que lhe escrevera, indagando se enviou uma caixa de amêndoas para o Pôrto, aduz também que talvez «o envenenador do Mário fôsse o do nosso José Sampaio».
A Polícia investiga – já na crença de que o envenenador seja Urbino. Averigua se o Professor, no mês de Março. Saíu do Pôrto. Pelo menos faltou à Escola Médica entre os dias 3 e 6, depois 7, 8, e 9. Inquire de doentes seus, no regime de visitas diárias, se foi assíduo a essas visitas. Apura que faltou ao tratamento dum doente nos dias 3 e 6, a 10, faltando a outro nos dias 27, 28 e 29. chamado a preguntas, a fim de elucidar a investigação em curso, declara que saíra do Pôrto, que fôra a Lisboa, no «rápido» de 5 de Março, regressando a 6; que voltara em 7 e regressara a 8; preguntando àcêrca do hotel em que se hospedara, nessas suas visitas à Capital, afirma que se hospedou em casa do Dr. Adolfo Coelho, Professor do Curso Superior de Letras, de quem é velho amigo íntimo, cuja casa frequenta com assiduidade a fim de seguir de perto a marcha da tradução dum seu trabalho sôbre a lepra. Também saíra no dia 27, a caminho de Lisboa, com idêntico propósito; mas perdera o combóio na estação de Coimbra, por fôrça dum acidente intestinal, que o reteve demasiado na sentina da estação. Aproveitando a oportunidade, fôra à cidade universitária, no combóio do respectivo ramal, a fazer horas para o retôrno ao Pôrto, onde chegou na madrugada de 28 e onde passou todo êsse dia.
Freitas Fortuna, irmão de Urbino, na ciência do rumo tomado pelas investigações policiais, escreve ao Comissário, confirma a estadia do irmão em Lisboa, nos princípios de Março, «em casa do Dr. Adolfo Coelho».
.
[Episódios anteriores:]

Comments on "Grandes Dramas Judiciários: URBINO DE FREITAS (5)"

 

post a comment