Dolo Eventual

David Afonso
[Porto]
Pedro Santos Cardoso
[Aveiro/Viseu]
José Raposo
[Lisboa]
Graça Bandola Cardoso
[Aveiro]


Se a realização de uma tempestade for por nós representada como consequência possí­vel dos nossos textos,
conformar-nos-emos com aquela realização.


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Para uma leitura facilitada, consulte o blogue Grandes Dramas Judiciários

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quinta-feira, abril 30, 2009

Síndroma Menino Guerreiro

Nuno Melo é um dos mais destacados e activos deputados do CDS-PP no Parlamento, agora é cabeça de lista do partido às Europeias.
Elisa Ferreira foi ministra e é candidata à Câmara do Porto, mas agora também está na lista das Europeias.
Ana Gomes, antiga embaixadora de Portugal na Indonésia já esteve e continua a estar nas lista para as Europeias, mas agora também quer ser Presidente de Câmara.
O líder parlamentar do PSD e aparentemente a única pessoa com quem Manuela Ferreira Leite pode contar, encabeça a lista do Partido às Europeias.
No Bloco ninguém que não esteja já na Europa quer para lá ir, mas Luis Fazenda um dos mais importantes deputados do bloco também quer ser Presidente de Câmara.
Ou isto é uma espécie de Síndroma Menino Guerreiro ou então estamos com uma grave escassez de pessoal político.

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Serviço público

Uma pequena contribuição dolosa para a diminuição da taxa de desemprego (por via da diminuição temporária da população activa em Portugal):
Adega norte-americana admite trabalhador para beber vinho acompanhado de bons pratos, falar sobre vinho e jogar poker. Despesas de alojamento pagas. Salário: $ 10.000,00 (dez mil dólares) por mês.
É mesmo verdade [cfr. aqui e aqui]. Candidatos?

quarta-feira, abril 29, 2009

Bom, falemos agora de coisas sérias e razoáveis

Consta que uma das precípuas propostas do POUS na campanha para as europeias é a proibição de todos os despedimentos.

As mais belas rotundas de Portugal [80º]


Rotunda policromática no Entroncamento, distrito de Santarém.
[Fotografia: Alfredo Caiano Silvestre] [Veja mais]
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Uma pergunta chata

Quantos professores do ensino público matricularam os seus filhos no ensino privado?

Um Provedor legitimado

Vai para mais de um mês que estou para fazer um post sobre o Provedor de Justiça e pelos vistos ainda vou a tempo. Não quero entrar muito na questão da importância do cargo, até porque todos os cargos são importantes até serem extintos. Já houve um tempo em que não tínhamos Provedor de Justiça, embora me pareça que ele deva continuar a existir, e não foi por causa disso que o país entrou em colapso.
Tal como agora temos um sistema semi-presidencialista, um dia podemos vir a ter um sistema presidencialista, um mais parlamentarista ou quem sabe uma monarquia constitucional. Nunca se sabe o que a história nos reserva e o que nos deve preocupar é a manutenção do estado de direito democrático, ainda que as instituições que este possui possam ser alteradas.
Agora o que muito provavelmente não virá a acontecer num futuro próximo é a eleição do Provedor de Justiça por sufrágio universal como acontece com outros órgãos desta democracia. Pelo que a distribuição dos ovos pelos cestos, ou mais correctamente os checks and balances do regime são feitos através da legitimidade democrática que emana das eleições e não pela distribuição de cargos de nomeação politica. É totalmente estéril a discussão o-meu-provedor-é-melhor-que-o-teu, mas ainda assim não há qualquer fundamento jurídico ou até de prática política que leve o PSD a pensar que tem uma espécie de direito natural à nomeação do Provedor de Justiça. Mas ainda bem que o fez.
Assim é muito melhor e mais transparente do que os arranjinhos do passado. Não caem os parentes na lama a nenhum dos candidatos serem ouvidos no Parlamento. Todo o país vai poder ver o que têm a dizer e no final dois terços dos deputados vão ter a possibilidade de confirmar um candidato a duas voltas.
Só vejo razões para o reforço da credibilidade e legitimidade política do próximo Provedor de Justiça, porque este convenhamos foi sempre um bocado apagado…

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terça-feira, abril 28, 2009

Retalhitos do 25 de Abril de 2009

[Com algum atraso, por dificuldades técnicas, segue uma troca de mails, que começaram em indignação e acabaram em esclarecimento.
Notas de como vai vivendo o comum dos mortais o seu 25 de Abril...]

(Caro Manuel Alegre,
Este é um escrito que fiz para postar no blog http://odoloeventual.blogspot.com/
O mail do rapaz-cantor de que falo é
andarilho(…)
E viva a liberdade...
Graça Bandola Cardoso)


(Ná… isto não deve ter nada a ver com censura!...)

Anteontem veio à minha escola um rapaz alto, pés enormes, de quem andarilha muito, e voz de entrar sem bater e ficar logo lá dentro. Rui Pedro Oliveira.
Na Biblioteca cantou, arrepiantemente, canções de Abril.

E contou uma história que provocou em todos nós um arrepio diferente, um arrepio de perigo eminente:
foi convidado para ir cantar ao Portugal no Coração, na 1. Pediram-lhe antecipadamente o reportório, que ele enviou. Uma canção foi censurada cortada não permitida. Ele achou estranho, mas não teve alternativa: substituiu-a.

Qual era a canção? Esta:

POEMARMA
Que o poema tenha rodas motores alavancas
Que seja máquina espectáculo cinema
Que diga à estátua: sai do caminho que atravancas.
Que seja um autocarro em forma de poema.
(…)
Que o poema corra salte pule
Que seja pulga e faça cócegas ao burguês
Que o poema se vista subversivo de ganga azul
E vá explicar numa parede alguns porquês
(…)
Que o poema seja microfone e fale
Uma noite destas de repente às três e tal
Para que a lua estoire e o sono estale
E a gente acorde finalmente em Portugal
(…)

(Para quem não se lembre, de Manuel Alegre)
Não.
Isto não pode, não deve ter nada a ver com censura.
Então hoje não é 25 de Abril??...
Graça Bandola Cardoso

(Resposta do Rui Pedro)
Cara Graça,
ainda bem que enviou este mail com o meu conhecimento.
Desta forma posso esclarecer que cantei mesmo o POEMARAMA na RTP 1.

Participei no Festival de Música Aveirense.
A organização do Festival contratou uma agente independente para promover o festival nos meios de comunicação social.
Essa agente, contactou-me e pediu-me para ir cantar à RTP no programa Portugal no Coração.
Até à minha ida ao programa eu pensei que ela trabalhava na RTP.
Pediu-me as letras das músicas que eu queria cantar.
Enviei o FUI À BEIRA DO MAR do Zeca Afonso e o POEMARMA do Manuel Alegre.
Ela disse-me que o FUI À BEIRA DO MAR podia ser cantado mas que o POEMARMA não podia pois seria recusado pela Produção.
Eu resolvi mentir-lhe e dizer que cantava outra música, com a intenção de, no programa em directo, cantar o POEMARMA.
Assim fiz. Cantei a música no Programa da RTP contra a vontade da Cristina E.S. e não recebi qualquer admoestação da RTP.
Percebi depois que a decisão de me pedir para não cantar o POEMARMA era da própria Cristina e que ela não trabalhava na RTP.
Troquei argumentos com ela depois do programa e ela voltou a frisar que se eu dissesse à partida que ia cantar essa música não iria ao programa pois ela não me proporia.

Quando fui cantar à Escola C. M. (no mesmo dia em que iria, de tarde, à televisão) ainda não sabia que a agente contratada não era da RTP.
Antes de cantar o POEMARMA na biblioteca da Escola contei aos alunos que nesse dia ia tocar à RTP e que me tinham pedido para não cantar essa música. Queria com isto chamar-lhes a atenção para o facto de que a liberdade não é uma conquista definitiva mas requer uma luta constante pela sua defesa.

Com este mail espero esclarecer que a suspeita que possa ter levantado sobre a RTP não parece ter, afinal, fundamento.
O pedido para não cantar o POEMARMA na RTP veio de uma agente independente contratada pelo Festival de Música Aveirense.

Agradeço a sua atenção a este caso, e a solidariedade que demonstrou.
Cumprimentos
Rui Oliveira

Caro Rui,
Obrigada pela sua atenção e esclarecimento: também não gostaria de levantar falsos testemunhos sobre um organismo (RTP1) isento de responsabilidade neste caso - embora devamos dizer em nossa defesa que a não isenção da própria RTP, noutros casos, a colocou nesta posição de as pessoas cá fora já duvidarem assim, tão facilmente, da sua idoneidade como veículo de informação...
Concordo inteiramente consigo quando diz que a liberdade é uma conquista permanente - li aos meus alunos o livro "O Tesouro", do Manuel António Pina, que aborda precisamente a necessidade de velar por esse mesmo tesouro - a liberdade, que não está garantido, e que é tão frágil e tão volátil se não estivermos atentos.
Ao fazer aquele pequeno escrito, foi na defesa deste bem de primeira necessidade, essencial, vital, que é para mim a Liberdade.
Um abraço
Graça

12 anos de escolaridade

Estou sem tempo para explicar aqui e agora o que penso sobre a proposta de Sócrates da escolaridade obrigatória até ao 12º (ou em alternativa até aos 18 anos de idade). Neste momento, parece-me mais uma manobra de diversão do que uma medida para levar a sério. Tem aquele cunho inconfundível deste governo que é o de se governar em cima do joelho. E então já não se pode trabalhar a partir dos 16 anos? Há quem diga que uma coisa não tem a ver com outra, mas custa a perceber como não. Depois há ainda a questão dos professores: neste momento decorre um concurso que será válido por 4 anos, no entanto já daqui a 3 anos teremos uns bons milhares de alunos extra no ensino secundário. Se isto é para seguir mesmo em frente (que duvido) será necessário reforçar o corpo docente e, pelo menos no primeiro ano da medida, haverá um déficit de professores. Tenho a impressão que o Ministério da Educação foi o último a saber da novidade.

segunda-feira, abril 27, 2009

A segunda morte de Salazar

É assim que se desfazem os cultos. Encontrem-me a praça mais pacata do país e baptizem-na com o nome de Salazar. Agora é apenas um nome entre os outros na floresta toponómica. Mais um desconhecido agregado a um código postal. Apenas o nome oficial de mais uma praça onde atiraremos os papéis para o chão, onde levaremos os nossos cães a defecar e por onde passaremos porque é apenas o caminho mais curto para se chegar a qualquer lado. Começamos a esquecer as personagens quando as penduramos nas placas das ruas. É a irrelevância toponímica. Agora sim, agora que o ditador foi reconduzido à sua irrelevância está cumprido Abril. Siga!

Objectivo: 250 detenções

As evidências são claras e estão à vista de todos: há um número elevadíssimo de detenções legais em Portugal. Urge promover e estimular o aumento do número de detenções ilegais, e congratulo-me por verificar que estamos no bom caminho.

domingo, abril 26, 2009

Há sempre um ser fofinho dentro de um ditador

Um Presidente de Câmara que tem essa suprema audácia, quase galhardia quixotesca, de marcar a re-inauguração de um largo com o nome do seminarista no dia da Revolução que pôs termo ao trabalho da sua vida, só tem paralelo no inequívoco processo de humanização das figuras do regime que continua descaradamente a ser veiculada pelos meios de comunicação social, no aniversário da Revolução.
Não falta nada. A família chorosa, a marca deixada nos alunos que ainda hoje temos de aturar, o testemunho de uma governanta / criada saudosa dos senhores da casa e a altivez pardacenta e melodramática dos grandes homens nos momentos históricos.
Tanto que todos sofreram nas suas casas apalaçadas pelo enorme erro injusto da Revolução.
Um ditador é também uma pessoa. Lembremo-nos sempre disso. Caso contrário nunca poderemos avaliar correctamente os seus actos. Se não fossem pessoas, seria provavelmente muito mais fácil compreendê-los.

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Amén

Nuno de Santa Maria Álvares Pereira. D. Nuno Álvares Pereira matou favoreceu o fim do sofrimento terreno a pessoas, mas com jeitinho. De uma forma geral, quando D. Nuno Álvares Pereira matava favorecia o fim do sofrimento terreno em batalha, procurava as mais das vezes atingir pontos anatómicos que proporcionassem o menor grau possível de dor aos inimigos seus semelhantes. É que a dor é uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a lancinante, associada a um processo destrutivo actual ou potencial dos tecidos, e que se expressa através de uma reacção orgânica e/ou emocional. E, pois, sabendo disso, D. Nuno aplicava o seu golpe de espada misericórdia com muita precisão e benevolência.
Amén.

sábado, abril 25, 2009

O Estado a que chegámos

Desde que me iniciei nestas escritas, por ora escassas, sempre assinalei o 25 de Abril. Sempre julguei importante assinalar a revolução que tão pouco diz a tantas pessoas da minha geração.
A revolução comemora 35 anos e é inequívoco o esvaziamento do significado desta para milhões de portugueses que na realidade nem sequer nunca se preocuparam muito com quem os governa, desde que alguém mande. Prova desse esvaziamento são as deslavadas comemorações do 35º aniversário, mas também as que se aproximam do Centenário da República. O tempo que tudo esquece e a crise económica que tudo condiciona, não são suficientes para explicar o afastamento dos portugueses do significado das mais variadas comemorações que condicionam a sua história.
Embora gostemos de pensar que sim, as revoluções não são feitas pelo povo. As revoluções são feitas por grupos ou elites, que quase sempre utilizam o povo como fundamento e se propõem devolver a este o poder usurpado em nome de oligarquias e ideologias poderosas. Aos povos apenas resta aderir, retribuir e legitimar nas ruas a soberania popular conquistada.
Portugal não é excepção. Da revolução de Abril, tantas vezes recordada como uma revolução conseguida sem derramamento de sangue, não resultou qualquer mudança substancial das instituições do País ou até dos seus símbolos. Todo um sistema politico fortemente enraizado implodiu num único dia, e na manhã de 26 de Abril de 74 não restava um único implicado ou responsável do Estado Novo. A bandeira ficou, o hino não mudou, a forma republicana do Estado também não. Mas além disso, ficámos com a mesma GNR, com as mesmas forças armadas que fizeram a guerra, com os mesmos tribunais e os mesmos juízes, com os mesmos autoritários e zelosos servidores públicos e de certa forma com os mesmos políticos reciclados do regime e dos que se lhe opunham. Ficámos também sem um único julgamento dos protagonistas do passado e 35 anos depois o passado volta para nos morder.
Os portugueses apresentam elevadíssimos níveis de descontentamento sobre o seu sistema político e não se vislumbra que nenhuma das alternativas que preconizam possam ser vistas à luz de uma mais profunda democratização do país, antes pelo contrário.
O afastamento dos portugueses das comemorações e do significado da revolução, resulta desta ter sido capturada pela classe politica que poucos anos depois de Abril se fechou sobre si própria, numa promiscuidade quase obscena de alternância democrática.
Restam apenas duas opções. Ou a classe politica compreende que a esta democracia por eles protagonizada não resta alternativa senão reformar-se a partir do interior do poder, ou inevitavelmente outros reivindicarão a necessidade do poder de que são titulares, ser utilizado de outras formas.

P.S.: É sempre um prazer regressar a esta casa...

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25 de Abril

O discurso celebratório do 25 de Abril e a pompa e circunstância das sessões solenes na Assembleia da República servem para quê? Para muita coisa certamente, mas trata-se, sobretudo, de um exercício de legitimação do poder. Os partidos participam na eucaristia abrilista para recordar aos excluídos da esfera do poder quem são os fornecedores de liberdade. Esta é distribuída ao domicílio sob a forma de democracia televisionada. Devidamente embalada e pronta a consumir. Hoje estou mal disposto. Acho que aos 35 anos o 25 de Abril já devia ter saído da casa dos seus pais. 

(Declaração de interesses: mais esquerdista do que abrilista). 

Nota: sempre gostei da ambiguidade da Madona del Garofano de Leonardo Da Vinci: está a dar ou a tirar o cravo das mãos do miúdo?

terça-feira, abril 21, 2009

Regresso

Talqualmente fora há muito, muito pouco tempo atrás prometido, voltaremos dia 25 de Abril de 2009.
[Devido a um fantasmagórico nível de spam, o novo e-mail será odoloeventual@gmail.com]