Dolo Eventual

David Afonso
[Porto]
Pedro Santos Cardoso
[Aveiro/Viseu]
José Raposo
[Lisboa]
Graça Bandola Cardoso
[Aveiro]


Se a realização de uma tempestade for por nós representada como consequência possí­vel dos nossos textos,
conformar-nos-emos com aquela realização.


odoloeventual@gmail.com


Para uma leitura facilitada, consulte o blogue Grandes Dramas Judiciários

Visite o nosso blogue metafísico: Sísifo e o trabalho sem esperança

O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais para rotundas@gmail.com


Para uma leitura facilitada, consulte o blogue As Mais Belas Rotundas de Portugal


Powered by Blogger


Acompanhe diariamente o Dolo Eventual

sábado, dezembro 31, 2005

Inundem 2006 De Champagne


FELIZ ANO NOVO!

Irregularidades


A teoria da conspiração de Luís Bonifácio [«A rejeição das candidaturas de cidadãos independentes cheira a esturro.»] não colhe. A verdade é que, quer se seja independente ou não, há normas que devem ser cumpridas por todos os candidatos. Ora, o DL 379-A/76, de 3 de Maio, regula a eleição para a Presidência da República. Não obstante, alguns dos candidatos apresentaram irregularidades nas respectivas candidaturas. Estas irregularidades estão discriminadas no Acórdão n.º 722/2005 do Tribunal Constitucional.
Assim, lê-se no Acórdão, que é público, que as candidaturas de Garcia Pereira, Cavaco, Alegre, Soares, Jerónimo e Louçã se encontram em condições de serem admitidas por conformes com a lei; que à candidatura de Diamantino Maurício da Silva falta, entre outros documentos, certidão de nascimento e certidão de inscrição no recenseamento eleitoral, ambos relativos ao candidato; que o candidato Josué Rodrigues Gonçalves Pedro não foi proposto por nenhum cidadão eleitor, para além do próprio candidato [!]; lê-se que Maria Teresa Lemos Lameiro não fez constar todos os elementos de identificação da candidata nas declarações subscritas por cidadãos eleitores. Quanto a Manuela Magno, as propostas relativas a 1.016 dos proponentes não vieram acompanhadas das certidões de recenseamento emitidas pelas respectivas juntas de freguesia; no que respeita a Carmelinda Pereira, a candidata só foi proposta por 2.200 cidadãos eleitores e, destes, 192 não fizeram acompanhar as propostas das certidões de recenseamento emitidas pelas respectivas juntas de freguesia (no caso de Luís Filipe Guerra, foram 1.007). Por último, Botelho Ribeiro foi proposto por apenas 2.365 cidadãos eleitores e, destes, 1.554 não apensaram a respectiva certidão de recenseamento emitida pela junta de freguesia.
Como é bem de ver, estas rejeições não foram motivadas meramente por «falta de certificados de eleitor», como afirma o Luís Bonifácio.
Os candidatos foram devidamente notificados para suprirem as irregularidades do processo de candidatura. Se restituirem as suas candidaturas à conformidade com o DL 379-A/76, serão tão candidatos quanto aqueles que não cometeram irregularidades. Caso contrário, não o serão. A lei é igual para todos. Ponto. Terça-feira será anunciada a decisão.
[Publicado n'O Eleito]

sexta-feira, dezembro 30, 2005

Um Milhão De Portugueses Proibidos De Abraçar O Sacerdócio


Segundo uma sondagem realizada este mês pela Eurosondagem para o jornal Expresso [link não disponível], cerca de 9,9% dos portugueses são homossexuais. Sempre pensei que a percentagem fosse maior, a julgar pelo que leio nas portas das casas de banho públicas.

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Stress Pós-Filático

Imagine-se um balcão de atendimento ao público. Três trabalhadores a atender. Qual a melhor forma de fazer avançar ordeiramente o tráfego, respeitando a ordem de chegada? - fazer uma fila central para as pessoas serem atendidas ou fazer três filas, uma por trabalhadora? Sabe-se da lei que diz que a fila do lado avança sempre mais rapidamente do que a nossa. Todavia, deparo-me sempre com a primeira das hipóteses. Hoje, por exemplo, quatro pessoas que chegaram depois de mim foram atendidas antes de mim.

Manias

Três coisas que eu nunca gostei:
1) Realçar uma palavra colocando-a em letra maiúscula. Mais ou menos assim: Eu vou REALÇAR esta palavra. Prefiro, por exemplo, usar o itálico. 2) Usar desnecessariamente pontos de exclamação. Não vivemos no mundo dos desenhos animados. 3) Colocar dois, três, às vezes quatro pontos de interrogação [ou de exlamação] no final de uma frase. Assim: Quem???? Penso que um é o suficiente.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

A Fama Dos Candidatos-Bandido Chegou Ao Mundo Das Apostas


O portal de apostas Betandwin retirou da bolsa de apostas os nomes dos candidatos às eleições presidenciais. Nada de novo. Mas quem quer apostar que se anime: o portal Betfit também contém bolsa de apostas sobre presidenciais: Cavaco Silva, Mário Soares, Manuel Alegre, Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã, Garcia Pereira, Teresa Lameiro, Luís Filipe Guerra, Manuela Magno, Josué Pedro e Diamantino da Silva são os nomes apontados.
Mas há mais [e aqui o portal é verdadeiramente inovador]: pode-se apostar, na secção «Políticos em Tribunal» em quem será condenado! Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras e Isaltino Morais! É caso para dizer que os juízes do processo estão muito bem lançados para ganhar um extra.
[Publicado n'O Eleito]

Bom Ano Novo!

Vou de férias. Estarei de volta no dia 2 de Janeiro. Até lá: UM BOM ANO NOVO!

Pacheco, O Linebacker

Há quem diga que o candidato Cavaco é tão bestial que nem precisa que o defendam. Os últimos acontecimentos são prenúncio de que a soberba é sempre má conselheira.
Quem é muito experiente nestas coisas não se fia na infalibilidade do homem. O Pacheco Pereira sabe que o professor precisa de guarda-costas da argumentação. Esta mania de ler os jornais atrasados que ficam esquecidos na pasta, no quarto, na sala, no carro, no WC e tudo quanto é lugar, levou-me a reler um artigo de Pacheco Pereira (Público de 15 de Dezembro) dedicado às presidenciais. Bem... na verdade dedicado a Francisco Louçã. Diz aí o Pacheco: «O Mundo de Louçã, que é transparente para quem conheça as suas posições, é obscuro para quem apenas o ouça a fazer grandes debates e para a maioria das audiências que o conhece apenas da televisão e da propaganda». Até concordo, mas se o texto dissesse qualquer coisa como «O Mundo de Cavaco...» concordaria ainda mais! Pacheco deve saber o que diz e deve saber ainda mais o que não diz. Em abono da verdade teremos de reconhecer que o que é dito sobre o bloquista não traz nada de novo, quase tudo o que é dito com alguma relevância é reversível para qualquer outro candidato. Mas o que terá levado o magnífico Pacheco a dedicar uma crónica ao Francisco Louçã? A resposta está no cenário: Cavaco não saiu lá muito bem tratado da escaramuça que teve com o líder bloquista, tendo ainda por cima o debate decorrido no terreno do professor: a economia. Cavaco saiu ferido pelas armas que ele próprio havia escolhido. É aqui que aparece Pacheco Pereira a desempenhar as funções de Left Linebacker do futebol americano, executando, num belíssimo mas ineficaz gesto técnico, um clipping (cortar a corrida do adversário lançando o próprio corpo às pernas deste). Contudo, Louçã parece estar em forma.

Venire Contra Factum Proprium Em Superlativo Absoluto Sintético


«Não sou fixe. Sou fixíssimo!»
Mário Soares, ontem

terça-feira, dezembro 27, 2005

Mário Soares Sem Ter Dormido A Sesta


<bgsound src="http://u3.flurl.com/blah/2005/Dec/27/FLURL-dot-com-26561-soares.wmv" loop="1">
[via Tau Tau]

Não Festejem Antes Do Tempo


Devido a alterações na rotação terrestre, o último minuto de 2005 terá 61 segundos.

Os Números Do Atraso


Apenas um em cada quatro patrões portugueses, no ano passado, era licenciado ou tinha completado o ensino secundário. Na vizinha Espanha, dois em cada quatro. Aqui está a resposta à pergunta recente de Cavaco Silva «Por que é que Portugal não apresenta níveis de crescimento idênticos aos de Espanha? Porquê?». Porque, sucessivamente, o comboio da qualificação tem-nos chegado atrasado. E Cavaco é um dos co-responsáveis.
[Publicado n'O Eleito]

Catarina E O Tsunami


Parece que a Catarina Furtado fez um programa sobre o tsunami. Parece que ela lá foi em pose de reporter no terreno e tudo. Acabámos de atravessar mais uma fronteira rumo à barbárie. É verdade que o jornalismo é cada vez mais uma forma de entretimento, mas agora a morte e a miséria têm direito a um show da namoradinha de Portugal. Já para o palco?
Qual o próximo passo? Enviar o Herman José para cobrir o aniversário do 11 de Março? Ou o Jorge Gabriel para o Iraque?

Inversão


Na próxima campanha para eleições legislativas em Portugal, proponho que o tema central da discussão política seja o modo como o Primeiro-Ministro há-de presidir ao Conselho de Estado, as circunstâncias em que poderá dissolver a Assembleia da República e demitir-se a si próprio, de que forma deverá presidir ao Conselho Superior de Defesa Nacional e exercer as funções de Comandante Supremo das Forças Armadas, bem com a melhor forma de ser gerida a função de grão-mestre das ordens honoríficas portuguesas.
[Publicado n'O Eleito]

segunda-feira, dezembro 26, 2005

A Carroça À Frente Dos Bois


A Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal foi muito apressada ao ter (já) elegido o Engenheiro António Guterres como personalidade portuguesa do ano. Faltam ainda cinco dias para o seu fim. Até 1 de Janeiro muita coisa pode acontecer: e se Belmiro de Azevedo, de hoje para amanhã, resolver doar todos os seus bens ao Estado, emigrando descalço rumo a oriente, para se tornar num monge budista?

Votada Como A Melhor Banda Rock De Todos Os Tempos


Os Pontos Dos «iis»*

«O God, I could be bounded in a nutshell and count myself a King of infinite space»
Hamlet, II, 2 [cit. por J.L.Borges n'O Aleph]

1. O debate é um incómodo, eu sei. Coisas há que gostariamos de não ter de ouvir, eu sei. Outras gostariamos de ter não dito, eu sei. Podemos evitar isto de uma forma muito simples: bastava falarmos apenas para a nossa própria tribo. Aí não teriamos destas dores de cabeça.

2. A propósito de tribo: nunca assumi que o Salvador fosse um representante da direita, embora o título de um post seu e as dores que assumiu assim o possa sugerir. Continuando no item tribo: Ribeiro e Castro disse (e passo a citar): «a origem do terrorismo está na esquerda». Esta proposição por si só quer dizer o seguinte: todo o «terrorismo» se encontra incluído na categoria «esquerda», ou seja, formalmente apenas se poderia referir a parte da esquerda. Contudo, temos aqui dois grandes problemas: o primeiro tem a ver com a premissa de que «todo o terrorismo é de esquerda», sobre a qual o meu amigo teve a honestidade de reconhecer que não é materialmente válida, dado que concordou comigo sobre a existência do terrorismo de direita (embora tenha, inexplicavelmente, tentado desvalorizar o facto, de onde posso, com toda a legitimidade, questionar os pesos e as medidas por si usadas). Logo, Ribeiro e Castro estava errado; o segundo problema já é de natureza diversa: estas declarações foram feitas num determinado contexto e para um determinado auditório e, como é natural, Ribeiro e Castro não procurava em tal ocasião reflectir sobre a natureza do terrorismo, mas tão somente seduzir o auditório, conduzindo-o a uma identificação entre as categorias «esquerda» e «terrorismo». Infelizmente este é um procedimento muito comum no discurso político, que é a de usar fórmulas potencialmente equívocas que permitam contrabandear a mensagem renegando-lhe depois a paternidade. Se Ribeiro e Castro foi mal interpretado, então que venha a público explicar-se e esclarecer que apenas pretendia dizer que «algum terrorismo teve origem em alguma esquerda». É claro que só não o faz porque este discurso já não é tão eficaz para os fins que almeja. Seria muito positivo que o líder partidário esclarecesse melhor o que pretendia dizer, se é que pretendia dizer algo diferente daquilo que foi genericamente interpretado. Já não é uma questão de mera clarificação argumentativa, mas uma questão de moralidade, dado que neste momento parece que tentou rentabilizar demagogicamente o sofrimento e o terror a favor da sua conveniência política.

3. E já que estamos em matéria de esclarecimentos gostaria de saber se Cavaco Silva se revê nestas polémicas afirmações de tão destacado apoiante. Atrevo-me a antecipar a resposta do candidato: «Não comento declarações de líderes partidários.»

4. Lamento muito que não ache útil continuar o debate neste fórum. Aquilo que agora o afasta de nós, foi precisamente o mesmo que o aproximou de nós: o desacordo. Se foi convidado para se juntar à trupe foi precisamente porque defendia pontos de vista próprios e bem diversos dos meus ou do Pedro. Repare bem: só se pode dialogar com quem é diferente de nós e é por isso que cá está, tal como o Biranta, como o João ou o Tiago. Espero que reconsidere a sua posição (isto também é válido para o Karloos) até porque parece haver muito para debater. A única coisa que posso prometer é que serei sempre um moderador imparcial (creio que isso nunca esteve em causa) e um adversário franco e leal. Mas nada dócil.
[*publicado n'O Eleito]

domingo, dezembro 25, 2005

The Pogues [Fairytale Of New York]

sábado, dezembro 24, 2005

Porque Devemos Ter Sempre Uma Palavra Amiga Para Quem Mais Sofre


Nesta quadra natalícia o pobre peru é que as paga. Por isso, o meu abraço, neste Natal, é dedicado a todos os perus do mundo vítimas do soez apetite humano.

Resposta Ao Salvador*

Resposta muito breve ao Post Da Direita Estúpida .
Não tenho pão para dar e muita pouca paciência para quem gosta de malabarismos. Se lhe faz bem à alma essa visãozinha maniqueísta, esteja à vontade, é tudo uma questão de conforto moral. Mas se se acha na condição de abordar seriamente esta questão faça o favor de decantar os conceitos. Não existe a Esquerda, esta denominação abarca demasiadas tendências e orientações e aqui nem todos os gatos são pardos. É óbvio que existe uma esquerda condescendente com algum terrorismo, contra essa esquerda acéfala sou o primeiro a lançar a pedra, eu que me digo de esquerda. Depois, o termo terrorismo agora cola-se a tudo e mais alguma coisa, a tal ponto que no UK já se pede cautela na sua utilização pela imprensa.
Mesmo aceitando alguns dos pontos da argumentação que vincula algum terrorismo a alguma esquerda, subsiste o desagradável incómodo que é a existência de movimentos terroristas de filiação oposta, como os inúmeros grupúsculos de extrema direita presentes na américa latina reconhecidamente financiados pelos EUA e pelo tráfico (aliás, o tráfico também financia o terrorismo de esquerda, o crime não tem ideologia) e como as operações terroristas israelitas incentivadas pela direita (aviso que sou apoiante da causa israelita mas não à custa dos palestinos).
Por cá também tivemos fenómenos, para além das FP25, que hoje em dia teriam sido imediatamente catalogados de terroristas e cuja matriz era de direita/extrema-direita e que se concretizaram em atentados às instalações de vários partidos de esquerda e até assassínio do Padre Max (uma dessas organiszações até dava pelo pomposo nome CODECO- Comando de Defesa da Civilização Ocidental, nada mau!). E o meu amigo não será condescendente com este tipo de terrorismo? Aposto que Ribeiro e Castro será...Isto são factos.
Depois existem questões que nos conduzem a situações paradoxais: o terrorismo basco, por exemplo, tem um pendor esquerdista (é à esquerda que o seu braço político se dirige), mas o seu discurso e os seus fundamentos ideológicos são muito próximos do ideário de direita e claramente conservadores (como é o caso flagrante de uma ideia arcaica de pátria que os anima). E o que dizer do terrorismo irlandês e da sua ligação ao catolicismo? E do terrorismo unionista e da sua ligação ao protestantismo? E do terrorismo islâmico? Não estamos perante movimentos tipicamente conservadores?
Por outro lado, a dinâmica de alguns desses grupos leva-os para uma lógica que nada tem de ideologia, transformado-se em meros grupos de malfeitores dedicados à extorsão, ao roubo e ao tráfico (o caso da irlanda do norte é um bom mau exemplo).
Em último caso, podemos até partir do princípio que este novo terrorismo nada deve à matriz clássica de esquerda/direita. Os especialistas na matéria não se cansam de demarcar este novo fenómeno do terrorismo dos anos 60/70 e do século XIX. Este é o meu ponto de vista. Fazer o que fez Ribeiro e Castro é mais do que uma imbecilidade, é uma imoralidade porque para além de não corresponder à verdade, constitui uma embaraçosa tentativa de ganhar visibilidade política à custa da morte de muitos inocentes. Isso envergonha-me. Mereciamos melhores políticos, a direita merecia melhores representantes.

PS: acho que o comentário do karloos diz mais sobre si próprio do que sobre a esquerda.
[*publicado n'O Eleito]

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Gémeos Separados À Nascença

Quando Fidel Castro se refere aos Estados Unidos da América, faz lembrar assustadoramente Alberto João Jardim quando se dirige ao contenente. Serão os ares das ilhas?

Cavalos Políticos

Mário Soares considerou a bolsa de apostas promovida pela Betandwin - com os nomes dos candidatos presidenciais - «completamente ilegal» e afirmou que os candidatos «não são cavalos para se fazerem apostas».
Completamente de acordo. Quer dizer, quase. É que Mário Soares ofende a memória de Incitatus, cavalo que o Imperador Romano Calígula (12-41 DC) nomeou Senador. Um político cuja memória está viva há quase dois mil anos.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

A Efeméride

Durante o reinado de D. Maria II, a 22 de Dezembro de 1834, é aprovada a Lei da Liberdade de Imprensa em Portugal.

Os Efeitos Da Pepsi No Sistema Nervoso Central

Maradona foi hoje libertado depois de espalhar a confusão no aeroporto António Carlos Jobim, no Rio de Janeiro. Maradona deixou a Coca, mas parece que a Pepsi também não é nada meiga.

A Sabedoria De Um Chefe Espiritual

Mohammad Mehdi Akef, chefe espiritual dos Irmãos Muçulmanos Egípcios, classificou hoje o Holocausto de «mito».
chefe, s. 2 gén. indivíduo que, entre outros, é o principal ou o que dirige; director; o cabeça; caudilho; cabecilha. (Fr. chef).
espiritual, adj. 2 gén. do espírito ou a ele referente; que diz respeito à religião ou à consciência; místico. (Lat. spirituale).
mito, s. m. narrativa fabulosa de origem popular; relato de proezas de deuses ou de heróis, susceptível de dar ao real uma explicação satisfatória para um espírito primitivo; representação falsa, por simplista, mas geralmente admitida por todos os membros de um grupo; representação de uma coisa inteiramente irreal; lenda (Lat. mythos, do gr. mythos).
Imagine-se agora o que sairia da boca deste homem se não fosse chefe nem espiritual...

Jogo Oficial De Mário Soares

Noite Adentro

Hoje o Sol passará no ponto mais a Sul da sua trajectória celeste anual: o solstício de Inverno. Será a noite mais longa do ano. Aproveitem-na com se não houvesse amanhã.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Situação, Acção, Reacção

Situação: os jovens bebem demais, mas não abdicam de conduzir. Acção: são criadas as Brigadas da Campanha 100% Cool. Reacção: cada vez menos jovens condutores com álcool no sangue se apresentam ao controlo.

A PT Ao Assalto

Já se tornou num hábito. Apesar de já não ser cliente da PT há mais de 3 meses, continuo a receber em casa, a meio de cada mês, uma conta-fantasma. Como habitual ligo para os serviços de apoio ao cliente de onde sou encaminhado para um «técnico especializado» que invariavelmente me pergunta se estou satisfeito como o meu actual operador. Isto tem qualquer coisa de sórdido, não acham? Estou a pensar em formalizar uma queixa contra a PT e a sua estratégia de assédio absolutamente repugnante.
Não gosto de ver uma das nossas maiores empresas a atirar barro à parede, tentando enganar o cidadão. Pode ser que alguém inadvertidamente pague uma conta que não existe ou que até se deixe seduzir pela voz de sereia do «técnico especializado». Isto é muito grave. Por isso deixo aqui um alerta para quem queira trocar a PT por outra operadora: cancele de imediato todas as autorizações de pagamento por transferência bancária à PT, senão vai ser um tal de sacar. E também aproveito para recordar que esta empresa pode demorar quase um ano a devolver o dinheiro indevidamente cobrado.

Providência Cautelar

terça-feira, dezembro 20, 2005

JP/Moragos Com Açucar: A Coligação

A líder da jotinhapê afirmou que quer reforçar a sua organização com os jovens que vêem «Morangos Com Açucar». Adivinham-se brilhantíssimos futuros quadros no PP. Mas a coisa não ficará por aí. Consta que as jotinhas já estão a retalhar a grelha de programação entre si. Assim, parece que a jotinhaesse já assegurou a audiência da telenovela brasileira «New Wave» e a jotinhaessedê pretende a juventude que investe o melhor dos seus dias a ver o resumo da Superliga. A jotinhacepê dá-se por satisfeita com qualquer que aprecie a RTP Memória e o bloco (ele próprio uma jotinha) está a sentir alguma dificuldade em captar share, dado que os seus potenciais recrutas não se lembram lá muito bem que programa bacano foi aquele que viram ontem (ou antes de ontem?, não sei pá...).

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Avanços Científicos

"Cientistas descobrem parte do cerebro responsável pela crença dos homens em Deus".

A busca pela parte do cérebro que faz os homens acreditar uns nos outros continua.

Bolsa Santanista

No Ministério da Educação foi encontrada uma bolsa de resistência santanista. O santanismo continua a infectar algumas estruturas intermédias dos ministérios e secretarias de estado. Algumas células, apesar de adormecidas, vão afectando o normal desenrolar dos trabalhos. Esta tese, no entanto, não é pacífica entre os especialistas na matéria. Há quem defenda que estas anomalias têm uma origem muito mais remota, no Guterrismo. Quer um, quer outro caracterizam-se pelas falsas decisões, pelos recuos e pela subserviência perante a comunicação social. Esta discussão foi suscitada pelos recentes ziguezagues da equipa ministerial em relação aos exames de Português: numa semana foram considerados extintos e noutra foram ressuscitados. Entretanto, a responsável política foi vista a passear-se pelas páginas da Pública numa campanha de charme e de reabilitação da sua imagem pública. «Todos temos um Santana dentro de nós», sentencionou um especialista enquanto admirava as fotos da ministra em pose de mulher-de-grandes-responsabilidades.

Vale Tudo!

Está de volta o velhinho CDS! Isto sim, isto é política: segundo o líder deste vetusto grémio partidário, o terrorismo é da responsabilidade da esquerda! Não admira que Cavaco os tenha mandado ficar caladinhos durante a campanha presidencial. Nunca se viu uma direita tão estúpida como esta... Realmente, parece que vale tudo!

domingo, dezembro 18, 2005

O Momento Alto Da Semana

Apesar de apenas virem a comprovar o nosso eterno subdesenvolvimento, 22,5 mil milhões de euros são sempre bem vindos. É, no entanto, caso para lembrar com fez João César Monteiro: «Toma lá 22,5 mil milhões, mas não gastes tudo em vinho

Ostracismo

Luís Botelho Ribeiro, pré-candidato à Presidência da República, avisou que vai iniciar hoje, em Braga, uma greve de fome contra a "censura televisiva" à sua candidatura.
É efectivamente ignominioso que um pré-candidato como Botelho Ribeiro, apoiado por pessoas dos mais diversos quadrantes políticos, da esquerda à direita, de monárquicos a republicanos, que arrasta multidões em torno do seu projecto político, não se possa degladiar de igual para igual com os candidatos da Liga Betandwin. Está mal. Acho muito bem que faça greve de fome. Penso até que deveria unir forças com Nelson Magalhães, vítima da mesma injustiça. Muito embora este seja magrinho demais para estas aventuras.

A Defesa Da Língua Portuguesa

Pescando nas águas dos jornais da semana passada: admirava-se Pulido Valente - e com toda a razão! - que Cavaco tivesse a lata de afirmar que um dos papéis do PR era «incentivar a língua portuguesa». A avaliar pelas prestações do candidato estamos bem arrajandos! Ou talvez não. Talvez os silêncios milimetricamente programados do candidato e a respectiva língua de pau representem o que de melhor alguma vez Cavaco poderá fazer pela língua portuguesa...

PS: esta blague do Cavaco foi largada justamente no debate com Alegre. O homem não se enxerga?

sábado, dezembro 17, 2005

Momento Light


Hoje assinala-se o Dia Internacional Contra a Violência Sobre Trabalhadoras do Sexo. É realmente lastimável que as trabalhadoras desta heráldica indústria, de quando em vez, vejam os seus clientes vilipendiarem as boas normas de cortesia e urbanidade a que todos se encontram vinculados nos seus contactos comerciais. Todavia, as mais das vezes, e porque o cliente tem sempre razão, a trabalhadora não reclama, na esperança de que o cliente à casa torne. Assim, as trabalhadoras do sexo têm em mãos um pau de dois bicos: se reclamam, arriscam-se a perder o cliente; se não reclamam, arcam com mau estar psicológico provocado pela situação. O problema torna-se ainda mais periclitante quando nos debruçamos sobre a problemática de qual a linha que separa os comportamentos agressivos dos não agressivos: por exemplo, quanto à questão de saber se umas palmadas no rabo são ou não um comportamento agressivo, a doutrina divide-se. E, consequentemente, a pobre trabalhadora fica sem saber como agir em situações de grande tensão laboral.

A Memória

Estou a mudar de escritório. A minha mulher achou que estava na hora de me promover e agora vou abandonar o cubículo entre a cozinha e o WC para ocupar um quarto só para mim, com vista para a copa das árvores, para as gaivotas, para a capela (de S. Pedro?) e para o casal de octogenários do outro lado rua. É um luxo!
Iniciei a árdua tarefa de transladar a papelada que jazia um pouco por todo o lado. Uma pilha de velhos jornais acabou por me atrasar: abri cada um deles e procurei perceber o que me teria levado a salvá-los do destino platónico da eterna reciclagem (eu guardo sempre o jornal quando alguma notícia me interessa!). No entanto... leio e releio e pura e simplesmente não vejo nada que me chame à atenção. Nada! E alguns deles têm apenas dois a cinco dias! Fui eu que perdi a memória ou foram estes jornais que nunca a tiveram?

Duas Conclusões


Duas conclusões podemos reter, sobre Mário Soares, dos últimos debates:
1. Mário Soares é o único canditato que, até à presente data, se apercebeu de ser esta uma candidatura à Presidência da República. Apercebeu-se de que há que falar sobre os poderes do Presidente, e não de Economia. Ser-se-á tentado a pensar que se trata apenas de mera estratégia do candidato - afinal de contas, Mário Soares não está muito à vontade em matéria económica: assim, com esse argumento, tentaria calar a voz dos adversários. Mas, ainda que se admita tal raciocínio, a verdade é que Soares, objectivamente, não deixa de ter razão. O que está em causa nas presidenciais é o papel do Presidente da República. E o papel do Presidente da República não é, com se sabe, o de governar.
2. Mário Soares constipou-se recentemente. A sua tosse não pára.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

O Espírito Católico


Segundo os cânones 1481 e seguintes do Código de Direito Canónico, para litigar em tribunais eclesiásticos, o advogado necessita de ter boa fama, deve ser católico e aprovado pelo próprio tribunal, e deve ter um pénis (ou, pelo menos, nascido com um; sabe-se como pode ser desmancha prazeres uma esposa traída nos dias que correm...).

Para Este Fim-De-Semana Recomendo:

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Boa Noite, Eu Sou O Pedro Santos Cardoso, E Este É O Dolo Eventual


O mundo jornalístico enferma, manifestamente, de falta de qualidade. Mas eis que, quando pensamos ter batido no fundo, a esperança – ainda que apenas numa gota de água – nos volta a sorrir: segundo o Correio da Manhã, Manuela Moura Guedes apresenta amanhã, pela última vez, o Jornal Nacional da TVI.

Acção Judicial Pela Salvaguarda Dos Aliados

Eu vou ajudar nesta luta:

«PARTICIPAÇÃO NA ACÇÃO JUDICIAL PELA SALVAGUARDA DA AVENIDA DOS ALIADOS E PRAÇA DA LIBERDADE»
«Deu entrada na segunda-feira, 12 de Dezembro, no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, uma acção popular, animada pelas associações APRIL, CampoAberto e GAIA e contra a Metro do Porto e o IPPAR, com vista a suster, enquanto é tempo, a destruição em curso do conjunto Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade. Iniciadas em Abril, e depois interrompidas durante meses, as obras foram retomadas na última semana de Novembro, com o arranque da calçada portuguesa e a eliminação dos canteiros, tanto na placa central da Avenida como na própria Praça da Liberdade.
Desde o início do processo, em Março de 2005, que vários cidadãos e associações cívicas têm tentado travar esta desastrosa e cinzenta "requalificação": ora promovendo abaixo-assinados e reuniões públicas, ora animando um fórum de discussão na internet (http://avenida-dos-aliados-porto.blogspot.com), ora escrevendo a numerosas entidades (Presidente da Câmara do Porto, Provedor de Justiça, Comissário Europeu do Ambiente, Assembleia da República, IPPAR, Ministro das Obras Públicas, Ministro do Ambiente, Inspecção-Geral do Ambiente). Os argumentos por nós esgrimidos são de duas ordens: afectiva, pois o bom senso recomenda que não se mexa no espaço público mais emblemático da cidade à revelia dos cidadãos; legal, alertando, fundamentadamente, para as graves violações da lei que minam todo o processo.
Embora as nossas razões nunca tenham sido cabalmente rebatidas, a verdade é que,com a honrosa excepção da Assembleia da República através da Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, as várias entidades interpeladas se vêm enredando, voluntariamente ou não, num arrastado jogo do empurra que ameaça retirar qualquer efeito prático às conclusões a que venham a chegar. Face ainda à surdez intransigente dos projectistas e demais responsáveis, a via judicial é o nosso último recurso para salvar a Avenida dos Aliados e a Praça da Liberdade. É o último, mas não é um recurso desesperado: os nossos argumentos são fortes e há bons motivos para estarmos optimistas.
[Pode consultar-se um resumo dosprincipais pontos da acção judicial em http://avenida-dos-aliados-porto.blogspot.com/2005/12/nos-jornais-futuro-da-obra-nos-aliados.html]
Se pretende juntar a sua voz à nossa e ajudar a preservar a memória da cidade, integre este Movimento e contribua financeiramente para os custos desta acção judicial. As associações não vivem no desafogo financeiro e o dispêndio inicial foi de cerca de 2000 euros.
As doações, no mínimo de 5 euros por razões burocráticas, podem ser feitas por transferência bancária para a conta da Campo Aberto ou por cheque à ordem da Campo Aberto.
- Dados para a transferência bancária: conta CGD nº 0730035756103 / NIB 003507300003575610354
Enviar mensagem para aliados@campoaberto.pt (ou para o endereço postal da Campo Aberto) indicando a sua morada, o montante transferido e a data da transferência. NOTA: caso opte por transferência on-line por favor escreva"Aliados" no campo de referência.
- Os cheques devem ser enviados para: Campo Aberto Apartado 5052 4018-001 Porto
A todos os doadores será entregue recibo e garantida informação atempada sobre as decisões judiciais deste caso desde que nos seja facultado um endereço de correio electrónico ou uma morada postal.
Para assegurar toda a transparência deste processo, e a menos de pedido em contrário, divulgaremos publicamente os nomes dos doadores e os montantes doados no blogue http://avenida-dos-aliados-porto.blogspot.com/
Obrigado pela sua atenção.»

quarta-feira, dezembro 14, 2005

A Farsa

Esta campanha presidencial é uma ficção. Nenhum candidato faz verdadeiramente campanha presidencial. Nenhum candidato aborda temas imediatamente relacionados com a presidência. Só o fazem quando questionados directamente, e de uma forma abstracta «Se eu for Presidente, procurarei conciliar...» «Se eu for Presidente, procurarei o consenso...» «Se eu for Presidente, procurarei criar condições...». Preferem, antes, discorrer acerca de temas atinentes à governação – especialmente o Professor Cavaco, apenas talhado para assuntos económicos. Porque sabem que é isso que realmente interessa às pessoas. As pessoas querem alguém que lhes resolva os problemas. Um Messias. Que transforme o seu país numa Califórnia. Que melhore as suas condições de vida. Assim, é vendido gato por lebre. O teatro está montado: os actores fazem o seu papel – numa peça já antes escrita – e o público aplaude porque gosta da encenação.
[Publicado n'O Eleito]

E Estes Dois, Agora Não Fazem Nada?

O Presidente do Irão, Mahmud Ahmadinejad, pôs hoje, mais uma vez, em causa a existência do holocausto, atribuindo-lhe o epíteto de “mito”. E ainda avisou que não recuará no seu programa nuclear.

O Público Esteve Mal

O Público é o meu jornal diário. Compro-o todos os dias e aos Domingos e Feriados faço verdadeiras peregrinações pela cidade até achar um. Confio no Público e aprecio muito a sua qualidade. Mas às vezes é um jornal irritante. Às vezes não é um jornal sério. No último Sábado a notícia de primeira página, em letras vermelhas e garrafais era: «INSPECÇÃO-GERAL DETECTA EXCESSIVA MOBILIDADE DOS PROFESSORES». Quem passa na rua e mira por alto as primeiras páginas dos jornais até pode ficar a pensar que estes professores são sempre os mesmos sacanas. Só quem se desse ao trabalho de ler a notícia é que ficaria a saber que esta notícia se refere a um relatório apenas sobre o ano lectivo 2004/2005, justamente aquele que foi o pior ano de sempre das colocações dos professores por causa das péssimas e incompetentes decisões dos governos Durão/Santana. O título é enganador e devia dizer claramente qualquer coisa do género: «RELATÓRIO DA INSPECÇÃO-GERAL CONFIRMA DESASTRE DO CONCURSO DE PROFESSORES EM 2004/2005». Não seria muito mais rigoroso?
A que se deverá esta falta de rigor? O Público não é propriamente um tablóide, pois não? Trata-se de um jornal respeitado pelos seus leitores e uma referência do jornalismo nacional. Tenho para mim que isto não aconteceu por acaso. É que precisamente nesta semana decorrem as negociações entre sindicatos de professores e o ministério relativas ao novo formato dos concursos, o qual prevê a fixação dos docentes numa escola por 3 a 4 anos. Esta ideia em si, sendo positiva, levanta algumas dúvidas por condicionar a mobilidade dos docentes mesmo que este fiquem a 500 km de casa. Em suma, uma colocação pode significar um exílio. Para além disso levanta algumas dificuldades no que se refere ao respeito por uma lista de graduação nacional, já que, na prática, iria permitir ultrapassagens. Por serem manifestas estas dificuldades é que o novo modelo está em discussão. Ora, o Ministério ao fazer sair este relatório precisamente nesta altura parece querer manipular a opinião pública (já o tinha feito antes com a história, muito mal contada, das faltas dos professores) e o Público prestou-se a um papel nada dignificante porque participa nessa tentativa de amaciar o terreno para que o Ministério possa fazer a cama aos professores. O Público nesse dia esteve mal. Espero que tal não se repita. Se é para ler «notícias» redigidas por moços de recados, temos muito oferta no mercado.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Sim, Nas Caldas Fazem-se Políticos Em Barro

«Infelizmente, não temos maneira de fazer políticos em barro, como nas Caldas se fazem...», disse hoje Mário Soares, lamentando a falta de renovação da classe política em Portugal.

Por Que É Que Eu A-do-ro Serviços De Apoio Ao Cliente

Como tive um problema com a minha ligação à Internet decidi ligar para a linha de apoio ao cliente. Claro que por esta altura todo o meu corpo tremia já de antecipação - que bom que vai ser!, pensava eu. Foi mesmo para isto que adquiri uma ligação à internet, para encetar conversas estimulantes ao telefone com perfeitos estranhos mal pagos que estão a trabalhar ao sábado à tarde. Sentindo-me de novo com 6 anos, pulei até ao telefone imaginando já múltiplos cenários agradáveis que terminavam ora em gargalhadas de grupo, em tardes na esplanada a beber joy laranja, ora até em agradáveis serões à lareira com a rapariga do call center.
Adoro música de Natal, acho muito agradável, penso até que a acústica do telefone lhe dá uma sonoridade especial ainda mais prazenteira, chegando mesmo a competir com música de Natal nos altifalantes do hipermercado num sábado à tarde. Por isso, tenho de agradecer o facto de me terem presenteado com 20 minutos de “Feliz Navidad”. Foi o tempo perfeito para rever as minhas questões, torná-las o mais fofas possível e colocar a minha voz num tom mais simpático, ajustado à época Natalícia. Para mim, ligar para o serviço de apoio ao cliente, é um pouco como fazer amor. Não é a realização que este proporciona que é importante, mas sim o convívio.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Ainda Os Medos Dos Editores

Os editores de manuais escolares estão muito preocupados. Tão preocupados estão que acusam o governo de querer violar a liberdade edição só porque este propôs a criação de uma comissão de avaliação e certificação dos livros escolares. Este delírio dos editores seria equivalente à acusação de que a obrigatoriedade de certificar e homologar os veículos automóveis era uma violação à liberdade de circulação.
É óbvio que os manuais precisam de ser homologados por uma comissão nomeada pelo ministério ou até mesmo por uma comissão totalmente independente, na qual os próprios editores poderiam estar representados. Não há aqui nenhum perigo de «livro único» como os editores, sem pudor, pretendem fazer crer, mas apenas a necessidade de regulamentar um mercado em estado selvagem que criou os seus próprios vícios. Será que as pessoas sabem como se seleccionam, hoje, os manuais escolares? Cada grupo disciplinar reune-se numa tarde à volta de 10, 15, 20 manuais entretanto recebidos e tenta «adivinhar» qual será o melhor. O mais grave é que este procedimento, para além de ser nada rigoroso, favorece sempre as editoras que: a) já têm o seu manual adoptado nos anos anteriores, dado que esse pelo menos os professores já conhecem (se isto não é livro único...); b) enviaram individualmente, a cada professor, um exemplar de cada manual proposto e como só as grandes editores podem fazer isso, perde-se a biodiversidade manualística necessária (se isto não é livro único...).
Hoje pagamos muito caro por manuais de qualidade incerta. A comissão, se funcionar bem e não for tomada de assalto por interesses sectoriais, poderá pelo menos eliminar os maus manuais. E isto é uma grande ajuda, acreditem. Aqui, neste mercado da qualidade, já as pequenas editoras poderão bater o pé e todos ficaremos a ganhar com isso. Afinal, do que têm medo os gigantes da edição?

domingo, dezembro 11, 2005

O Momento Alto Da Semana

ADOPÇÃO DE MANUAIS ESCOLARES POR 6 ANOS
Nos tempos que correm é difícil encontrar numa semana um bom momento sequer. Vai daí que estes «momentos altos» algumas vezes sejam assim tão discretos e modestos. No entanto, esta decisão poderá ter uma dupla virtude: a) poupar centenas de euros às famílias (em particular às numerosas); b) acabar com o lucro fácil das editoras (agora é tempo de trabalharem a sério poque já não podem re-publicar até à exaustão manuais medíocres). Vamos é lá ver se esta medida não passa de mais uma manobra de diversão do Ministério da Educação, o qual tem dado sinais de um certo populismo à la Santana.

Ó Tempo, Volta P'ra Trás

sábado, dezembro 10, 2005

Jornalismo 24 Horas

Há pouco, na SIC Notícias, passava uma reportagem. Francisco Louçã discursava sobre a corrente cujo pensador-paradigma é Manuel Monteiro – a que respeita ao temor dos 10 milhões de imigrantes que estão nas nossas fronteiras à espera de entrar e que transformarão os pobres portugueses numa minoria. Afirma o jornalista narrador que esta foi uma resposta tardia às preocupações demonstradas por Cavaco Silva, no debate de ontem, no que respeita à imigração. De seguida, passam as afirmações de Cavaco. Logo depois, volta o discurso de Louçã. Vem de novo o jornalista, dizendo que, agora sem Cavaco, Louçã prossegue com a sua ironia.
[1] O jornalista não assistiu ao debate. Não foi uma resposta tardia, uma vez que Louçã afirmou o mesmo no próprio debate. Apenas se parafraseou neste discurso. [2] O jornalista vota, claramente, Cavaco, mas não o deve demonstrar no exercício da sua profissão. [3] «...agora sem Cavaco», diz – não vão as pessoas pensar que Louçã lhe respondeu no próprio debate –, é mais uma prova da falta de isenção do jornalista. [4] As palavras «tardia» e «ironia», ostensivamente tendenciosas porque carregadas de juízos de valor, são dispensáveis ao bom jornalismo. [5] Esta amostra é apenas um grão de areia. [6] A manipulação é um jogo perigoso.
[Publicado n'O Eleito]

Situação, Acção, Reacção

Situação: Deus está a preparar o seu regresso em grande à Terra. Acção: para preparar tal regresso, nada melhor do que ordenar, a uma interposta pessoa, que dê facadas numa meia-dúzia de pessoas. Assim, sussurra ao ouvido de um brasileiro a ordem de execução deste seu plano de esfaqueamento. Reacção: a PSP detém o brasileiro precisamente após ele ter esfaqueado meia-dúzia de pessoas, o número que Deus ordenara. Por isso, na verdade, a PSP não reagiu – foi apenas um joguete no determinismo da vida.

A Garrafa Está Meio Cheia Ou Meio Vazia?

Mas nem tudo são más notícias: após análise da produtividade de nove países, conclui-se que somos melhores do que a Hungria, com vantagem de um ponto percentual.

A Efeméride

A 10 de Dezembro de 1948, há 57 anos, nasceu a Declaração Universal Dos Direitos Do Homem. Letra morta, ao longo destas quase seis décadas, mas letra.

Portugal Tem Os Autocarros Mais Demorados

Eu sei que não é nada de novo, mas vale sempre a pena recordar a coisa na crueza dos números. Um dia seremos merecedores de um país a sério...
«Portugal tem os autocarros mais demorados. Portugal é dos países da União Europeia onde se aguarda mais tempo pelo autocarro, revela um estudo divulgado ontem em Bruxelas, que regista sete cidades portuguesas entre as 20 localidades onde o tempo de espera é mais prolongado. Setúbal surge no quarto lugar (30,36 minutos), seguida imediatamente por Braga (30) e o Funchal aparece no sétimo lugar (29,30). Seguem-se o Porto no 15.º lugar (15,10 minutos), Ponta Delgada 16.º (15) e Coimbra no 19.º (14)»

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Plano Tecnológico E Ambiente

O Pedro Rocha propõe-nos uma análise do Plano Tecnológico do ponto de vista ambiental no blogue Solariso. Vão lá.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

A Indústria Dos Manuais

Ontem vi na televisão um representante de uma mega-editora de manuais escolares a vociferar contra o governo, por este ter aumentado para 6 anos o período de vida útil de um manual adoptado. Dizia o senhor, julgando-se digno da nossa compaixão, que o governo ao tomar esta medida estaria a decretar a falência de muitas editoras. Algumas observações:
1. É dever das famílias ou do estado financiar artificialmente uma actividade económica? Terão as famílias portuguesas de desembolsar anualmente centenas de euros para satisfazer a ganância desta gente?
2. Ciclicamente os editores promovem o mais abjecto dos logros: "renovam" os manuais, mudando as capas, a paginação, retocando aqui e acolá, mas a merda continua a ser a mesma! Com esta esperteza inutilizam os manuais velhos (em quase tudo iguais aos velhos) e lucram muito mais do que seria legítimo!
3. As editoras pagam mal e porcamente aos seus colaboradores e têm muito pessoal a trabalhar a recibo verde para se produzirem manuais à pressão e até enciclopédias digitais! Note-se que estamos a falar de pessoal altamente classificado usado e abusado pelos pequenos gigantes nacionais da edição.
4. Conheço o caso de um manual de Tecnologias da Informação que foi revisto pelo... designer tarefeiro contratado por tuta e meia. Rigor científico... Pois, pois...
5. Frequentemente os técnicos contratados pelo Ministério para participarem na elaboração dos programas são contratados pelas editoras para «montarem» uns manuais (ex: Angelina Costa coordenou a equipa que elaborou o programa de Psicologia A é também co-autora do único manual disponível no mercado para essa mesma disciplina editado pela Porto Editora), situação que me parece, no mínimo, delicada.
6. Durante anos as editoras maiores abafaram toda a concorrência promovendo vários manuais concorrentes entre si para a mesma disciplina. O resultado foi o afunilamento do mercado, hoje dominado pela Porto Editora (creio até que já ultrapassou os 60%), levando a um aumento constante dos preços. Existem muitos manuais mas editoras poucas.
Por estas e por outras não tenho qualquer pena desta gente que tem vivido à custa de todas as famílias portuguesas. É tempo de acabar com a festa!
(PS: 6 anos?! Será que alguma vez passaremos mais de 5 anos sem qualquer reforma ou contra-reforma na educação? O mais natural é que não. Uma «reforma» na educação vale muitos milhões à indústria dos livros escolares.)

quarta-feira, dezembro 07, 2005

A Consciência Aguda Por Oposição À Consciência Grave Ou A Norte Temos A Galiza

Reprodução gráfica antiga de uma conciência aguda.


Projecto presidencial de Aníbal Cavaco Silva - inspirado, segundo consta, no Google Earth.

E O Prémio «Post Mais Infeliz Dos Últimos Dias» Vai Para...

«», de Henrique Raposo, d'O Acidental. Não admira que não tenham sido permitidos comentários.
Não se trata, caro Henrique, de gostar mais ou de gostar menos de animais de outras espécies do que de animais da espécie humana. Também não aprecio muito o Robert Mubabe, mas admito que ele tenha os seus direitos.
Os homens são seres pensantes. Os animais irracionais não são seres pensantes. Os homens sofrem. Os animais sofrem. Qual deverá ser o critério para a atribuição do direito à não submissão a maus tratos nem a actos cruéis, que impliquem sofrimento para a vítima? O facto de se pensar, ou o facto de se sofrer?
Contra posts como este, só há uma coisa a fazer:
Dizer que estes senhores são sádicos porque o sofrimento traz-lhes felicidade.

Dizer «bem feito» e que o touro desperta em mim, imediatamente, uma simpatia incomensurável.

Dizer que deveriam fazer o mesmo à criatura mitológica grega, metade homem metade besta, que conduz a motorizada.

Dizer que quem pintou este cão com piche quente, e o abandonou algures na cidade de Porto Alegre, Brasil, é um ser repugnante. E que o cão é, sem dúvida, um ser superior.

terça-feira, dezembro 06, 2005

As Bandeiras Da Grande Reportagem

Já conhece a história das bandeiras da Grande Reportagem? Não? Então veja aqui. (PS: obrigado pela dica, Facão!)