Dolo Eventual

David Afonso
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Pedro Santos Cardoso
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José Raposo
[Lisboa]
Graça Bandola Cardoso
[Aveiro]


Se a realização de uma tempestade for por nós representada como consequência possí­vel dos nossos textos,
conformar-nos-emos com aquela realização.


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Para uma leitura facilitada, consulte o blogue Grandes Dramas Judiciários

Visite o nosso blogue metafísico: Sísifo e o trabalho sem esperança

O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais para rotundas@gmail.com


Para uma leitura facilitada, consulte o blogue As Mais Belas Rotundas de Portugal


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terça-feira, janeiro 31, 2006

Viva O 31 de Janeiro!

VIVA O 31 DE JANEIRO!

Hello, Newman

Quem não se lembra de Newman? Arqui-inimigo de Jerry Seinfeld, era acometido de requintes doentios, dada a sua profissão de funcionário dos correios. O correio vinha, vinha, vinha, vinha cada vez mais e não parava de vir, o que o deixava atormentado e à beira da loucura.
Hoje, em Los Angeles, uma mulher matou a tiro seis funcionários dos correios. Um sétimo ficou gravemente ferido. A mulher, antiga empregada do mesmo posto de correios, suicidou-se depois.

O Gás

«Um jornal regional alemão apresentou esta terça-feira um pedido de desculpas por ter publicado um anúncio de gás na mesma página em que saiu um artigo sobre o genocídio de ciganos nos campos de concentração de Auchswitz.»
Não entendo qual o grande celeuma moral em publicar um anúncio a gás numa página dedicada aos horrores de Auchswitz. De certo, a finalidade do anúncio é promover gás para aquecimento, não para homicídio em massa. O gás, em si, é inofensivo, útil e muito bem-vindo - principalmente quando faz frio. Mas até parece que o responsável pelo holocausto foi o gás, e não o Homem.

Não Têm Pão? Comam Croissants!

Crianças, não tentem isto em casa. Eu confesso: já por diversas vezes provei biscoitos para cão. De várias marcas, que me abstenho de nomear. Também já dei umas dentadas nuns biscoitos para gato. A maior parte deles muito saborosos. Num país, como o Quénia, onde a fome corrói milhões de pessoas, a recusa desta ajuda por parte das autoridades governamentais é um crime.

100 Imagens Reconfortantes Para Fumadores Em Tempos Difíceis (11ª)

VPV

Para os mais distraídos: agora temos Vasco Pulido Valente ao vivo e cores (bem...) n'O Espectro! Veneno fresco!

segunda-feira, janeiro 30, 2006

O Fim Da Política Kitsch?

Marques Mendes pretende revolucionar o PSD implantando o sistema de eleições directas. É o fim dos Sociais Democratas tal como nós os conhecemos porque este é mais um passo para tirar o partido das manápulas dos caciques locais. A coisa dantes era simples: o cacique pagava as cotas aos militantes que pouco mais tinham de fazer do que seguir as suas directivas. A lealdade paga-se. A eleição dos representantes locais sempre foi pacífica: ou se elegia o que abonava ou alguém da sua confiança. A eleição do líder nacional, por seu turno, é, até hoje, feita numa espécie de circo semi-mediático a que chamam, vai-se lá saber porquê, «Congresso». E o que é um «Congresso»? Durante menos de três dias concentram-se num ponto qualquer os delegados, escolhidos pelo processo inicialmente descrito, oriundos de todas as concelhias do país: de Moimenta da Beira a S. Brás de Alportel, de Lisboa a Machico, e negoceiam-se listas de nomes. Para disfarçar a coisa ainda se lêem moções e manifestos que ninguém ouve, mas que todos votam em função da lista para a qual foram encarreirados. Para tornar a coisa mais interessante existem sempre traições dolorosas e vira-casacas sempre atentos, os quais farejam por debaixo da porta do armário das vassouras (onde o futuro líder conspira com os seus peões). Reparem que todo este complexo e misterioso processo faz-se ao longo de mais de 48 horas sem dormir, sem comer em condições, de litros de café e até de whisky para os casos mais sérios. Convém não esquecer o enxame de jornalistas e de câmaras de televisão que quase tudo espiolham. No final, deste sanatório sai um candidato a primeiro-ministro. É assim que os Sociais Democratas escolhem o futuro da nação.
Marques Mendes vai pôr cobro a isto. Pena! Vão-se perder momentos fantásticos de televisão. É o adeus a este Portugal dos pequeninos ao vivo e a cores, com direito a transmissões em directo pela madrugada fora. O que vai ser de nós sem a ópera bufa da praxe protagonizada por Santana Lopes ou Filipe Menezes? Será o fim de uma era? Será o fim da política kitsch?

domingo, janeiro 29, 2006

Berlusconi Em Greve De Sexo

«Num comício no sábado na Sardenha, o empresário de media recebeu a benção do líder religioso da televisão Massimiliano Pusceddu, que o agradeceu por ser contra os casamentos homossexuais e por defender os valores da família. "Obrigado, padre Massimiliano, não o vou decepcionar e prometo dois meses e meio de abstinência sexual total, até 9 de Abril", disse Berlusconi.»
1. Qual o sentido útil da promessa de Berlusconi? Qual a relação entre a defesa dos valores da família e a abstinência sexual? Qual a relação entre o facto de se ser contra os casamentos homossexuais e a abstinência sexual? Dois meses e meio de abstinência sexual agradam ao padre Massimiliano? Porquê?
2. Se o padre Massimiliano pretender fiscalizar a inusitada promessa, que meios terá ao seu dispôr? Há alguma entidade que fiscaliza este tipo de promessas?
3. Há uma «abstinência sexual total» por oposição a uma «abstinência sexual parcial»? Qual o conteúdo conceitual desta última? Sexo oral? Anal?

Fez-se Luz

Sempre que alguém pede dinheiro à minha mãe, ela responde invariavelmente: «o Bunheiro é ao pé de Pardilhó». Desde a minha tenra infância até aos dias de hoje. Sempre a mesma resposta. O problema é que eu sempre compreendi «o dinheiro é ao pé de Pardilhó». Portanto, tratava-se, aos meus olhos, de uma frase que não fazia o menor sentido. Mas hoje fez-se luz: finalmente, ouvi «Bunheiro» em vez de «dinheiro», e fiquei a saber que o «Bunheiro» é uma terriola próxima do local onde a minha mãe nasceu.

Mudam-se Os Tempos

Saddam Hussein, ao que consta, é um novo homem. Estará a pensar em fundar um Partido Anarquista? Outrora adepto fervoroso da autoridade e do autoritarismo, o ex Chefe de Estado iraquiano pugna agora pela sua imediata postergação. Não tarda nada, ainda o vemos a encabeçar uma petição contra a pena de morte.

Mas Tu Não És Uma Virgem

Hoje perguntei ao Adriano Teixeira, numa noite de rock'n roll, por que raio ele não escrevia há tanto tempo um post para o Dolo Eventual. Ele respondeu-me: «Tens de ter paciência comigo como se eu fosse uma virgem».

sábado, janeiro 28, 2006

Pronto, Acabou O Jogo. Houve Dois Vencedores.

Venha O Diabo E Escolha

100 Imagens Reconfortantes Para Fumadores Em Tempos Difíceis (10ª)

Não Tarda Nada Até O Estado Joga


183 milhões de euros. É preciso respeito.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Leitura Obrigatória

«(...) Intolerância por intolerância, antes a velha esquerda marxista do que este arrivismo ideológico que passa por liberalismo. Basta ler certas coisas que se escrevem, por aí, para se perceber que, para os seus mais zelosos apóstolos, o liberalismo… não é liberal. É um intricado de regras invioláveis e de certezas iluminadas. Uma luta feroz pela imposição da ortodoxia. (...) Ser mais liberal do que qualquer outro liberal é o grande desígnio que anima certos liberais.(...)» [link]
Constança Cunha e Sá, n'O Espectro

Cérebros Rapados

Amanhã, segundo consta, haverá uma manifestação em Lisboa organizada pela Frente Nacional e pelo Partido Nacional Renovador. Protestam contra as mortes de portugueses na África do Sul. Serão colocadas 360 cruzes brancas num jardim, representativas do número de mortes de emigrantes portugueses naquele país.
Muito bem, estamos de acordo. O número de mortes de emigrantes portugueses na África do Sul ultrapassa as piores estatísticas. O que eu não consigo perceber é a lógica destes grupos de extrema-direita: por um lado, fazem manifestações contra a violência sobre emigrantes portugueses noutros países; por outro lado, exercem-na sobre os imigrantes em Portugal. Mário Machado, por exemplo, é um dos dirigentes da Frente Nacional. Por certo estará na manifestação. Todavia, foi condenado, em 1997, a uma pena de prisão de quatro anos e três meses por envolvimento no homicídio de Alcindo Monteiro, de origem cabo-verdiana.

Rapidez Jumenta

Com muito tempo de atraso, diga-se que o novo template de O Jumento está excelente. Torna muito mais rápida a navegação [pelo menos para um tipo como eu, que não tem um grande computador]. Parabéns.

Taveira No IPPAR!

Está tudo doido! Então não é que o arquitecto Tomás Taveira (aqui em acção) foi convidado pela Ministra da Cultura para integrar o Conselho Consultivo do IPPAR?! Mas não há mais ninguém disponível neste país? É como nomear um pedófilo para uma comissão de protecção de menores! Chiça! Que merda de país! E Espanha aqui tão perto...

Bonanza

Ainda a propósito da notícia da aprovação pelo Parlamento italiano de uma lei sob a qual «qualquer pessoa que se encontre na sua casa ou no seu local de trabalho e se sinta ameaçada ou agredida, ou ache os seus bens atacados ou ameaçados, poderá reagir utilizando armas detidas legalmente, até mesmo matar - a sua reacção será sempre considerada como proporcionada e impedirá que seja condenado».
O sr. K tem pendências com o senhor N. Na verdade, o sr. K não suporta o senhor N. Mas os sr. K tem um plano. Aproveitando-se do facto de que o sr. N desconhecer esse seu ódio visceral pela sua pessoa, o sr. K convida o sr. N para ir logo mais à sua casa. O sr. N, agradado pelo o convite, aceita. Assim que o sr. N entra em casa do sr. K, o sr. K dá-lhe um tiro. O sr. N cai morto. O sr. K, radiante, dorme de consciência tranquila. Não será condenado. A final de contas, actuara em legítima defesa.
Quer-se salvar a segurança promovendo-se a insegurança.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Leituras


Céu Nublado, de Pedro Nuno (Santos Cardoso), entrou ontem para a nossa secção «Leituras». Escrevi grande parte do livro com 18/19 anos de idade. Talvez, por isso, sempre que releio alguns dos poemas, sinta um sopro de saudade na nuca, por detrás da memória.
***
Enorme fila, a do portal,
que os conduz de mão dada
ao processo de catarse.
(Qual catarse?)
Lá para o fim da fila
alguém não deu as mãos.
Lá para o fim da fila
alguém pragueja ao ar.
Lá para o fim da fila
alguém desalinha a fila.
Lá para o fim da fila
alguém quer sair.
Lá para o fim da fila
alguém não quer a catarse.
Lá para o fim da fila estou eu.

Ligue O Som E Relaxe

100 Imagens Reconfortantes Para Fumadores Em Tempos Difíceis (9ª)

A Vida Nem Sempre É Justa

Eu traduzo: numa lista de 42 países, Portugal e Estados Unidos são os que menos poupam. Só que os estadunidenses não poupam o seu dinheiro porque gastam em demasia; nós não poupamos o nosso porque não temos para poupar.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Ainda E Sempre A Marina Da Barra

Contra tudo e contra todos Ribau Esteves, Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, insiste no projecto da Marina da Barra (para mais pormenores sobre esta questão consultar o DoloEventual de 16 de Julho de 2005). Nem sequer os chumbos sucessivos do projecto o demovem. Declarações ao Diário de Aveiro no dia 24 de Janeiro de 2006:

«E Quanto ao projecto da Marina da Barra. Como é que estão as coisas neste momento?
Estamos a trabalhar, (1) sem dar nota pública porque entendemos que não a devemos dar. Estamos a trabalhar com o Governo novo para que possamos ter uma decisão de interesse neste projecto. Eu que aplaudo o que o Governo fez com a declaração de interesse pública de um conjunto de projectos na zona da Costa Azul. Das duas uma: ou este país quer apostar naquilo que são (2) factores diferenciadores e para isso são fundamentais estes projectos; ou então, se o Governo da nação não quiser fazer isso (3) como outros no passado não o quiseram fazer, obviamente que vamos continuar a ser um país de gente que vai embora, que tem que emigrar, e de investidores que em vez de investirem aqui vão investir para Espanha ou para os países nascentes da União Europeia. Projectos como os dois que nós temos em Ílhavo, o aldeamento da Quinta da Boavista e a Marina da Barra, são projectos fundamentais para o bom desenvolvimento da nossa região, num eixo que todos sabemos que é de futuro para a nossa região que é o turismo. Portanto, estamos próximos de saber da decisão do Governo sobre o seu empenho. (4) As coisas estão colocadas ao mais alto nível da esfera governamental, porque não vale a pena andarmos com a CCR e com o ministro A e com o ministro B. Vale a pena é saber de quem lidera o Governo, o senhor Primeiro-Ministro, qual é sua perspectiva: se isto interessa e anda para a frente; ou se não interessa e se rasga e tem que se (5) gastar um monte de dinheiro a pagar uma indemnização ao consórcio.
Acha que haverá uma decisão em breve?
Tem que haver. Além do mais, há uma perspectiva de dinamização da economia portuguesa que tem que ser feita obrigatoriamente senão o país não tem viabilidade económica. E este tipo de investimento são fundamentais para essa dinamização económica. Se não for por aqui eu não sei por onde é que nós vamos. Eu espero com tranquilidade. Fiquei muito satisfeito com as decisões que o Governo tomou em relação à Costa Azul e isso aumentou a minha expectativa positiva em relação a termos também decisões num sentido positivo num projecto tão importante quanto é o da marina da Barra.»

PS: sublinhado meu

1. Mal vai este país em que um autarca se acha no direito de ocultar informação aos seus munícipes e restantantes cidadãos, como se o seu Concelho fosse o seu próprio quintal: «sem dar nota pública porque entendemos que não a devemos dar»? Pois, mas eu entendo que deve prestar contas do que a Câmara anda a fazer, foi também para isso que foi eleito. A maioridade democrática só será atingida neste país quando a transparência dos processos decisórios for total. Não podem existir informação e planificação ocultas. Não podemos continuar com esta cultura do facto consumado. O que andará Ribau Esteves a fazer que não pode mostrar ao povo?
2. Um factor diferenciador será ter mais uma marina? Mais um complexo de turismo? Mais um condomínio de luxo? Isso já existe por todo o lado! E ai de nós se todas as marinas, hóteis e projectos-turísticos desejadas por cada um dos autarcas deste país se tornassem realidade! Para mim, factor diferenciador é um ecossistema único no mundo, como é o da Ria de Aveiro. Isso é que mais ninguém tem igual. Também poderíamos falar em I&D mas essas coisas ainda não chegaram às elevadas preocupações dos nossos autarcas que pararam nos anos 70, embasbacados com o milagre do turismo de betão.
3. Quando Ribau Esteves se refere aos governos que chumbaram – e bem – o projecto da Marina, «outros no passado não o quiseram fazer», esses «outros» foram governos do seu próprio partido! É tão óbvio que não tem qualquer cabimento a pretensão do autarca que nem o PSD, do qual até é dirigente regional, se atreveu a consentir tal megalomania! Maior isenção seria difícil de exigir...
4. «As coisas estão colocadas ao mais alto nível da esfera governamental, porque não vale a pena andarmos com a CCR e com o ministro A e com o ministro B.» Em primeiro lugar, não me parece ser possível passar por cima da CCRC, a qual, entre outras, tem competências como esta:
Contribuir para a definição das bases gerais da política de desenvolvimento regional no âmbito da política de desenvolvimento económico e social do País, dinamizando e participando nos processos de planeamento estratégico;
Ou esta:
Assegurar o processo de concertação estratégica, ao nível regional, contribuindo para a coerência e articulação das acções de intervenção, nomeadamente no âmbito de intervenções desconcentradas da administração central;
Parece-me óbvio de que estamos a falar de uma intervenção cujas consequências não se medem a nível da freguesia mas a nível regional, senão mesmo a nível nacional, como de resto reconhece o presidente do município. Enquanto se desvalorizarem estas estruturas intermédias, nunca teremos um país com uma estratégia coerente. Já chega de franco-atiradores! Em segundo lugar, nem me parece que esta seja uma competência directa do primeiro-ministro e nem me parece aceitável que, segundo o exemplo deste nosso autarca, todos os concelhos e freguesias fizessem tábula rasa de toda a orgânica do governo e da administração passando a dirigirem-se directamente ao chefe do executivo. Essa é a lógica dos barricados e das cunhas! É um sinal de extremo provincianismo! É ignorar o parecer dos serviços técnicos especializados e a decisão das instâncias competentes para procurar um favorzinho de quem manda! Será que Ribau Esteves está habituado a resolver as coisas desta maneira na sua própria Câmara?
5. Quanto ao «monte de dinheiro a pagar uma indemnização ao consórcio» é uma questão a decidir em tribunal. Moralmente este argumento tem qualquer coisa de escabroso.

Os Pesos Da Balança


1. O homem X viaja de carro com a mulher Z. O carro avaria. A mulher Z sente-se mal e tem sintomas que levam a crer que se trate de um enfarte. O homem X, em pleno estado de necessidade e em busca de ajuda, corre para a primeira casa que encontra e atravessa o seu quintal. Mas o homem T está dentro de casa e sente-se ameaçado. O homem X tenta abrir o portão. O homem T dá um tiro ao homem X. O homem T não comete qualquer crime. Melhor: comete, mas ao abrigo de uma causa de justificação, o que lhe permite sair impune.
2. O senhor A, esfomeado, invade o terreno do senhor B com o intuito de furtar algumas maçãs da macieira. O senhor B dá-lhe um tiro. A arma do senhor B é legal. O senhor B não comete qualquer crime. Melhor: comete, mas ao abrigo de uma causa de justificação, o que lhe permite sair impune.
3. Um toxicodependente entra, às 3 horas da tarde, no escritório do advogado K para furtar o que encontrasse que lhe permitisse adquirir estupefacientes. Encontra-se completamente desarmado e não é violento. O advogado K surpreende-o e atira sobre o toxicodependente, que vem a falecer. O advogado fica impune.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Notas Pós-Eleitorais 6

O CDS/PP já apareceu para cobrar a dívida recordando que sem o seu apoio a vitória de Cavaco não teria sido possível. Na sede deste partido moram aqueles que mais torceram por este resultado e aqueles que mais o festejaram. Porquê? Porque se o futuro PR tivesse sido eleito com os majestosos 60% ou se tivesse de recorrer a uma 2ª volta, o apoio de CDS/PP seria irrelevante. Assim, os 50,59% de Cavaco ainda permitem à formiga puxar o catarro. Pois estão a perder o seu tempo. Na cabeça de Cavaco o cálculo é outro: «Consegui a 1ª volta apesar do CDS/PP!». A única conta que o vencedor tem a saldar é com o centrão que o elegeu. Têm dúvidas? Quando a questão do aborto estiver de novo em cima da mesa vamos ver se Cavaco vai dar ouvidos à direita popular ou à maioria que o elegeu que é quase a mesma que elegeu Sócrates.

Notas Pós-Eleitorais 5

A erosão das intenções de voto no Professor Cavaco sugere duas coisas: 1. Apesar de a campanha eleitoral do candidato vencedor ter sido a mais profissional de todas, o cálculo da equipa foi bastante arriscado, dado que não parece ter existido uma estratégia alternativa: à boa maneira italiana, a candidatura limitou-se a defender a vantagem inicial; 2. Se, por acaso, a candidatura de Cavaco tivesse sido lançada uma semana antes, talvez o efeitos da erosão se tornassem irreversíveis. O único ponta-de-lança disponível era Soares e ele tudo fez para que Cavaco abrisse o jogo. Aqui fica a minha primeira crítica a Alegre: não atacou a candidatura à sua direita, limitando-se a rentabilizar o desgaste do esforço alheio.

Poetria

- A única livraria da Península Ibérica especializada em teatro e poesia precisa da sua ajuda. Veja: Poetria.

100 Imagens Reconfortantes Para Fumadores Em Tempos Difíceis (8ª)

Notas Pós-Eleitorais 4

A atitude de Sócrates e Soares perante Alegre é um erro. Soares ignorou Alegre no seu discurso de derrota e Sócrates fez uma marcação homem/homem nos directos da noite eleitoral. O Primeiro-Ministro vai minando o terreno à sua volta à laia de defesa contra esta ameaça. Má estratégia. O problema não será tanto Alegre - até porque este já deu a entender que nada o move contra o PS - mas o milhão de eleitores que apostaram no independente à força. Um dia, chegará a crise, o estado de graça não é eterno, e Sócrates cercado terá de desminar o terreno que agora histericamente armadilha. Aí poderá ser tarde demais. E era tão simples! Primeiro trancava-se algures a Ana Gomes e depois com um sorriso de lata poderia o líder socialista se gabar de pertencer a um partido que se renova e repensa a política, felicitando Alegre, desarmadilhando Alegre.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Notas Pós-Eleitorais 3

O bom resultado de Alegre apenas demonstra que a via partidária de intervenção cívica e política é apenas a via mais estreita. Se Alegre honrar o voto de mais de um milhão de portugueses deverá continuar na via larga, patrocinando vias alternativas de intervenção do cidadão na coisa pública (Helena Roseta já deu o exemplo ao promover a primeira iniciativa legislativa popular com o objectivo de revogar o anacrónico 73/73). Fundar um partido seria contraproducente e contraditório. Espero que a memória do PRD esteja ainda presente.

Notas Pós-Eleitorais 2

50,59% não é um resultado que permita afirmar que o país deu uma guinada à direita. Os eleitores de Cavaco são em grande maioria os mesmo eleitores de Sócrates. Os mais radicais nestas coisas ainda podem a afirmar que ainda não foi desta que a direita elegeu um PR (e a memória de Cavaco a cantar a Grândola, Vila Morena não ajuda nada).

Notas Pós-Eleitorais 1

A vitória de Cavaco é clara, no entanto não se tratou de um episódio de «favas contadas» como todos (todos: Cavaco, PSD, PS, Soares, Imprensa em geral, Garcia, sondagens, etc...) diziam que ía ser. Para já, duas certezas: as sondagens empolaram o desempenho do Professor (e de Soares...) e se a estratégia da esquerda tivesse sido mais consistente a cantiga agora era outra.

domingo, janeiro 22, 2006

Como É Que Ele Vai Ser Chamado Agora?

Sua Excelência Sr. Presidente Professor Cavaco Silva ou Sua Excelência Sr. Professor Presidente Cavaco Silva?

Cavaco Acusa Nervoso Miudinho




É impressão sua, professor. Ninguém lhe está a chamar macaco. Tenha calma que em breve saberá os resultados.

Votar Em Miragaia

Pois é, Pedro. Apesar da diferença de idades, a nossa experiência não diverge muito. Também andei nessa escola e também passava os intervalos nos montes que por lá ficaram, para nossa felicidade, durante anos. Obras à portuguesa, concerteza. Entretanto, por cá, pelo Porto, por onde faço já metade da minha vida, voto na 3ª Secção da Freguesia de Miragaia, ou seja, na Alfândega Nova. Votar neste edíficio dá um sabor especial ao exercício. Os corredores são infinitos e as salas de proporções cosmológicas. O rio ali perto convida a um último cigarro antes do voto. A coisa ganha gravidade. Contudo, hoje reparei que os corredores estavam vazios...

Dolo Eventual

Abstenção.
Ou: não votem não, nêsperas. Fiquem à espera de ver o que vai acontecer...

Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece

Mário Henrique Leiria

Memórias

Acabei de votar. A nostalgia do passado bate-me à porta e espreita-me à janela, invariavelmente, nestes dias de eleições. Sempre. Entrar na escola preparatória onde passei dois anos da minha infância, rever cada canto, cada bloco. Já não há «os montes» lá atrás, como lhe chamávamos. Íamos sempre para lá, nos intervalos, lançar «torresmos» uns aos outros. Verdadeiras batalhas campais. Agora, em vez de «os montes», um campo de ténis. Mas o funcionário é o mesmo. Não mudou nada (ou, se mudou, não dei por isso): a mesma falta de cabelo, as mesmas costas semi-curvadas, as mesmas orelhas Topo Gigio, o mesmo olhar perdido, que só recupera a consciência quando há uma tarefa a executar. Depois, verdadeiras relíquias saem do baú. Pessoas que já não via desde a infância. Por onde andarão elas em dias em que não há eleições? No caminho de regresso (fiz questão de ir a pé, este exercício de arqueologia faz-me bem), cruzei-me com uma colega da escola primária. Gostávamos, naquela época, um do outro. Nunca mais falámos, nunca mais nos vimos. Quando olhei para ela, foi tarde demais: já ela passava, perpendicular ao meu ombro. Não nos cumprimentámos. Os cem metros seguintes, caminhei-os com uma certa tristeza por não lhe ter falado. Pode ser que nas próximas eleições a reveja.
Este sentimento estranho acompanhou-me até chegar a casa. Mesmo na hora do voto estive sob este efeito narcótico. Apesar de ter votado alegre. Mas, como disse há pouco, estes alfarrábios da memória, embora um pouco nostálgicos, fazem-me bem.

Aliar O Útil Ao Agradável

A GNR foi chamada a intervir algures na freguesia de Vilares da Vilariça para impedir que ocorresse um almoço de uma batida ao javali no mesmo espaço da secção de voto para as presidenciais.

sábado, janeiro 21, 2006

Lei Da Reflexão

A luz ou qualquer outra onda, ao incidir numa superfície polida, segue a chamada Lei da Reflexão, que nos diz que o ângulo no qual o raio de luz atinge a superfície é o mesmo que será reflectido. Isto confirma as minhas piores suspeitas: qualquer reflexão hoje feita pelos portugueses é inútil - o ângulo pelo qual incidimos as nossas preferências nos últimos tempos é o mesmo que será reflectido amanhã.

Suspense

Vamos lá ver se amanhã o filho de Mário Soares não vai apelar ao voto no pai.

Grande Gala De Entrega Dos Telescópios De Chocolate


O Dolo Eventual foi laureado, na Gala Telescópica, com um Telescópio de Chocolate. Foi na subcategoria «BCP - Blogues Que Se Metem Em Trabalhos» da categoria «Blogues». Muito nos honra esta distinção, vinda ainda por cima de um excelente blogue como é O Telescópio.
Gostaríamos de agradecer a todos quantos têm dado força ao Dolo Eventual, como sejam Monica Bellucci, Scarlett Johansson, Uma Thurman, Angelina Jolie e, claro, Tiago Alves, por ter aceite o nosso suborno para constarmos dos Prémios.

2 em 1: 100 Imagens Reconfortantes Para Fumadores Em Tempos Difíceis (7ª) + Dia De Reflexão

Campanha Eleitoral Clandestina

Última Página

Vou deixar este livro. Adeus.
Aqui morei nas ruas infinitas.
Adeus meu bairro página branca
onde morri onde nasci algumas vezes.

Adeus palavras comboios
adeus navio. De ti povo
não me despeço. Vou contigo.
Adeus meu bairro versos ventos.

Não voltarei a Nambuangongo
onde tu meu amor não viste nada. Adeus
camaradas dos campos de batalha.
Parto sem ti Pedro Soldado.

Tu Rapariga do País de Abril
tu vens comigo. Não te esqueças
da primavera. Vamos soltar
a primavera no País de Abril.

Livro: meu suor meu sangue
aqui te deixo no cimo da pátria
Meto a viola debaixo do braço
e viro a página. Adeus.

Manuel Alegre

sexta-feira, janeiro 20, 2006

A Minha Sondagem

Também fiz a minha previsão. Subjectiva, tendenciosa e comprometida. Enfim, como outra sondagem qualquer. Aqui está:

Cavaco: 48%
Alegre: 19%
Soares: 16%
Jerónimo: 8,5%
Louçã: 7,5%
Garcia: 0,5%

Estão abertas as apostas, meus senhores!

Os Sapos Do Professor

1. Este homem é o primeiro perdedor conhecido destas eleições: 1) Se Cavaco perder, o PP tratará de imolar o líder que os conduziu ao desastre; 2) Se Cavaco ganhar, ganha o PSD. O «outro partido» será erradicado da memória da direita portuguesa.
2. O professor não gosta de engolir sapos e não se esquece. Jardim, Santana e PP é muito sapo para um homem só. O espírito de sacrifício do professor ainda lhe permitiu tolerar o primeiro, o segundo deu direito a um esgar de vómito e o terceiro será uma vingança lenta e eficaz. Eu avisei.

Aulas Suplementares São Bem-Vindas

quinta-feira, janeiro 19, 2006

197 Anos


Edgar Allan Poe nasceu a 19 de Janeiro de 1809 em Boston. Se fosse vivo, teria hoje 197 anos.

100 Imagens Reconfortantes Para Fumadores Em Tempos Difíceis (6ª)

Financiamento

1. Nenhuma campanha eleitoral é de graça. Os cartazes, os jantares, os comícios, os tempos de antena, os brindes, as sedes de campanha custam muito, demasiado até. Provavelmente nunca saberemos quanto. Não me refiro apenas aos números que são declarados pelos candidatos, mas também ao custo oculto das campanhas eleitorais. O povo é soberano e é o próprio povo que diz: «Ninguém dá nada a ninguém». Quem financia uma campanha, isto é, quem patrocina uma candidatura é porque tem algo a ganhar com isso. O que até é legítimo. Os empresários, os grupos económicos nacionais e multinacionais fazem parte do ecossistema sócio-político e não me choca que qualquer eleito procure acautelar os interesses dos seus patronos. Tal só demonstra realismo e lealdade. Em todo o caso a última palavra pertence sempre ao cidadão. Pertencerá?

2. Cavaco Silva tem enchido a boca anunciado que a sua campanha não é financiada por partidos mas apenas por particulares. Só não diz quem são esses particulares porque a tal não é obrigado. Soares ainda rosnou qualquer coisa, mas lá se foi embora deixando um lamento de rabo preso: «Só mostro se ele mostrar primeiro». Estamos conversados amigo Soares. Alegre, esse, pediu um empréstimo e também deve ter beneficiado aqui e acolá da boa vontade dos apoiantes, mas se há problema que a candidatura de Alegre tem é a falta de meios e de dinheiro.

3. Já disse que o professor é mau ilusionista e os seus truques não enganam ninguém (nem sequer os que nele vão votar!). Fica-lhe mal soprar mentiras em forma de verdades: é óbvio (e legítimo) que Cavaco tem o apoio do PSD/CDS e que esse apoio não é apenas moral; é óbvio (e legítimo) que a sua campanha é financiada pelos grandes interesses económicos. Mesmo que o Professor se sinta embaraçado com a sua própria natureza, não a deveria ocultar. Jorge Ferreira já nos lembrou aqui que a sede de campanha Cavaco em Lisboa está albergada num edifício que pertence ao Totta/Santander. Acrescento que a sede do Porto situa-se no edifício pertencente à AXA na Avenida dos Aliados, o qual tem servido de poiso ao PSD em várias eleições. Afirmar que se trata de uma candidatura independente é uma «inverdade» (como gostam de dizer os nossos deputados).

4. Deviamos ajudar os futuros candidatos em futuras eleições a não repetirem o erro de Cavaco. A Lei do Financiamento dos Partidos e das Campanhas Eleitorais devia ser alterada no sentido de tornar obrigatória a divulgação na imprensa ou na internet a lista dos financiadores dos candidatos. E tal deveria acontecer de modo a que no primeiro dia de Campanha Eleitoral Oficial nenhuma dúvida subsistisse. Desse modo, os portugueses ao votarem num candidato e/ou partido saberiam que interesses e lobbies estariam a apoiar. Assim mesmo: às claras! Mais uma vez a voz do povo: «Diz-me com quem tu andas e eu digo-te quem tu és.»

5. Estou tão convicto da bondade desta medida que me apetece sugerir uma petição à Assembleia da República...

Campanha Eleitoral

As mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre

Teste Político 2

A bem da transparência :) também lá fui fazer umas análises. E deu-me isto. Acho que estou em forma!

Matches
The following items best match your score:
System: Socialism
Variation: Economic Socialism
Ideologies: Social Democratism
US Parties: No match.
Presidents: Jimmy Carter (79.99%)
2004 Election Candidates: Ralph Nader (80.99%), John Kerry (71.19%), George W. Bush (43.66%)
Statistics
Of the 146900 people who took the test:
0.3% had the same score as you.
6.6% were above you on the chart.
90.5% were below you on the chart.
69.1% were to your right on the chart.
23% were to your left on the chart.
A Radiografia:

Teste Político

Depois de fazer este teste político, encontrado via 19 meses depois, fiquei a saber que:

Matches
System: Socialism
Variation:
Moderate Socialism
Ideologies:
Social Democratism
US Parties: No match.
Presidents:
Jimmy Carter (93.01%)
Statistics
Of the 146865 people who took the test:
1.2% had the same score as you.
26.5% were above you on the chart.
66.4% were below you on the chart.
69.1% were to your right on the chart.
23% were to your left on the chart.


Fiquei por aqui:

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Comentários Semi-Presidencialistas

Em relação a este post de Jorge Ferreira:
1. O Governo não é eleito por sufrágio directo e universal de direito, mas é-o de facto. Quando os eleitores votam nas legislativas, estão convictos de que estão a eleger o Primeiro-Ministro. Relega-se para uma segunda ordem, no plano fáctico, a eleição dos deputados que compõem a Assembleia da República. 2. Fazer com que o Presidente tenha os poderes que cabem ao Executivo não altera para melhor em nada a vida política portuguesa: o que antes fazia o Executivo, passa o Presidente a fazê-lo. 3. Caso o Presidente detenha o poder Executivo, perde-se um poder que faz falta: o poder moderador, arbitral, factor de união nacional. É que, caso tal venha a vingar, o Presidente passa, ipso facto, a ser alvo de contestação social: de desunião. 4. Se há candidatos que prometem mais do que podem dar, é porque são maus candidatos. E não devemos alterar o sistema político para que os maus candidatos, que prometem mais do que podem, deixem de ser maus candidatos: devemos, sim, lutar por ter cada vez melhores candidatos. 5. A fotografia do post do Jorge Ferreira está fantástica.
[Publicado n'O Eleito]

A Lei De Murphy


Alertado, fui ler e só posso dizer uma coisa: os textos de José Maria Martins, no seu blogue homónimo, confirmam a Lei de Murphy. Se algum texto do dr. Martins puder correr mal, correrá mal. Confirmam também o comentário de O'Toole à Lei de Murphy: Murphy era um optimista. O seu último post - como todos os outros - é prova sumária disso mesmo. Preliminarmente, deparamo-nos com o português maldito do dr. Martins. Depois, surge-se-nos à epifania a justificação do porquê de não se ter, afinal, candidatado à Presidência: tal deveu-se ao facto «de ter tido dois elementos da direcção da minha [sua] candidatura que não tinham o perfil adequado. [...] Quando foram afastados já era tarde.». Ah bom. Então está bem. O dr. Martins está perdoado. É sempre bom que se refiram estas situações, não vão os leitores pensar que a responsabilidade, em última análise, do processo de candidatura do dr. Martins é do próprio dr. Martins. Claro que não. E continua, ameaçando com a criação, juntamente com amigos, de um grupo de reflexão e intervenção política - o MPD [Movimento Para a Democracia], que terá direito a um blogue. Ai ai.
Algumas pérolas encontradas no blogue de José Maria Martins que ficam para a posteridade: «Quo Vadis Portugal? Temos motivos para estar de Luto, carregado. Mas Esta Pátria grande, imensamente grande, nunca morrerá, são os políticos que serão substituídos por outros , nacionalistas, patriótas, homens de Estado, que sintam nas veias o correr do sangue lusitano, a circular livremente e que farão de Portugal um Estado maior, sacudindo a pressão de Espanha. Mais que nunca os portugueses de origem, as famílias portuguesas , que já o eram antes de 1383 e de 1580, serão os arautos e engenheiros da nacionalidade. E não me acusem de chauvinismo ou de ser reaccionário que não sou, mas se ser Português verdadeiro, que ama o solo pátrio, que sabe que Espanha foi , é e será o nosso inimigo, é ser isso , então eu sou. Vivam os Portugueses, viva D. Afonso Henriques, viva D. Nuno Alvares Pereira, viva D. João IV,VIVA PORTUGAL!»
[Publicado n'O Eleito]

Museu Cidade do Porto

O nosso Repórter XXX enviou-nos este postal. Esperemos que continue a dar notícias :)

Thriller

Tenho a sensação de que os vídeos do Bloco de Esquerda, no «Tempo de Antena», foram concebidos por um realizador que, após ter sido rejeitado no mundo de Hollywood - talvez por ser bom demais, talvez por ser mau demais -, tentou a sorte em Portugal. As cenas, que compõem o thriller, sucedem-se em catadupa imaginativa. Aqui fica um deles para a posteridade.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Zé Maria Shinawatra


O Primeiro-Ministro da Tailândia, Thaksin Shinawatra, em busca de maior popularidade, resolveu criar para si-próprio um reality show, ao bom estilo big brother. Viverá numa tenda, durante uma semana, numa zona rural. Com ele, só camponeses e a equipa de filmagem. Caro José Sócrates, já sabe o que tem a fazer aquando do próximo safari.

Um Litro De Leite E Três Pãezinhos

«Ó Soares, queres ir ali à loja comprar uns rebuçados?» «Quero papá! Fixíssimo!» «Então aproveita e traz-me um litro de leite e três pãezinhos, que depois também comes.» «Está bem, papá!»
«Ó Soares, queres ir ali aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo ganhar uns votos?» «Quero Executivo! Fixíssimo!» «Então aproveita e diz lá à malta que a empresa não será privatizada.» «Está bem, Executivo!»

segunda-feira, janeiro 16, 2006

100 Imagens Reconfortantes Para Fumadores Em Tempos Difíceis (5ª)

domingo, janeiro 15, 2006

Wikipedia Day

sábado, janeiro 14, 2006

«Corpo De Trotsky» «Amen» «Corpo De Trotsky» «Amen» «Corpo De Trotsky» «Amen» «Ide Em Paz, E Que Trotsky Vos Acompanhe» «Amen»

«Tem a mania de dar lições de moral à esquerda e a toda a gente. Eu não quero ser director espiritual de ninguém, mas também não aceito a direcção moral do dr. Louçã, que parece que errou a vocação.»
[Manuel Alegre, referindo-se a Francisco Louçã]

Cartoon

sexta-feira, janeiro 13, 2006

O Homem, Um Ser Social Mas Nem Tanto

Aqui.

Perdidos & Achados

Associação Aveirense de Socorros Mútuos das Classes Laboriosas (1864) - Imediações do Teatro Aveirense - Aveiro

Santana Dá Um Toque Humano À Campanha De Cavaco

Se Fossem Donos De Uma Agência Funerária, A Gravata Seria Preta; Se Fossem Do Bloco De Esquerda, Não Usariam Gravata (Só Gola Alta)



Que será que se passa com os dirigentes dos principais clubes desportivos, após o serem: 1) obnubilam por completo o seu gosto pessoal por gravatas, numa doença rara apelidada de Síndrome de Tiebreak, passando a gostar, apenas e coincidentemente, da cor do clube que representam; 2) queimam todas as gravatas que tenham cor diferente da cor do clube que representam; 3) fabricam a ideia de que um dirigente só pode ter uma gravata [para dar o exemplo de não desperdício], coincidentemente da cor do clube que representam; 4) eu sou daltónico e estou enganado.

Cem Imagens Reconfortantes Para Fumadores Em Tempos Difíceis (4ª)

Ao Vivo E A Cores

No Jornal da Noite da SIC assistiu-se a um episódio... estranho. Foi notícia que Louçã não conhecia pessoalmente Cavaco até à data do debate para as presidenciais. O pivot passa à reportagem em que se vê Louçã sorrindo, reconhecendo que realmente nunca tinha visto antes em carne e osso o seu adversário. Saltamos para o repórter e este não resiste: o líder do BE nunca tinha estado com Cavaco, mas tal falha nunca o havia impedido de afirmar que conhecia bem a pessoa e o trabalho do candidato do PSD/CDS e de até o criticar!
Bem... do que estaria à espera este profissional da «informação» (entre aspas porque exorbitâncias destas já entram no domínio da interpretação e condicionamento)? Só mesmo um Pinto da Costa é que poderia responder qualquer coisa do género «Não sei quem é esse senhor, nunca me foi apresentado.» A política é coisa pública, meu caro! Não exige nenhum shake hands prévio. Já agora: perguntaram ao Cavaco a mesma coisa? Não se ele conhecia o candidato Professor Cavaco Silva (e daí talvez não fosse má ideia... só para averiguar até que ponto o homem domina o guião...) , mas o candidato Francisco Louçã?

Campanha Eleitoral

Abaixo el-rei Sebastião


É preciso enterrar el-rei Sebastião
é preciso dizer a toda a gente
que o Desejado já não pode vir.
É preciso quebrar na ideia e na canção
a guitarra fantástica e doente
que alguém trouxe de Alcácer Quibir.

Eu digo que está morto.
Deixai em paz el-rei Sebastião
deixai-o no desastre e na loucura.
Sem precisarmos de sair o porto
temos aqui à mão
a terra da aventura.

Vós que trazeis por dentro
de cada gesto
uma cansada humilhação
deixai falar na vossa voz
a voz do vento
cantai em tom de grito e de protesto
matai dentro de vós el-rei Sebastião.

Quem vai tocar a rebate
os sinos de Portugal?
Poeta: é tempo de um punhal
por dentro da canção.
Que é preciso bater em quem nos bate
é preciso enterrar el-rei Sebastião.

Manuel Alegre

Dia De Festarola


Quando há festarola, seja de que espécie for, há sempre quem aproveite o ensejo para ganhar uns trocos extra. No Carnaval, fabrica-se máscaras; à porta dos cemitérios [as festarolas não têm necessariamente de ser alegres e divertidas], de avental, está a senhora dos tremoços; em Fátima, os comerciantes vendem santinhos a preços concorrenciais; nas passagens de comitivas de candidatos presidenciais, os carteiristas fazem o seu melhor - o que nem sempre é suficiente. Para estes, a vida até está facilitada: não pagam IRS [ou IRC, no caso de um bando] nem IVA. Um luxo. Todavia, deparam-se com leis muito restritivas no que respeita à sua actividade profissional. O que equilibra um pouco as coisas.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Cem Imagens Reconfortantes Para Fumadores Em Tempos Difíceis (3ª)

Professor Doutor António Garcia Pereira

António Garcia Pereira [rectius: Professor Doutor António Garcia Pereira, tal como aliás o Professor Doutor Francisco Louçã; muito embora só Cavaco Silva tenha acrescentado o nome Professor, no Registo Civil, ao seu nome de nascença] é já uma presença mítica das eleições presidenciais. Não há presidenciais que se prezem sem o mais persistente e coerente [tão coerente como Cunhal] dos candidatos: Garcia Pereira. Com a política nas veias, herdada do seu avô, Ministro das Finanças durante a 1ª República, é por natureza um contestatário. Quando começa a falar, é um verdadeiro falador-a-jacto. Fala mais depressa do que a velocidade do som e dispara em todas as direcções. O seu ar de militante de partido clandestino que distribui panfletos proibidos quando escurece, suado, não muda ao longo dos anos. Por vezes, quando fala, abusa nas figuras de estilo: hoje, por exemplo, afirmou que "Mário Soares carrega um cadáver às costas, que é o cadáver do Governo". Nunca votei nele, e estas eleições não serão excepção. Mas é um animador da campanha infungível nas dentadas que dá aos calcanhares dos seus adversários. E uma das minhas músicas preferidas é também a dele: Adagio, de Tomaso Albinoni.
[Publicado n'O Eleito]

O Eleito, Distinguido Pela Visão Como O Blog Mais Isento


Visão n.º 671, de 12 a 18 de Janeiro de 2006

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Navigare Necessere Est

O nome é Joel, mas isso é o menos importante.
Cosmopolita como eu, viajou pelos quatro cantos do mundo, e conheceu paisagens, arte e culturas milenares, e vidas na aparência tão diferentes das nossas. Do longínquo e fascinante Oriente, às ilhas mais remotas do Índico e do Pacífico, viu cores inimagináveis e sentiu o prazer de aromas fascinantes. Pôde contemplar a beleza de lugares perdidos como a Terra do Fogo, mas também sentir a vida, o cheiro a fritos e suor das artérias mais movimentadas de Hanói. Sentiu a incomensurável sensação de paz das dunas do Sahara e o murmúrio violento de Iguaçu , mas também o pulsar permanente e imparável de Tóquio e de outras grandes metrópoles.
Conheci-o como meu aluno de Navegação, e, por entre os rudimentos da carteação, agulhas magnéticas, azimutes, marcações, proa verdadeira e proa da agulha, fomos trocando impressões de velhos viajantes. E falámos de povos e gentes, das noites de Paris e de Bangkok, ou de um bar muito particular, numa enseada perdida em Madagáscar. Do sabor inebriante dos ouriços de mar em Punta Arenas, de praias com coqueiros, desertas ainda ou povoadas por pequenas colónias de pescadores, afastados da cultura devoradoramente consumista da sociedade ocidental. E falámos também claro, do cheiro a alfazema das mulheres latino-americanas, ou dos enormes e profundos olhos negros das indianas. E entre a marcação de um rumo, e mais uma história de caminhantes, fomos falando também de nós e lançando os alicerces daquilo que é hoje uma forte amizade. Falámos de projectos, passados e futuros, dos filhos, de relações desfeitas, de recomeços. E por entre amores e desamores, falou-me do seu prazer em velejar com um barco mercantel, na Ria de Aveiro e do melhor modo de aproveitar o vento , sentindo o odor a maresia. Da sua meninice num desses barcos, a trabalhar com o pai, do gosto pelo ar livre e por largos horizontes.
Com 65 anos quis aprender Navegação. Não apenas por imperativos legais, mas essencialmente pelo prazer de aprender cada vez mais ainda da arte de navegar.
Ex-emigrante em França, construiu aí um Império económico que abandonou recentemente para se dedicar ao seu novo projecto: a travessia do Atlântico…a remos.
Todos nós temos sonhos, desses que deveriam comandar a vida, mas confesso que a primeira vez que o ouvi mencionar essa ideia, fiquei algo perplexo. Depois fascinado, e pouco a pouco fui-me sentindo contagiado pelo seu entusiasmo.
Comecei a pensar em todas as formas de o apoiar no seu projecto, e à medida que me vou envolvendo no mesmo, não consigo abstrair-me da corrente de pensamentos que esta aventura me provoca. Que não é uma aventura, diz-me, mas simplesmente viver: correr atrás de um sonho, dos muitos que quer realizar. Que a vida é feita de movimento. Amar o longe e o difícil, o que apenas se vislumbra em contornos indefinidos sob o manto diáfano da paixão.
Impressiona-me o seu ar tranquilo, e a tranquilidade com que prescinde do conforto a que nos habituámos: a televisão e o DVD, o aquecimento central e o condomínio fechado, por uma viagem desconfortável, que exige um enorme esforço físico e mental, e por muito apoio que venha a ter, recheada de perigos e imprevistos,
Que o importante é viver, costuma dizer-me. E navegar, remata surdo o meu pensamento.

A Música Da Quarta [Radiohead - Karma Police]


Karma Police / Arrest this man / He talks in maths / He buzzes like a fridge / He's like a detuned radio / Karma Police / Arrest this girl / Her Hitler hairdo / Is making me feel ill / And we have crashed her party / This is what you'll get / This is what you'll get / This is what you'll get / When you mess with us / Karma Police / I've given all I can / It's not enough / I've given all I can / But we're still on the payroll / This is what you'll get / This is what you'll get / This is what you'll get / When you mess with us / For a minute there / I lost myself / I lost myself / Phew for a minute there / I lost myself / I lost myself / For a minute there / I lost myself / I lost myself / Phew for a minute there / I lost myself / I lost myself

Dia 11 De Janeiro


Só para me desejar um feliz aniversário: uma longa vida, muita saúde, muito sucesso pessoal e profissional é o que eu te desejo a mim, Pedro. E, já agora, sucesso para este blogue também. E que me calhe o euromilhões.

Jardim E Cavaco

O apoio de Jardim a Cavaco é algo que, em parte, não me surpreende. De Jardim podemos esperar tudo. O que me surpreende é o facto de Cavaco o aceitar! Os ódios do Jardim são como os aguaceiros da Primavera: intermitentes. Mas eu julgava que os desprezos do Cavaco eram para a vida! Ao aceitar ser entronizado pelo senhor da Madeira, Cavaco teve de engolir mais um sapo (já antes o teve de fazer com o PP). O professor (como agora gosta de ser chamado) teve de conviver demasiado tempo com este seu correligionário, embora nunca o tenha tido em grande conta. Durante o período em que foi Primeiro-Ministro e líder do PSD, a opinião de Jardim, como é compreensível, nunca lhe interessou. Consta-se que durante uma reunião partidária em que se discutia o domínio da ANMP pelos Socialistas, Alberto João ofereceu de bandeja uma solução miraculosa para o problema: a criação de uma nova associação de municípios constituída só com autarcas laranjas! O que respondeu Cavaco? Nada! Limitou-se a desviar instintivamente a cara para o lado, prosseguindo a reunião como se nada tivesse passado. E fez bem. Vendo as imagens de Cavaco com Jardim nesta campanha eleitoral não posso deixar de admirar o seu espírito de sacrifício.
[Foto retirada do site oficial do candidato]