Dolo Eventual

David Afonso
[Porto]
Pedro Santos Cardoso
[Aveiro/Viseu]
José Raposo
[Lisboa]
Graça Bandola Cardoso
[Aveiro]


Se a realização de uma tempestade for por nós representada como consequência possí­vel dos nossos textos,
conformar-nos-emos com aquela realização.


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Para uma leitura facilitada, consulte o blogue Grandes Dramas Judiciários

Visite o nosso blogue metafísico: Sísifo e o trabalho sem esperança

O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais para rotundas@gmail.com


Para uma leitura facilitada, consulte o blogue As Mais Belas Rotundas de Portugal


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sexta-feira, setembro 30, 2005

Pelos Caminhos De Portugal

Não somos grevistas, apenas animais cansados. Mártires da luta pelo direito à preguiça, fizemos com este post uma pequena batota. Fomos ao Nova Floresta de Luís Bonifácio pedir pão. Aqui está:
Duetos Benaventenses
Na simpática vila de Benavente, António José Ganhão passeia uma vez mais para a maioria absoluta. Na fotografia seguinte, Ganhão faz duo com Leonor Parracho, candidata à Junta de Freguesia de Benavente
O PS apresenta um duo bastante cinzento. António Neves e Ana Casquinha, dizem que “É preciso mudar”. Quem vê os cartazes do PS e conhece minimamente o Concelho de Benavente, verifica que quem efectivamente precisa de mudar são os próprios candidatos do PS, que com aquele ar não vão a lado algum.Dizem que “estamos a tratar disso” - É bom para eles, pois bem necessitam.

Por outro lado, a coligação PSD/PP, não tem quaisquer ilusões sobre quem vai comandar os destinos de Benavente no próximo quadriénio. A Sílvia e a Margarida até já estão de braços cruzados. Esta coligação, porém tem uma grande virtude, lembra ao país que Benavente é terra de mulheres bonitas

[Só me resta acrescentar que em 2001 os resultados foram os seguintes: PCP-PEV 4515 votos (53%); PS 2137 votos (25,1%); PPD-PSD 1148 votos (13,5%) e CDS-PP uns miseráveis 330 votos (3,9%). E, de facto, são mulheres que não mereciam outdoor tão feio.]

quinta-feira, setembro 29, 2005

DoloEventual No JN


A nossa rubrica «Pelos Caminhos De Portugal - Autárquicas2005» mereceu, ontem, um destaque no Jornal de Notícias.

Leituras

Se bem me lembro, Élia, tu tinhas quatro dentes:
uma tosse expulsou dois; e outra, outros dois.
Podes agora tossir em segurança dias inteiros:
nada tem que fazer aqui uma terceira tosse.

Marcial - Epigramas; Lisboa: Edições 70, 2000

Pelos Caminhos De Portugal


Será isso realmente possível? Retro pós-constructivismo? Quem é que não fica baralhado ao contemplar esta obra?
Acho que nem o Roland Barthes se atreveria a fazer-lhe uma análise semiótica...

quarta-feira, setembro 28, 2005

O Correio Dos Nossos Leitores

Com cargos e bolos se enganam os tolos
Nada como uma boa dose de poder caída no colo para se começar a entrelaçar ateia das influências. Ainda que menos folclóricas do que aquelas a que vimos assistindo pelo país acima e abaixo – Madeira, Oeiras, Leiria, Gondomar,Felgueiras, Marco de Canaveses ou Ponte de Lima – outras manhas se entretecem, de forma discreta e em souplesse.
Em Dezembro de 2001, e depois de golpe de teatro nas urnas nunca cabalmente esclarecido, Santana Lopes e a sua equipa assumiram as rédeas do poder autárquico, para gáudio de uma pretensa Lisboa Feliz. Em desespero de conquista na noite fatídica de 16 de Dezembro, perdeu-se na bruma dos temposa histeria de personagens como Pedro Pinto, acusador de dedo em riste e inteligência aguçada, denunciando um “golpe” em Marvila. Afinal, bem vistas as coisas, o barrete servia na coligação PSD/PPM, à boa moda marialva de monarcas e toiros, mas a coisa arquivou-se e o saudoso engenheiro Silva Lopes definhou de frustração, como a imprensa já noticiou há semanas. Rédeas tomadas, lugares distribuídos, limpezas de balneário à boleia dos precários, salários escalonados, amigos colocados, manobrismos de ontem e hoje, muito que fazer quando se toma conta de um burgo com este tamanho.Pelo meio outdoors e cartazes sobre pavimentos, lancis, casinhotos e AltoAstral, Gehrys e folhos de corista, túneis e pistas de gelo, entre outras pérolas mais ou menos estruturais. Ainda assim, há gente que estrebucha, gente que foi levada a passear ao oásis da Figueira e que durante este mandato de ouro andou a arreganhar o dente, mesmo que fora das parangonas e dos prime-times. Os ingratos dos bairros sociais, cuja “gestão” é delegada numa entidade obscura aos olhos da populaça – a GEBALIS. Transformada num autêntico centro de emprego do PSDLisboa, este buraco negro de dinheiros públicos, à guisa de um bom argumentista de Sci-Fi, tem agraciado gentes mil, com destaque para aconsorte do senhor chefe de gabinete do Dr Santana Lopes, que aliás também é presidente de Junta de Freguesia ali a Belém. Tamanho laço familiar, até que o Senhor os separe, garantiu a Eduarda Rosa a presidência da estrutura comum salário a condizer, carros e bricabraques e uma secretária de contabancária recheada. Secretária que por divina coincidência é sua cunhada. Tal como Durão Barroso é seu compadre, aliás. Na assessoria da GEBALIS ciranda ainda João Carvalhosa, também membro do executivo na dita Junta. Mas que nãos e disperse a atenção com os favorecidos institucionais. Há outros, mais subterrâneos, que vieram cantar de galo, fazer exigências e tratar da vidinha, pois que o Dótôr assim o tinha prometido, mesmo antes de partir para São Bento e deixar o leme ao professor que ama Lisboa, sobretudo quando tem de deixar o lugar de ministro das Obras Públicas e não há melhor no horizonte. Senhores de um poder de mobilização que pode aleijar, os presidentes das associações de moradores dos bairros sociais cantaram algumas vezes de galo, com moléstias e carências. Antes que tais alvoradas saíssem para as imprensas da urbe, houve que contentar alguns líderes de algibeira. É o caso de José Moreira, Querido Líder da Associação de Moradores do Bairro dos Alfinetes e Salgadas, batalhador por causas de lixo à porta, entre outras pérolas. Há dois anos atrás, José Moreira aguçava as unhas e ameaçava com concentração de moradores e comunicação social a condizer. Cartas ameaçadoras deste divino marquês eram prato do dia e delas posso fazer chegar cópias por correio ao destino que prefiram. Ou mesmo por email, em ficheiro jpeg, o que abrevia a correspondência. Acontece que por uma qualquer razão de vulto, alinhamento de planetas ou sombra de cataclismo, o senhor José Moreira perdeu o pio e a explicação é simples: este filho pródigo passou a trabalhar para a GEBALIS, com funções mais ou menos indefinidas, estando colocado inclusive na sede da empresa. Salvaguardado o silêncio de um elemento incómodo da cidade que se (des)governa, reconheceu-se pertinência ao esquema de cala-com-emprego e neste momento também já são funcionários da GEBALIS o senhor Carlos Silva da Associação de Moradores das Galinheiras, o senhor João Bessa da Associaçãode Moradores do Bairro da Cruz Vermelha e o senhor Paulo Nascimento da Associação de Moradores do Casal dos Machados. Até lá coube o filho do presidente da Associação de Moradores do Bairro das Furnas, Pedro Silva, convenientemente filiado no PSD de Benfica. Assim se compram silêncios, assim se evitam marchas e protestos, berraria e reivindicações, concentrações e telefonemas para as redacções, traulitadas em funcionários e ai-Jesus às polícias.
O povo de Lisboa quis-se feliz e mudo e quedo assiste ao despautério de Santana, Carmona, Lopes da Costa e outros irmãos de sangue e circunstância que estão em vias de dissolver amizades. Tudo sem mexer uma palha, recordando vagamente as prometidas escolas e piscinas, os jovens no centro ou o malfadado Parque das coristas em titânio pronto em oito meses, numa cidade em sangria continuada de habitantes. Ao invés de engordar os censos do município engordam-se os quadros do mesmo, mesmo que de forma enviesada. E que melhor canal do que uma empresa municipal à mão de semear, que ninguém fiscaliza? Os favores permutam-se, a areia para os olhos vai cruzando os ares.
[...]
Os usurários do poder alfacinha banqueteiam-se e trocam galhardetes. Eu tropeço no palavreado do Lobo Antunes e penso “Que farei quando tudo arde?”.
V. Pereira, Lisboa

terça-feira, setembro 27, 2005

Pelos Caminhos De Portugal

Não, desta vez não vamos criticar nada. Bem antes pelo contrário: este é um post de elogio! O candidato à Junta de Freguesia de Maximinos, João Seco Magalhães, viu a natureza da coisa tal como ela é. O mecanismo do marketing político foi desmantelado pela ironia do chouriço. A redacção do Dolo Eventual apenas deplora o facto de não ter sede nessa freguesia de Braga (mas, mesmo assim, declaramo-nos sensíveis ao suborno do estômago, por isso...). Uma nova era das campanhas eleitorais acabou de ser inaugurada. Aguardo que Rui Rio me envie uma panelinha de Tripas juntamente com aquela bonita propaganda do «Antes/Depois» e, consta-se, que o Pedro todos os dias vai à caixa do correio verificar se Ribau Esteves já lhe remeteu o programa eleitoral devidamente agrafado ao bacalhau. A coisa é repleta de potencialidades: em Chaves, fatias de presunto com o holograma da esfínge de Altamiro Claro; em Lisboa, pastelinhos de Belém com desenhos em canela da Bárbara Guimarães a amamentar o pequeno Dinis; em Faro, «portuguese chiken piri-piri» para os 100 primeiros eleitores lobotomizados que prometerem votar em José Vitorino. E por aí fora! O estômago é o limite!

Pelos Caminhos De Portugal

A candidata da coligação PCP/PEV à Câmara de Castelo Branco decerto já foi importunada com telefonemas de mau gosto lá para casa: «Está lá? É da casa do sr. Leitão?» «É sim.» «Era só para dizer que foi promovido a porco.» Mas nós cá no Dolo Eventual não gostamos dessas brincadeiras. Tratamos com dignidade todos os candidatos.
Em 2001, o PS obteve 6 mandatos (21.554 votos, 70,7%), contra 1 mandato da coligação PSD/PP (6.512 votos, 21,4%). A CDU, que obteve zero mandatos, vai ter muito que suar...

segunda-feira, setembro 26, 2005

Pelos Caminhos De Portugal

«Que suspensão, que enleio, que cuidado
É este meu, tirano deus Cupido?
Pois tirando-me enfim todo o sentido
Me deixa o sentimento duplicado.»

Soror Violante do Céu (Séc. XVII)

Pelos Caminhos De Portugal

Beja tem um novo clube de futebol, com algumas particularidades. Uma delas é o facto de se tratar de um clube misto, que tanto admite homens como mulheres. Outra é a circunstância de - já que as estruturas se debatem com o handicap da falta de investidores - ter uma política de contratação que abrange também os mais velhos, já que são mais baratos. Por ora, este dream team inscreveu-se nas distritais. Mas a médio prazo os planos são outros: vencer a liga dos campeões. Na foto, estão em pleno treino: ensaiam um livre de nove metros. Nota-se a inexperiência do senhor da direita e dos dois senhores da esquerda, dado que não protegem os respectivos genitais. Já os outros quatro são mais avisados. Prepararam-se convenientemente para a marcação do livre.
Nas autárquicas de 2001, em Beja, a CDU obteve 7.398 votos (42,6%, 3 mandatos); o PS 6.611 (38%, 3 mandatos); o PSD conseguiu apenas 1 mandato (12,3%, 2.142 votos).

Leituras

Tito insiste comigo para eu advogar causas
e constantemente me diz: «É uma importante actividade!»
Uma actividade importante, Tito, é a que exerce o agricultor.

Marcial - Epigramas; Lisboa: Edições 70, 2000

domingo, setembro 25, 2005

Rui Rio No Majestic*

Inspirado na germanofilia de Rui Rio, resolvi adoptar a regra do exército alemão, segundo a qual um oficial só poderá apresentar uma participação disciplinar de um subordinado passadas pelo menos 24 horas, resguardando-se desse modo de juízos de valor precipitados. Tratando-se do Rui Rio resolvi aguardar pelo menos 48 horas.
Em primeiro lugar devo esclarecer que não houve tertúlia alguma, dado que a armada de apoiantes e de «membros da lista» tratou de transformar o debate num comício. Francamente não percebi a quem se dirigiam esses «membros da lista» com os seus discursos de bolso, não vi qual a utilidade para o esclarecimento político o testemunho-com-um-brilhozinho-nos-olhos da jovem que «trabalha pessoalmente com o Dr. Rui Rio», não vislumbrei nenhuma intervenção dos acólitos que procurasse a reflexão e o debate. A diferença entre o que se passou ali e o que se passa numa celebração de um culto carismático é muito pouca! A diferença é que em vez do «Amen!» tivemos uns 376 «Muito bem!». A política tem dificuldade em respirar na atmosfera partidária e ainda mais se estivermos a falar do partido do poder.
Na intervenção inicial, Rui Rio fez uma aproximação aos três problemas estruturais que o ocuparam no mandato que agora termina e que continuam a ser o núcleo do programa eleitoral da coligação de direita, a saber: o social, a habitação e a mobilidade. As demolições no bairro de S. João de Deus («O que nós fizemos no Bairro de S. João de Deus é fantástico!»), a questão da marginalidade e criminalidade (os arrumadores não podiam faltar...) e o ensino primário (Rio lembrou que as escolas públicas são frequentadas por crianças de classes sociais desfavorecidas e nós acrescentamos que as classes sociais mais favorecidas frequentam os inúmeros externatos e colégios privados; não sei se já repararam, mas a classe média foi varrida do Porto para fora... e isso é também um problema social) foram os principais tópicos no que diz respeito ao problema social). No que diz respeito à habitação, puxou do trunfo da SRU (para o bem e para o mal, deve ser entendida como o legado maior do anterior executivo) e elogiou a sua gestão urbanística (é verdade que nenhum prédio com cércea excessiva é atribuível à gestão PSD, mas, da maneira que as coisas estão, outra coisa não seria de esperar; como se alguém conseguisse licenciar seja lá o que for em tempo útil na Câmara do Porto...). Na questão da mobilidade teve a honestidade em reconhecer o papel decisivo dos executivos socialistas que conseguiram levar para a frente o projecto do Metro e comprometeu-se em lutar contra o estacionamento selvagem e em 2ª fila (Pois, pois! Ironicamente, ao mesmo tempo que Rui Rio discorria sobre este assunto, um membro da comitiva saía do Majestic para retirar uma viatura mal estacionada! Aqui faço minhas as palavras do presidente da Câmara: «Isto é um problema de polícia»).
A tentativa de tertúlia que se seguiu foi um misto de bajulação (Onde estava toda esta gente em 2001?), de ataques aos jornalistas (esses malvados que enganam as velhinhas sobre o carácter do nosso querido líder...) e de algumas – poucas – questões colocadas por alguns cidadãos ali presentes. Um dos únicos momentos positivos da noite foram as intervenções de TAF e Cristina Santos (só lamento que não tenham vindo a todos os outros debates).
Cultura foi tema que só mereceu 10 minutos de atenção do candidato e, mesmo assim, se tocou no assunto foi porque se viu obrigado a responder a uma questão muito directa. Pois bem: desbaratou esses 10 minutos a lembrar que «a senhora que está à frente do Rivoli até é do PS», a lançar farpas ao Museu Soares dos Reis e a enumerar o pouco que já fez (Museu Vinho do Porto e...). Projectos para o futuro? Não tem. Recordo que as outras candidaturas apresentam a cultura como sector estratégico para a cidade.
Para acabar, uma recomendação: o ainda Presidente da Câmara Municipal do Porto devia aprofundar a sua germanofilia, dado que continua a reagir às críticas como um verdadeiro latino.

[Boneco da autoria de Cristóvão Neto]
*Publicado no A Baixa do Porto

Pelos Caminhos De Portugal

Actualiza-se a lista de posts do «Pelos Caminhos De Portugal»:
Carlos Encarnação (Coimbra), Rui Sá (Porto), Élio Maia (Aveiro), Alberto Souto (Aveiro), Francisco Assis I (Porto), Francisco Assis II (Porto), Francisco Assis III (Porto), João Teixeira Lopes (Porto), João Oliveira (Ílhavo), Ribau Esteves (Ílhavo), Maria José Nogueira Pinto (Lisboa), Guilherme Pinto (Matosinhos), João Sá (Matosinhos) , Emanuel Martins (Oeiras), Carlos Coelho (Matosinhos), Álvaro Santos (Ovar), António Parada (Matosinhos), Manuel Oliveira (Ovar), António Salavessa (Aveiro), Tito Evangelista (Esposende), Manuel Maria Carrilho (Lisboa), João Soares (Sintra), Candidato Desconhecido (presumivelmente Anadia), Mário João Oliveira (Oliveira do Bairro), PSD (Oliveira do Bairro), João Sá II (Matosinhos), Amílcar Lousa (Caminha), Carmona Rodrigues (Lisboa), Macário Correia (Tavira), Francisco Assis IV (Porto), Rui Rio (Porto), Isaltino Morais (Oeiras), Carlos Sá (Cedofeita), Manuel Maria Carrilho II / Carmona Rodrigues II (Lisboa), Rui Correia (Vila Do Bispo), Altamiro Claro (Chaves), Joana Lima (Trofa), Rui Rio II (Porto), Miguel Ginestal (Viseu), Francisco Barreiro (Trofa).

O Meu Presidente


Mas há sempre uma candeia

dentro da própria desgraça

há sempre alguém que semeia

canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste

em tempo de servidão

há sempre alguém que resiste

há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre

Pelos Caminhos De Portugal

Francisco Barreiro, candidato à Junta de Freguesia de Calendário (V.N. Famalicão) pelas hostes socialistas, faz colecção de cromos autocolantes. Já que iria aparecer, no âmbito da sua candidatura, em vários outdoors, aproveitou o ensejo e divulgou os seus cromos repetidos. Quem quiser trocar cromos autocolantes, é favor contactá-lo.
Nas últimas autárquicas, o PS apenas obteve no Concelho de Famalicão um score de "apenas" 13.841 votos, 18,4%. Para conseguir o escopo de aumentar a sua base eleitoral, não seria de todo má ideia Francisco Barreiro tentar também a numismática e a filatelia.

sábado, setembro 24, 2005

Pelos Caminhos De Portugal

Este é o rosto da campanha anti-tabágica do Partido Socialista em Viseu. «Mudar. Depende de si!» apela à força de vontade do fumador anónimo para vencer o vício. O slogan inicialmente projectado, porém, era outro: «Deixar de fumar reduz os riscos de doenças cardiovasculares e pulmonares mortais e prejudica o esperma». Todavia, pretendia-se uma frase menor - assim se fez.
Em 2001, o PS obteve 24,4% dos votos (11.532), que lhe valeu 2 mandatos. Já o PSD obteve uns esmagadores 7 mandatos, correspondentes a 29.335 cabeças votantes (62,1%). Será que com a campanha anti-tabágica o PS consegue melhor resultado?

sexta-feira, setembro 23, 2005

Pintado De Fresco

Esta é uma das fotomontagens do novo blogue nascido ontem: Vicente Gil. Daqui a um ano, espero estar a dar-lhe os parabéns.

Pelos Caminhos De Portugal

No Porto a campanha eleitoral é assim: nem os monumentos nacionais se safam! Esta coligação (PPD/PSD-CDS/PP) tem, em definitivo, um problema com a cultura. Já agora, na tertúlia do Majestic Rui Rio esclareceu os presentes sobre o valor investido em outdoors: só cerca de 12 mil contos. É claro que salvaguardou que o PS deve gastar muito mais!

Leituras

Uma nova lei, redigida em termos demasiado explícitos e destinada a fazer baixar a venda da literatura libertina, está a tornar-se um best-seller.
Alguns críticos dizem ser ela tão específica na definição dos conceitos de obscenidade que devia ser proibida sob as suas próprias alegações.
Ávidos leitores já compraram toda a primeira edição.
Herberto Helder – Photomaton & Vox; Lisboa: Assírio & Alvim, 1995 (3.ª edição)

quinta-feira, setembro 22, 2005

Pelos Caminhos De Portugal

Ora vejam só se este cartaz da Joana Lima, candidata PS à Câmara de Trofa, pelo enquadramento, não é o Nasdaq à portuguesa... Quanto ao outdoor em si, ao lado do coração bem podia estar um ursinho de pelúcia.
Em 2001, o PS apenas obteve 2 mandatos (23,4% - 5044 votos) contra 5 do PSD (64,5% - 13897 votos).

Sem Palavras

Sobre Fátima Felgueiras

Eça de Queiroz, como sempre, tinha razão: «Isto é uma choldra!»

quarta-feira, setembro 21, 2005

Pelos Caminhos De Portugal

Quem ordenou que se escrevesse «TODOS», neste outdoor, não estava para brincadeiras. Vê-se que estava a falar a sério. Todavia, o Dolo Eventual ainda não está satisfeito. Para nós, isto não basta. Porquanto, muito embora seja este um sério candidato a vencedor da nossa categoria «Não Cabe Mais Ninguém», este blogue só estará verdadeiramente realizado quando se nos surgir à aparição um cartaz completamente preenchido com pessoas. Talqualmente um dos livros «Onde É Que Está O Wally?». Setenta e nove pessoas neste cartaz? Só? Mas que é isso?
Penso que deveríamos ser mais ambiciosos.
Em Chaves, nas autárquicas de 2001, o PSD obteve 4 mandatos - contra 3 do PS (51,1% contra 41,3%, respectivamente). Isto corresponde a 13.911 votos para o PSD, 11.228 para o PS. Em 2005, se toda aquela gente do cartaz votar, o PS tem a eleição assegurada.
(Agradecemos ao Flavius, do Devaneios Lusos, o envio desta foto.)

Pelos Caminhos De Portugal




Um publicitário brasileiro fez fortuna por cá impingindo máximas gastas e sujas como: «Vender políticos é como vender sabão». Isto é uma daquelas coisas que sempre me irritou. Co'os diabos! Ninguém se sente? Que espécie de gente é esta, os nossos políticos, que não se ofende com esta provocação? Era bom que alguém pusesse o dedo no nariz de um desses publicitários de vocação tardia e lhe dissesse: «Ó cara! Político não tem comparação não! Político lava mais branco...». Peço perdão aos leitores por este inusitado devaneio, mas, sabem, estes cartazes são um exemplo acabado da colagem dos códigos de marketing político aos códigos de marketing publicitário puro e duro. Esta campanha pode ser perfeitamente reciclada pelo sabonete Lux (se é que ainda existe... a investigar...). Esta ambiciosa campanha desenrola-se da capital das percebes (nham!): Vila do Bispo (se entretanto passarem por lá talvez ainda tenham a sorte de ver a vossa fronha estampada num sorriso de apoio ao candidato, já que, pelos vistos, ninguém escapa). O PS em 2001 obteve 1216 votos (37,5% e dois mandatos) contra 1395 votos (43,8% e dois mandatos) do PPD/PSD. Isto promete.

A Música Da Quarta - Dave Matthews Band [Grave Digger]

Sirus Jones 1810 to 1913 / Made his great grand children believe that you could live to 103 / 103 is forever when you're just a little kid / So sirus jones lived forever / Gravedigger / When you dig my grave / Could you make it shallow / So that I can feel the rain / Grave digger / Merial Stone 1903 to 1954 / She lost both of her babies in the second great war / Now you should never have to watch your only children lowered / In the ground / I mean you should never have to bury your own babies / Grave digger / When you dig my grave / Could you make it shallow / So I can feel the rain / Grave digger / Ring around roses / Pocket full of Poises / Ashes to ashes / We all fall down / Grave digger / When you dig my grave / Could you make it shallow / So that I can feel the rain / Grave digger / Little Mikey carson 67 to 75 / He rode his bike like the devil until / The day died / When he grows up he wants to be Mr. Verdiago on the flying trapize / 1940 to 1992 / Gravedigger / When you dig my grave / Could you make it shallow / So that I can feel the rain / Grave digger / When you dig my grave / Could you make it shallow / So that I can feel the rain / I can feel rain / I can feel the rain / Rain / Grave digger / When you dig my grave / Could you make it shallow so / That I can feel the rain / Grave digger / Grave digger
Bom dia!

terça-feira, setembro 20, 2005

Leituras

Uma negra californiana, prevendo a morte próxima do seu cão, quis adquirir uma concessão perpétua num cemitério canino. O concessionário devolveu-lhe o pedido com a seguinte nota: «Os cães cujos proprietários são negros devem ser inumados em cemitérios para cães negros.»
Herberto Helder – Photomaton & Vox; Lisboa: Assírio & Alvim, 1995 (3.ª edição)

O Adeus Às Árvores

Os últimos tempos foram terríveis para as árvores do Porto. Nunca se abateram tantas árvores, nunca foi tão leve o ânimo dos desfiguradores de cidades. Aos poucos fomos aprendendo a dizer adeus às árvores. Quando comprei a minha casa na Ramada Alta, julgava que estava também a comprar o privilégio de partilhar os meus dias com esta Tília:
Pouco menos de um ano depois de me ter mudado, o impensável aconteceu:






Lá plantaram outras duas árvores. Mas já não é a mesma coisa. A Ramada Alta perdeu a alma. Será que esta árvore tinha mesmo de ser abatida? Não existem alternativas de terapêutica e recuperação das árvores? Eu sou suspeito, mas lá vou dizendo que a minha vizinha árvore gozava de excelente saúde. Esta é uma daquelas coisas que não poderei perdoar nunca a Rui Sá e Rui Rio. Nunca.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Pelos Caminhos De Portugal

(Depois daquele episódio do debate, não sei se será boa ideia MMC...)

(Põe-te a pau, Lisboa! Pelo menos não está a tirar o cinto...)

Ao Suburbano fui roubar este excelente post:

«Andei de candeias as avessas com a programação da SIC noticias mas consegui ver o debate entre carrilho e Carmona. Trago-vos aqui o resumo do que consegui compreender....

"Mentiroso";

"Não lhe admito";

"Que disparate";

"Você não percebe nada disso";

"Isso começa em Oeiras";

"Não tem vergonha, contenta-se com isso?";

"Você não sabe";

"Tanto papel para nada";

"Mostre lá isso";

"Isso não serve para nada";

"Já lá foi?";

"O Sr. não fez nada";

"Vocês são os responsáveis";

"Nem sabe o que é";

"Você estaciona em segunda fila";

"Olha quem fala";

"São só trivialidades";

"Eu não ando de cócoras";

"Está desordenado";

"Não digo mais nada";

"Ninguém dá por isso";

"Não é não";

"Não diga disparates";

"Já se viu o que você percebe disto";

"Você vai parar a cidade";

"Não se muda nada";

"Fica tudo na mesma";

"Você não esta a ouvir bem, tem de ir ao médico";

"Que ordinário".

Bom... poderia continuar de tão rico que foi o debate, espero que tenha sido esclarecedor... Quem ficou a ganhar foi o elevado sentido democrático dos candidatos.

Diria mesmo...Basílio Horta... volta estás perdoado...»

Pelos Caminhos De Portugal

Curiosa a semelhança entre esta fotografia de Carlos Sá, candidato à Junta de Freguesia de Cedofeita pela CDU, e as fotografias que surgem apresentadas na secção «Necrologia» de qualquer jornal...

Francisco Assis No Majestic*

1. Concluiu-se o ciclo de tertúlias à esquerda no Majestic, na próxima quinta é já a vez da coligação de direita (faltaria ainda a coligação PND/PPM, mas enfim...). À medida que nos aproximamos da esfera de poder, menos coisas interessantes têm os candidatos para nos dizer, mais ensaiada é a sua postura, mais domesticada é a plateia. A noite de Quinta passada, comparada com outras noites, foi desagradável em muitos aspectos, a começar pelo tom de comício que alguns apoiantes menos avisados tentaram imprimir a esta iniciativa que pretende ser apenas uma tertúlia e nada mais do que isso. Salvas de palmas a propósito e a despropósito, perguntas da assembleia nitidamente ensaiadas e uns inacreditáveis «Muito bem! Muito bem!» lançados ao ar porque sim. Em definitivo, os partidos parecem dispostos a matar a política. A responsabilidade também deve ser atribuída ao candidato: até ver, nenhum outro candidato falou tanto de Lisboa, do FCP e do seu adversário directo, como Assis falou. O populismo andou no ar. De tal maneira, que, por diversas vezes, Carlos Magno teve reencaminhar o candidato para os temas que realmente importam e, numa das vezes, teve até de tirar o micro das suas mãos. De facto, coisas há que nem vale a pena discutir, como a importância do FCP para a cidade. Isso é um dado adquirido, ponto final.

2. Mas vamos lá ver o que mais por lá se passou. Para já devo dizer que bastou a conversa começar às 22:15 em vez das 21:30 para que deixasse de haver interferência entre quem lá estava para jantar e quem lá estava para conversar. Não sei se foi por opção da organização ou por um feliz atraso do candidato, mas assim estivemos todos mais à vontade. Uma vez feita a apresentação do candidato por Carlos Magno (lembrando as palavras de Rui Rio de há 4 anos atrás, segundo as quais não seria candidato em 2001 de Assis então tivesse avançado), Assis anunciou que estaria disponível para todos os debates sobre a cidade se viesse a ser líder da oposição, assumindo, desde logo, a sua intenção em aceitar um lugar de vereador caso não ganhasse as eleições e, no caso de vencer as eleições (isto já no final da tertúlia) assumia o compromisso de ali voltar para fazer o balanço e debater os seus primeiros 6 meses de governação (está registado e não será esquecido). Teixeira Lopes e Rui Sá já assumiram compromissos idênticos. Só falta Rui Rio.

3. De um modo geral, o discurso não foi lá muito original: Porto como capital de uma região (de Aveiro a Braga) com 3 milhões de habitantes – o que significa que ser-se presidente da Câmara do Porto é ser-se mais do presidente da Câmara do Porto – mas que sem encontra num profundo estado de degradação urbana, social e cultural. Solução: sociedade do conhecimento, «choque tecnológico», ligações mais próximas entre a Universidade e as empresas, etc. Queiram-me desculpar este relatório em jeito de esboço, mas estas propostas, tal como o FCP (e eu que sou sportinguista...) nem se discutem. O caminho é mais do que óbvio. O que já é discutível são as propostas «conservadoras» de Francisco Assis, como a do Media Parque (concordo com a argumentação de TAF). Digo que esta proposta é conservadora porque é da família daquelas propostas eleitoralistas, lançadas com um certo à vontade por tudo o que quer ser autarca. É exactamente da mesma estirpe que a promessa da escada rolante na 31 de Janeiro do saudoso candidato Taveira (lembram-se?) ou da candidatura da cidade do Porto à organização dos Jogos Olímpicos prometida pelo mesmo personagem. Esta estratégia já é jurássica e cada vez cola menos. É tempo de o PS começar a pisar o mesmo chão que todos nós pisamos. O que acabei de afirmar também vale para o parques tecnológicos (mais uma vez de acordo com TAF), pavilhões multiusos e parques urbanos insustentáveis.

4. Relativamente ao problema da reabilitação da Baixa, constata-se que a esquerda faz o pleno: do BE ao PS ninguém parece satisfeito com o modelo de actuação da SRU PortoVivo. Francisco Assis manifestou a sua preocupação com a possível redução da Baixa a uma espécie de condomínio fechado. Entretanto lá foi assumindo o compromisso de utilizar todos os programas existentes para reabilitar 100 casas por ano, ao mesmo tempo que manifestava as suas reservas relativamente às parcerias público-privadas. Parece ser uma equação de difícil resolução. Quanto a equipamentos uma boa notícia: não tem uma visão fontista da gestão municipal, pelo que em vez de se dedicar à construção de novos equipamentos procurará dar uso aos que já existem e que estão subaproveitados. Por último, na questão dos Aliados com esta frase lapidar «Não quero uma mudança de regime, mas de modelo» tratou de desenganar quem vinha aqui à procura de um outro tipo de bom senso, que não o do tipo «agora que o mal está feito...».

5. Também tenciono fazer o pleno e quinta-feira lá estarei para ouvir, apesar de tudo, o que Rui Rio nos tem para dizer. Entretanto, creio já ter tomado uma decisão em relação ao meu voto. Para a semana conversaremos sobre isso.
(PS: esqueci-de da máquina fotográfica, mas o Cristóvão resolveu o problema. Acho que ficámos a ganhar...)
[*Também publicado no A Baixa do Porto]

domingo, setembro 18, 2005

Esta Noite Sonhei Com Garbo

O Livro De Reclamações De Domingo: A Sociedade De Consumo

Fui roubar este post ao akiagato:

Mão amiga fez-me chegar este saboroso diálogo:

- Boa Tarde!
- Tarde....Diga
- Queria uma água com gás
- Fresca ou natural?
- Fresca.
- Com ou sem sabor?
- Pode ser de limão.
- Frize limão, Castelo Bubbles, Carvalhelhos limão?
- Sei lá, traga-me uma qualquer...Frize
- Frize limão já acabou....Pode ser morango, tangerina ou maracujá?
- Esqueça...traga-me umas Pedras.....
- Fresca ou natural?
- Fresca.....
- Com ou sem limão?
- Sem
- Normal ou levíssima?
- Quem?
- Normal ou uma nova que saiu, que é mais leve....
- Ó meu amigo, traga-me uma Bohemia e esqueça o resto....
- Sagres Bohemia não temos. Só temos normal, Preta e Zero
- Então traga uma Superbock
- Garrafa ou imperial?
- Garrafa.
- Superbock normal, Green, Twin ou Stout?
- Irra!.... já perdi a sede.... adeus...

sábado, setembro 17, 2005

Pelos Caminhos De Portugal

Mais um exemplar da família «Mas Não Cabe Mais Ninguém?». Se olharem com muita atenção vão ver que o periquito não faltou à chamada. O slogan «Nós queremos ver Oeiras mais à frente» foi entusiasticamente aprovado por Isaltino: «Sem dúvida! Até digo mais: Eu quero ver Oeiras na Suiça!». Um outro candidato também chamado Isaltino, concorreu em 2001 pelo PSD e obteve 36514 votos (55%). Não se sabe o que é feito dele...

Leituras

O semanário anarquista Freedom (Liberdade), ao relatar uma desordem em que a polícia acabou por intervir, intitula a notícia da seguinte forma:
«Caos, até ser instaurada a anarquia.»

Herberto Helder – Photomaton & Vox; Lisboa: Assírio & Alvim, 1995 (3.ª edição)

Pelos Caminhos De Portugal

Para fazer justiça ao comentário do Teófilo M. do Akiagato ao nosso último post É idêntica à do desdobrável do Rui Rio, só a côr é que muda, bem como a proeminência do presidente.Todos diferentes, todos iguais.»), deixo aqui este magnífico exemplar de um cartaz na linha do «Mas Não Cabe Mais Ninguém?». É claro que não! Por isso mesmo é que Paulo Morais ficou de fora! Rui Rio aqui na curiosa missão de grande timoneiro: o que mantém a equipa no rumo certo. Bom... como diria, uma vez embriagado, o poeta: «Não sei para onde vou/só sei que não vou por aí... hic!»

sexta-feira, setembro 16, 2005

Pelos Caminhos De Portugal

Aqui temos mais um nomeado para a categoria «Mas Não Cabe Mais Ninguém?». A falta de carisma obriga a estas coisas. A qualidade da montagem da foto «tipo casamento da prima Maria» é confrangedora. O misterioso eclipse da cidade, da qual sobreviveu apenas a torre da Câmara no vazio, qual santuário mariano, é um mau sintoma. O slogan, numa escala de 0 a 20, merece um 2.

Fruta Fresca

Há mais fruta fresca.

quinta-feira, setembro 15, 2005

Pelos Caminhos De Portugal

Fruta Fresca do Algarve. O mítico Macário em pessoa. Já aqui escrevi sobre este personagem, creio que foi... aqui! Vão lá. Apesar do slogan viagresco (se Tavira vai ter uma erecção, esperemos que não seja betão), o cartaz não está mal (tenho um fraquinho pelo azul do céu e das rias em geral, que querem?). O ar limpinho do conjunto, com o devido destaque para o próprio candidato, é irritante (Será que viverei tempo suficiente para ver um outdoor eleitoral com um candidato qualquer, meditativo, a fumar um Português ex-Suave?). Entretanto, no ano de 2001, Macário e o PPD-PSD tiveram 7450 votos (54%), que lhe valeram 4 de 7 mandatos.

Leituras

Relendo Herberto encontro a fábula da corrupção:
«Um polvo de um aquário público está a comer-se a si próprio. Devora-se à velocidade diária de meia polegada.
O polvo começou a comportar-se de maneira bizarra há cerca de uma semana, e dois dos seus tentáculos já se encontram devorados até meio. Acabará por morrer meio comido por si mesmo.
A razão do comportamento do polvo é desconhecida.»
Herberto Helder – Photomaton & Vox; Lisboa: Assírio & Alvim, 1995 (3.ª edição)

quarta-feira, setembro 14, 2005

Pelos Caminhos De Portugal

Este espécime foi contribuição de Pedro Vieira, do blogue Agridoce. Carmona Rodrigues, neste outdoor estupidamente pobre, de cores tristes, está com cara de menino pedincha «dá-me um rebuçado...» «vá lá, empresta-me um dinheirinho...» «levas-me ao circo?...» «votas em mim, sim?, por favor...». Se é dar a cara por Lisboa que ele pretende, mais vale que dê antes outra parte do corpo qualquer - esta não convence.
Em 2001 as duas maiores forças políticas estiveram muito equilibradas: a coligação PSD/PPM obteve 131.135 votos (42%), contra 130.279 da coligação PS/PCP/PEV (41,7%). Ambas com 8 mandatos. O PP apenas obteve 23.584 (7,5%), o que lhe valeu 1 mandato. Vamos ver como se sai Carmona com a sua estratégia de fazer oposição ao... exercício anterior.
Post Scriptum: é impressão minha ou foi destruído um passeio para colocar o cartaz?

terça-feira, setembro 13, 2005

Novos Blogues Na Praça

Um par de blogues nasceu: Mignon e Câmara Corporativa. Boa sorte a ambos.

Pelos Caminhos De Portugal

No Nova Floresta encontrei este post da autoria de Luis Bonifácio. Por se enquadrar perfeitamente no espírito do «Pelos Caminhos de Portugal» tinha de aqui o reproduzir. Vai daí tomei tudo emprestado, foto incluída:
«Passando pela simpática vila minhota de Caminha deparei com este cartaz do candidato PS à câmara local. A primeira coisa que me saltou à vista foi o "Médico", colocado por debaixo do nome do candidato.
Em primeiro lugar pensei que se tratava de um candidato pára-quedista, oriundo de Vila Real de Santo António e que usasse a sua profissão para se dar a conhecer aos seus eleitores. Mas estava enganado, o senhor é mesmo filho da terra e, ao contrário de muitos colegas seus, nunca a abandonou, e exerce o seu ofício na região e é uma pessoa bastante conhecida. Então para que raio usar o facto na sua campanha política? Não bastaria Dr. Amílcar? Como é conhecido na terra!Mas este pequeno detalhe não é o único a causar um sorriso (trocista) nos lábios. Não é que como acção de pré-campanha, o Sr. Amílcar Lousa – Médico está à porta das igrejas, à hora da missa, a medir a Tensão Arterial aos seus eleitores!Talvez tenha razão, pois ao informar os seus eleitores da sua tensão eleitoral, o Dr. Amílcar poderá aferir a Tensão Eleitoral que existe nesta altura em Caminha.»
Em 2001 o PS conseguiu 4222 votos, ou seja, 39,2%, o que vale 3 mandatos em 7.

segunda-feira, setembro 12, 2005

A/C Senhor Nuno Monteiro

Resposta ao senhor Nuno Monteiro (teria grande prazer em conhecer a sua profissão, na qual, pelo zelo profissional que evidencia relativamente à profissão dos outros, nomeadamente os professores, aposto que será um funcionário exemplar): Quadratura do Círculo, dia 6 de Junho de 2005.
Senhor Monteiro:
Lamentavelmente só hoje li a sua profundíssima análise à classe dos preguiçosos, perdão, professores, que (bem feita!) terão que cumprir a sua componente não lectiva nas escolas.
Sou educadora de infância há 25 anos, e faço parte (na minha modestíssima opinião, embora não me custe obviamente admitir que o senhor, com o seu elevadíssimo grau de exigência, possa discordar em absoluto daquela) dos tais "professores competentes" que o senhor, num rasgo de magnanimidade, admitiu existirem. Hélas, e aqui destruirei completamente, perante o senhor, a minha reputação, uma vez que considero ser possível acumular a competência com o fazer parte dum sindicato "esquerdista e corporativo".
Uma vez que amanhã é (para mim, não sei se para o senhor) dia de trabalho, não me alongarei sobre sobre algumas considerações que eufemisticamente apelidarei de "não verdadeiras", que o senhor, sem dúvida por lapso, entendeu registar, nomeadamente:
1) "apenas os professores dão pareceres sobre educação" (de facto, é raríssimo ouvir-se nos media qualquer referência à Educação e às escolas);
2) "nas escolas não há condições de trabalho; não as criam" (os preguiçosos, perdão professores), porque "não interessa"; relativamente a este assunto, há-de lembrar-me de lhe enviar algumas fotos sobre muitas das escolas do 1º ciclo e Pré-Escolar da Província (presumo que o senhor seja um cosmopolita lisboeta) que são a minha realidade mais próxima;
3) a "componente lectiva fica suspensa durante determinados períodos"; muito bem, poderemos admitir que ao contrário de todas as outras crianças da Europa (diria quase do mundo) as crianças portuguesas fossem as únicas a permanecer na escola 365 dias por ano (incluo fins de semana, porque já agora, se eles pudessem também estar ocupados nesses dias...) para que os professores nunca pudessem interromper a sua actividade lectiva;
4) O "estatuto do pessoal docente é um absurdo"; não me darei ao trabalho de comentar, uma vez que o senhor, sem dúvida por lapso, negligenciou explicar porquê;
5) "os professores portugueses são na Europa os que mais ganham", infelizmente, caro senhor, ir recolher dados neste momento sobre este assunto iria tomar-me muito tempo; assim, posso apenas dizer-lhe que uma colega e grande amiga espanhola, Maria de Jesús, tem menos tempo de serviço do que eu, é também educadora, e aufere quase o dobro do meu vencimento. Mas um dia voltaremos a este assunto, porque irei certamente documentar-me. (A não ser, evidentemente, que estivesse apenas e exclusivamente a referir-se a países de Leste...);
6) e finalmente: "há tanto tempo disponível no horário de trabalho dos docentes...": o excedente da componente lectiva dos docentes do Pré-Escolar e do 1º ciclo, que o senhor, apesar de tão bem informado, também eventualmente por lapso terá omitido, é exactamente de 10 horas, para perfazer as 35 semanais. Nestas duas carreiras não existe qualquer tipo de redução.
E para um maior esclarecimento relativamente ao que se faz nestas "horitas" em que não estamos com os meninos, queira o senhor ter a paciência de ler até ao fim as actividades nas quais uma educadora de infância "perde" o seu tempo:
ACTIVIDADE NÃO LECTIVA EM JARDIM DE INFÂNCIA
a) A Realizar No Espaço Escolar
1. Reuniões E Contactos
Atendimento semanal a encarregados de educação; Reunião semanal com educador dos apoios educativos para planificação e avaliação das actividades realizadas; Reunião semanal com acompanhantes dos almoços; Reunião semanal com pessoal da componente de apoio à família; Reunião com professores do 1º ano do 1º ciclo, para articulação e planificação de projectos em comum; Reunião com outros professores para realização de actividades comuns, constantes no Plano Anual de Actividades; Reunião com educadores de outro(s) jardins de infância, para programação/desenvolvimento de projectos em comum; Reunião diária com a auxiliar de acção educativa, para triangulação das observações realizadas no decurso das actividades lectivas, e para planeamento e preparação das actividades do dia seguinte; Contactos telefónicos com outros técnicos que acompanham a criança (serviço social, de saúde, terapias, …); Contactos telefónicos com instituições – Museus, Exploratório, Exposições, Biblioteca, Serviços da comunidade (Correio, Bombeiros, Polícia, Centro de Saúde…) para actividades a realizar que possam incluir este tipo de serviços; Contactos com pessoas do meio para preparação de visitas /saídas; Organização e compilação de material para realização do jornal escolar (colaboração de crianças, pais, auxiliar de acção educativa, outros jardins de infância, Agrupamento, organismos locais…); Reuniões com Associações de Pais e ou seus representantes; Reuniões de Supervisão Pedagógica dos alunos estagiários.
2. Organização Das Actividades Lectivas (A Sala De Actividades Como Manual Do Jardim De Infância)
Preparação do material necessário para o dia seguinte, de acordo com as actividades de Pequeno Grupo e Grande Grupo planificadas, tendo em conta as áreas de conteúdo da Orientações Curriculares; Renovação e exposição de trabalhos realizados nos placares; Colocação de "desafios cognitivos" (propostas de actividades, tarefas, ou materiais diferentes), nas várias áreas de actividade da sala: Escrita, Construções, Matemática, Experiências/Ciências, Biblioteca, Desenho, Modelagem, Pintura, Construção a 3 dimensões, Jogos didácticos; Análise, construção e/ou refazer dos instrumentos de trabalho utilizados no dia a dia: Quadro das presenças / Diário
/ Plano de Actividades / Quadro dos nomes / Quadro das áreas / Regras do grupo / Quadro dos aniversários / Gráficos das Presenças, Faltas, do Tempo, Idades, Alturas e outros / Mapa de Tarefas / Propostas de Projectos / Placar sobre projectos a decorrer / Registo de experiências realizadas / Organização / Exposição de material recolhido em visitas e saídas, com registo dos comentários e observações das crianças; Análise do(s) projecto(s) de investigação em curso, realizado(s) por pequenos grupos de crianças, reflectindo sobre a sua continuidade de forma a abranger todas as áreas de conteúdo (procurar e colocar à disposição das crianças materiais ou pistas – livros, jornais, sites da Internet), para o aprofundamento da pesquisa, segundo o método científico (Orientações Curriculares); Complexificar os projectos de construção iniciados pelas crianças, incluindo novos materiais nas áreas de actividade onde estes decorrem; Dar continuidade a projectos de construção de grande porte, como por exemplo transformar a área do jogo simbólico em castelo, praia, hospital, floresta, oceano, estação de correios, etc, de acordo com os projectos de investigação em curso; Recolha e registo de adivinhas, lengalengas, histórias tradicionais, receitas, etc, a incluir, após passados a escrito e ilustrados, na área da leitura; Construção de material pedagógico - jogos didácticos, relacionados com matemática e escrita, propostas ilustradas de experiências científicas a desenvolver, reproduções de quadros de artistas plásticos para realização de puzzles e outros, fotos das actividades para sequências e utilização na área da escrita, construção de fantoches e teatro de sombras...
3. Documentação Das Aprendizagens Da Criança
Recolha, organização e análise das amostras de trabalho das crianças, realizadas ao longo do dia, nas diferentes áreas de actividade; Organização e análise das observações efectuadas, através do registo descritivo das ocorrências significativas realizadas ao longo do dia; Preenchimento de folhas de registo relativamente à documentação já recolhida sobre as crianças, de modo a garantir que todas as crianças tenham informações para posterior avaliação das aprendizagens; Organização do portfolio individual da criança.
4. Gestão E Administração
Preenchimento de diversos mapas; Arquivo de correspondência (recebida e expedida); Requisição de material; Levantamento de necessidades materiais e equipamentos; Levantamento de necessidades de manutenção e reparação de Espaços / Materiais e diligências no sentido da sua resolução.
b) Trabalho Individual
Programação e planificação das actividades lectivas; Redacção de actas; Elaboração de relatórios descritivos sobre as aprendizagens e /ou dificuldades da criança (para possível encaminhamento); Preparação das reuniões com os diferentes intervenientes; Pesquisa bibliográfica / internet; Aquisição de materiais / equipamentos.
Então? Leu até ao fim? E parece-lhe ainda que para além das 25 horas semanais lectivas se faz pouco trabalho? Meu caro senhor: para um professor /educador "competente", 10 horas não lectivas são muito pouco; de tal modo que a maioria dos colegas com quem trabalho, excede, em muito, as 35 horas que o Ministério (principescamente) nos paga.
E não vou maçá-lo com pormenores como o dinheiro que gasto em gasolina (no meu carro), telefone (pessoal) material didáctico (a verba do Ministério é francamente insuficiente), papel, material de computador, livros de actualização, formações... para os quais os professores não têm quaisquer ajudas de custo.
Contudo, e se apesar de tudo isto achar que esta profissão é de facto "atractiva"... pode sempre tentar ser mais um dos "dezenas de milhar que se candidatam todos os anos"...
Boa sorte, futuro colega.

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Rui Sá no Majestic*

1. Dando continuidade à série de debates organizados pelo Sport Club do Porto, esta 5.ª feira tivemos Rui Sá. Tal como no debate anterior com Teixeira Lopes, o Majestic estava cheio, mas, desta vez, não pronto para o debate. A organização tem de perceber que não é possível manter o melhor dos dois mundos: uma tertúlia política não é compatível com a exploração comercial e turística do espaço. O barulho feito pelos clientes e turistas ia comprometendo o debate. Durante a exposição inicial do candidato, a mesa mais privilegiada, porque mais próxima, era ocupada por um quarteto de jovens turistas estrangeiras que não se coibiram de manter a alegre cavaqueira enquanto acabavam o jantar. Estes embaraços são escusados.

2. Carlos Magno, desta vez mais contido, abriu o debate exprimindo um desejo: « O Porto precisa de um Jerónimo de Sousa», ou seja, de alguém capaz de travar o declínio. Pegando na deixa, Rui Sá explanou o seu «sonho de cidade», num discurso que foi muito para além do local. Numa perspectiva mais abrangente, advertiu para a necessidade urgente de mudança de protagonistas, capaz de regenerar a cidade assumindo-a como capital de uma região e de fixar a fuga para Lisboa (ou até Madrid) dos quadros superiores nela formados. Esta regeneração passaria pela implementação de uma verdadeira regionalização, pela reforma da Junta Metropolitana («um bloco central de interesses»), pela valorização regional e nacional do aeroporto, pela reformulação do projecto TGV (acertadamente diz que, tal como está, apenas serve para tentar fazer esquecer o fiasco dos pendulares, mas não concretizou qualquer outra alternativa).

3. Quanto ao Porto, apontou para o modelo Barcelona, o qual, segundo o candidato, teria conseguido regenerar uma cidade à custa de eventos. Ora, Rui Sá parece desconhecer que não foi apenas à custa de eventos internacionais que Barcelona se recriou e afirmou. Existe todo um trabalho político e urbanístico, de dia a dia, de porta a porta, que tornam a cidade no que ela é. Para piorar as coisas, quando alguém lhe perguntou que eventos teria em mente, Rui Sá sugeriu apenas o centenário da República, que, não sendo uma má ideia, é muito pouco para tão ambicioso objectivo. Outras ideias avançadas: requalificação da escarpa e marginal entre as pontes D. Maria e D. Luís, reaproveitamento de linhas de combóio desactivadas (parece que a ideia do GARRA pegou), transformação da VCI em alameda urbana, tornar o Porto numa efectiva Capital da Cultura e da Ciência (aproveitando o compasso para criticar o assassinato cultural – palavras minhas – dos grupos de teatro portuenses e o programa «Porto: Cidade de Ciência» que, na sua opinião, se dedica a áreas como a Assistência Social e Sociologia, quando se deveria dedicar à Medicina e novas tecnologias). Curiosamente, só no final da sua exposição, quase em jeito de rodapé, é que Sá anunciou as suas propostas de âmbito especificamente social (um comunista pouco ortodoxo, este comunista...): os bairros sociais, os quais diz conhecer melhor do que ninguém, são a prioridade do PCP, mas em vez de avançar com soluções, lá foi dizendo que este problema é para se resolver em 25 anos! Excesso de realismo?

4. Quanto à SRU, Sá considera que este modelo leva ao «êxodo da actual população que ainda resiste», tratando-se de um «plano de passagem do património dos pequenos proprietários para grandes investidores». Não pondo de parte a parceria pública-privada, considera, no entanto, que o modelo de reabilitação da baixa deveria passar por um pacote de benefícios fiscais e pela atribuição de subsídios de renda, os quais não representariam um custo, mas um investimento indirectamente rentabilizado, dado que ao pagar estes subsídios a autarquia estaria a promover o aumento da segurança, a defesa do património, a redução no número de viagens e a melhoria do ambiente. Argumentação interessante, mas não totalmente convincente.
Ainda no capítulo do urbanismo, defendeu que os PDMs deviam ser, em nome do bom-senso, documentos genéricos que definissem arruamentos e usos do solo, privilegiando-se o trabalho sobre Planos de Pormenor. Foi com alguma surpresa que escutei estas considerações de Rui Sá, porque não consta que tenha votado contra a dispensa de Plano de Pormenor nos quarteirões intervencionados pela SRU. E justamente a SRU que tanto critica! Para quem tanto apregoa a coerência... Às vezes Rui Sá faz-me lembrar o célebre Dr.Jekyll/Mr. Hyde.

5. No tema mais delicado, o da união de facto com a coligação PPD/PSD-CDS/PP, Rui Sá defendeu-se recorrendo a uma estratégia argumentativa eficaz, mas que não apagou a sombra do concubinato. Com toda a razão, lembrou que muitas vezes votou sozinho contra o PSD e o PS, dando como exemplo o caso da aprovação da SRU. Se o PS então tivesse votado contra, em vez de se abster, provocaria a demissão de Rui Rio, a qual poderia levar a eleições antecipadas. Neste caso, se alguém ajudou Rui Rio a levar até ao fim o seu mandato foi o PS e não o PCP. Sendo um excelente argumento, não me satisfaz porque no máximo apenas nos permite concluir que o PS e o PCP partilham a responsabilidade de terem funcionado como o alicerce invisível deste executivo. E responsabilidade partilhada não é responsabilidade diminuída. Antecipando já o futuro próximo, em que previsivelmente voltará a funcionar como fiel-da-balança (seja lá qual for a cor da maioria), foi reafirmando o seu amor à cidade, assumindo por isso qualquer cargo em que possa ajudar, ao contrário de outros que só ficam se ganharem (Rio e Assis).

6. Neste ponto, de uma forma muito inteligente, começa a enumerar o rol de obra feita e a obra que ainda gostaria de fazer, voltando às propostas para os próximos quatro anos. Apontou como principal trunfo da sua vereação o facto de o SMAS se ter mantido como um serviço municipalizado e não ter sido concessionado a privados (se isto é uma vantagem ou não, é, no mínimo, discutível) e de ter iniciado a recuperação do desperdício de água. Ainda chamou a si os louros da abertura do Gabinete do Munícipe, no âmbito do pelouro da Reforma Administrativa, pelouro esse que considerou ter sido um erro a atribuição a um simples vereador, dado que pela sua especificidade deveria ser da responsabilidade directa do Presidente da Câmara. Quando questionado sobre o «Grande Prémio da Boavista» não teve qualquer pejo em assumir o seu gosto pelo automobilismo, indo ao ponto de nos confidenciar de que não tem, mas que há-de ter um dia, um Porsche 911 (de facto, um comunista muito pouco ortodoxo...), mas, não obstante, já exigiu junto do Presidente da Câmara conhecer as contas do «Grande Prémio» e que desde do início tinha feito sentir as suas reservas quanto à requalificação da Avenida sem garantia do financiamento da Metro do Porto. Será que não passou pela cabeça do vereador do PCP de que a exigência de conhecer as contas devia ser feita antes do «Grande Prémio» e não depois? Reservas? Reservas temos nós, simples eleitores/contribuintes! Aos eleitos exige-se decisões e não reservas! Mas, apesar de tudo, o candidato foi deixando no ar uma mão-cheia de boas ideias que deveriam ser aproveitadas: tirar do papel o Parque Oriental da cidade; despoluir o rio Tinto; rentabilizar a Alfândega e o Rosa Mota, em vez de se construir um Pavilhão Multiusos; recuperação do Bolhão (como?); recuperação da Quinta da Família Ramalho; construção de jardins de proximidade (nem canteiros, nem mega-parques); certificado de habitabilidade para quartos a arrendar a estudantes; Conselho das Instituições da Cidade e outras.

7. Um último ponto: não gostei de ouvir o vereador a dizer que a Câmara não vai limpar mais a VCI porque isso é da responsabilidade de outra instituição, reconhecendo – ainda por cima! – que com a aproximação do Inverno tal medida poderá pôr em causa a segurança dos automobilistas. Se daí resultar algum acidente, com mortos e/ou feridos graves, vai encolher os ombros, enjeitando a responsabilidade? Não se devia ganhar peso político à custa do peso na consciência.
[*Publicado também n' A Baixa do Porto

Pelos Caminhos De Portugal

Pedro já encontrou um dos finalistas na categoria «O Mais Piroso». Creio que este também merece passar à final. Mas estou tentado a criar uma nova subcategoria: «Não Cabe Mais Ninguém?» (mais adiante terão oportunidade de observar outros espécimes do mesmo género). Sobre João Sá já cá falámos.

domingo, setembro 11, 2005

Apêndices

Atentem bem nestas imagens:



Dir-se-ia que pertencem a algum jardim abandonado ou a algum bairro social da nossa cidade.
Puro engano! São as instalações da AIDA, junto à Zona Industrial de Taboeira (onde também existe uma agência da CGD) instituição respeitável com responsabilidade social, que no entanto permite que a sua sede tenha este aspecto terceiro-mundista.

Será que ao responsável daquelas instalações não incomoda esta lixeira?…

Naturalmente que o lixo aí depositado não nasceu lá, o que abona pouco a favor da limpeza, higiene e educação cívica das pessoas que frequentam este local. Se Portugal tem o povo que tem, é porque não o soube educar: 31 anos depois do 25 de Abril começa a ser difícil continuar a culpar o fascismo pela nossa falta de educação cívica. O que realmente surpreende é que o responsável por estas instalações – por certo com um nível académico e cultural (já não direi o mesmo do seu nível de civismo…) superior às pessoas que ali deitam o lixo – não tenha a iniciativa de mandar limpar esta lixeira.

Será que o argumento é a falta de dinheiro? Custa a crer.