Dolo Eventual

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Se a realização de uma tempestade for por nós representada como consequência possí­vel dos nossos textos,
conformar-nos-emos com aquela realização.


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terça-feira, setembro 29, 2009

Enganei-me

Mas face a esta declaração de Cavaco preferia não me ter enganado, uma vez que estamos num dos momentos mais sombrios da relação entre órgãos de soberania nesta democracia, desde a consolidação democrática que sucedeu ao PREC.
Há neste momento um grave problema institucional entre a Presidência da República e o governo, que vai para além das habituais e até saudáveis diferenças politicas protagonizadas por diferentes cores em Belém e São Bento e que se situa ao nível pessoal, da falta de entendimento de duas pessoas igualmente legitimadas pelo voto popular, sem que exista a hombridade de colocar os interesses do país acima de pequenas questiúnculas palacianas.
É o próprio regime e a separação de poderes tal como a entendemos que está a ser posta em causa por esta crise. É o regime, no equilíbrio que deve existir entre Presidência e o Governo que está em choque como nunca antes aconteceu, mesmo nos piores momentos Cavaco / Soares, alimentando a incerteza já muitas vezes pronunciada sobre as vantagens do semi-presidencialismo.
O que se passa ultrapassa de facto os limites da decência, e se Cavaco pretendia ser o fiel da balança, papel reservado aos presidentes, para pôr fim a uma situação extemporânea divulgada pelos meios de comunicação social, acaba por alimentar e dar substância a uma historia que o próprio, e temos de reconhecer, o Primeiro-Ministro não tinham dado qualquer valor anteriormente.
É errado pensar que estas declarações esclarecem o assunto das escutas. Não só lançam ainda mais confusão, como destroem a ideia da independência e equidistância do Presidente em relação aos partidos políticos, marca que minará de forma clara este mandato e o futuro da figura presidencial, independentemente do inquilino que ocupar Belém. Nem Sampaio quando dissolveu o Parlamento, demitindo na prática um governo apoiado por uma maioria parlamentar, se deixou arrastar para uma situação como esta.
De qualquer forma eu fiquei com inúmeras dúvidas que fui escrevinhando ao longo da comunicação ao país, não necessariamente na ordem que surgirá aqui a seguir.
Assim, mantenho as seguintes questões e quero crer que muita gente se revê nelas:
Se era mentira a participação de assessores no programa do PSD, o que legitima a aparente normalidade dessas pessoas terem dúvidas sobre o que sabiam deputados socialistas, se na realidade nunca lá estiveram?
Se era mentira, qual a razão de preocupação do Presidente?
Como é que o Presidente não considera grave ou crime, que alguém levante suspeitas sobre outrem se isso afinal se revelar falso, o que o Presidente não confirma, nem move nenhuma acção para confirmar?
Como é que o Presidente considera aparentemente normal os direitos cívicos dos seus colaboradores não eleitos em participar num programa de um partido politico (eu tb acho) mas não de elementos do partido do governo eleitos para o Parlamento em criticar essa opção?
Se o Presidente não pretende afirmar com clareza que é de opinião que está a ser escutado, porque razão, só hoje pediu a intervenção de empresas especializadas e não o fez através de uma investigação da Procuradoria-geral da República?
O Presidente considera que Procuradoria-geral da República também está condicionada?
Porque razão o presidente pretende deixar no ar a ideia que existem vulnerabilidades no sistema informático da Presidência, quando sabe que a existência das ditas vulnerabilidades não comprovam a violação dos sistemas, que era o que pretendíamos saber?
De acordo com a segunda interrogação do Presidente, se alguém poderia ter entrado no seu computador e ver o seu mail, o Presidente pretende esclarecer se essa caixa de correio conteria informação válida para este assunto?
O Presidente faz leituras que qualquer cidadão pode fazer? Não é suposto o Presidente fazer leituras informadas sobre o que se passa no país?
O Presidente tem alguma coisa para dizer sobre as confirmações alegadamente feitas por várias fontes de Belém a vários órgãos de comunicação social, sobre as suspeitas levantadas em Agosto?
O Presidente faz leituras graves sobre duas pessoas do PS que dificilmente vinculam o Governo, mas tem factos que o suportem?
O Presidente alimenta a ideia que um assessor do Primeiro-Ministro o possa ter espiado durante a sua visita à Madeira com base em que argumento?
O assessor nega ter invocado o nome do Presidente em vão, mas o Presidente nega que o encontro tenha ocorrido?
O Presidente tem dúvidas sobre a veracidade do email publicado no Público, mas se é falso porque razão isso o leva a questionar a segurança do seu correio electrónico?
São algumas das inúmeras questões que muitos portugueses colocarão hoje à noite e provavelmente não terão resposta em breve.
Lamentável é o Presidente falar ao país dois dias depois das eleições legislativas que resultaram num dos parlamentos mais fragmentados da historia da democracia, e não ter tido uma palavra, que apenas o Presidente poderia dizer, sobre a responsabilização dos partidos políticos na governabilidade do país.
A Presidência, e provavelmente o Governo também, estão de cabeça perdida e nessa situação perdemos todos. Como é que podemos esperar que estes dois homens se reúnam para que Portugal tenha um novo governo?

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segunda-feira, setembro 28, 2009

A desilusão de amanhã

Quem disse que o Cavaco amanhã vai falar sobre as escutas? Quem foi? Pois creio que todos os que tem essa expectativa estão enganados.
Tal como andaram perdidos naquele célebre mês de Agosto em que ele falou sobre os Açores, em que andaram todos a pensar que ele ia dizer que tinha uma doença terminal e por isso teria de se demitir, amanhã Cavaco vai presentear-nos com uma análise do novo quadro político no parlamento.
Vai dizer-nos que vai indigitar o Sócrates como primeiro-ministro e vai exigir a todos os partidos políticos a responsabilidade e a cooperação que permita ao governo concluir a legislatura.
Vai colocar-se a jeito para ser o pilar da governabilidade e estabilidade e a conversa das escutas vai acabar por desvanecer porque a maioria do PS é curta demais para isso ser um problema.
Pode ser que eu me engane...

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Quem condiciona o quê?

Os amigos socialistas espanhóis que dão ocasionalmente uma ajuda aos socialistas portugueses através da Prisa, acabam de permitir a venda de 35% da Prisa à Ongoing, empresa para onde o Moniz foi trabalhar e que já possui 20% da SIC.
É um condicionamento inaceitável da comunicação social pelo governo socialista que afastou o Moniz e a Manuela para depois lhes vender 35% da TVI...
Há aqui alguma coisa no condicionamento da comunicação social que não bate certo... o que será?

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Eles andam aí...

Aos poucos Pacheco Pereira será afastado do comentário político pelos canais e jornais sem qualquer intervenção do PS ou do Primeiro-Ministro.
Há limites para o mau perder. Há limites para a loucura conspirativa que o comentador todos os dias alimenta, e que condicionou a campanha perdedora do PSD e que parece querer continuar a insistir.
Falta a Pacheco Pereira alguma humildade e algum respeito pelos eleitores. Dizer que "ganhar eleições dá legitimidade mas não dá razão" é mesmo muito arrogante. Até pode ser verdade, mas não dito por despeito.
Pacheco Pereira ficará sozinho a pregar no deserto, a viver a fantasia da realidade paralela que criou.

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domingo, setembro 27, 2009

Fim de festa


Afinal o PS não consegue atingir os 40%.
Afinal a esquerda tem a maioria no parlamento mas o PS não pode esperar coligar-se ou ter acordos com apenas um dos partidos à sua esquerda.
Afinal o BE não teve os votos que se pensava que ia ter e não consegue ser a terceira força no parlamento que as sondagens pareciam indicar.
Afinal o CDS-PP não segue o caminho do definhamento que muitos julgavam ser inevitável o que também é aplicável à CDU.
Afinal os únicos cenários possíveis de maioria são PS-CDS; PS-PSD; ou PS-BE-CDU. Ou seja, está lançada a confusão neste país.
Resta-nos esperar que haja de todos a responsabilidade de agir com bom senso, no interesse do país e não na defesa de interesses pessoais ou partidários, o que naturalmente é aplicável a todos.

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Em toda a linha

Não há grande coisa a dizer sobre Portas. O líder do PP apostou forte em tirar votos ao PSD e ao PS e ganhou em toda a linha. Fez uma campanha muito forte e consegue os seus objectivos, acabando por contrariar as sondagens como já vem sendo habitual.
Resta saber o que o CDS fará com os seus mandatos e se pretende a prazo substituir o PSD como o grande partido de governo na direita, lugar por sinal ocupado por essa europa fora de partidos homólogos do CDS-PP.

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Sangue à esquerda

Sócrates não perdoa a Louçã (que de facto lhe tirou a maioria, junto com o CDS e não o PSD), e fica clara a impossibilidade de um acordo.

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E agora?

Sócrates segue sozinho e tenta passar por um optimista, mas tem um grave problema em mãos. Como parece cada vez mais claro não há nenhuma solução de maioria no parlamento sem o Bloco Central ou sem a união, claramente impossível, de todos os partidos da esquerda.
Há de facto uma escolha clara e uma vitória clara do PS em relação à alternativa de poder que representaria o PSD que perdeu escandalosamente a aposta que tinha feito.
Mas ainda assim, o PS não consegue ter uma maioria, ainda que relativa, minimamente confortável, que lhe permita ter expectativas de governar sozinho por uma legislatura completa sem grandes interferências de Belém.

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A única questão...

... do resto desta noite, é saber se o PS sozinho acaba por ter mais deputados que a soma dos deputados do PSD com o CDS-PP.

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Agora sim

Agora temos mesmo um problema de governabilidade. Louçã estabeleceu as suas metas para a próxima legislatura e elas não parecem assegurar uma ideia de acordo mas de exigências. A verdade afinal já sabíamos que não estava no PSD, está onde sempre esteve, no Bloco e na boca de Louçã.
Aliás o Bloco pretende confundir-se com a própria ideia de esquerda, embora por lá andem muitos outros partidos. Louçã empurra o PS para o CDS-PP e parece não ter quaisquer remorsos nisso.

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Conspiro que me farto

Louçã ainda não falou porque está a ultimar os pormenores da coligação pós eleitoral com Sócrates. Portas ainda não falou porque está a tentar telefonar insistentemente para Sócrates para fazer uma coligação com ele, mas Sócrates rejeita-lhe as chamadas.

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Onde é que ele anda?

Eu tenho andado numa de zapping, mas não me recordo de ter ouvido o Pacheco Pereira embora ele tivesse uma cedeira reservada na SIC onde não está sentado porque chegou agora ao Sofitel.
O Pacheco foi-se simplesmente embora?

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Contagem de espingardas

Jerónimo fala e em vez de se pôr a jeito para dar uma mão ao governo socialista na linha das politicas que poderia nesta altura nomear, prefere ameaçar com a "luta de massas" como se fosse imaginável que o governo do país pudesse ficar refém da força menos representada no parlamento. Vamos ver se o BE segue a mesma linha e se depois o CDS abraçará o discurso do jeito que pode dar à governabilidade. E vamos ver se o mesmo discurso se mantém para lá das autárquicas.

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Sossegados

Na próxima legislatura não vai haver vozes dissonantes no PS. Alegre foi-se embora mas os que ficaram não vão perturbar Sócrates. Em breve veremos o discurso da unidade no partido na boca de toda a gente, não vá alguém lembrar-se de os acusar de serem parcialmente responsáveis pela perda da maioria absoluta.

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Para já...

Para já não há demissão, nem podia ser. As autárquicas assim o exigem. Ainda assim amanhã os tubarões atacarão sem piedade.

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Fantástico

O partido que perde em toda a linha tenta capitalizar o fim da maioria absoluta do PS, para a qual o nada contribuiu.

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Governabilidade

Há uma grande maioria de esquerda no parlamento e uma vitória clara do PS.
A CDU e o BE devem assumir as suas responsabilidades na governabilidade do país, caso não pretendam que sejam forças de direita como o CDS-PP a assegurar a governabilidade e estabilidade que os portugueses pretendem.

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Papel central

É inevitável, o BE sobe como nunca aconteceu e como Fernando Rosas refere, o BE, pelo menos nesta legislatura torna-se uma figura central para um governo de esquerda.
Mas isso dá vantagem e responsabilidade. É bom que os líderes do BE tenham presente o exemplo do PRD.

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O principal derrotado

O principal derrotado destas eleições é o discurso da asfixia democrática. Os portugueses retiraram a maioria absoluta ao PS, mas não deram razão aos protagonistas deste discurso.

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No PSD

No PSD ninguém fala. Será que têm medo de falar?

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Atenção

Atenção ao Garcia Pereira, ainda o fim da contagem vai longe e o PCTP-MRPP já tem praticamente metade dos votos que obteve em 2005. Se fossem todos em Lisboa já teria conseguido um deputado.
Se Garcia Pereira chegar ao Parlamento será a primeira grande contribuição do Gatos para os resultados eleitorais.

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SIC

Na Internet a SIC divulga uma sondagem que tem vindo a fazer desde as 20h. Sem qualquer valor cientifico, claro, mas pergunta-se a quem por lá passa se concorda com coligações pós-eleitorais.
Os resultados são expressivos. 50% para cada lado...

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Tendência

Regista-se a contínua tendência das eleições em Portugal. Apenas há um partido que perde, os outros ganham sempre.
PS e PSD alternam no lugar dos vencidos. Os outros ganham sempre.

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TVI

A TVI é a única televisão que dá o PP como possível 3ª força no parlamento. Também já por lá se fala de quando a Manuela sair.

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O costume

Como vem sendo costume o ministério da justiça fornece dados em tempo real às televisões e esquece-se de as publicar no site.

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Quem diria...

A confirmarem-se estas estas projecções Manuela Ferreira Leite pode vir a ter um resultado inferior a Santana Lopes. Quem dizia que Santana tinha conseguido o mais baixo resultado de sempre é capaz de estar a reflectir no futuro.
Também a confirmar, se o PS ficar no limite máximo destas projecções pode coligar-se com qualquer um dos partidos "pequenos"...

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Já está

A chafarica tornou-se ingovernável...

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Mau sinal

Abstenção sobe, legitimidade dos eleitos desce...

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sábado, setembro 26, 2009

Voto merecido

Votar já não é o que era. Por falta de comparência do PSD, estas eleições não tiveram a força de tracção habitual. O partido do governo ficou sozinho a disparar em todas as direcções (inclusive para dentro) não se coibindo, no entanto, de encenar a expiação dos seus pecados democráticos. De mão no peito, Sócrates reitera a sua fé no futuro, o qual será, na melhor das hipóteses, igual ao que já tivemos. Ah! Sócrates, Sócrates, nosso pequeno Tartufo de trazer por casa. “Em quem votar então?”, dizia eu. Sou um eleitor do BE (na variante PSR) geneticamente programado, mas mais uma vez vou procurar outras companhias. Aquilo está a crescer demais e não está pronto ainda para assumir o poder. Muita retórica, muito entusiasmo académico, mas poucas provas dadas, por exemplo, nas autarquias. Se o BE pretende ser governo, primeiro tem de conquistar câmaras, assembleias municipais e juntas de freguesia. Formar quadros e aprender com a experiência. Neste momento, considero que o aproveitamento da legítima insatisfação dos eleitores por parte de Louçã & Cª não faz justiça ao próprio partido. Era preciso um pouco mais do que defender a necessidade de se travar uma maioria absoluta. Contas de mercearia não são para aqui chamadas. Portanto, para mim, votar vai voltar a ser o que era. Votarei Jerónimo de Sousa. O PCP tem provas dadas em várias autarquias (incluindo Lisboa e Porto) tendo demonstrado possuir quadros à altura dos desafios da governação e uma maturidade democrática exemplar. Aliás, é bom lembrar que, enquanto o PS e o PSD acenavam com o espantalho do salazarismo, Jerónimo cheio de bom senso assegurava que o tempo não volta para trás. Quem perante a histeria dos dois grandes partidos não se rende à serenidade comunista? E, depois, bem precisa Sócrates de um educador, de uma espécie de pai (político) que nunca teve. A criança mimada da democracia portuguesa não pode continuar sozinha em casa.

Nunca mais


Sem uns bolinhos e um café, nunca mais me apanham num comício do PS.
Está visto porque é que a maioria absoluta está em causa. O pessoal não enche a barriga e depois não tem força para meter o papelinho na urna.

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sexta-feira, setembro 25, 2009

O Partido do Sócrates (PS)

O que é um programa eleitoral? Reciclagem de papel. Essa tem sido a lição do PS, o partido que teve nas mãos uma maioria absoluta, a qual tratou de desbaratar como um novo-rico. A arrogância juvenil de Sócrates, que antecipou uma geração a liderança seguinte, levou-o a uma sucessão de erros, daqueles erros que só podem ser cometidos por quem conhece a democracia apenas de nome. Governou o país com quem controla o aparelho do partido: de uma forma autocrática e sustentando-se na força bovina das massas (e da imprensa). Em tempos, a vantagem do PS era de possuir uma diversidade ideologicamente demarcada. As lutas intestinas dos socialistas não se resumiam à conquista do poder. Cada facção tinha a sua própria visão do mundo e nesse tempo, o tempo em que os animais políticos falavam dentro do aparelho, os portugueses tinham a garantia de que o próprio PS seria o primeiro a protegê-los do PS. Com Sócrates, os socialistas entregaram-se à volúpia do rebanho com os resultados que se conhecem. Alegre (em quem depositei ingenuamente a minha confiança) revelou-se o mais perfeito dos idiotas úteis. Foi o elemento folclórico que permitiu a Sócrates encenar uma espécie de democracia interna e de ostentar um cravo de plástico na lapela para o basbaque aplaudir. Em consciência nunca poderia votar PS. Já chega de rufiagens.

Era uma vez um partido

Estas eleições tiveram como novidade a implosão em câmara lenta do PSD. Desde que Durão saltou a fronteira em busca de um vida melhor, o partido entrou num processo de desintegração, queimando líderes e sem demonstrar um mínimo de consistência nas suas propostas e decisões, desdizendo-se sobre temas tão essenciais como a educação, o TGV, os impostos e a saúde. Tornou-se claro que o PSD não é bem um partido, mas um grémio de interesses que se toleram (mal) uns aos outros. De resto, o sucesso dos laranjas no passado deveu-se precisamente ao facto de se tratar de um partido cuja ideologia é a ausência de ideologia. Para esclarecer as coisas, a figura reverencial do partido – Cavaco Silva – ensandeceu politicamente, abrigando e protegendo delinquentes como Dias Loureiro e entrando numa guerrilha partidária escusada. Aos olhos do povo português, Cavaco revelou-se como um predador político. Desajeitado é certo, mas que não hesita morder pela calada. Pior não poderia ser para o PSD. Ou será que o pior ainda estará por vir? Eu acredito que sim. Acredito que o PSD, vergado pelo populismo, estará muito próximo do fim.

Do voto

A política para lá de espectáculo é feita de expectativas e muitas vezes estas são claramente grandes e muitas vezes infundadas. Os governos não fazem nada sem o empenho dos povos que governam e a atitude, frequente nos portugueses de não se interessarem particularmente pela política, mas facilmente exigirem medidas do seu agrado aos governos e governantes que desprezam, é típica do elevado potencial de expectativa que temos dos políticos, potencial esse que dessa forma nunca pode ser correspondido e logo é sucessivamente defraudado.
Acreditar num projecto político de um partido político de poder, de um país integrado num bloco como a união europeia e logo por isso um partido fora das grandes caracterizações ideológicas, mas dotado do pragmatismo exigido pelo momento, não é um processo de adesão incondicional, não é uma adesão acrítica a todas as medidas e políticas desse projecto político e muito menos a expectativa que todas as suas acções terão sempre um impacto positivo sobre nós deixando os dissabores para os outros.
A adesão a um projecto político deve contemplar uma análise sobre a generalidade dos efeitos esperados pela presença de um partido no poder, sobre o rumo que se pretende para o país, devendo existir um fenómeno de identificação de aspectos do discurso político com os valores e anseios de cada um, não apenas para si mas para a sociedade, perante a expectativa, essa sim fundada, que um partido ou que algum partido reúna um número apreciável de características e aspectos que nos interessem ainda que não todos.
Votar é mais um acto altruísta que egoísmo individual. Votar é a expressão do nosso interesse pessoal que pretendemos ver reflectido na sociedade que idealizamos para todos. Logo não é possível esperar que o resultado das eleições se traduza numa vantagem para mim que resolva todos os meus problemas, mas que antes resulte em vantagens para a ideia que temos de sociedade o que em fim último resultará em vantagens para todos.
É por estas razões que tenho tido dificuldade em situar-me como um apoiante indefectível de alguém ou de algum partido. Talvez por isso, passados 18 anos de me ter iniciado nessa escola de putativos políticos que são as associações de estudantes, continuo basicamente como comecei, independente.
Mas isso nunca me afastou do interesse pela política, nem do reconhecimento dos meus valores ou interesses neste ou naquele projecto político.
Já me entusiasmei e já me entristeci com a política. Já fiquei surpreendido e desiludido, mas não considero existir alternativa ao interesse que me suscita a res publica pela inevitabilidade de termos de viver em sociedade.
Por isso, muito embora não me reveja em absoluto em nenhum dos actuais partidos, nem nos seus líderes. Embora muitas vezes tenha visto que quase todos possuem características de hipocrisia a calculismo político que me desagradam, para além de uma arrogância que às vezes me ofende, não posso deixar de confiar o meu voto àqueles que neste momento me parecem contribuir mais para a melhoria das condições de vida dos portugueses e para o atingimento de níveis de desenvolvimento que há muito reivindicamos, sem ilusões épicas ou miserabilismos.
Voto no PS, não porque me identifique inteiramente com o seu programa, mas porque me identifico menos com os restantes programas, e especialmente porque não me revejo, e em alguns casos não confio, nas pessoas que protagonizam esses programas.
Voto no PS porque apesar de uma legislatura muito atribulada recheada de casos que ainda estão longe de sabermos a fundo a sua origem ou conclusão, este governo demonstrou a coragem de encetar reformas e tomar medidas que me parecem essenciais na escola pública, no sector dos medicamentos, no sector da banca, na administração central, na justiça, nas contas publicas, no TGV ou no Aeroporto, entre outras, ainda que nalgumas vezes não da melhor forma. Identifico-me totalmente (aqui sim) nas reformas conduzidas por este governo quanto à qualidade da democracia, com a reforma do parlamento, a limitação de mandatos e a lei da paridade. Já os restantes programas apenas propõem o fim de muitas dessas reformas.
Voto PS porque independentemente do que se diga, o PS tem uma consciência social, porque respeita uma visão tolerante e aberta da sociedade, porque investiu num futuro ecologicamente sustentável, porque pôs Portugal na linha da frente do que me melhor se faz em tecnologia, porque estabeleceu acordos que dinamizam as universidades portuguesas e por muitas outras medidas, mas também porque tem de facto uma atitude contra a inércia e o miserabilismo em que este país teima em manter-se.
“Não há alternativa ao trabalho árduo...” dizia Sócrates há dois anos na sua mensagem de Natal e realmente há muito trabalho pela frente, muito provavelmente ele nunca acabará. Mas não é certamente passando os dias a lamentar o nosso destino cruel que os problemas se resolverão.
Desta forma no dia 27 pretendo contribuir para uma solução de estabilidade governativa votando no PS.

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Gravíssimo

Mais uma vez, a ser verdade (ressalva que se começa a tornar frequente), esta notícia e o que ela implica de calculismo de Cavaco em relação às suas intervenções meticulosas, não é grave. É como o próprio terá dito em tempos, gravíssimo.

Belém: Assessor Fernando Lima mantém-se em Belém. via Diário Digital

Fernando Lima deixou de ser o principal responsável pelas relações do Presidente da República com o exterior, mas vai continuar a trabalhar em Belém, ao lado de Cavaco Silva, que mantém a confiança no assessor.
A notícia é avançada na edição desta sexta-feira do semanário Sol, que acrescenta que a substituição de Lima no cargo em questão não tem a ver com qualquer penalização ou quebra de confiança da parte do Presidente, mas apenas com razões operacionais, que têm a ver com o entendimento de que o assessor já não podia assegurar o lugar com eficácia.
Entretanto, mantém-se a incerteza sobre se Cavaco irá mesmo falar sobre o caso das alegadas escutas a Belém, durante a próxima semana, já que, segundo o semanário, aquilo que Cavaco vier a dizer ou fazer vão depender, em grande parte, do nome do partido que vier a constituir Governo.

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Dos líderes

Ao contrário de países como Espanha, com quem aparentemente agora não nos queremos comparar, pelo menos até segunda, em Portugal não há um grande acordo entre os principais partidos quanto às questões de fundo do país. Essa situação não será certamente alheia à frequente mudança de líderes partidários dos principais partidos, quando se encontram na oposição ou ocasionalmente perdem eleições.
Em Espanha, ao contrário do que muitos portugueses pensam, não tem havido muitos governos de maioria absoluta e ainda assim tem havido estabilidade política, ainda que as posições andem um pouco extremadas por aquelas bandas, quem tem segurado as pontas do regime espanhol são acordos mais ou menos profícuos, mas de incidência parlamentar com partidos regionais, ora mais ao centro ou mais à esquerda, o que tem permitido manter os governos ao longo de legislaturas completas.
Em Portugal isso não acontece. O PS na sua travessia do deserto das maiorias absolutas de Cavaco teve uns 4 ou 5 líderes e o PSD só nos últimos anos já teve 4, desde Durão Barroso.
Em Espanha Mariano Rajoy líder do PP desde 2004, com a saída de Aznar, já perdeu duas eleições gerais e ainda se mantém no cargo, o que seria impensável em Portugal.
Por cá não há surpresas nessa matéria. Os partidos não perdoam a falta de poder e eliminam os seus líderes que não conseguem atingir os objectivos propostos. Se porventura Sócrates não conseguisse ganhar as legislativas, nem o facto de, como alguns invocam, o PS ser Sócrates e depender da sua personalidade forte, o salvaria.
O mesmo acontece com Manuela Ferreira Leite. Ainda por cima a líder social-democrata falhou na pacificação do partido, não conseguiu unir o partido em torno da sua candidatura e saneou alguns dos mais importantes valores das outras candidaturas a líder. Não consegue passar a sua mensagem e a ter os resultados que as sondagens indicam, conseguirá algo entre 1% ou 2% acima da votação de Santana Lopes, pelo que será trucidada pelo partido na própria noite das eleições.

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quinta-feira, setembro 24, 2009

Das maiorias

As sondagens que surgiram hoje de manhã e as que ainda vão surgir entre hoje e amanhã nos jornais e televisões apontam aquilo que parece ser cada vez mais claro, com ou sem a ajuda de Cavaco.
A campanha, os debates e os fenómenos associados à campanha como o programa dos Gatos Fedorentos têm tido muita audiência e Sócrates safou-se bem nos debates, não meteu a pata na poça nos gatos e o aparelho socialista tem tido uma capacidade de mobilização muito superior à do PSD e isso transparece na comunicação social, entre as salas escuras e pequenas do PSD e as praças cheias do PS.
Cavaco, na sua inaceitável intervenção nesta campanha, acabou por dar argumentos ao PS para se considerar “referencial de estabilidade” e retirou argumentos ao PSD e à “asfixia democrática” apesar do maior impacto deste caso ainda não se encontrar reflectido nesta sondagem.
Os resultados confirmam, mesmo com um elevado número de indecisos, uma tendência de voto no PS que assim pode começar a falar de maioria absoluta, ainda que ela esteja longe.
Lembremos que o PS em 2005 ganhou uma maioria absoluta no parlamento sem a maioria dos votos expressos. Ao longo desta campanha surgiram noticias que no caso de um empate técnico entre PS e PSD, poderia ser o segundo partido mais votado a ter o maior número de deputados, circunstância que resulta das características próprias dos círculos eleitorais.
Ora nesta sondagem o PS está com 40% das intenções de voto e em 2005 ficou pelos 45.5% e 120 deputados. Agora faltam 11 deputados a Sócrates para ter uma maioria absoluta num cenário em que todos os partidos sobem (ou mantêm no caso da CDU), a sua votação, à excepção do PS. Pode não bastar ao PS ter 45% dos votos no domingo para assegurar a maioria absoluta pois o eleitorado que está aqui em disputa parece ser o do BE e alguns indecisos entre o PS e o PSD, muito provavelmente um eleitorado mais informado e maioritariamente urbano onde se discute a esmagadora maioria dos deputados.

Obscenidade

A ser verdade (porque isto da verdade não anda propriamente muito bem), a vontade dos pilotos da TAP auferirem um aumento salarial de 1000€, é uma obscenidade.
A TAP tem conseguido com um esforço considerável do estado manter-se no activo e tem pela mão de Fernando Pinto tomado as decisões necessárias à criação de novos e bons negócios, como por exemplo toda a operação que existe no Brasil.
No entanto a sua capacidade de crescimento está minada, como a de todas as companhias europeias de bandeira, pelas low cost nos voos para a Europa.
Até os operadores de handling, cujas vidas serão bem menos interessantes que as dos pilotos, e cujos salários serão extraordinariamente mais baixos, conseguiram fazer um acordo com a administração da TAP e da Groundforce. Os pilotos não foram capazes de chegar a qualquer solução de compromisso.
Os pilotos da TAP sabem que o mercado não tem propriamente falta de pilotos, sabem que as condições auferidas pelos seus colegas empurrados para as low cost estão longe das que têm na TAP, mas mesmo assim insistem em contribuir para o prejuízo da TAP com reivindicações salariais desproporcionadas.
Quando os pilotos conseguirem o que pretendem, a TAP terá falido e será vendida ao desbarato, os pilotos exigentes terão ido trabalhar a um preço mais baixo para uma low cost e no final terão a certeza de ter prestado um mau serviço à TAP, ao país, e a si próprios.

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terça-feira, setembro 22, 2009

Olívia patroa / Olívia costureira


É o conflito interno que assola Pacheco Pereira nos dias que correm
Pacheco Pereira candidato sabe que o Pacheco Pereira comentador deve estar calado. Mas Pacheco Pereira comentador acaba por se impor, porque quando isto tudo acabar, pelo menos o lugar de comentador é sempre certo.
Nunca se sabe e a Manuela pode acabar por sair de cena na noite do dia 27 e vir algum que não agrade ao Pacheco Pereira candidato.

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Da ética e deontologia

É interessante ver como alguns consideram que a divulgação do autor do caso das escutas protagonizado pelo Sr. Lima, mancha a ética e deontologia do DN.
Para mim é uma questão secundária tendo em vista o superior interesse em expor a manipulação jornalística que a ética e deontologia do Público permitiu.
Só mancharia a ética e deontologia do DN se por acaso não fosse verdade, mas pelos vistos é.

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segunda-feira, setembro 21, 2009

A novela não acaba aqui...

No limite havia várias possibilidades nesta polémica das escutas. Ou o presidente se demitia, ou o primeiro-ministro se demitia ou era demitido, ou o assessor era despedido.
Sem nada dizer de esclarecedor, não desmentindo, nem lamentando não ter actuado a tempo, Cavaco opta, naturalmente, pela opção mais simples e despede o assessor. Logo, podemos agora presumir que a notícia foi efectivamente plantada. Que o Público se prestou a esse serviço e que por mais que a alguns pudesse agradar a ideia de Belém andar a ser vigiada por São bento, as escutas e o SIS não passam de um qualquer delírio de um assessor.
Mas isso não isenta Cavaco de responsabilidade e principalmente não o isenta de um esclarecimento ao país, ainda que seja feito após as eleições. Cavaco tem de deixar claro quem é que estava a ser ingénuo nesta história. Precisa de esclarecer sobre que tipo de segurança se pretende informar a seguir as eleições. E principalmente precisa de esclarecer se tinha conhecimento deste assunto há 17 meses e como permitiu que desde meados de Agosto se tivesse alimentado a ideia que o governo estaria mesmo a vigiar o presidente, com os custos políticos que isso tem. Quem exige rigor deve ser rigoroso a escrutinar a sua própria casa.
Para já, fica claro o tiro no pé de Manuela Ferreira Leite, que na passada semana aproveitou este assunto para fundamentar a fantasia da asfixia democrática. Cavaco pensava poder arrastar este assunto para lá das eleições, fazendo um favor à amiga, prevendo que se esta ganhasse o problema ficaria resolvido. Enganou-se e terá sido pressionado a agir antes das eleições e não teve outro remédio senão tirar o tapete à argumentação de Manuela.
Muitos falaram do importante papel de Cavaco num país com um governo minoritário a sair de dia 27. Com estes acontecimentos, Cavaco interveio ou permitiu que seus colaboradores interviessem, directamente na campanha eleitoral e deixa-se arrastar para uma posição de fragilidade se o vencedor acabar por ser o PS. Especialmente porque parece que o PS à conta deste assunto, não se vai atirar às canelas de Cavaco mas sim às de Manuela.

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sábado, setembro 19, 2009

Leve, leve que está fresquinho

Dentro do mercado, perseguido por um pequeno grupo de apoiantes, Louçã cumprimentou os vendedores de frutas, legumes, animais de criação e pão. A poucos metros da peixaria, e num tom de voz mais baixo, disse a Adelino Granja, candidato bloquista à câmara de Alcobaça, que não queria ir àquele espaço. Por isso, quando passou pela entrada que dá acesso à zona do peixe nem sequer olhou para trás, apesar dos acenos das vendedoras.
Questionado pelos jornalistas sobre o facto de ter evitado a peixaria, Francisco Louçã foi rápido na resposta; “Nunca vou.” Porquê? “Por uma questão de princípio”, respondeu. E sustentou: “Porque cria uma dinâmica de espectáculo. Eu quero um contacto com as pessoas, não quero favorecer nenhuma forma de populismo, nenhuma forma de simplicidade na campanha eleitoral.”
Público


Temos, de um lado, os vendedores de frutas, legumes, animais de criação e pão. Gente cordata, com a qual se discute ideias, proeminente na res do espírito, discreta. Temos, de outro lado, as peixeiras. Gente pouco cordata, com a qual não se discute ideias, indiscreta (que inclusivamente acena). Falar com os vendedores de frutas, legumes, animais de criação e pão é favorecer o contacto com pessoas e sem populismos. Falar com peixeiras é não favorecer o contacto com pessoas e ser populista.

Falando da política que Louçã propõe para o país. Ainda que se não vote em Francisco Louçã, é muito fácil concordar-se com ele. Por regra, todas as premissas do seu discurso estão correctas. E são as premissas quem cria empatia entre político e eleitor. Porém, grande parte das conclusões - das soluções para o país - estão erradas. No fundo, Louçã é um vendedor de peixe clássico: vende perca do Nilo no mercado da Costa Nova e diz «Leve, leve que está fresquinho! Acabei agora mesmo de a apanhar!»
Daí que faria mais sentido Louçã ter ido cumprimentar as peixeiras, ao invés dos vendedores de frutas, legumes, animais de criação e pão.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Foi você que pediu um Watergate?

Era preciso que alguém deitasse água nesta fervura com alguma urgência, e pelos vistos quem o poderia fazer seria Cavaco, se porventura não fosse uma das partes envolvidas/invocadas, ou isto ameaça tornar-se muito maior do que provavelmente é. Ou seja, uma sucessão de equívocos e interesses pessoais politicamente obscuros de um ou dois boys, mas inócuos quanto à essência do regime.
Esta situação das escutas que afinal não seriam escutas mas sim uma espécie de agente infiltrado, o desejo de um assessor em divulgar opiniões não fundamentadas, ou o interesse do governo em manter pessoal do presidente ou até o próprio presidente sobre vigilância, tudo embrulhado nos eventos organizados pelo governo regional da madeira, merecem uma análise e um esclarecimento profundo e necessitam que no limite rolem as cabeças que houver a rolar, porque não é possível deixar ficar no ar uma situação que mina (como tantas outras) a credibilidade das instituições e dos protagonistas.
De qualquer forma não pode ser inocente que o caso dos votos comprados pelos candidatos arguidos da Manuela tivesse surgido agora, nem tão pouco é inocente que esta história das escutas, cujos contornos parecem indiciar no DN responsabilidades de Belém, e no Público responsabilidades de São Bento, tenha surgido e tenha abafado o anterior.
A haver responsabilidade objectiva da classe política no clima de suspeição permanente, denúncia e boato que vivemos, ou a existirem tentativas de manipulação da comunicação social no sentido de passar desinformação que notoriamente prejudica todos à vez, então o país precisa (para além de uma melhor classe política), leis mais rigorosas que separem os jornalistas dos políticos, que previnam a promiscuidade e penalizem os abusos de forma séria e exemplar, a bem de uma democracia mais saudável.
Se pelo contrário a classe política é vítima de sucessivos ataques de pessoas ou entidades não identificadas, ou por jornalistas sem escrúpulos que ao abrigo da liberdade de imprensa tudo fazem para levantar falsos testemunhos e criar um clima em que a classe política passa sempre, e passam todos sem excepção, por um bando de gente incapaz, algo estúpida e corrupta, que o país sustenta, sem que isso se comprove judicialmente, então a classe jornalística necessita de auto-regulação, de leis mais claras quanto à relação que mantém com as suas fontes, de muita formação e de leis que obriguem à reformulação das suas composições accionistas, que garanta a sua independência e equidistância em relação ao poder político e económico. Isto porque é cada vez mais claro que apenas procuram audiências e vendas e não o interesse de informar.
Mas isto tem um valor político e o Presidente erra na análise que faz destas notícias. A notícia publicada no Público em Agosto, implicava directamente a existência de uma fonte da Presidência da República, aparentemente identificada como pertencendo à casa civil da Presidência ainda que anónima. Cavaco em Agosto, a banhos no Algarve, resolveu não efectuar qualquer comentário considerado válido ou esclarecedor, como aliás vem sendo costume.
A notícia de hoje no DN revela muito mais informação. É identificado o membro da casa civil que anteriormente era anónimo (parece que Louçã já tinha falado neste nome) e é referido explicitamente que este pediu para se encontrar com um jornalista a pedido do Presidente da República, manifestando o interesse deste em tornar público o assunto das alegadas escutas do Governo sobre a Presidência da República e até sobre o Presidente, na sequência da participação de elementos da casa civil na elaboração do programa do PSD.
Estas notícias do DN carecem de um desmentido do Presidente da República sobre o seu envolvimento na situação, ou sobre o abuso de confiança do seu colaborador, que vão para além do interesse que o Presidente (novamente questionado) revelou de não se quer meter na luta político-partidária em tempo de campanha.
Ora de que forma é que o envolvimento do PR ou da sua casa civil na divulgação de uma notícia que está por provar ser verdadeira, pode ser entendido como luta político-partidária pelo PR? Aparentemente de forma nenhuma, pelo que seria exigível do Presidente da República não que se metesse na campanha, mas que respondesse aos portugueses sobre as interrogações que estas noticias levantam.
O que começa a parecer comum é que todas as notícias fazem o seu caminho na direcção do governo. Hoje de manhã havia uma notícia sobre um alegado caso de escutas plantado a pedido num jornal, por um exagerado e zeloso colaborador do Presidente, afeiçoado à ideia de agradar ao chefe, e ao fim do dia existe um assalto ao estado de direito democrático protagonizado pelos serviços de informações coordenados sob a batuta (de quem poderia ser) do Primeiro-Ministro.
Grave não é o director do Público sonhar com filmes de espionagem em que ele é o herói contra as injustiças de um vilão bem vestido, mesmo apesar de ao fim do dia ter tido de emendar a mão sobre a enorme conspiração que teria, através do SIS, penetrado no sistema informático do Público, que ele imagina ser a única entidade capaz de o fazer em Portugal (este homem vive num mundo de fantasia se imagina que apenas o SIS consegue entrar nos computadores alheios).
Grave é a possibilidade de o Presidente ter suspeitas que é escutado ou vigiado pelo governo há 17 meses e aparentemente não ter feito nada.
Grave é o Presidente da República, a serem verdadeiras as notícias, ao abrigo da reserva que lhe é pedida durante uma campanha eleitoral, manter um silêncio estrondoso, que não o iliba de responsabilidade, mas que prejudica objectivamente um partido político concorrente a estas eleições.
É uma intervenção clara na campanha eleitoral com base numa omissão deliberada do Presidente da República.

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Frase do dia

"não se pode estar no centrão sem esperar sujar-se"
Conhecido bobo José Diogo Quintela enquanto esmiuçava ontem.

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Robustez

Via LUSA:

Os médicos de família vão deixar de passar atestados médicos para comprovar a robustez física e o perfil psíquico dos utentes exigidos para exercício de funções profissionais, segundo um decreto-lei publicado hoje em Diário da República.

O decreto-lei nº. 242/2009, de 16 de Setembro, dispensa a obrigatoriedade de atestado médico para efeitos de comprovação da robustez física e do perfil psíquico exigidos para o exercício de funções profissionais, públicas ou privadas, revogando o decreto-lei nº. 319/99, de 11 de Agosto.

A medida foi aplaudida pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que considera os atestados médicos "um trabalho administrativo extremamente penoso para os médicos de família e centros de saúde, retirando espaço àquilo que é o trabalho efectivo dos médicos".


É o fim de um dos meus rituaisanuais: Setembro era mês de passar pelo doutor para pedir o Atestado de Robustez Física e Psíquica para poder exercer as complexas e perigosas funções que me estariam destinadas. Nunca chumbei e recebi este galardão durante 18 anos consecutivos. É claro que a coisa se foi degradando: de início, o documento devia ser assinado pelo Delegado de Saúde depois de consultado o historial do utente que deveria aparecer no Centro de Saúde munido do Boletim de Vacinas actualizado e com a BCG e chapa aos pulmões; depois, a tarefa passou para o médico de família e a tuberculose parece ter deixado de ser um problema de saúde pública porque nunca mais tive de ir ao dispensário bater a chapa e tomar a BCG e, mais recentemente, bastava um telefonema para o doutor assinar o papelito. Enfim aquilo deixou de fazer sentido (por isso tem graça essa do Sindicato se queixar do excesso de trabalho que esta tarefa supostamente daria aos médicos..). Agora, basta uma declaração do próprio cidadão a dizer que está bem de saúde. Mas porque não acabam de vez com a merda do papel? Que valor tem uma declaração destas? Para o diabo com a papelada!

terça-feira, setembro 15, 2009

Cavalgar o comboio nacionalista

Realmente ao incontável número de apreciáveis características de Manuela Ferreira Leite, o nacionalismo era mesmo o que lhe estava a faltar. A utilização de argumentos de pendor nacionalista sempre foi uma boa forma de agitar medos e fantasmas que desviam as pessoas do que é realmente importante e do que se passa nas suas costas sem que estes reparem até ser tarde demais.
A ideologia nacionalista, do nós contra os outros, ou dos outros contra nós, sem que saibamos bem porquê, tem tido os resultados conhecidos e não pode deixar de se entender o argumento primário de Manuela, como um insulto à inteligência dos portugueses. Não tomemos os espanhóis por santos benfeitores, eles defendem os seus interesses tal como nós devemos defender os nossos. Não é razoável é imaginar que nos devamos prejudicar porque os espanhóis têm um interesse que por razões de pirraça política não queremos partilhar e então arranjámos um argumento qualquer para desviar a atenção da nossa verdadeira agenda.
Mas este assunto do comboio dos espanhóis não é ideologia, é simples tolice, o que torna um pouco tolinha a autora do argumento. É tanto assim que perante a evidência que os fundos que beneficiam a Espanha por terem um comboio a chegar ao lado de cá da fronteira serem os mesmíssimos que Portugal acabaria por beneficiar, visto que está comprovado que a única fronteira terrestre que possuímos ser mesmo com Espanha (desde que ninguém o negue), a sua campanha se tenha visto forçada a alimentar o assunto com mais frases feitas tipo "ninguém nos intimida, nem nos pressiona", ou com a mãozinha amiga de Ferreira do Amaral que confessa já ter sofrido pressões espanholas, mas ter resistido estoicamente ao invasor (deve ser o lado monárquico da família).
Não há nos vagos "vamos negociar com Espanha" ou o novo "vamos negociar com Bruxelas" o vislumbre de uma ponta de coerência, ideia ou resolução para como se espera fazer chegar os fundos europeus destinados ao TGV mas sem comboio, e como se espera resolver o problema de credibilidade do país sempre que ocorrer a assinatura de acordos bilaterais com outros países, certos que passam a estar da nossa incapacidade em cumprir compromissos.
Não parece ser fundamental responder com argumentos. O que parece fundamental é deixar em aberto silêncios incómodos e nenhum comprometimento importante (onde é que eu já vi isto...). Depois de dia 27, logo se vê…
Estas tolices, às vezes parecem mais ser parte de uma estratégia, tendo em conta que o nacionalismo bacoco se segue à história dos ucranianos e cabo-verdianos e ao aparentemente já longínquo "casamento é para procriar". Desta maneira parece fazer cada vez mais sentido a ideia que Sócrates pretende colar à Manuela, e que tantos jornalistas se tem esforçado por desmentir, que este PSD e a sua líder estão mais à direita do que alguma estiveram.
É uma polémica que vinha mesmo a calhar para toda a gente. Manuela evitar falar em propostas, Sócrates evita falar nas reformas dolorosas e aproveita para colá-la à direita conservadora. Enquanto os políticos esgrimem argumentos do tipo, eu gosto mais do rectângulo do que tu, de Santa Apolónia parte todos os dias paulatinamente e sem polémicas, às 22:30, o Lusitânia Comboio Hotel. A única ligação ferroviária diária entre Lisboa e Madrid, que chegará à estação de Chamartin exactamente às 08:58 (hora espanhola). Cerca de 10h de uma excitante viagem para aproveitar e saborear cada momento dos cerca de 660km que (por carro) nos separam da capital espanhola…

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Os Bobos

Isto de se colocar uns maus comediantes a fazer o trabalho dos jornalistas é o sintoma de que algo vai mal. O Raposo fala-nos nos comentadores encartados que só emitem opiniões inócuas porque "vai-se lá saber quem vai ganhar isto". Sujeitar em plena campanha eleitoral os candidatos ao tratamento simpático e inconsequente de um programa de humor, revela ainda outra coisa: a crítica só é permitida aos bobos da corte. A todos os outros convém recordar que o respeitinho é muito bonito de se ver e ainda mais de praticar (Manuela Moura Guedes e Fernando Charrua que o digam). Portanto, se querem discutir política sem efeitos colaterais, o melhor a fazer é fazê-lo em jeito de piadinha respeitosa.

Quando eu for grande

Quando eu for grande quero ser um comentador independente. Quero fugir à caracterização da falta de propostas e trocá-las pela seriedade e genuinidade invocada pelo candidato. Não quero abordar a coerência ou a substância do discurso preferindo abordar a sua telegenia. Quero manter-me no centro reforçando a ideia do empate para não hostilizar demasiado alguém que pode ainda vir a mandar. Quero evitar que alguém pense que eu até tenho uma opinião.

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Nada a esmiuçar


Não gostei nada do novo programa dos «Gato Fedorento». Aquilo não é nada: não é humor, não é política, não é jornalismo. A entrevista com Sócrates foi confragedora: nunca se vira antes tamanho apetite por aprovação mútua. Tudo postiço, tudo de plástico. Pão e Circo, meus senhores.

sábado, setembro 12, 2009

E a nova padeira de Aljubarrota tem alguma coisa a dizer desta notícia?

O resultado

Há algumas coisas que saltam à vista neste debate. A primeira é logo que faltou a discussão de inúmeros assuntos de dizem respeito ao país e aos portugueses.
Nem por uma vez se falou de Política externa (à excepção daquele disparate espanhol) e nomeadamente do papel de Portugal na Europa cada vez mais alargada a leste, nem como cada um dos candidatos pensa a Lusofonia. Ficámos sem saber que ideia têm sobre a defesa nacional e a participação de tropas portuguesas em missões no estrangeiro. A segurança interna e o clima de insegurança não foram abordados e a justiça falou-se pelas razões erradas. Politica de costumes, que aparentemente tem feito correr tanta tinta, também não se falou nada, entre outros assuntos.
Para além disso não se falou de forma clara e esclarecedora de educação, saúde e investimento público.
A segunda é sobre os papéis que ambos desempenharam neste debate. Sócrates falou do que fez, e o que disse corresponde realmente a políticas que realmente fez, tenhamos que opinião tivermos sobre elas, e Manuela Ferreira Leite teve de defender-se em relação ao seu passado, à sua coerência e aos apontamentos nebulosos que possui no seu programa.
Quer se queira quer não, Sócrates jogou ao ataque e Ferreira Leite teve de estar constantemente a defender-se. Por isso o debate correu melhor a Sócrates, ainda que provavelmente não mude as intenções de votos já definidas.
O que não ficámos a saber neste debate é o que pretendem fazer para o futuro à excepção de uma ou duas notas de rodapé. Esta situação é mais dramática para Ferreira Leite que para Sócrates porque se os portugueses precisarem de saber o que pretendem para o futuro, podem tentar procurar as linhas programáticas de ambos e vão ter mais dificuldades em entender e compreender o programa do PSD.
Venha daí a campanha...

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Será?

Pode um debate de uma hora, com o tipo de regras particularmente restritivas que temos assistido, mudar a opinião de algum português que possa ainda estar indeciso em relação a quem votar?

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sexta-feira, setembro 04, 2009

A Clientela

O debate Louçã X Jerónimo não interessava a ninguém e a começar pelos próprios. Naturalmente, a mentalidade ali era a de que um empate chega. O BE e o PCP não estão interessados numa guerra fraticida porque têm consciência de que a margem de progressão de cada um deles não poderá ir muito além da actual. A questão é outra: quem será a noiva escolhida de Sócrates? Bloquistas ou comunistas? Não me parece que Portas seja uma noiva elegível porque ninguém estará disposto a casar-se com um cadáver político e o casamento de estado com Ferreira Leite nunca acontecerá por um motivo muito simples: não existem lugares suficientes para os boys laranja e rosa. É por esse motivo que o Bloco Central nunca virá a ser reeditado. Portugal pura e simplesmente não tem dimensão para absorver a clientela dos dois maiores partidos no poder em simultâneo. E todos estão bem cientes disso...

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quinta-feira, setembro 03, 2009

Vou ali e já volto

Ainda queria falar sobre a RAVE e o panfleto, mas parece que só há espaço a quem pretende ver defeitos, e além disso já é uma notícia com quase três dias. Já ninguém quer saber disso.
Lamento profundamente não estar por cá para ver a maior parte dos debates, e dar a minha achega às coisas bonitas que ainda vamos assistir, mas assim que soube que a Fátinha e o Prós e Contras iam voltar, tive de tomar a única decisão possível. Sair do país.
Portanto nos próximos tempos vou estar pelas zonas do mapa (todo catita) que ficou aqui por cima e deixo a barraca entregue ao Pedro e ao David.
Até já.

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Você decide

Esta campanha afinal é capaz de ser mais divertida do que se pensava. A julgar pela sucessão de momentos “ diz que disse, mas não disse” o resultado pode tornar-se imprevisível.
Só alguém com um macabro sentido de humor pode achar que a saída de Manuela Moura Guedes da TVI serve os interesses do PS e de José Sócrates a três semanas das eleições.
Claro que não serve, tal como não serviria em altura nenhuma, depois do primeiro-ministro ter acusado directamente a jornalista de ser uma travesti (algo que todos sempre desconfiámos).
Mas a verdade é que se tivesse havido alguma pressão para a sua saída, ela teria sido melhor jogada em Junho ou antes, e agora já ninguém se lembraria do assunto porque temos todos memória muito curta.
Agora, reconhecerão todos os grandes estrategas da Blogosfera, todos os grandes conspiradores que por ai andam, que Sócrates pode ser muita coisa, mas estúpido não é uma das suas principais características, e a Prisa ter tido esta brilhante ideia de pôr a andar a senhora nesta altura não é propriamente algo que ajude Sócrates. Antes pelo contrário.
Mas vejamos o seguinte. A jornalista parece ter vindo ao longo dos últimos dias a fazer uma declarações sobre a sua entidade patronal meio estranhas, como por exemplo “'Só se fossem muito estúpidos é que me tiravam do ar!” o que de certa forma faz crer que a jornalista tinha conhecimento que isso podia acontecer. Ora como justificação para a saída (hoje) revela a existência de caixas (nº não determinado) com peças (nº não determinado) com factos novos sobre o Freeport ( o que mais poderia ser)que contradizem a investigação aparentemente quase concluída do MP.
Ora pergunto eu. É mau pôr a andar uma jornalista polémica e incómoda, embora ninguém se queira comprometer com o seu tipo de jornalismo, a três meses de uma eleição legislativa? Sim, é. O valor liberdade de expressão é um valor superior à qualidade (neste caso miserável) do trabalho de um jornalista, pelo que a tentativa de manipular uma redacção pelo administração é inaceitável em democracia.
É mau uma determinada jornalista e uma direcção de informação, ter dados para apresentar sobre um determinado processo judicial, fundamentais à interpretação pelo publico da intervenção nesse processo de algumas figuras publicas, entre as quais o primeiro-ministro, e apenas o quererem fazer quando apresentado por uma determinada jornalista num determinado dia da semana que por acaso coincide com um prazo de três semanas até uma eleição legislativa? Sim, é. É uma manipulação da informação para servir obscuros intentos políticos e influenciar os resultados eleitorais, o que é inaceitável em democracia.

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As duas primeiras rondas

Mas que bem que o Paulo Portas ficava ao PSD. Deve ter havido algum problema na sua hábil e amplamente conhecida estratégia política que o fez ficar-se pelo CDS quando poderia perfeitamente chegar mais longe no PSD.
Não digo isto por concordar de alguma forma com Portas, mas o CDS ocupa o espaço político que por essa Europa fora é representado pela direita democrata cristão que geralmente disputa o poder directamente com os partidos socialistas de centro esquerda. É essa direita que representa uma visão contrária de sociedade à preconizada pelos partidos socialistas e isso ficou bem claro no debate de ontem. Aliás não é preciso ir muito longe, basta olhar aqui para Espanha para perceber a que família política o Partido Popular espanhol pertence, muito embora o PSD se tente colar ao PP muitas vezes. Esse espaço político em Portugal conta com o CDS-PP, mas está tapado pelo PSD que muitas vezes flutua entre a esquerda e a direita conforme os ciclos políticos em que se encontre.
Um PSD com Portas, ou um CDS com o espaço que os partidos desse espectro têm na Europa, seria potenciador de uma bipolarização da politica nacional em duas áreas bem claras e iria facilitar a escolha do eleitorado em dois blocos distintos, o que necessariamente não invalida que votassem noutros partidos à esquerda ou à direita dos principais.
De qualquer forma o debate foi o que se esperava. Curto e vazio de particular conteúdo esclarecedor.
Portas e Sócrates são inconciliáveis em qualquer aspecto. Têm prioridades totalmente distintas e logo não querem falar sobre as mesmas coisas, por isso não é possível avaliar concretamente a opinião de cada um sobre matérias em concreto porque o foco não é o mesmo.
Quanto ao formato encontrou-se a pior das soluções. De três passámos a dez e perdeu-se o carácter decisivo da maioria deles. Embora possa haver algum interesse em ver alguns dos debates, nomeadamente o ultimo, o tempo é muito escasso, o modelo intervenção e réplica é limitado e muita coisa vai ficar por esclarecer.
Aliás a provar isso o debate de hoje entre Louçã e Jerónimo foi uma missa de corpo presente. Sócrates foi velado pelos dois como se na realidade ambos não disputassem o mesmíssimo eleitorado e como se nada objectivamente os separasse.

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quarta-feira, setembro 02, 2009

Sócrates e os professores (contratados)

«Sócrates diz que fará tudo para melhorar a relação com professores se voltar a ser eleito».

Bom, para começar, ajudaria evitar fanfarronices como o anúncio da colocação de cerca de 37 mil professores na segunda fase. É que este número diz respeito sobretudo a contratações, isto é, como na primeira fase muito poucos entraram nos quadros (houve grupos disciplinares com zero vagas...), estes 37 mil vêm preencher as vagas que não foram abertas a devido tempo. Recorde-se que a partir da segunda fase deveriam ser consideradas apenas as necessidades transitórias e contingentes do sistema. Ora, representarão estes milhares de professores apenas uma necessidade pontual das escolas? Claro que não, até porque o ME abriu a possibilidade de estender por quatro anos o contrato até novo concurso. Na prática, trata-se de um estratagema para cortar na despesa com os vencimentos com o corpo docente, prejudicando os professores mais jovens que assim ganham bem menos para garantir os vencimentos dos professores do quadro. A tal "estabilidade" faz-se à custa desta espécie dumping airosamente ignorado tanto pelo ME como pelos sindicatos.