Dolo Eventual

David Afonso
[Porto]
Pedro Santos Cardoso
[Aveiro/Viseu]
José Raposo
[Lisboa]
Graça Bandola Cardoso
[Aveiro]


Se a realização de uma tempestade for por nós representada como consequência possí­vel dos nossos textos,
conformar-nos-emos com aquela realização.


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Para uma leitura facilitada, consulte o blogue Grandes Dramas Judiciários

Visite o nosso blogue metafísico: Sísifo e o trabalho sem esperança

O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais para rotundas@gmail.com


Para uma leitura facilitada, consulte o blogue As Mais Belas Rotundas de Portugal


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quinta-feira, junho 30, 2005

Algures No Futuro, Numa Estação De Comboios-Magnéticos, Às 18 Horas

Dois homens suspeitos conversam: «Tens aí o produto?» «Mais baixo, Tó Zé, dás muita bandeira...» «Mas tens ou não?» «Tenho, calma, e do bom.» Tó Zé esfrega as mãos e olha para os lados. «Tá aqui.» Tó Zé cheira o material. «Está um pouco húmido...» «Tás cego, ou quê?!, não encontras tabaco melhor que esse em mais parte nenhuma!»

quarta-feira, junho 29, 2005

O Diagnóstico

O que têm em comum o Estado português e as crianças portuguesas?
Tecido adiposo.

Sempre Genial, a Igreja

A Conferência Episcopal, ladrando sobre a disciplina de Educação Sexual: "O respeito pelos alunos não permite a utilização de jogos e de outras estratégias, como o desempenho de papéis, que excitam a imaginação e exploram sensações de forma manipulatória, ferindo a sensibilidade e a dignidade dos alunos, e não respeitando a sua intimidade e pudor". Por outro lado, "tão-pouco se poderão considerar como padrão comportamentos evidenciados por minorias, tal como o que respeita às relações sexuais praticadas por adolescentes". Isto porque "a educação da sexualidade não se resume a mera informação sobre os mecanismos corporais e reprodutores com vista a prevenir o contágio de doenças e o surgimento de gravidezes indesejadas". Esta perspectiva "deturpa o sentido da sexualidade, isolando-a da dimensão do amor e dos valores, e abre caminho à vivência da liberdade sem responsabilidade, pela ausência de critérios éticos, e à aceitação, por igual, de múltiplas manifestações da sexualidade, desde o auto-erotismo, à homossexualidade e às relações corporais sem dimensão espiritual porque o amor e o compromisso estão ausentes".
Felizmente a Igreja ainda ladra, mas já não morde. O grande problema dos bispos é falta de sexo. FMS disse hoje, n'O Acidental, que este país anda a precisar que o levem às putas. Eu acrescento que a Igreja também.

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terça-feira, junho 28, 2005

Algures No Futuro, Numa Paragem De Autocarros-Voadores, às 15 Horas

«Por obséquio, a senhora quer fazer amor comigo?» «Com certeza, faça favor!» «Levante só a saia, sim?» «Com licença» «Ai ui ai ui ai ui ai ui ahhhhhh!...» «Muito agradecido. O seu nome?» «Marta Pereira.» «José Sousa, prazer.» «Olhe, vem aí o meu autocarro-voador.» «Ah, vai no 46? Eu vou no 23. Adeus!» «Adeus!»

Continuamos Distraídos

Continuamos à espera dos preciosos comentários dos caros leitores à Lei do Financiamento dos Partidos e das Campanhas Eleitorais. Não se acanhe.

segunda-feira, junho 27, 2005

Credibilidade Esvoaçante

A agência internacional de notação financeira S&P baixou o rating de longo prazo da República Portuguesa, devido à "deterioração fiscal", passando de "AA" para "AA-". Admiro-me é ter estado em "AA".

Reabilitação Poética de Alberto João

Álvaro de Campos precursor de Alberto João? Afinal de contas a coisa é apenas uma personagem política criada por um sensível literato...

A Faculdade De Piorar

Mudam-se os tempos duma velha cantiga que vai piorando...
Como pode Portugal ter artistas?
Há já quase 100 anos, Portugal conseguia pôr pessoas lúcidas e serenas como Pessoa a escrever:

Ora porra!
Então a imprensa portuguesa é
que é a imprensa portuguesa?
Então é esta merda que temos
que beber com os olhos?
Filhos da puta! Não, que nem
há puta que os parisse.

Álvaro de Campos

Hoje, até os políticos falam assim. Como se entre eles houvesse grandes poetas...

Se a coisa já era assim há 100 anos, hoje nem um heterónimo a Bukowski consegue dar conta da situação...
É que não vamos de mal a pior, temos autênticas instituições de ensino superior para a faculdade de piorar.

domingo, junho 26, 2005

Far West da Europa

Cruz Silva: o pequeno baronete do PSD/Águeda; o temível cacique local que tinha a fama de fazer/desfazer carreiras políticas dentro da sua coutada; o criador de Castro Azevedo (Presidente da C.M. Águeda); o dono da Unicola; o prestigiado deputado à Assembleia da República; o Silva dos Leitões! Este personagem dos bastidores da nossa “democracia” local é um dos principais envolvidos no processo de peculato e falsificação de documentos que terá lesado a autarquia da sua própria criatura política em mais de 250 mil euros, através de um esquema de compras e vendas fictícias. Pelo meio ainda há lugar para a Arsol, empresa do presidente da Junta de Freguesia de S.J. da Madeira. De quando em quando dão-se estes afloramentos da porcaria gerada pelos pequenos poderes locais. É um fenómeno interpartidário e até extrapartidário. As estratégias de enriquecimento e de conservação do poder à escala local não terão mudado muito nos últimos duzentos anos. De um modo geral, não passarão de esquemas mais ou menos toscos e pouco ou nada sofisticados. O seu sucesso decorre não da inteligência com que são desenhados, nem do seu secretismo (são sempre do domínio público: existe sempre a empresa do cunhado pronta a colaborar com a autarquia a bem do interesse do progresso da terra...). O seu sucesso decorre, por um lado, do facto de usufruírem da complacência geral - de todos nós - que vai aceitando com toda a naturalidade que estas coisas aconteçam e se reproduzam de geração em geração, contando que sobre alguma coisa para o nosso lado (um emprego, um concurso, um subsídio, um contrato, enfim...). Por outro lado, os partidos políticos vieram a estabelecer uma relação de simbiose com esta realidade que lhes preexistia (a nível local, do salazarismo – já para não falar do século XIX - ao pós-25 de Abril as diferenças são muito poucas; enfim, quanto muito dá-se uma verdadeira democratização na... corrupção; mas não sei se repararam que as elites locais são exactamente as mesmas!). Os partidos protegem esta realidade, dando-lhe uma máscara institucional e de respeitabilidade (quem não se lembra do deputado Cruz Silva entrincheirado no grupo parlamentar do PSD?), recebendo em troca o financiamento necessário à sua sobrevivência, nomeadamente o financiamento das campanhas eleitorais. Ninguém ficaria verdadeiramente surpreendido se se viesse a descobrir que parte desses 250 mil euros se destinassem a subsidiar actividades partidárias. Nada de novo no Far West da Europa.

sábado, junho 25, 2005

Portugal, Portugal...

Ainda estou a padecer da noite de S. João. O meu cérebro parece se ter transformado em pura gelatina de mão de vaca. O meu fígado está mais encolhido do que uma ervilha. Os meus dedos tremem descontroladamente, como se tivessem vida própria. Os meus olhos estão mais baços do que as finanças dos partidos. Albarran foi preso. A minha mulher ainda é a minha mulher. Mas creio que sobreviverei. Amanhã terão mais notícias minhas. Espero. Entretanto, por não ter força suficiente para activar uma sinapse sequer, deixo-vos com um textozinho publicado no O Jornal do Povo (um periódico cartista do Porto oitocentista) no magnifíco dia 17 de Maio de 1853. Parece-me que os nossos neo-liberais que enxameiam a blogosfera poderão simpatizar com este corajoso cronista que assina simplemente “Y”.

«Para se poder avaliar entre nós, as tendencias para os estudos sociais, para os melhoramentos publicos, para o desinvolvimento economico, basta avaliar uma expressão de que usa por ahi quasi toda a gente. Se o governo não faz nada! E com isto a priguiça pretende justificar-se, a indolencia talvez requeira um altar, e o desleixo a apotheose.
O governo póde ser menos util aos interesses nacionaes, sendo pouco escrupuloso na gerencia financeira, pode prejudicar o commercio pondo-lhe pêas e embaraços, pode arruinar muitas especulações lucrativas pelo arbitrio das suas concessões; porém quando se goza de uma completa liberdade de acção, e associação, quando por todos são conhecidas as regras que se devem seguir, que não se teme o poder absoluto, nem violencias de qualquer natureza, exigir que o governo representante mais vezes que as suas tendencias, é não só uma utopia visivel, mas também uma apostasia de principios!
Se vós estaes continuamente censurando o governo pelo pretendido abuso de poder, por transpor os limites das suas attribuições, por invadir a esphera onde imperam outros potentados, como pedis providencias extraordinarias para qualquer assumpto que devia estar ao alcance da vossa intelligencia?
Fallamos com o Portuguez
[1]. [...] Pois que, estadistas tam consumados, criticos tam severos, pedagogos tam eloquentes, pedem providencias ao governo sobre o augmento de salario dos operarios agricolas, e sobre a emigração dos trabalhadores para o caminho de ferro? Provaes então que as vossas aspirações são realmentebem pouca cousa, ides pedir conselho ao ministro para depois censurardes a medida? Ou pretendeis que os vossos adversarios tenham a sinceridade de acceitar a vossa simpleza?
Pedis providencias que obstem ao augmento do preço do trabalho? Primeira tolice, ou primeiro absurdo. Não sabeis que o governo não modifica as leis da offerta e da procura? Como se hade decretar trabalho onde não ha nada a fazer, ou prohibir que se trabalhe onde ha muito que fazer? O governo deve ser o director, e o gerente dos industriaes agricultores ou manifactores?
Pode governo rasoavelmente invadir a mais sancta, e a mais sagrada das propriedades, a propriedade do trabalho? Pedis indemnisacções para os usurarios, e prepotencias para os obreiros, eis aqui o que valem as vossas declamações. [...]
Pedis que o governo mande buscar galegos, que o trabalho é bom, e barato!! Se estivesseis sentados nas cathedrais ministeriaes, dois vapores, patrocinariam os interesses da propriedade! A lei da offerta, seria uma quimera, e o interesse dos operarios um padrão que deveria ser aferido pela vossa craveira! Talvez ignoraes que ha uma emigração constante de portuguezes para trabalhos agricolas da provincia da Andaluzia. – Se o soubesseis pedirieis de carto a prohibição da emigração, appresentando-nos uma nova reforma do edicto francez de 8 de Novembro de 1791?
Não é assim que se tem em conta os interesses da propriedade. Não é com a tyrannia, nem com as providencias stultas, e requisições de pouco bom senso, que se anullam as leis economicas, ou se evitam as circuntancias especiaes em que se encontra collocado qualquer paiz. [...]
O trabalho é como o dinheiro, são capitaes que affluem, onde ha interesse, e onde podem ser empregados lucrativamente. É este o principio que determina as emigrações, e não ha outros motivos em que ella se justifique.»

Não sendo um texto brilhante, é, contudo, ilustrativo de um país congelado. Mudam-se as circunstâncias, mudam-se os protagonistas, mudam-se os tempos, mas é sempre a mesma velha cantiga: um país em que o estado cresce como um cancro. Na verdade, nenhum português é, por definição, liberal. Podem brincar aos liberais, mas serão sempre eternos afilhados do estado. Em 150 anos o estado cresceu mais que o próprio país. O pior é que nos cresceu por dentro, pela consciência adentro.

[1] Outro periódico...

sexta-feira, junho 24, 2005

Ai, Portugal...

«Quantas secretárias tens?» «Tenho três.» «Mentiroso! Tens dezassete!» «E por que é que mudaste de secretárias?» «Com as de Santana Lopes é que não ia ficar!» «Mas está aqui nos despachos de nomeação, tens dezassete!» «Não tenho nada dezassete!» «Estúpido!» «Anão!» «Parvo!» «Caixa d'óculos!»

quinta-feira, junho 23, 2005

Controvérsia Doutrinal

«Uma cerveja, por favor»; «Preta?», pergunta o empregado.
Nunca ninguém diz castanha, azul, turquesa. Parece que há unanimidade quanto à «preta». Porém, fora do campo da preta, a doutrina divide-se. Para uns, é branca. Para outros, é amarela.

Os Sem-Papas-Na-Língua

Sílvio Berlusconi (que eu não tenho a mínima dúvida de que, se o conhecesse, seria um grande amigo de Alberto João Jardim), provocou mais uma vez mal-estar com as suas declarações. Segundo o Público, terá afirmado: "Usei todas as minhas qualidades de playboy para convencer Halonen [a Presidente da Finlândia] de que a Agência Alimentar da UE deveria ser presidida pela Itália e não pela Finlândia".

quarta-feira, junho 22, 2005

Deus, o Fiador

Há pouco saí de casa e uma senhora dizia a outra: "Se eu não puder pagar, que Deus lhe pague!". Deus, garante pessoal das dívidas de outrem? Deus fiador? Haverá o benefício da excussão prévia?

Comunicado

Está decidido. Vou abandonar o meu velhinho 'Pedro Nuno' com que assino os posts. A minha vida divide-se agora em duas partes: antes e depois de assinar 'Pedro Nuno'. Serei um Pedro com cabeça de Jano: ora em diante passarei a postar como Pedro Santos Cardoso.

Torradas Fantasporto

Parece que neste site de vendas por leilão estão à venda torradas com a face de Michael Jackson, com os dizeres "not guilty". Segundo consta, as torradas saltaram inadvertida e espontaneamente da torradeira antes do veredicto do júri. A base de licitação era de 1 dólar e, após 35 lances (até este momento), a oferta já se encontra em 122,5 dólares. Fantástico.
É pena o autor do leilão não pôr à venda também a torradeira. Assim, poderia esta ser adquirida por um português, o que pouparia o esforço do tribunal em decidir no julgamento de Carlos Cruz. Mas... será que as torradas estariam escritas em inglês ou em português?
PS: Como só falta 1 dia e 8 horas para o fecho do leilão, despachem-se a ver...

Para Os Menos Distraídos 2

Já agora: alguém sabe como se processa e regulamenta o financiamento dos partidos nos outros países? Se tropeçar nessa informação, faça-a chegar ao Dolo Eventual.

Para Os Menos Distraídos

1. Para quem não conhece a Lei do Financiamento dos Partidos Políticos e das Campanhas Eleitorais pode ver aqui. Informação preciosa não só para si, caro cidadão eleitor e contribuinte, mas também para todas as organizações partidárias que parecem desconhecer a dita lei.
2. Lei é Lei, mas esta tem demasiados defeitos. Descubra quais e faça propostas. Aguardamos os vossos contributos.

Andámos Distraídos...

Mesmer nunca poderia ter imaginado a magnitude da sua descoberta – o poder da distracção.

A distracção propaga-se e paga-se. Alguns nem precisam de ser distraídos para estarem distraídos, há aqueles que têm a distracção no sangue – situam-se no plano do ruído de fundo, ainda há aqueles que se distraem a si próprios porque eu, eu e eu... e eu ensino-te a distraíres-te – é verdade que para isso não é preciso muito. Depois, temos todos aqueles que ainda vão atrás da cenoura, para não falar dos que têm a cenoura dentro da cabeça, estes têm a faculdade de projecção. Outros seguem uma estrela polar (porque não há só uma) por ela saber para onde vai. Também se perdeu a conta daqueles que passaram para lá do pêndulo, olhos fixos no reflexo do relógio que baloiça. Olha-se para um lado e vai-se para outro, pensa-se numa coisa e faz-se outra ou não se pensa. E quantos não sucumbem ou sucumbiram ao canto das sereias ou olhar das medusas e vampiros... Os monstros, os maiores monstros têm grandes poderes de sedução, conhecem a arte da paralisia. Existem também os seres celestiais – os que não estão cá, que têm a cabeça no ar, os que estão nas nuvens ou na lua. Para não falar nos mortos que estão no céu.
O que se passa à nossa volta não é pretexto para distracções, qualquer movimento serve para adormecer e prolongar o sono. Mas atenção! Nem tudo na distracção é maligno, nem todas as distracções são nefastas... Temos uma tensão na atenção, toca a distrair das distracções...

terça-feira, junho 21, 2005

A Greve e os Sindicatos

1. Quando abordei pela primeira vez este tema tinha concluido que estaríamos perante uma enorme inépcia política por parte do governo, dado que a «requisição civil» de professores parecia um acto gratuito, de tal modo desproporcionado que estaria a criar um problema, onde apenas havia um contratempo. Ora, hoje vejo as coisas de maneira bem diferente. Acho que se tratou de um acto de grande estratégia política. É que sendo o confronto com os sindicatos inevitável, o melhor a fazer seria antecipar esse confronto já para este mês de Junho em vez de o deixar para Setembro. Como a reacção dos sindicatos da educação é previsível, ou seja, a greve, o governo puxou-os para um terreno que lhe é muito favorável. A greve a exames suscita de imediato a repulsa por parte das famílias e generalidade da opinião pública e esta base de conforto para o governo permite-lhe subir o tom do confronto. Se os dirigentes sindicais fossem inteligentes, teriam percebido que a greve aos exames é um tiro no pé da sua credibilidade. Apesar da revolta dos professores ser, em alguns aspectos, justa, os sindicatos não têm mãozinhas para tocar a guitarra.

2. Um outro problema é o da real representatividade dos sindicatos. Sabemos que existem demasiados e que o nível de associados tem vindo a decrescer. De resto, é uma situação comum a vários sectores. Na educação a influência dos sindicatos é sustentada pelo próprio ministério. Como existe uma excessiva centralização dos serviços, bem como uma incapacidade de comunicar e esclarecer as pessoas (não apenas os professores...), quando o professor se depara com qualquer dúvida, vai procurar informações e esclarecimentos não junto da tutela - o que seria natural e desejável - mas junto dos sindicatos. O resultado é que os sindicatos acabam por desempenhar funções que são próprias da administração, ganhando desse modo um forte ascendente sobre os profissionais do ensino (esta situação torna-se mais evidente durante o período dos concursos). Se o governo estiver interessado em controlar a influência sindical, apenas precisa de tornar os serviços dos ministérios mais eficientes e abertos.

3. Não se julgue que quero mal aos sindicatos. Bem antes pelo contrário! Gostaria que evoluissem e se tornassem algo mais do clubes de associados, que vão reagindo às várias políticas. São apenas uma trincheira corporativa e pouco mais. Para quem tenha dúvidas fica aqui a minha história: em Setembro passado vi-me envolvido no kafkiano processo de colocação de professores; fui de tal maneira prejudicado que lá fui bater à porta de um sindicato (SPN), mais para procurar informações do que para pedir ajuda. Aí tive uma esclarecedora conversa com uma auto-intitulada "colega": entre uma cigarrada e outra, a minha prestável colega informou-me de que se precisasse de ajuda o SPN estava lá mesmo para isso, mas como não era associado para que um simples requerimento à ministra seguisse sob a chancela do dito sindicato teria de pagar antecipadamente 6 meses de cotas! Reparem que eu estava ali na qualidade de desempregado! Epílogo: pelos meus próprios meios preparei a minha exposição e vi o meu problema resolvido bem antes dos meus colegas que tiveram o «apoio» do sindicato.

segunda-feira, junho 20, 2005

A Farsa

Essa farsa, a lei do financiamento dos partidos – a que teimosa e ingenuamente insistimos em chamar de lei – continua a ser desrespeitada por quase todos os partidos. Segundo o Público (18JUN2005), o TC apontou as seguintes irregularidades só no ano de 2002:

PS: infringiu o regime de donativos ao não depositar os donativos pecuniários em contas exclusivas; não tem contabilidade organizada; e não especificou as receitas provenientes das campanhas de angariação de fundos;
PSD: não possui uma conta central do partido e não depositou na íntegra e em contas dedicadas os donativos em dinheiro;
CDS/PP: não apresentou o inventário anual do património imobiliário e mobiliário e outras miudezas;
PCP e BE: não pagaram as despesas superiores a dois salários mínimos mensais por cheque ou outro meio bancário e têm uma organização deficiente da contabilidade.

É chocante a maneira pela qual a lei é constantemente violada pelos próprios partidos políticos, como se uma prática comum e aceitável se tratasse! Mas o que é deveras preocupante é que estas violações detectadas pelo TC (que outras decerto existirão) são sintoma de algo mais do que desorganização, é um sistema informal de financiamento: inexistência de contabilidade credível, recurso a cash, circulação errática dos dinheiros por várias contas, inventários incompletos, etc... são estratégias usualmente utilizadas para limpar o rasto dos dinheiros e iludir a fiscalização sobre a sua verdadeira origem e... destino. A fronteira entre o lícito e o ilícito é muito ténue, permitindo que os partidos sejam alimentados por dinheiros sujos. Isto não é um problema de contabilidade, mas de garantia da democracia! E mesmo que se fosse apenas um problema de contabilidade: porque carga d’água haveríamos nós de confiar o governo da nação as estas organizações que parecem não serem capazes de se governarem a elas próprias?

PS: esqueci-me de um aspecto fundamental: a economia informal autoexclui-se das obrigações fiscais. É todo o país que perde. Vamos combater o déficit! Vamos combater a opacidade das contas dos partidos!

Infelizmente Não Estamos Em Último a Tudo

Lisboa encontra-se a meio da tabela das cidades mais caras do mundo, em 66º lugar. O estudo mede o custo de vida em 144 cidades nos diversos continentes, comparando itens como a habitação, transportes, alimentação, vestuário e entretenimento. Leia.

Os Políticos Estariam Queijo Suíço

Quem representa o Estado não gasta como se o dinheiro fosse seu. Ah, se a responsabilidade política fosse paga não nas urnas, mas em alfinetadas!...

Frase Fresca

"Os "serviços mínimos" não põem em causa o direito à greve; pelo contrário, pressupõe a existência da greve."

O Confronto Mental: Anjinho Bom Vs Anjinho Mau

O meu anjinho mau:
Hoje assinala-se o Dia Internacional do Refugiado. Será que os refugiados ficam especialmente contentes e orgulhosos e exclamam «Ena! Hoje é o meu dia!, vou abrir uma excepção e tomar banho!»? Quando eu era criança e me falavam no Dia Mundial da Criança, não sentia nada de especial. Hoje falam-me do Dia do Não Fumador, e eu continuo a fumar. Sim, muito provavelmente os refugiados não vão tomar banho.
O meu anjinho bom:
Não se brinca com estas coisas, Pedro...

domingo, junho 19, 2005

A Pérola

Mário Machado, nacional-socialista que marcou ponto na manifestação de ontem, disse esta pérola: "Hoje estou vestido com umas calças Levi's, cujos criadores são judeus, mas que têm o corte de calças que eu mais gosto; mas, por exemplo, Benetton, que tem uma campanha muito virada para o multiculturalismo, já não consigo comprar."
Fonte: Revista Pública
Oh, meu caro, se te vestisses, alimentasses, e comprasses seja o que for pautado apenas por critérios de pureza racial morrerias à fome, nu e sem bens. Mas morrer nu ainda pode trazer as suas vantagens, nomeadamente para as moscas e para as larvas que teriam a sua tarefa facilitada quando entrasses em autólise.
PS: Perdoem-me a insistência em postar acerca desta criatura, vou tentar resistir à tentação.

O Testamento

Mário Machado, dirigente da Frente Nacional, disse: "A nacionalidade herda-se, não se compra." Já imagino o de cujus, i.é, aquele que morreu deixando bens, quando em vida, escrevendo no seu testamento: «Deixo a minha nacionalidade para o Rodrigo. Para o meu irmão António, deixo a Lua. Se ainda restarem bens da quota disponível, deixo o oxigénio à minha prima Zulmira.»

Observação De Hoje

As pessoas adoram recomendar-nos o médico deles. Não sei o que ganham com isso, mas gostam imenso de no-lo impingir.
- É bom?
- É o melhor. O meu médico é o melhor.
Não pode haver assim tantos «melhores». Tem de haver alguém que tem as piores notas. Onde estão esses médicos? Haverá alguém algures a dizer a um amigo: «Devias ver o meu médico. É do pior. É o pior que pode haver. Tenhas o que tiveres, ficas pior depois de seres visto por ele. O homem é um autêntico carniceiro.»
E sempre que um amigo nos aconselha um médico diz: «Não te esqueças de dizeres que vens da minha parte.» Porquê? Que diferença faz? Ele é médico. «Ah, você conhece o Bob? Então, está bem. Vou ser um médico como deve ser. Para as outras pessoas costumo ser mais a despachar.»
Linguagem Seinfeld, Jerry Seinfeld, Gradiva

sábado, junho 18, 2005

Convite

Segundo consta no Público, hoje à noite, na Inglaterra, decorre a 9ª [!] Competição Mundial de Degustação de Urtigas, na qual os concorrentes devem comer o maior número de urtigas durante uma hora. O Dolo Eventual convida algumas personalidades nacionais a não faltarem ao evento, tais como Alberto João Jardim (já se sabe porquê), Nuno Melo (pelas suas intervenções recentes na AR), o senhor manifestante que diz ter "orgulho em ser branco" (para provar a hegemonia das bocas lusitanas), José Maria Martins (porque sempre que fala dá-me vontade de rir) e Manuela Moura Guedes (por ser uma forte candidata à vitória).

Há Homens Que Deviam Ser Pintados De Preto

Um dos manifestantes da Frente Nacional afirmou há pouco que tem "orgulho em ser branco". Não vou perder muito tempo com este post, aquela asserção não o merece. Deixo-lhe apenas aqui a pergunta: terá o senhor orgulho em ser néscio, obtuso e ridículo?

Assino Em Baixo

"Em princípio, a manifestação [da Frente Nacional] não é inconstitucional, mas como indicia uma actividade racista organizada, então deve ser proibida." Canotilho considera que este tipo de movimentos "são inconstitucionais e a sua dissolução cabe ao Tribunal Constitucional", numa referência ao artigo 46º número 4 da Constituição, que proíbe a existência de organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista. "Se existe um suporte organizativo, a Frente Nacional não devia existir. E não vejo por que é que as autoridades não fazem nada."
J. J. Gomes Canotilho, Público

Estiveram Quase Lá

O Bartoon, de Luís Afonso, tem hoje a história seguinte:
- Uma equipa de cientistas descobriu um dinossauro em Angola. Até agora, foi o único dinossauro a ser encontrado naquele país.
- O único? Então e o José Eduardo dos Santos?
Luis Afonso esteve muito perto deste post do Dolo Eventual de há dois dias, mas acabou por falhar o alvo por pouco.

Ainda Outra Observação De Última Hora

Há uma coisa que eu não percebo nas pessoas com tendências suicidas. Tentam suicidar-se, por qualquer razão não conseguem morrer, e pronto. Deixam de tentar. Por que é que não continuam a tentar? O que é que mudou? A sua vida terá melhorado? Não, deve ter piorado, porque agora têm mais uma coisa em que falharam.
A minha sugestão é: os comprimidos não funcionam? Experimentem uma corda. Não conseguem pôr o carro a trabalhar na garagem? Mandem afinar o motor. Não há nada mais compensador do que atingir um objectivo que fixámos para nós próprios.
Linguagem Seinfeld, Jerry Seinfeld

Mais Uma Observação De Última Hora

Todas as noites na televisão vemos pessoas a irem para a prisão. Sempre que estão a prender um terrorista, um louco, um assassino em série, o tipo tapa sempre a cara com um jornal, com um casaco ou com um chapéu.
Que reputação terá aquele homem para ter de se preocupar com a possibilidade de aquela exposição manchar o seu bom nome? Estará prestes a ser promovido no emprego ou coisa do género? Terá medo que o patrão o veja na televisão e diga: «Aquele não é o Jonhson das vendas? Estava naquela torre do relógio a abater as pessoas uma a uma. Não sei se será o tipo de pessoa indicada para dirigir a nova sucursal. Acho que é melhor pô-lo nas cobranças.»
Linguagem Seinfeld, Jerry Seinfeld, Gradiva

sexta-feira, junho 17, 2005

O Número De Vezes Que Já Me Fizeram a Pergunta «O Que é Dolo Eventual?» Ultrapassou Os Limites Do Razoável

Artigo 14º número 3 do Código Penal:
«Quando a realização de um facto que preenche um tipo de crime for representada como consequência possível da conduta, há dolo [eventual] se o agente actuar conformando-se com aquela realização.»
Para esclarecimentos jurídicos adicionais, estou ainda à espera que as questões que me sejam colocadas ultrapassem outrossim, em número, os limites da razoabilidade. Aí escreverei outro post.

Falando De Álvaro Cunhal...

"Nenhum democrata lhe tem de agradecer coisa alguma."
Vasco Pulido Valente, Público

Cinco Anos Depois Do Ano 2000...

Uma freira de 23 anos, após ter sido alvo de tortura, foi assassinada e crucificada num mosteiro ortodoxo por um padre e quatro freiras, que a julgavam possuída pelo demónio. Aconteceu ontem, na Roménia. Por um padre e quatro freiras! Imaginar o serviço a ser feito por um grupo de funcionários públicos despromovidos, ou mesmo por Alfredo Pequito a si próprio, ainda vá que não vá...

Era Da Maneira Que Se Acabava Com Aquele Ditado Imbecil «Há Mar e Mar, Há Ir e Voltar»

«As praias portuguesas estão mais seguras. Quem o garante é António Costa, ministro da Administração Interna. A operação "Verão Seguro" decidiu colocar armadilhas para urso e minas antipessoais no areal das praias mais concorridas. "Deste modo, nenhum criminoso escapa", assegurou Costa.»
Inimigo Público

Observação De Última Hora

Podemos medir a distância através do tempo.
- A que distância fica aquele lugar?
- A uns vinte minutos.
Mas ao contrário não funciona.
- A que horas saímos do trabalho?
- Daqui a cinco quilómetros.
Linguagem Seinfeld, Jerry Seinfeld, Gradiva

Devem Ser Palavras Muito Feias

«Palavras como "democracia", "liberdade", "direitos humanos", "comunismo", "socialismo", "capitalismo", "independência de Taiwan", "Tibete", "Dalai Lama", "Tiananmen" e "Falun Gong" estão a ser censuradas nos blogues chineses. Essa censura resulta de uma colaboração entre a empresa americana Microsoft e as autoridades da República Popular da China.» Aqui.

Mas Que Surpreendente

O Tribunal Constitucional voltou a detectar irregularidades nas contas dos partidos políticos. Aqui.

quinta-feira, junho 16, 2005

Copacabana/Felgueiras

Fátima Felgueiras, «a gaija do saco azul» no dizer de um socialista desencantado, pretende apresentar a sua candidatura à Câmara de Felgueiras. Slogan? «Sempre Presente!» «SEMPRE PRESENTE!!!!». Ah! Como é bela a vida em Copacabana... Obrigado Fátima por este momento de boa disposição. Beijos!

Para Quem Ainda Não Leu

Tratado Constitucional Europeu: aqui.

E Esperemos Que o Bebé De Manuel Não Venha a Ter Uma Pasta Importante Na CML

"E desiludam-se: eu vou em frente, com a minha família e todos os meus, por uma Lisboa com projecto. Como alguém disse, e bem: habituem-se!"
Manuel Maria Carrilho no Público.

Mas Alberto João Jardim Não Está Vivo Ainda?

Uma expedição realizada em Maio deste ano por investigadores portugueses e angolanos, que durou quinze dias, encontrou os primeiros ossos de dinossauro em Angola.

Esperemos Que As Fisgas e Os Paus Estejam Operacionais

Segundo o Público, o Ministro da Defesa prometeu ontem "todo o apoio" de Portugal ao desenvolvimento da força de resposta rápida (NRF) da NATO.

É Só Isto Que Manuel Monteiro Tem Para Propôr?

Manuel Monteiro pretende agora penas mais pesadas para os imigrantes. O seu populismo de ocasião, felizmente, tem um eco proporcional à projecção do Partido da Nova Democracia.

Mais Um Bebé Na Incubadora

O Tratado Constitucional da União Europeia não está morto: está numa incubadora, nado prematuro, e os irmãos mais velhos sussurram-lhe ao ouvido para que aguente umas horas vivo que o médico há-de estar quase a chegar.

Elogio Fúnebre

"Em Portugal, todos os mortos são bons."
Pacheco Pereira, Quadratura do Círculo

De Mal a Pior

Preocupante.

Um Verão Quente?

Aproxima-se um Verão Quente na Educação e talvez não só... O Ministério acabou de notificar as escolas com uma espécie de "Requisição Civil", convocando todos os professores para se apresentarem ao serviço pelas 08:30 nos dias 17 e 22, para os quais vários sindicatos haviam já feito um pré-aviso de greve. Isto promete.
A medida, musculada e inédita, não visa a resolução de qualquer problema mas apenas tão só exercitar a arma da demagogia que este governo tem vindo a ensaiar em outras circunstâncias. O PS tem dado sinais de estar à beira de entrar numa espiral de populismo preocupante e esta falsa “requisição civil” é apenas mais um sintoma disso. Tenho sérias dúvidas sobre a sua legalidade e legitimidade, mas sobre isso aguardo que os juristas se pronunciem. O que é certo é que se trata de um castigo e nada mais do que isso. Obrigando todos os professores, incluindo os grevistas, a marcarem presença na escola, não pretenderá decerto garantir a realização dos exames, porque para tal outras soluções mais inteligentes e ajustadas existiriam. No meio do entusiasmo autoritarista esqueceu-se de que professores há que não devem sequer estar na escola, como é o caso dos que leccionam a disciplina que vai ser sujeita a exame nesse dia, e outros há que não podem, como é o caso dos professores do ensino recorrente que estão de serviço até às 23:20. Por outro lado, este tipo de atitude só vem a agravar a situação, funcionando como um catalisador do descontentamento docente. A verdade é que, de um modo geral, não havia uma predisposição para aderir à greve. Agora a motivação dos docentes é bem outra e os números da greve talvez venham a ser bem mais elevados do que nas condições iniciais. O que poderia ter sido um pequeno contratempo transformou-se num problema. No meio disto os únicos que ficam a ganhar são os sindicatos, cada vez mais afastados da realidade, cada vez mais preocupados com a sua própria subsistência. É difícil respeitar um sindicalismo que desbaratou e banalizou a formidável arma da greve. A imaginação e intervenção cívica inteligente já não moram por ali. Também não é preciso. A inépcia política dos sucessivos governos é o seu sustento.

quarta-feira, junho 15, 2005

Bússola Política

Dei com a Bússola Política via Fogo de Prometeu e cá está.
Não é que seja adepto destes rótulos pré-fabricados, mas... vale como entretenimento.
O meu resultado:
Esquerda / Direita: -1.50
Autoritarismo / Libertarianismo: -3.90

Campanha Contra a Sida 2


Uma aranha agindo com dolo eventual.

Campanha Contra a Sida


Um escorpiao agindo com dolo eventual.

Portugal vs Espanha


Recebido via e-mail, autor desconhecido.

terça-feira, junho 14, 2005

A Blogosfera No Seu Pior

Mais um blog infelizmente nascido. Espero que seja um nado morto. Dizem assim num dos seus posts, ao estilo dos restantes:
"Já estamos no ar
Ontem em Carcavelos, Hoje na Quarteira!
Portugal Africano Já!
Nós já avisamos, Portugal vai ser nosso não tenham dúvidas PORTUGUESES de merda. Andaram 500 anos a massacrar-nos, ontem 500 africanos pilharam. Isto é só o começo, porque a crise que se instalou em Portugal também vos vai tocar, chamam-nos para trabalhar e agora que o desemprego nos toca já não servimos para nada?
Revolta Africana Já.
Irmãos Africanos não cessem armas, continuem a Lutar!
Irmandade Negra A LUTAR!
posted by Jamal at 12:14 PM 91 comments
"

Sentido Trágico da Vida

Adeus Álvaro
Adeus Vasco
Adeus Eugénio

Num país de meias-tintas e de troca-tintas, a falta de quem seja capaz de assumir o sentido trágico da vida, de lutar por causas perdidas, é enorme. Vamos sentir a falta dos ombros destes gigantes. Quantos homens conhecemos nós dignos de uma biografia?

Proteste!

Está em curso a recolha de assinaturas para um texto que constesta as obras em curso na Avenida dos Aliados (Porto). Esse texto deverá ser publicado, acompanhado pela lista dos subscritores, como anúncio pago na imprensa diária. O seu teor é o seguinte:
«Vimos manifestar o nosso desacordo pelo modo como está a ser imposta à cidade do Porto, sem consulta pública, uma transformação radical do conjunto Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade, e exprimir o nosso desgosto pela perda patrimonial e descaracterização da cidade que o projecto determina. Apelamos aos poderes públicos, e em particular ao Sr. Presidente da Câmara Municipal do Porto, e ainda ao Sr. Presidente da Comissão Executiva da Metro do Porto, S.A., assim como aos Arquitectos responsáveis pelo projecto de requalificação, para que este seja reconsiderado de modo a que se salvaguarde o património histórico insubstituível e o valor simbólico desta zona da cidade, nomeadamente no que respeita à preservação da calçada portuguesa, das zonas ajardinadas e das magnólias junto à Igreja dos Congregados.»
Quem quiser juntar o seu nome a este manifesto deve contactar o endereço electrónico portoaliados@sapo.pt indicando o seu nome, profissão, e dados do BI (n.º, data de emissão e arquivo). Pode também, se quiser, colaborar na recolha presencial de assinaturas imprimindo o ficheiro em anexo (não incluído para quem recebe esta mensagem através do grupo PNED).

segunda-feira, junho 13, 2005

Haja Paciência Para Este Homem

Disse José Maria Martins no seu blog, no dia 10 de Junho:
"Quo Vadis Portugal?
Temos motivos para estar de luto, carregado.
Mas Esta [*1] Pátria grande, imensamente grande, nunca morrerá, são os políticos que serão substituídos por outros, nacionalistas, patriótas [*2], homens de Estado, que sintam nas veias o correr do sangue lusitano [*3], a circular livremente e que farão de Portugal um Estado maior, sacudindo a pressão de Espanha.
Mais que nunca os portugueses de origem [*4], as famílias portuguesas, que já o eram antes de 1383 e de 1580, serão os arautos e engenheiros da nacionalidade.
E não me acusem de chauvinismo ou de ser reaccionário que não sou [*5], mas se ser Português [*6] verdadeiro, que ama o solo pátrio [*7], que sabe que Espanha foi, é e será o nosso inimigo (...). Vivam os Portugueses [*8], viva D. Afonso Henriques, viva D. Nuno Alvares [*9] Pereira, viva D. João IV, VIVA PORTUGAL!"
[*1] Porquê letra maiúscula?
[*2] «Patriotas» não tem acento no o em português. Apenas em espanhol «patriótas» leva acento no o. Curioso, não?
[*3] Tal como os cavalos.
[*4] Como tu, claro.
[*5] Não, claro que não. Longe de nós pensarmos isso de ti.
[*6] Porquê letra maiúscula?
[*7] Lixeiras a céu aberto incluídas.
[*8] Porquê letra maiúscula?
[*9] Álvares tem acento no a.
Este José Maria Martins sofre.

Benetton: Publicidade, Moralidade e Oportunismo

A Benetton vai sair de Cabeceiras de Basto deixando 500 pessoas no desemprego. Mão de Obra desqualificada e ainda mais barata do que a portuguesa não é difícil de encontrar. Na Roménia, na China ou na Índia há sempre quem esteja à beira da miséria e na disposição de trabalhar em troca do direito à vida. Entretanto, a Benetton vai continuar com as golpadas publicitárias que pretendem despertar a (in)consciência dos pirilampos sociais. O consumo embrulhado em moralidade. Já agora sugiro um tema muito in, muito benettoniano: o desemprego e a exploração social. Aguardo as novas fotos-choque de... Cabeceiras de Basto.

sábado, junho 11, 2005

Fado

1. Uma equipa portuguesa de canoagem e uma japonesa decidiram desafiar-se anualmente, com oito homens cada.
2. Treinaram arduamente. Os japoneses venceram com mais de um quilómetro de vantagem.
3. Depois da derrota, a equipa portuguesa estava desanimada. O Director Geral decidiu que para o ano deveriam ganhar, e para isso reuniu um grupo de trabalho para examinar a questão.
4. Depois de vários estudos, o grupo de trabalho descobriu que a equipa japonesa tinha sete remadores e um capitão. No entanto, a equipa portuguesa só tinha um remador e sete capitães.
5. Face à crise, o Director Geral deu prova de grande sabedoria: contratou uma empresa de auditoria para analisar a estrutura da equipa portuguesa.
6. Após longos meses de trabalho, os especialistas chegaram à conclusão que havia capitães a mais e remadores a menos. Com base no relatório dos especialistas, foi decidido mudar a estrutura da equipa.
8. Haveria agora quatro comandantes, dois supervisores, um chefe de supervisor e um remador.
9. No ano seguinte, os japoneses venceram com dois kilómetros de vantagem.
10. Os responsáveis pela equipa portuguesa decidiram despedir o remador pelos maus resultados no seu trabalho.
11. Neste momento, os mesmos responsáveis estão a ponderar a substituição da canoa.
Recebido via e-mail, de autor desconhecido.

Profissão: Político

"(...) De há muito tempo para cá (...), toda a gente se queixa da qualidade dos políticos. Que não têm profissão, que nunca trabalharam, que não têm independência (económica ou outra), que nasceram e cresceram na baixa intriga dos partidos, que vivem da subserviência e do oportunismo, que roçam a iliteracia. (...) Os políticos (...) não se atrevem a ganhar mais [em termos remuneratórios] com medo do "povo". Como o "povo" os considera uma bando de parasitas (...), tentam não o provocar recebendo abertamente o que deveriam. Desta cobardia, já institucional, derivam três consequências. Primeiro, só a mediocridade aceita um cargo de responsabilidade (...) numa câmara, num parlamento ou no governo por um ordenado comparativamente irrisório. Segundo, os que aceitam, como por exemplo os deputados, tratam com frequência o seu lugar como se fosse uma sinecura inócua. E, terceiro, uma grossa minoria arranja rendimentos laterais, que oscilam entre o legal e o criminoso, para se compensar de um "sacrifício" em que não vêem valor ou dignidade. O ataque do PS aos "privilégios" dos políticos (...) continua a demagogia do costume."

Vasco Pulido Valente, Público, 11.06.2005

sexta-feira, junho 10, 2005

A Miséria Segundo Alberto João

«Deputados aplaudem de pé “insultos” de Jardim a jornalistas.» (Público, 9 de Junho)

1. Alguém será capaz de me explicar porque razão «Filhos da Puta» não é um insulto a título inteiro? As aspas servem para quê?
2. É muito fácil de ganhar a vida assim: basta saber aplaudir. E mesmo assim...
3. Quando a banana não chegar para todos o galho vai estalar...
4. Esta miséria nojenta somos apenas nós, ao vivo e cores. Sim, porque a Madeira é apenas um Portugal em ponto pequeno.

quarta-feira, junho 08, 2005

Teste De Cultura

Pequeno teste para os ávidos da cultura.

1. Qual é a Capital National da Cultura 2005 em Portugal?
2. Assistiu, pensa assistir ou conhece alguém que tenha assistido a algum evento da capital da cultura 2005?
3. Cite um evento de destaque.

Respostas:

"A ministra da Cultura anunciou hoje que o Algarve vai receber, durante a «Faro - Capital Nacional da Cultura 2005», 50 ministros da Cultura europeus, numa iniciativa inserida na comemoração dos 50 anos da convenção cultural europeia.
...
Além dos 5,2 milhões de euros - uma verba do «parco orçamento do Ministério da Cultura» - já previstos para a FCNC, a iniciativa pode ainda a ser dotada de mais um milhão de euros do Plano Operacional da Cultura (POC), lembrou a ministra.

Está prevista, no POC, uma dotação de um milhão de euros para a FCNC, sujeita a aprovação de uma candidatura apresentada pela estrutura de missão apenas na passada quinta-feira."

(Portugal Diário)

ps: Se for a Faro leve uma lupa.

Você É Um Leitor Perigoso?

Os mais perigosos livros dos séculos XIX e XX, segundo os nossos amigos americanos (quem mais?...). Se não os leu ainda vai a tempo, seja um leitor perigoso.

terça-feira, junho 07, 2005

10 Milhões Reféns

O PS, por uma questão de populismo, anunciou que a banca também tem que pagar a crise. João Salgueiro apressou-se a alertar que se o governo aumentasse a carga fiscal sobre os bancos, estes teriam de aumentar as taxas de juro. Só fala assim quem tem 10 milhões reféns.

segunda-feira, junho 06, 2005

Um Lacrau Debaixo Da Pedra

Lido do «Mercado Imobiliário – Orgão Oficial dos Mediadores Imobiliários» (edição norte), embutido no Público de 25 de Maio:"Reis Campos [novo presidente da AICCOPN] refere ser necessário que a legislação deve ser feita de modo a que a SRU possa acelerar os despejos. «Pode-se criar um problema social, mas é o Estado quem tem de resolver essa questão.»"
Moral da Estória: O lucro é meu a despesa é de todos. Ah... O Estado... O Estado...

domingo, junho 05, 2005

O Não

A Europa enfiou os pés pelas mãos com esta história da constituição europeia. É difícil imaginar um processo mais disparatado do que este: 1º) foi forjada por um punhado de “sábios”, longe do jogo/jugo incómodo da democracia; 2º) a sua ratificação coincide com o processo de alargamento mais delicado de sempre e que mais receios desperta na velha Europa balofa; 3º) também não ajuda nada fazer referendos desta natureza em contextos de recessão económica, dado que o voto popular acabará sempre por ser um voto de protesto; 4º) o itinerário da ratificação, que compreende modalidades distintas – ratificação parlamentar e ratificação por referendo – e tempos distintos, é o retracto de uma Europa desencontrada consigo própria, perdida no labirinto dos nacionalismos e da máquina burocrática; 5º) o documento parece querer agradar a todos – dos federalistas aos eurocépticos – acabando por não agradar a ninguém.
A constituição nestas circunstâncias foi uma presa fácil para o radicalismo folclórico da extrema-direita e dos revivalistas da esquerda fácil. A comunicação social e a insatisfação social fez o resto. A constituição europeia morreu.

Estranha Europa esta que sabe onde é o seu centro, mas não se consegue decidir quanto aos seus limites. Creio que apesar de tudo é inevitável que chegue o dia em que a necessidade de uma constituição ou de um documento comum – para além dos tratados – se imponha. Não acredito na possibilidade de uma supernação, mas também não acredito numa Europa destas nações. Vamos ter de percorrer um caminho que ninguém ainda fez. Até lá, há que aperfeiçoar os mecanismos de participação democrática porque a UE funciona sustentada numa legitimidade democrática diferida, de segundo grau, na qual o cidadão intervém muito pouco e apenas indirectamente. Deveríamos todos eleger o comissariado, a adesão de novos membros devia ser referendada, as regiões transnacionais deviam ser cada vez mais o modelo de referência, parcerias e fusões de serviços e responsabilidades bilaterais e trilaterais deviam ser incentivadas com programas específicos. A verdade é que as nações europeias tal como hoje existem são inviáveis a longo prazo. Aliás, Portugal é um país que já é inviável.

Voltando ao referendo: com a máxima naturalidade aceito o Não da França e da Holanda, tal como vou aceitar outros Nãos. Mas, concordando com o Não, não militarei por ele, porque à sua sombra vive muito animal político impróprio para consumo. Um pequeno grão de chauvinismo vê-se a olho nu nas hostes negacionistas. Também não militarei do lado do Sim, dado que me parece espúrio. A verdade é que o documento é inócuo e é justamente por esse motivo que o argumentário de um lado e de outro parece se referir a documentos distintos: a actual proposta de constituição é apenas um contentor onde cabe tudo, não são princípios, mas lugares comuns, uma parede branca e opaca sobre a qual os franceses e holandeses projectaram os seus medos, muitos, e as suas esperanças, poucos.
Quando chegar o momento de se fazer uma constituição a sério, espero que se comece por eleger uma assembleia constituinte e que os seus princípios e fins sejam amplamente discutidos; espero que então que haja um referendo universal e em simultâneo em todos os países. Mas até lá ainda há muito que fazer e este fazer que falta fazer é ainda a própria democracia.

PS: perante o que afirmei, é minha convicção de que o governo português nos deve poupar à farsa do referendo. Esta constituição morreu.

sexta-feira, junho 03, 2005

Havemos De Ter Grandes Narinas

O governo português não precisa de adoptar certas tácticas de "guerilla warefare", utilizadas por aqueles que sabem obter aquilo que querem em detrimento dos outros. Refiro-me ao primeiro objectivo desse tipo de ataque, que visa uma reorientação ou desorientação psicológica: matar o animal político. Cá isso não é necessário. O que constatámos é uma desorientação generalizada que se pode caracterizar por um "feedback" muito particular – uma bufada de ar quente asqueroso emergiu sabe-se lá bem de onde e temos um povo que joga tennis com o governo. Como se não bastasse os dois estarem a peneirar o vento, ainda temos de observar os dois virados de costas para o outro a jogar cada um para o seu lado com suas bolas imaginárias.

1. Não temos muitos animais políticos.
2. Não se sabe aquilo que se quer.
3. Quando se sabe muitas vezes é segredo escondido.
4. Quando não é segredo, quantas ideias brilhantes e razoáveis...

Resta-nos usar as nossas narinas.

quinta-feira, junho 02, 2005

Um Talento Esbanjado

O deputado do CDS/PP, Paulo Núncio, propôs a criação de um «dia mundial da criança por nascer». Não vou discutir as implicações filosóficas disto, não tenho paciência para heraclatices. Aliás, não vou discutir coisa alguma. Apenas vou cismar neste canto e lamentar que se tenha perdido um excelente cómico para a política.

quarta-feira, junho 01, 2005

O Sol é de Todos!

«De uma ponta à outra do Algarve, aldeamentos turísticos instalam-se nas falésias com seguranças à porta, para tornar privada a praia à sua frente.»

Já vi ladrões de tudo, mas de praias? Que espécie de país é este que permite esta indecorosa privatização das praias contra a lei, contra a liberdade, contra todos? Onde andam os responsáveis autárquicos? Onde anda o ministério do ambiente? Onde anda o ministério da administração interna? Onde anda a CCDRA? Onde andam os nossos deputados? Onde andam as associações ecologistas e cívicas? Também não sei. Mas desconfio que alguns deles são sócios ou membros dos conselhos de administração das empresas que promovem este saque.
Sugestão: se este verão fôr até ao Algarve vá a estas praias e infernize a vida aos seguranças (PS: é recomendável que leve o n.º de telefone da polícia local e da polícia marítima, porque pode vir a precisar...):

. Vila Joya (Albufeira)
. Villas d'Água (Albufeira)
. Maria Luísa
. Olhos d'Água
. Aldeamento S. Rafael
. Praia dos Tomates (perto)
. Vila Vita Parc (Lagoa)
. Vilalara (Lagoa)
. Vale do Lobo

O mar, o sol e a areia são património de todos!

O Prémio

«O ex-presidente da Câmara do Porto, Fernando Gomes, vai gerir os negócios de exploração de petróleo em África e Brasil e os negócios imobiliários da Galpenergia.»

É justo. O presidente da Câmara que eliminou os eléctricos e que agravou a política que levou à desertificação da cidade vê os seus esforços recompensados.