David Afonso
[Porto]
Pedro Santos Cardoso
[Aveiro/Viseu]
José Raposo
[Lisboa]
Graça Bandola Cardoso
[Aveiro]
Se a realização de uma tempestade for por nós representada como consequência possível dos nossos textos,
conformar-nos-emos com aquela realização.
odoloeventual@gmail.com
Para uma leitura facilitada, consulte o blogue Grandes Dramas Judiciários
Visite o nosso blogue metafísico: Sísifo e o trabalho sem esperança
O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais para rotundas@gmail.com
Para uma leitura facilitada, consulte o blogue As Mais Belas Rotundas de Portugal
Arquivo Morto
- abril 2005
- maio 2005
- junho 2005
- julho 2005
- agosto 2005
- setembro 2005
- outubro 2005
- novembro 2005
- dezembro 2005
- janeiro 2006
- fevereiro 2006
- março 2006
- abril 2006
- maio 2006
- junho 2006
- julho 2006
- agosto 2006
- setembro 2006
- outubro 2006
- novembro 2006
- dezembro 2006
- janeiro 2007
- fevereiro 2007
- março 2007
- abril 2007
- maio 2007
- junho 2007
- julho 2007
- agosto 2007
- setembro 2007
- outubro 2007
- abril 2009
- maio 2009
- junho 2009
- julho 2009
- agosto 2009
- setembro 2009
- outubro 2009
- fevereiro 2010
Blogues Eventuais
- A Arte da Fuga
- A Baixa do Porto
- A Barbearia do Sr. Luís
- ABC do PPM
- Abrupto
- A Cooperativa
- A Esquina
- A Ilusão da Visão
- Arestália
- Arrastão
- As Mais Belas Rotundas de Portugal
- Aspirina B
- Avatares de um Desejo
- Aveiro
- Blasfémias
- Blogue dos Marretas
- Bloguitica
- Câmara Corporativa
- Canhoto
- Causa Nossa
- 100 imagens reconfortantes para fumadores em tempos difíceis
- Certamente!
- 5dias
- Código da Vivência
- Comunicar a Direito
- Corta-Fitas
- Delito de Opinião
- Defensor Oficioso
- De Rerum Natura
- 2711
- Eclético
- Encosta dos Curisos
- Espaço Cinzento
- Espelho Fosco
- Filtragens
- Fotografias Soltas
- Funes, el Memorioso
- Geração Rasca
- Grandes Dramas Judiciários
- Hoje há Conquilhas
- In Verbis
- Irmão Lúcia
- Legalices
- Memória Virtual
- Miniscente
- Neo Liberalismo
- Notas
- Notas Entre Aveiro e Lisboa
- Nova Floresta
- O Cachimbo de Magritte
- O Insurgente
- O Jumento
- O Novo Mundo
- Ondas3
- Pelos Caminhos de Portugal
- Poesia e Declarações de I.R.S.
- Produções Anacrónicas
- PubADict
- Puxa Palavra
- 5.ª Cidade
- Rabbit's Blog
- Random Precision
- Retórica
- Ridotto
- Suburbano
- Tomar Partido
- Tonel de Diógenes
- 31 da Armada
- Ultraperiférico
Media Nacional
Media Regional
- Açoriano Oriental
- A Guarda
- Alvorada
- As Beiras
- A Tribuna de Loures
- A União
- A Voz do Nordeste
- Barlavento Online
- Cidade de Tomar
- Correio de Azeméis
- Diário de Aveiro
- Diário de Coimbra
- Diário de Leiria
- Diário de Trás-os-Montes
- Diário do Alentejo
- Diário do Minho
- Diário dos Açores
- Diário Online
- Diário Regional de Viseu
- Distrito Online
- Gazeta do Interior
- Jornal da Bairrada
- Jornal da Madeira
- Jornal de Leiria
- Jornal de Vieira
- Jornal do Algarve
- Mensageiro de Bragança
- Notícias de Aveiro
- Notícias do Nordeste
- Nova Guarda
- O Figueirense
- Porta da Estrela
- Póvoa Semanário
- Praça Pública
- Região de Águeda
- Roda Viva
- Setúbal na Rede
- Terras da Beira
Media Internacional
- ABC News
- Aljazeera
- BBC
- Corriere Della Serra
- CNN
- Die Welt
- Economist
- El Economista de Cuba
- El Mundo
- El Pais
- El Universal
- Estadão
- Euronews
- Expresso das Ilhas
- Faro de Vigo
- Finantial Times
- Folha De S. Paulo
- Forbes
- Fortune
- Fox News
- Globo
- Guardian Unlimited
- Jornal de Angola
- Jornal de S. Tomé e Príncipe
- La Nation
- La Repubblica
- La Stampa
- LA Times
- Le Figaro
- Le Monde
- Liberal
- Liberation
- Mail & Guardian
- Middle East Times
- Mozambique News
- Newsweum
- Newsweek
- Reuters
- Spiegel
- The Atlantic
- The Economic Times
- The Herald
- The Japan Times
- The Jerusalem Post
- The New York Times
- The Times
- The Warsaw Voice
- The Washington Times
- USA Today
- Washington Post
- World Press
Ágora Jurídica
- Autoridade Condições Trabalho
- Advocacia Para Iniciados
- Ass. de Mediadores de Conflitos
- Ass. Nac. de Jovens Advogados Portugueses
- Ass. Port. de Direito do Consumo
- Ass. Port. de Direito Intelectual
- DGEEP - Boletim do Trabalho e do Emprego
- Câmara dos Solicitadores
- Centro de Estudos Judiciários
- Centro de Formalidades das Empresas
- Certidões Online
- Citius
- Comissão Para a Igualdade no Trab. e no Emprego
- Conselho Sup. da Magistratura
- Data Juris
- DECO
- Declarações Electrónicas
- DGSI - ITIJ - Bases Jurídico Documentais
- Diário da República
- Direcção Geral das Actividades Económicas
- Direcção Geral dos Registos e do Notariado
- Eu Sou Jurista
- Fac. Direito Univ. de Coimbra
- Fac. Direito Univ. de Lisboa
- Gabinete do Direito de Autor
- Impostos.net
- Instituto da Mobilidade e Transportes Terrestres
- IGFIEJ, I.P.
- Juris
- Jurisprudência no Sapo
- Legix
- Ordem dos Advogados
- Portal da Justiça
- Portal das Finanças
- Portal Forense
- Portal Tribunais.net
- Procuradoria-Geral da República
- Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa
- Protecção Jurídica - Simulador
- Provedor de Justiça
- Tribunal Europeu dos Direitos Humanos
- Tribunal Internacional de Justiça
- Tribunal Penal Internacional
- Verbo Jurídico
Ágora Das Utilidades Diversas
- Associação Nacional de Municípios
- Biblioteca Nacional
- Bolsa de Emprego Público
- Centro de Estudos Sociais
- Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos
- Comissão Nacional de Eleições
- Comissão Nacional de Protecção de Dados
- CTT
- Daryl Cagles's Cartoon
- Domínio Público
- Loja do Cidadão
- O Portal da História
- Portal do Cidadão
- Portal do Consumidor
- Portal dos Sites
- Segurança Social
- Tradução
- Wikipédia
Língua Portuguesa
Soberania
quarta-feira, agosto 31, 2005
Borndiep
Tem ecoado pela blogosfera (a título de exemplo, entre muitos, no Tomar Partido, no Acidental e n' O Telescópio) o rejubilo pela notícia da Lusa que dá conta de que, segundo um estudo estadunidense, a pílula abortiva que as activistas a bordo do «Borndiep» (o impropriamente chamado «barco do aborto» - uma vez que, penso, ninguém será a favor do aborto em si mesmo, quando muito poder-se-á ser a favor da sua descriminalização) pode causar infecções mortais. Com esta notícia, diz-se, Paulo Portas encheu-se de razão quando, enquanto Ministro da Defesa, proibiu a aportagem do navio. Só que para Paulo Portas ter razão ou mesmo o epíteto de herói salvador, precisava de ter conhecimento de causa. E para o movimento «Women On Waves» - que tentou ancorar em Portugal numa campanha de informação e esclarecimento - não ter razão ou o título de assassino pernicioso, necessitava de ter agido dolosamente. Paulo Portas sabia? Não. O movimento sabia? Não. Alguém sabia? Não. Um simples comprimido para a gripe, de um momento para o outro, pode ser considerado perigoso. Tem acontecido. Etiquetas: IVG, Política Nacional |
Manuel Alegre
Pelos Caminhos De Portugal
Na rubrica «Pelos Caminhos De Portugal» traçámos, até agora, este percurso: Carlos Encarnação (Coimbra), Rui Sá (Porto), Élio Maia (Aveiro), Alberto Souto (Aveiro), Francisco Assis (Porto), João Teixeira Lopes (Porto), João Oliveira (Ílhavo), Ribau Esteves (Ílhavo), Maria José Nogueira Pinto (Lisboa), Guilherme Pinto (Matosinhos), João Sá (Matosinhos), Emanuel Martins (Oeiras). Mais virão. |
Recado a Ribau Esteves
No «Público» de 30 de Agosto, Adelino Fortunato fez publicar um interessante artigo de opinião sobre a bolha especulativa do imobiliário. Recomendo vivamente a sua leitura a todos os portugueses e a todos os autarcas e, em particular, ao presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Ribau Esteves, que mantém a estranha ambição em fazer construir o mega-empreendimento imobiliário disfarçado de Marina. É claro que este artigo só ilumina parte do problema. Quanto à outra parte do problema, é só perguntar ao Paulo Morais que ele explica.
Mesmo no que respeita ao governo central e aos partidos políticos tradicionais, profundamente penetrados por concepções ultrapassadas de desenvolvimento económico e pela lógica de interesses de curto prazo, há uma incapacidade em conjugar preocupações de desenvolvimento sustentável, inscritas em muita legislação portuguesa, desenvolvida a partir de directivas da União Europeia, com as decisões políticas que muitas vezes se contradizem. Só para citar alguns exemplos, atente-se na construção de um enorme centro comercial (o maior da Europa no seu género) em terrenos de Zona de Protecção Especial em Alcochete, nas intenções de investimento na Mata de Sesimbra contrariando a lógica de um Plano Regional em vigor e nos projectos de edificação em plena Rede Natura 2000 em muitos locais da costa Atlântica*. [*Outro exemplo que poderia ter sido dado era o exemplo do projecto da Marina da Barra, em Ílhavo.] Para além da insustentabilidade ambiental, o actual modelo vai conduzir muitos agentes e autarquias financeiramente mais débeis a confrontar-se com erros de apreciação. Quando o movimento de descida e contracção das margens de lucro se fizer sentir, quebrando a resistência dos grandes operadores que constroem, muitas vezes, como forma de investimento sem preocupações de venda imediata, o pânico pode invadir o mercado. Bastará uma pequena subida das taxas de juro e a cobrança a sério dos impostos e taxas municipais para que muitos pequenos aforradores tentem livrar-se das segundas e terceiras habitações, acelerando a tendência para a baixa de preços. Nessa altura, as autarquias vão coleccionar um monte de betão abandonado e desvalorizado, que não gera as receitas por elas antecipadas. Eis um desenlace possível de uma das maiores bolhas especulativas da história económica.» |
Pelos Caminhos De Portugal
![]() ![]() Emanuel Martins é o candidato PS à Câmara de Oeiras. Não terá vida fácil. Tem duas grandes frentes de combate: por um lado, enfrenta a actual Presidente, Teresa Zambujo, candidata pelo PSD; por outro lado, terá de esgrimir forças com o independente Isaltino Morais. O mais certo será continuar como vereador. O outdoor nem está mau de todo (não tivesse Emanuel Silva Martins uma pós-graduação em Marketing Político...). Não nos tortura com cores aberrantes, o que já não é um mau princípio de conversa. Há dois segmentos chave: «seriedade» e «dinamismo». Quanto ao primeiro, penso ter sido uma boa escolha. É exactamente Como qualquer candidato pós-pós-moderno que se preze, exibe uma morada de internet. Abriu um site e, como não podia deixar de ser, também um blogue. Em 2001 o PS obteve 23,7% dos votos, o equivalente a 15.751 cabeças votantes. Tendo votado nessas eleições 66.389 pessoas (num universo eleitoral de 137.226), cabe a Emanuel Martins tentar fazer bem melhor... |
terça-feira, agosto 30, 2005
O Correio Dos Nossos Leitores
Li os Exemplos com texto de Fátima Teixeira. Com o seu texto aparentemente apolítico, logo sem adrenalina suficiente para interessar os bloguistas das várias tendências, não fala dos déficit, das autárquicas, das “pzidenciais” e coisas do género. Acaba de nos dar o alerta de um problema que muita gente, pessimista, começa a aperceber-se, outra muita gente sendo optimista entende que quando chegar a altura haverá soluções, e outra, também muita gente, realista, começa a preocupar-se seriamente. O artigo da Fátima Teixeira é soberbo pela sua simplicidade. É um alerta! Não fala em percentagens, não fala em captações, não fala em caudais, nem fala em consumos de pico ou consumos médios, não fala em possança de captações, em níveis freáticos, em tempo úteis de consumo, etc., etc. Concluindo, a Fátima Ferreira não fala na água que corre nos canos. A Fátima Ferreira fala na água que vai deixar de correr nos canos. A Fátima Ferreira fala em 2005 de conselhos reais e concretos que vai implementando no seu dia-a-dia. Aquilo que nos tocará a todos para enfrentar a grande crise do próximo século. A água cada vez mais longe das torneiras. A água cada vez mais cara. A água cada vez mais funda. Como pequeno exemplo recordo a cidade do México que foi construída há muito tempo numa grande bacia cercada por montanhas que alimentavam rios e riachos com as nascentes das suas vertentes. Com o aumento de consumo de água na cidade os “campesinos” imigraram para a “grande bacia” uma vez que começaram a ter falta de água nos seus poços e não podiam dedicar-se à agricultura. Assim a cidade do México alberga actualmente mais de 10 milhões de almas. Os poços da cidade deixaram de produzir. Agora são furos que os substituem a profundidades cada vez maiores. O centro da “grande bacia” afundou-se cerca de 8 metros. E continua a afundar-se. Porquê? Porque a ausência da componente líquida do solo fez com que a parte sólida-solo ocupasse essa ausência. Quanto mais líquido é bombeado mais afunda a cidade. A cidade do México é alimentada por uma rede gigantesca de adutoras que são alimentadas para lá das cordilheiras envolventes. O drama da cidade mais populosa do mundo fez-me lembrar os ensinamentos práticos do dia-a-dia que a Fátima Ferreira teve a gentileza de nos indicar. A água não vem da torneira. Vem de muito longe e cada vez mais fundo. E não falemos em desertificação do Gobi, do Kalaari, da Austrália, do Norte de África, etc. Kalonge |
Pelos Caminhos de Portugal
Exemplos*
Foi quanto os meus pais conseguiram poupar de água no mês de Julho - 3 m3 de água!Resolveram lançar mãos à obra e passaram a aproveitar de forma mais sistemática (porque já faziam isto em parte) a água que saía das máquinas de lavar roupa, de lavar loiça, dos duches, de cozinhar. Tudo isto, principalmente porque o sistema das ligações das máquinas não está completo e permite desviar tanta água quanta a que se queira do cano abaixo: - a água de lavar a roupa é usada na lavagem do pátio, escadas, passeio e também para lavar passadeiras e carpetes que não cabem na máquina; - a água de lavar a loiça e a dos duches serve para o autoclismo (foi aqui que eles conseguiram uma grande economia de água); - a água de lavar legumes serve para regar as plantas e lavar o pátio e também para o autoclismo. E não se privam de fazer a sua higiene pessoal nem da casa, não pensem. Ah, também aproveitam a água da chuva que cai (nos raros dias de chuva!) num pequeno anexo do pátio e é depois canalizada para selhas, para usarem quando não têm águas "cinzentas" para reutilizar. A minha mãe anda tão estusiasmada com esta poupança de água, que já está a pensar em retirar o sistema instalado para escoamento de água usada da máquina da roupa (pelo menos para esta!) da casa da aldeia, em Trás-os-Montes, para poder reutilizar essa água em várias outras coisas.E aí, nessa aldeia transmontana são realmente necessárias todas as medidas e mais alguma para poupar água, porque mal há para beber quanto mais vê-la (neste caso ouvi-la) fugir pelo cano abaixo. Bom, a minha mãe é uma mulher de ideias fixas e muito, muito teimosa... Um destes dias conto-lhes quanto e como poupou ela água em Trás-os-Montes. Pronto, só falta dizer que os meus pais de 70 anos têm força para pegar em baldes e ainda muito mais força de vontade para pouparem um recurso precioso e gravemente ameaçado nos dias que correm. Bons exemplos, conselhos práticos e concretos gosto sempre de partilhar... Fátima Teixeira |
segunda-feira, agosto 29, 2005
O Livro De Reclamações De Domingo: Férias
A senhora que faz a limpeza das escadas do meu escritório foi de férias. A senhora que faz a limpeza das escadas do meu apartamento foi de férias. O senhor que me vende jornais foi de férias. O casal que vende fruta na minha rua foi de férias. O senhor da pastelaria aqui ao lado foi de férias. A florista foi de férias. O talhante, bem como a peixeira, foram de férias. Os pombos foram quase todos de férias. Os domingos de Agosto são os mais belos de todo o ano. Mas comprar um jornal e tomar um café pode ser um verdadeiro pesadelo. Eu não fui de férias. |
Coisas Que Me Irritam Profundamente
Um impostor fazer-se passar por mim, no meio de uma discussão séria, numa caixa de comentários. E mandar ao ar tudo o que é posta de pescada. Aconteceu-me agora mesmo, no Blasfémias. |
Pelos Caminhos de Portugal
domingo, agosto 28, 2005
O Correio Dos Nossos Leitores
As “postix” são o reflexo de um acontecimento real, mediático, numa ***ficção imaginativa, intemporal, no quotidiano de uma pequena aldeia gaulesa, bem conhecida pela valentia com que resiste ao cerco imposto pelas legiões de César. Postix (4) – Georgicus Nome: Georgicus, Altura: 1,5 m, Idade: 1,8 milhões de anos. A descoberta de Georgicus foi um notável acontecimento científico. Um nosso antepassado de baixa estatura, com um queixo a tender para uma proeminente mandíbula, apanhado na lava de algum vulcão, algures na Geórgia, provavelmente um caçador em grupo, que, seguramente, e por falta de utensílios manufacturados, ou talvez, já com alguns mal amanhados, depelava as presas e rasgava-lhes as carnes à custa da referida D2600 (assim fora registada a referida mandíbula). Ou talvez até, esmagasse raízes ou frutos oleaginosos de casca dura com a referida protuberância. Portanto, o Georgicus, de fraca figura, devia deslocar-se em grupo para melhor se proteger dos predadores da época e para melhor isolar as presa a abater. Isto na perspectiva de manter os hábitos trazidos de África de onde teria chegado não há muito tempo. E, provavelmente, também, dispunha de uns braços compridos e possantes manápulas para fixar a presa e fazer actuar a mandíbula. Bem, mas a nossa pequena história começa realmente em Abril de 2000, com a descoberta de 2 crânios, 1 metatarso e uma mandíbula, no sítio pré-histórico de Dmanissi, na Geórgia. Após ter sido feito o seu estudo aprofundado, a equipa franco-georgiana provocou uma revolução no mundo dos paleo-antropólogos, pois o que tinham entre mãos não se assemelhava a nenhuma espécie Homo conhecida. Homo ou Homnídeo? As diferenças encontradas pelos cientistas, quando compararam as ossadas descobertas em Dmanissi com os antigos representantes do género humano, são de tal ordem que tiveram de criar uma nova espécie a que designaram por Homo Georgicus! Esta nova espécie, na árvore genealógica do Homo Sapiens, viveu na Eurásia, há 1,81 milhões de anos! *** Os pseudo-eruditos artífices da pequena e aguerrida aldeia gaulesa que se mantinha cercada pelas legiões romanas, tinham, há muito, menosprezado a notícia que chegara pelas sentinelas das paliçadas - que negociavam com os romanos dos postos avançados a cidra gaulesa por artigos de cabedal e transitavam notícias várias - reunindo-se todos na grande mesa sob o carvalho secular, pois, indesfarçavelmente, menosprezavam a notícia da longínqua Geórgia. Duvidando abertamente da veracidade de tal idade atribuída ao pequeno Georgicus e mesmo à sua identidade pois de tão longínqua prospecção que outra saída houvera para uma equipa de antropólogos já fatigados e (paleo), perdidos meses a fio por aquelas tão rudes serranias, já com os subsídios em vias de se expirarem a breve termo, pois se tornara mais que evidente ser urgente a revelação de uma descoberta, mesmo que fora de alguns ossitos, que justificasse mais um reforço nas alforrias científicas prestadas pelos Institutos que os subsidiavam. Assim era o teor das conversas entre os artífices, em acção síndica, sempre muito críticos e pseudo-eruditos em várias matérias, inclusive a decorrente. E para que se conste, foi logo no dia seguinte que o frémito feito notícia percorreu a aldeia de lés a lés! E trazida pelo carregador de menires que veio informar o Chefe da aldeia, superiormente protegido, que ao ser feita a remoção de um antigo menir se deparou a existência de ossadas humanas logo por baixo! O que fez correr meio mundo gaulês para a pedreira para ver tão extraordinária notícia, pelo que tendo O Chefe, o pequeno e valoroso guerreiro de bigodes adequados, e, naturalmente, o carregador de menires, se abeirado do sítio e mandado afastar os artífices e aldeões, (tendo faltado os camponeses que, estando o tempo de feição, tinham mais que fazer do que ir desenterrar ossos) aguardando todos, com pagã ansiedade, as apreciações que o Venerável druida do caldeirão iria tecer após cuidadosa apreciação dos ossos expostos, com recurso a algumas gota acéticas e outras. E tendo a noite entrado pela aldeia logo se envolveu o sítio de archotes bem nutridos e feito a sua demarcação com fitas, enquanto a romaria de gauleses e gaulesas iam e vinham a saber notícias, dado estarem todos fortemente esperançados na descoberta de um Gáulicus, um espécimen que, pela sua idade, viria a constituir um marco científico tanto ou mais importante que o tal pequenote desajeitado lá da Geórgia. Ao raiar da madrugada, e após reunião sigiliosa entre o Venerável e o Chefe, veio a concluir-se que os ossos pertenciam a um infeliz gaulês, trabalhador na pedreira, que, seguramente, por lapso, adicionara à dose matinal da poção mágica alguma cidra fermentada, pelo que, a páginas tantas, sob o efeito dos primeiros eflúvios da fermentada cidra, se lhe arquearam as pernas, se lhe curvou a espinal, se lhe tremeram os braços, se lhe inchou a jugular, se lhe entumeceram as órbitas dos olhos e, num exaltante sopro e pungente gemido, já roxo, soçobrou, no fragor de ossos quebrados, sob o granítico menir. Havendo sido sentida bem fundo na alma gaulesa esta nefasta e vã esperança logo se fez uma sortida pelas cercanias desbaratando as romanas patrulhas para as ditas não ousassem tomar conhecimento da frustada esperança. E, para que se conste, regressaram todos, os artífices e aldeões às suas actividades, já que os camponeses continuavam na sua faina para melhor aproveitamento do tempo de feição, numa aldeia coberta por um manto de pungente silêncio, mas com a vã introvertida cobiça de, quem sabe, uma dia, poderem vir mesmo a descobrir as ossadas do Gaulicus, certamente um heróico ascendente de tão ilustre gesta gaulesa, erectus, sapiens e sem aquela medonha mandíbula despropositada e de tão mau gosto... Por Toutatis! Kalonge |
Pelos Caminhos de Portugal
sábado, agosto 27, 2005
O Interesse Público
Vida, Ascensão E Queda De Um Político Num Sistema De Democrática Alternância Bi-Partidária
Vida: Primeiro, torna-se num feroz crítico de um... político. Para ele tudo está mal no adversário. A postura. A cor da gravata. O discurso. As decisões. Ascensão: Finalmente, com astúcia ou apenas por pura álea, consegue derrotar o adversário. Ele é agora um político-de-poder. Queda: Só que o ex-político-de-poder [agora crítico] passa nesta fase do jogo ao ataque. E ele [o actual político-de-poder] está à defesa - o que o torna bem mais vulnerável. Para o actual crítico, tudo está mal no adversário. Ele jurou que faria melhor, mas é um incapaz. Não tem ideias. Não tem um projecto coerente. A cor da gravata é de mau gosto. Não convence. |
sexta-feira, agosto 26, 2005
Pelos Caminhos de Portugal
Do Teatro Do Poder
(Depois de uma prolongada hibernação este verão, revitalizo os mecanismos sem órgãos com um pouco de óleo nas engrenagens...) Assim as superfícies chocam (colidem) querendo definir territórios. Com suas fronteiras passivas e activas. As suas zonas de interesses, de amor e guerra. Fronteiras admiráveis, amigáveis, de interesses, aliadas ou inimigas. Superfícies de camuflagem. São teatros de representações invisíveis. Aqui é o real que pesa. Cabe o falso e a representação… aparecem órgãos reguladores, autoritários, verdadeiras autoridades, especialista e especialidades. Carimbo do genuíno. E ele sabe que só a imagem existe e prevalece, só a imagem é que dinamiza o real da irrealidade do jogo que não se vê. E que quer permanecer invisível... Mas, só por si, as imagens nada põem em movimento. Será preciso um álbum de colecção, uma multidão, um cinema. Elas ligam-se e passa-se de uma para outra, elas relacionam-se e fazem estremecer os caroços. Elas não são aquilo que são, apontam para outro lado, isso acontece naturalmente. Rastos e sinais, ainda se olha para o céu à busca ou à espera deles... e a sinalização faz-se com corpos, imagens e som, sem esquecer o bom vinho... |
quinta-feira, agosto 25, 2005
Porto: Cidade Anti-Turismo*
0. Li no «Público» que este ano houve uma quebra muito forte no número de turistas que visitam a nossa cidade. Não os censuro. Passei uma tarde com um grupo de amigos que vieram conhecer o Porto e descobri porque motivo não voltam cá os turistas. 1. A caminho da Ribeira passei por um restaurante que ostentava duas placas: uma dizia «Welcome» e a outra «Encerrado para férias». Estamos em pleno centro histórico e pelas ruas passeiam-se ao sol alguns turistas. Vieram conhecer um país que não está para os aturar. 2. O calor exige uma bebida. Vamos a isso que ali, a meia dúzia de passos, existem muitas esplanadas viradas para o rio. 1.ª tentativa: o pessoal da esplanada parecia muito concentrado na extraordinária tarefa de alinhar milimetricamente mesas e cadeiras. Em transe, esquecem-se de atender os clientes. Mesa a mesa os turistas vão levantando vôo para outras paragens. Tomamos o mesmo rumo. 2.ª tentativa: serviço rápido, mas não há tremoços! São estranhos estes apetites de quem saboreia uma cerveja ao sol. Tremoços! Ele há cada uma! Ficamos, mas a despedida foi amarga: a conta foi excessiva e tivemos de perseguir o empregado para saldar a nossa dívida! 3.ª tentativa: estava mesmo muito calor e a conversa exigia o reconforto de uma mesa e sentámo-nos logo ali, onde fomos atendidos por uma septuagenária, de muletas e com os braços repletos de psoríase! Como é natural, esmorecemos. 3. Numa casa na Rua Cimo do Muro descobrimos uma varanda transformada em galinheiro. Nenhum de nós foi capaz de esconder a inveja com que ficou destas afortunadas galinhas: um galinheiro classificado pela UNESCO com vistas para o Rio Douro. Ah... até os ovos devem ter outro sabor! 4. O cheiro a esgoto que vinha de uma parte da margem do rio fez um aveirense sentir-se em casa. 5. Uma criança pr’aí com uns 5/6 anos passa a correr toda nua pela rua da Fonte Taurina fora. Muito típico! 6. A dado momento, tropeçamos em Paulo Morais a dar uma entrevista na Casa do Infante. Também muito típico! Cá fora o Volvo da vereação lá estava: mal estacionado e a incomodar os transeuntes. Aliás, a omnipresença do automóvel é uma constante. Os autarcas bem se podem gabar de terem controlado o acesso de viaturas à Ribeira, mas como são os primeiros a dar o mau exemplo, vai daí que os eleitores democraticamente exigem igualdade de direitos... Ouvi dizer que na Holanda e na Dinamarca é normal os autarcas e até governantes utilizarem os transportes públicos e andarem a pé nestas curtas deslocações. Mas o que sabem eles disso? São uns bárbaros. A nossa comitiva dá a sua anuência a este dislate e fica por ali admirar as poderosas linhas daquele magnífico Volvo. 7. A exposição permanente da Casa do Infante vale sempre a pena. Gosto de mostrar a maqueta da cidade aos meus amigos que não conhecem bem o Porto. Mas agora é a doer: 2 €! É muito por tão pouco. 8. Inesperadamente um popular resolve lavar a varanda. Sem dizer «água vai» foi o bom e o bonito. Seja lá como for estava calor, não é? Sacudimos a cabeça e alguns de nós lembraram-se do tempo em que os moradores daquela zona atiravam sacos de água aos noctívagos mais persistentes. São hábitos. 9. O final da tarde traz algum vento. Sacos de plástico, papéis de gelados e outros lixos esvoaçantes iniciam a coreografia de todos os dias. Pelo meio garrafas de cerveja meio vazias, latas de Coca-Cola e cocó de cachorro. Porto: a Nápoles ibérica! 10. Os angariadores dos cruzeiros do Douro acima devem ter feito a sua formação na Tunísia: chatos! 11. Um grupo de turistas já suficientemente entrosado com os costumes indígenas deixa uma mesa repleta de restos de sandes, cascas de tremoços e amendoins. Nenhum empregado se preocupa em limpar a mesa. Também não é preciso: uma horda de pombos e gaivotas já está a tratar do assunto. É uma técnica que tem vindo a ser desenvolvida nos últimos tempos nesta cidade. Não é tão mau quanto parece. No Palácio de Cristal é pior: até pavões têm! 12. Um gang de adolescentes atira com uma garrafa de cerveja desde da Rua Cima do Muro até à Praça da Ribeira! Ninguém diz nada, ninguém faz nada. É normal. Ah! E ninguém se deu ao trabalho de limpar os perigosos cacos de vidro! Nenhum empregado de qualquer uma daquelas esplanadas se preocupou com o mau aspecto daquilo. Como estava fora da área de concessão, já passava a ser responsabilidade da Câmara. 13. Antes da retirada ainda uma surpresa final: somos simpaticamente avisados pelo empregado de que a esplanada fechava às... 20:00! 14. Por fim ainda tentei convencer os meus camaradas a virem conhecer a Foz, mas não consegui. Era tarde demais! Já tinham lido o último post do Pedro Aroso! *Também publicado no A Baixa do Porto |
Os Anonymous
O vereador do Urbanismo da Câmara Municipal do Porto, Paulo Morais, aprendeu com os senhores Anonymous da blogosfera a dizer o que lhe vem à cabeça, e depois a fugir. Ao acusar publicamente as autarquias do país de cederem a pressões de empreiteiros e partidos políticos para a viabilização de projectos urbanísticos, afirmando ainda que a Câmara do Porto é uma excepção [!], Paulo Morais deveria - ainda que esteja coberto de razão (o que não espantaria ninguém) - dizer a que Câmaras concretamente se refere e apresentar as respectivas provas. É que desta forma Paulo Morais perde das duas maneiras: se sabe do que fala e se fica por estas declarações, perde toda a credibilidade. Se não sabe do que fala, perde-a na mesma. |
Pelos Caminhos de Portugal
quarta-feira, agosto 24, 2005
A Música Da Quarta - Tom Waits [Hold On]
They hung a sign up in out town / "if you live it up, you won't / live it down" / So she left Monte Rio son / Just like a bullet leaves a gun / With charcoal eyes and Monroe hips / She went and took that California trip / Well the moon was gold her / Hair like wind / She said don't look back just / Come on Jim / Oh you got to / Hold on Hold on / You got to hold on / Take my hand I'm standing right here / You gotta hold on / Well he gave her a dimestore watch / And a ring made from a spoon / Everyone is looking for someone to blame / But you share my bed you share my name / Well go ahead and call the cops / You don't meet nice girls in coffee shops / She said baby I still love you / Sometimes there's nothing left to do / Oh you got to / Hold on hold on / You got to hold on / Take my hand I'm standing right here / You got to hold on / Down by the Riverside motel / It's 10 below and falling / By a 99 cent store / She closed her eyes and started swaying / But it's so hard to dance that way / When it's cold and there's no music / Well your old hometown is so far away / But inside your head there's a record / That's playing a song called / Hold on hold on / You got to hold on / Take my hand I'm standing right here / And just hold on Outra vez Tom Waits... |
Pelos Caminhos de Portugal
terça-feira, agosto 23, 2005
Pelos Caminhos de Portugal
segunda-feira, agosto 22, 2005
Picote*
O jornal Público de ontem traz uma notícia sobre a qual estou para vos falar há muito tempo: o caso da Barragem do Picote, que é um caso exemplar de desperdício de dinheiros públicos e de desaproveitamento do potencial turístico de uma região, que ainda por cima, luta contra a desertificação demográfica e contra o subdesenvolvimento económico. Vamos começar pelo princípio. Nos anos 50 e a propósito do I.º Plano de Fomento (1953-1958), cujos fundos vieram do Plano Marshall e da OECE, Portugal tem a oportunidade de impulsionar a campanha de electrificação do país, aproveitando a ocasião para construir a «Central do Douro», a qual incluía as barragens do Picote, Miranda e Bemposta. Estamos prestes a iniciar uma das mais belas e empolgantes páginas, embora das mais discretas e esquecidas, da arquitectura moderna portuguesa e até (porque não?) europeia. Em 1953 a «Hidroeléctrica do Douro, SARL» convida três jovens arquitectos da Escola de Belas Artes do Porto para integrarem a equipa técnica que teria como função o desenvolvimento de um plano integral para estas barragens: João Archer Carvalho, Manuel Nunes de Almeida e Rogério Ramos. A convite destes, outos arquitectos e artistas plásticos colaboraram neste projecto: António Cândido, Hildeberto Seca, Fernando Paula, Fernando Leal, Costa Pereira, Freitas Leal, Mota de Sousa, Lúcio Miranda, Luiz Cunha, Pádua Ramos, Júlio Resende, Barata Feyo e outros. A primeira e mais interessante das intervenções é a da Barragem do Picote, cujo complexo é um verdadeiro hino ao modernismo. A equipa desenhou tudo, desde o crucifixo até ao projecto urbanístico: habitações e serviços vários para 5000 pessoas, estudo de espécies arbóreas compatíveis com o clima, estudo de tipologias construtivas apropriadas, estudo de materiais tradicionais e modernos, estudo dos percursos automóvel e pedonal, piscinas e parque desportivo, pousada, capela, escola, etc. De todo este trabalho, quatro elementos são de destacar: a capela (uma das mais perfeitas obras da arquitectura moderna portuguesa), o Centro de Comando, a Pousada e as casas dos engenheiros. Qualquer um destes elementos, por si só, justificaria a deslocação ao Picote. Entretanto, com a modernização e informatização das instalações, o exército de funcionários deixou de fazer sentido e, aos poucos, o complexo do Picote foi-se esvaziando e caindo no esquecimento até que nos anos 90 Michele Cannatá revela-nos o «moderno escondido». De certo modo, a redescoberta deste «moderno escondido» obrigou-nos a repensar a história da arquitectura moderna portuguesa, dado que aí encontramos uma intervenção sistemática e pormenorizada, com exemplares perfeitamente ilustrativos dos princípios do modernismo, fora dos grandes centros urbanos, perdida atrás dos montes. Fizeram-se exposições, catálogos, escreveram-se livros e artigos de imprensa (especializada e generalista), alunos de arquitectura e de história da arte e arquitectos fazem verdadeiras visitas de estudo ao local. Muitas das vezes chegam a entrar pelas janelas para poderem admirar por dentro os edifícios, a capela, quando se tem a sorte de encontrar algum resistente, repleto de orgulho por tudo aquilo, lá nos abre a porta e nos faz uma curta visita guiada. É incrível a atracção que este lugar exerce sobre estes novos peregrinos! Não falta quem venha de Lisboa de propósito para ver o «moderno escondido»! O conjunto – urbanização e natureza – é mesmo digno de admiração. A parte incompreensível desta história é que o Grupo EDP, proprietária de tudo aquilo, desinteressou-se do seu próprio património, deitando-o ao abandono. As casas estão vazias, a pousada fechada, a piscina vazia... Qualquer um vê que o lugar é dotado de um potencial imenso quer pela qualidade do ambiente e da arquitectura, quer pela notoriedade entretanto alcançada. Qualquer um menos a EDP, que não rentabiliza o Picote e nem permite que a autarquia o faça! Para já a Câmara de Miranda do Douro conseguiu activar um Centro de Acolhimento Juvenil no edifício recuperado da Cooperativa e tem planos para reaproveitar o Centro de Comando num projecto conjunto com a UTAD, mas a EDP não deixa ir mais longe. Ouviu-se falar do interesse de um investidor espanhol na pousada (apesar de tudo inviabilizado à partida por pretender construir aí um campo de golfe, enfim...), os moradores e outros interessados já tentaram adquirir algumas das habitações, mas... nada! A EDP continua a desperdiçar dinheiro desta maneira. Manuel Rodrigo, presidente da autarquia, bem se pode lamentar. Mas tem razão: «Se existe paraíso na terra, é aqui.» Para saber mais: CANNATÀ, Michele; FERNANDES, Fátima. Moderno Escondido. Arquitectura das Centrais Hidroeléctricas do Douro (1953-1964). Picote. Miranda. Bemposta. Porto: FAUP Publicações. 1997 *com Adriana Floret |
O Livro de Reclamações de Domingo: Vinho a Copo
domingo, agosto 21, 2005
Dolo Eventual Memória
Foi em 12, 14, 15, 16, 17 e 18 de Abril que David Afonso escreveu, numa série de posts, um texto intitulado "É a América Um Estado Ocidental?". “A América é uma Europa no exílio.” Jorge Luis Borges “Um novo Império, uma nova burrice.” Nietzsche Devemos muito aos EUA. Entre muito daquilo que já se sabe da história todos os povos fracos devem sempre alguma coisa aos povos fortes, nem que seja a sua própria segurança. Muitas vezes o potencial agressor e o providencial protector são o único e mesmo povo. Somos aliados dos americanos porque os tememos. Mas também os tememos porque somos seus aliados. A todo o momento, a economia de guerra norte-americana exige mercado. A guerra é a continuação da economia por outros meios. E esses outros meios – militares e tecnológicos - são monopólio do Império do Atlântico. Seja lá como for, sabemos que o nosso turbulento amigo manter-nos-á para sempre reféns da nossa eterna divida de gratidão. Afinal de contas eles resolveram-nos duas guerras fratricidas. Seremos cúmplices de todos as suas acções, nunca poderemos nos situar fora da história porque todas as guerras americanas são guerras da Europa. Até porque só existe um lado, o do Império. E não existe história fora do Império. O poder é, obviamente, este hard power, ou seja, o poder da força, mas é também o soft power (Joseph Nye), ou seja, a capacidade de uma nação de influenciar as outras pela sua ideologia, seu sistema de valores, sua cultura. Indiscutivelmente a América é também Império neste sentido. De certo modo, também lhes devemos a consciência de uma identidade própria, a Identidade Europeia. Não sabemos lá muito bem o que somos enquanto União Europeia, sabemos no entanto que não somos americanos. À falta de uma definição interna e essencial, definimo-nos de uma forma externa e acidental, somos ocidentais que [ainda] não são americanos, somos o que resta. O anti-americanismo é, de resto, o único traço comum entre as massas do Velho Mundo. Para além das nossas inultrapassáveis divergências, convergimos numa censura contra a barbárie americana. Tal não é algo de negativo porque significa que o nosso instinto de sobrevivência ainda subsiste e poderá ainda significar que haverá afinidades muito mais profundas do que as que poderia parecer à primeira vista, as quais se revelam a partir do contraste com a América. Redescobrimos Europa através da América. Não nos podemos esquecer de que o Novo Mundo é filho do Velho Mundo. Todos nós somos herdeiros das matrizes judaico-cristã e greco-romana. E mesmo dentro a amálgama do melting-pot americano, era esta linha que originalmente o definia e não outra. Convém também lembrar que o fenómeno melting-pot nunca foi uma verdadeira fusão de culturas e de povos, porque o único modelo dominante foi sempre o ocidental e, por outro lado, esse fenómeno nem é de agora nem é exclusivamente americano porque toda a história da Europa e de cada uma das suas nações, é uma história de intercâmbios culturais, económicos e genéticos. Somos intimamente africanos, asiáticos, árabes, judeus, eslavos, para além de tudo o resto. Incorporámos na nossa cultura e no nosso código genético os contributos de um número indefinido de povos. O sucesso do ocidente sempre esteve na sua abertura. Sempre que nos encerramos sobre nós próprios tornamo-nos fracos e entramos em crise. Esta abertura, de resto decorre das nossas próprias raízes comuns e originais herdadas: dos gregos o compromisso com a Razão; dos romanos o Estado e o desenho da Europa; dos hebreus o amor ao livro e a consciência do Tempo; do cristianismo o humanismo universalista. A pergunta “É a América um estado ocidental?” não é de todo despropositada. Pelo menos se nos referirmos à matriz original que moldou o Ocidente. Dizia Jean Baudrillard que “A América é a versão original da modernidade”, querendo dizer com isto que havia abolido o passado. Abolir o passado implica abolir o futuro, porque perde-se a perspectiva temporal que nos permite projectar no futuro, planificando-o. Vive-se numa perpétua actualidade. É também esta obliteração do tempo que impede aos EUA a compreensão da importância de um planeamento a longo prazo do desenvolvimento humano em termos ecológicos. O colapso ecológico é demasiado longínquo. Quinze minutos é a medida americana. E quinze minutos até são uma eternidade no zapping televisivo, que veio substituir a reflexão. Este Império é também o Império da Imagem. Por outro lado, os EUA não são um estado mas uma federação de estados que exercem um poder global de uma forma desterritorilizada, segundo a qual o poder se exerce não através da ocupação e posse do território, mas da implantação dos grandes consórcios económicos em locais estratégicos à volta do mundo. Neste sentido assistimos ao emergir de uma nova perplexidade: um império que não tem fronteiras e que se identifica em última instância com o globo. Este império tem dentro de si o fim do estado. É certamente também por este motivo que numa altura em que a Europa se volta para o multilateralismo nas relações entre estados como alicerce de um mundo futuro, o Império do Atlântico assume posturas unilaterais. De facto, não estamos longe do tempo em que o centro e a periferia coincidirão por força da hegemonia americana. E isto é a negação do universalismo. Mas o que preocupa mais é a perda do compromisso com a Razão. Não existe maior potência científico-tecnológica. Todos os cérebros do mundo convergem para as universidades norte-americanas. Nenhum ensino é tão dirigido em função do paradigma empírico-crítico como o norte-americano. Nenhuma outra nação investiu tanto em investigação científica. No entanto, os estados da chamada Bible Belt continuam a renegar as teorias evolucionistas, o governo acredita que a abstinência sexual é o mais eficaz dos métodos anti-conceptivos, os laboratórios são dominados pelas multi-nacionais e os cidadãos desconhecem em absoluto a diversidade e a especificidade do mundo que [ainda] há fora da América. Trata-se de um povo infantilizado por uma moral maniqueísta que necessita do esquema herói-vilão para tornar o mundo inteligível. Vivem a ética das crianças: só é bom o que é bom para mim, já! O mundo está a mudar. O ocidente já não é mais o mesmo ocidente. Dentro de si está a nascer a sua própria negação. Uma nova matriz civilizacional vai tomando o lugar. Podemos considerá-la uma degeneração, uma espécie de ampliação dos nossos próprios defeitos, o que é irrelevante porque muito de cada um de nós é já americano. |
O Correio Dos Nossos Leitores
«As Selecções do Reader´s Digest publicaram, em vários volumes, a Crónica da II Grande Guerra, que é baseada em relatos e acontecimentos verídicos relatados pelos protagonistas. Recolhi algumas passagens, sintetizei o que foi possível, alinhei acontecimentos, resumi o que foi de resumir, comentando esta ou aquela passagem, para não perder o sentido lógico dos factos e dos homens. Pretende-se com esta série de postagens alertar os cibernautas do Dolo Eventual que a guerra é A Maldição da Raça Humana. Ao longo destas narrativas meditaremos como a morte pode acontecer sem aviso, outras vezes acontece sibilando, e o que é realmente dramático é haver homens que se dirigirem, verdadeiros Heróis, para o sítio onde sabem que os espera, implacável e medonha. Fundamentalmente são episódios do Homem, sem siglas, sem ideologias, é o testemunho da sua coragem, inteligência e determinação. Sugerindo a “Star Wars”, é recordar o verdadeiro lado “Negro” do Poder. Os Predadores (1) - A linha Maginot Em 26 de Maio de 1940, o ministro britânico da Guerra Anthony Eden, autoriza o comandante-chefe do Corpo Expedicionário Britânico, General Gort, a fazer a sua retirada até à costa francesa, na zona de Dunquerque. Com os britânicos estavam também soldados franceses e belgas. Tinham sido empurrados pelos alemães para uma ratoeira côncava de 250 Kms ao longo do Canal da Mancha. A perspectiva de um desastre militar surgira com desconcertante rapidez. Durante oito meses cerca de 390.000 homens viveram, confiante e despreocupadamente convictos, de que a protecção que lhes dava os 400 Kms da Linha Maginot era suficiente para suster o avanço da ofensiva germânica. Construíram-se 400 casamatas de betão, instalaram-se pesadas peças de artilharia, abriram-se trincheiras, galerias, fossos anti-carro, tal como se tratasse da continuação da guerra 1914-1918. Uma guerra de posições. E, subitamente, a 10 de Maio de 1940, estalou verdadeiramente a 2ª Guerra Mundial! Dez "Panzerdivision" e 107 divisões de infantaria motorizada alemãs irrompem pela Bélgica e Holanda. Países neutros! Sem perda de tempo, sete divisões de blindados continuaram o avanço em solo francês abrindo uma brecha nas defesas francesas em Sedan, avançando, sem dificuldade, pelos bosques dos Ardenas - o que, segundo os especialistas do Alto Comando francês, era impossível ser franqueado. Os alemães apareceram simplesmente onde não eram esperados! As tropas alemãs ocuparam a Bélgica em 10 dias, desbaratando os soldados belgas munidos de ferrugentas espingardas e de canhões puxados por cavalos! As Panzerdivision atacavam agora Calais. Para Gort a única chance era tentar resistir entre o Mosa e Dunquerque. Os equipamentos que os franceses e belgas dispunham diferiam muito pouco dos que haviam utilizado na !ª Guerra Mundial! Contra os 2.700 modernos carros de combate alemães, Gort dispunha umas tantas "Matide", engenhos de tal modo blindados e pesados que perdiam mobilidade e eficácia. Actuavam não agrupados, mas ao serviço da infantaria. Do lado contrário, os panzers, tinham menos tipos diferenciados, eram mais rápidos, conseguindo manter uma velocidade uniforme de 40Kms/h, tinham maior autonomia de combustível e dispunham de avançados meios de transmissão e comando. Tacticamente, por actuarem em conjunto, eram uma arma poderosa. A artilharia britânica não estava melhor. Tinha sido largamente ultrapassada pelos canhões de Von Rundstedt. O alcance dos canhões alemães era o dobro das peças de Gort! O único equilíbrio que se podia obter era no ar. Em fins de Setembro 1939, quando terminou a batalha da Polónia, nem o Alto Comando Francês nem o "OberKommando", acreditavam numa decisão rápida sobre a Frente Oeste. Mas Hitler não pensava assim. O seu objectivo era conquistar o terreno necessário em França e Bélgica para mover uma guerra aero-naval contra a Inglaterra, cobrindo assim o acesso à zona industrial do Ruhr. Obedecendo a estas instruções, o "Oberkomando" encabeçado por Manstein, o chefe do Estado-Maior do General Rundstedt, elaborou um plano ambicioso de aniquilamento do grosso das tropas aliadas. Constituía no cerco às tropas aliadas a partir de uma brecha a criar na zona dos Ardenas, pelos blindados de Guderian, em avanço fulminante com a infantaria, até ao mar, sob a protecção da aviação de Goering, o gordo e vaidoso comandante da Luftwaffe. A 23 de Maio, treze dias após o início da invasão dos Países Baixos, os "Panzer" de Guderian estavam a 20 Kms de Dunquerque! Um blitz! A Linha Maginot fora ultrapassada e posta fora de acção tornando-se rapidamente obsoleta. O Corpo Expedicionário Britânico estava à mercê da avalanche dos carros alemães e só a aviação de combate inglesa podia retardar o que parecia ser inevitável. E o inevitável era o aniquilamento ou aprisionamento da nata das unidades britânicas e francesas.» Kalonge |
sábado, agosto 20, 2005
Pelos Caminhos de Portugal
![]() PS: foto descaradamente roubada ao Notas entre Aveiro e Lisboa do João ;) |
Camarinhas!...
Camarinhas!... Já me tinha esquecido delas... Ao ler este post, 20 anos de memórias levantaram vôo para parte incerta. |
Passeando Por Aí...
Via O Olho Do Girino, fui dar com o criativo Bombyx Mori. Tenho pena de não o ter descoberto há mais tempo. |
Pelos Caminhos de Portugal
sexta-feira, agosto 19, 2005
Assuntos Que Já Deviam Ter Sido Tratados
Está marcada para este sábado uma manifestação da Frente Nacional em homenagem a Rudolf Hess, braço direito de Hitler. Artigo 46º número 4 da Constituição: «Não são consentidas associações armadas nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares, nem organizações [qualquer concertação de vontades ou esforços] racistas ou que perfilhem a ideologia fascista.» A declaração de que uma qualquer organização perfilha a ideologia fascista, bem como a sua extinção, é da competência do Tribunal Constitucional. Deixem-nos manifestar-se à vontade, é um direito que lhes assiste. Mas, e quanto à organização em si? Para quando a sua extinção? Qual o motivo da demora? |
O Gago
Miguel, ex-jogador do Benfica, leu um comunicado [em jeito de pedido de desculpa], difundido pelos meios de comunicação social. Não via alguém ler tão mal desde a escola primária. |
Pelos Caminhos de Portugal
quinta-feira, agosto 18, 2005
Pelos Caminhos de Portugal
Vamos iniciar uma nova rubrica dedicada ao estranho e apaixonante mundo do poder autárquico. Quem manda nas santas terrinhas? A que estratégias de poder recorrem? O que é um autarcossáurio? Como domesticam os partidos os caciques locais? Como domesticam os caciques locais os partidos? Que imagem tem esta gente do país e que imagem dá esta gente do país? Saiba tudo aqui, no Dolo Eventual! Pelos caminhos de Portugal nas Autárquicas 2005 vamos ver o que se passa por esse país fora, como gastam os partidos o seu dinheiro, como há coisas que nunca mudam e outras que mudam para pior. Vamos recolher histórias exemplares do Portugal profundo em alegre campanha eleitoral. Colabore connosco e envie-nos fotos dos cartazes eleitorais da sua terra para a nossa Galeria Autárquicas 2005: autarquicas2005@gmail.com ![]() Começamos com este interessante exemplar: O cartaz possui uma composição gráfica muito elementar com a foto do candidato, o slogan e a identificação do... candidato. Ora, este é um dos aspectos dignos de nota: o(s) partido(s) não é identificado. O carisma colgate do candidato absorve tudo! É um daqueles casos em que parece que o candidato ganha mais se não lembrar os eleitores o partido a que pertence. Outro aspecto peculiar é a identificação propriamente dita, que é feita sob a forma de gatafunho: é a assinatura? é um rasgo de criatividade suburbana? Quanto ao slogan: «Por Coimbra Todos!» é um daqueles slogans que nada afirmam, nada negam. Não é certamente o candidato ao galardão «O Mais Piroso Cartaz de Portugal», mas também, e diga-se em abono da verdade, podia ser um cartaz a anunciar o Continente mais próximo. |
quarta-feira, agosto 17, 2005
Coisas Que Eu Não Entendo
Pessoas que compram o 24 Horas. Pessoas que fazem dele a sua leitura. Pessoas que o compram no dia seguinte. Há pouco, estava no café. Havia cinco jornais à escolha: Jornal de Notícias, Diário de Aveiro, A Bola (ou o Record, não sei bem...), o Público e o 24 Horas. O senhor que chegou escolheu o 24 Horas. |
Não Basta...
Não basta a população de Felgueiras clamar por Fátima Felgueiras, não basta os madeirenses votarem há décadas em João Jardim, não basta a negligência grosseira ano após ano em matéria de incêndios, não basta movimentos como «As mães de Bragança», não basta o lixo e as cuspidelas no chão, não basta o PNR falar em «orgulho branco», agora até o próprio exercício da democracia é atacado. Segundo o Público, um membro de uma lista de independentes, em Canas de Senhorim, deslocou-se à Junta de Freguesia para pedir as certidões necessárias à formalização da sua candidatura às autárquicas. Só que, à saída da Junta, foi agredido por um grupo de populares, que lhe tirou as certidões e rasgou-as. E a América do Sul aqui tão perto. |
terça-feira, agosto 16, 2005
O Correio Dos Nossos Leitores
«As “postix” são o reflexo de um acontecimento real, mediático, numa ***ficção imaginativa, intemporal, no quotidiano de uma pequena aldeia gaulesa, bem conhecida pela valentia com que resiste ao cerco imposto pelas legiões de César. Postix (3) - Ver o nascer do tempo O telescópio espacial americano Hubble está em órbita a uma altitude de 560 Kms, pesa 12,5 toneladas e tem já mais de 15 anos de serviço. Este espantoso aparelho, que esteve um longo período de tempo parcialmente subaproveitado, com alguns instrumentos opticamente inferiorizados, revolucionou os nossos conhecimentos de Cosmologia como até então jamais se fizera. Num dos últimos congressos mundiais sobre o Espaço, realizado em Houston, Texas, e segundo as palavras do Director do Instituto Científico do Telescópio Espacial Hubble, (estamos em condições de poder alcançar tão longe no tempo para vermos se o Universo terá tido um comportamento muito diferente na sua origem e será até possível vermos a formação e nascimento de galáxias). Um dos novos instrumentos já instalados, permitirá ampliar 10 vezes o actual potencial do telescópio. Será então possível colhermos imagens do Campo Profundo (Deep Space), o campo onde se prevê tenham sido formadas as galáxias e outros objectos, enfim, se quisermos, tenha nascido o Tempo. *** O pequeno e audaz guerreiro de longos bigodes, mais o robusto carpinteiro e com a ajuda do inseparável carregador de menires – que descera, de uma só vez, todo o telhado e aguardava que de novo o viesse a colocar no sítio onde devia de ser - atarefavam-se na reparação do telhado de colmo da casa do venerável druida que, se bem se lembram, por estranho manuseamento das poções introduzidas no caldeirão, fez deflagrar uma já inesquecível explosão. Pois parece evidente que o sagaz e pequeno gaulês acha ter encontrado a razão do enigma que o venerável mantém em rigoroso silêncio, pois, ao recolher da barafunda que ocorrera, um volumoso compêndio ainda aberto, após removida a fina camada de poeira e cinzas, tinha como título, Os Princípios Teóricos do Positrão, de Paul Dirac. Mas a controversa acesa que se desenvolveu e que teve de ser sanada com a intervenção do próprio Chefe, superiormente protegido, foi pelo facto do carregador de menires, afirmar, insistindo, replicando, triplicando, que o defeito do funcionamento do magnífico telescópio teria sido causado por uma falta de destreza do ferreiro da aldeia. A este fora distribuída uma peça que os bretões haviam consignado à aldeia gaulesa. Assim, a montagem de peças várias viria abreviar a conclusão do dito telescópio, evitando-se as intromissões dos romanos, que, muito embora a sigiliosa operação, sempre acabou por de sigilo não ter nada. E, por tal facto, acabou por estar na origem da RGRF (Reunião Geral de Romanos Frustados) que teve lugar no Magnífico Senado em Roma, tendo César ouvido dos seus senadores, governadores, patrícios e centuriões, os amargos queixumes da ainda muito mais amarga nova, sendo que essa se devia ao incomensurável atrevimento da Bretanha Ilha por ter marginalizada toda a Via Ápia e o vasto império de Norte a Sul. Nem um parafuso lhes fora encomendado! Eu disse tudo? Bem, talvez não, pois para que as legiões e seus legionários se deslocassem para dar a merecida correcção aos bretões dos agás aspirados teriam de se abeirar da margem do Canal e ultrapassar uma pequena aldeia de bravos e destemidos gauleses com quem, há muito, os vários Centuriões nomeados para a Gália só acumulavam revezes militares, não importava pois, qual fosse o tipo ou sistema de formação utilizada, quer fossem as formaturas em quadrado, rectângulo, círculo, colcheia, semicolcheia, enfim,... Por Toutatis! E César teve o bom senso de adiar a RGRF para outra data que se tornasse mais propícia, esperando, e bem, que tal facto se fosse com o tempo arrefecendo nos ânimos dos seus exaltado tribunos.» Kalonge |
segunda-feira, agosto 15, 2005
Teste: Sabe Identificar Um Mentiroso?
Você é uma pessoa crédula? Acredita em tudo o que lhe dizem? Sabe identificar um mentiroso? Responda às questões e vá somando os pontos.![]() «I repeat: I did not have sex with that woman.» Antes de ter sido descoberta toda a verdade - que toda a gente sabe qual é -, que pensou o caro leitor destas palavras? 1. Bill está a falar verdade! (10 pontos) 2. Não sei bem se devo acreditar... (5 pontos) 3. É claro que ele está a mentir. (0 pontos) «Se o Carlos Cruz é pedófilo, então eu também sou!» E desta saída de Carlos Mota, que pensou o leitor? 1. Qual quê? Conheço o Carlos Cruz há muitos anos dos concursos de televisão e ponho as minhas mãos no fogo por ele! Se este senhor é amigo dele, então fala verdade. (10 pontos) 2. Hum... Aqui há gato... (5 pontos) 3. Aquela cara de tarado não engana ninguém. (0 pontos) «Não haverá aumento de impostos em 2006.» Será que confia nas declarações de Teixeira dos Santos? 1. Se ele diz que não, é porque não. (10 pontos) 2. O Governo já mentiu uma vez... Não sei se deva acreditar na segunda... (5 pontos) 3. Vai haver aumento e não tarda muito. (0 pontos) O Público lançou há já algum tempo a colecção «Os poemas da minha vida», para a qual convidou várias personalidades renomadas que exibem as suas selecções de poesia. Acredita que, numa tentativa de aumentar as vendas, o Público convidou a Linda Reis, o Zezé Camarinha e o Alexandrino? 1. Em Portugal tudo é possível. (10 pontos) 2. Não sei se hei-de acreditar. (5 pontos) 3. Pois sim... Os tipos do Dolo Eventual nem se preocuparam em fazer uma montagem em condições! (0 pontos) «O primeiro-ministro telefonou-me duas vezes para saber se havia necessidade de interromper as suas férias.» 1. Acredito plenamente! (10 pontos) 2. Será?... (5 pontos) 3. Telefonou-lhe duas vezes sim, mas para dizer ao Costa que aguentasse o barco porque o safari estava de luxo! Agora percebo aquilo das novas fronteiras... (0 pontos) «Queria pedir desculpa, mas eu não tive nada a ver com isso.» 1. O Lula é um homem honesto. Ele não é como os outros. Alguém o enganou. (10 pontos) 2. Não sei. Veremos. O tempo o dirá. (5 pontos) 3. Não teve nada a ver com isso e eu sou o Pato Donald. (0 pontos) Resultados: 45 - 60 pontos: você tem tendência para acreditar em tudo o que lhe dizem, ainda que a experiência mostre o contrário. Tome cuidado quando uns tipos engravatados forem à sua casa. Se disserem que têm ordens do Banco para trocar os seus euros por uma moeda qualquer, vá por mim. Corra-os à sapatada. 15 - 45 pontos: não engole qualquer história que lhe vendam. Sempre achou piada ao princípio da presunção da inocência. Prefere reflectir bastante, antes de condenar alguém. Quem somos nós para atirar a primeira pedra? 0 - 15 pontos: para si, essa história do Homem ter ido à Lua é tudo uma treta. É um adepto da teoria da conspiração: se não o faz, está a um passo de guardar recortes de jornal para tentar decifrar mensagens em código do governo e dos serviços secretos. Etiquetas: Humor, Momento leve |
Sortido
1. «Quando se despenhou, o avião ia a 10 mil metros de altitude», disse hoje de madrugada a jornalista da SIC Notícias, a propósito da queda de um avião em Atenas, ocorrida ontem. 2. A PSP de Aveiro deteve ontem sete pessoas e apreendeu 12.400 doses de haxixe, no âmbito da operação "Tá-se Bem". Que ninguém afirme o contrário: com este nome de código, é bem de ver que as forças policiais portuguesas encontram-se numa fase de franca modernização. 3. Esta madrugada, cheio de sono, enquanto via o telejornal da SIC Notícias, reparei - talvez não tenha acontecido, pode ter sido mesmo do sono - que Jorge Sampaio, depois de condecorar com a Ordem da Liberdade os U2, tropeçou e ia mesmo caindo. Foi impressão minha ou aconteceu mesmo? |
domingo, agosto 14, 2005
A Pena De Prisão Como Último Recurso
Escreve Paulo Gorjão, no Bloguítica: «Mas a parte da notícia que mais me interessa é outra: «A não aplicação da prisão efectiva é encarada pelo criminalista [Barra da Costa] como resultado da máxima adoptada desde há alguns anos pela justiça: "só em último recurso é que se prende alguém", atendendo sempre em primeiro lugar à reintegração dos autores de crimes na sociedade.» Há vários anos que a justiça, a educação, entre outros sectores, estão dominados por uma filosofia de «(re)integração» e de «(re)inserção» social que, a meu ver, tem vindo a perverter os objectivos essencias nessas duas áreas. Não sou especialista nestas duas matérias, nem discuto, obviamente, que haja benefícios em (re)integrar e (re)inserir determinadas franjas da população no sistema. Mas isso não se pode fazer à custa da justiça e da educação. Este debate complexo é claramente ideológico e não é, seguramente, uma discussão em que haja respostas fáceis. Uma coisa, no entanto, me parece clara: não estamos no bom caminho.» Barra da Costa defende a posição da esmagadora maioria da doutrina jurídica portuguesa. É essa também a minha posição. A secularização do direito penal desaguou no pensamento de que o Estado não tem legitimidade para aplicar sanções penais em nome de uma qualquer moral comunitária metafísica. No pensamento jurídico actual, a pena encontra a sua legitimação ou razão de ser nos efeitos social-positivos ou de utilidade social que porventura possa realizar, e não em ideias imediatistas ou de senso-comum de justiça (cometeste um crime, agora pagas). A pena não se pode esgotar neste pagamento. Tem de ir mais além – já que o Estado não é Deus para cobrar a dívida do mau comportamento moral dos outros – para que tenha fins verdadeiramente úteis à sociedade. O direito penal existe para protecção de bens jurídicos (vida, integridade física, autodeterminação sexual, património, por exemplo), numa óptica preventiva e não meramente retributiva. Mas sobre este assunto já tive oportunidade de escrever de uma forma mais desenvolvida no meu post "Os Fins Das Penas". Se o direito penal visa prevenir a prática futura de crimes, então a pena de prisão deve ser aplicada apenas subsidiariamente ou em último termo, e esta aplicação deve reservar-se para os crimes mais graves. É que, para que haja real prevenção da prática ulterior de crimes, é necessário fornecer ao agente todas as condições para que não os venha um dia novamente a cometer, ressocializando-o – e são óbvios os efeitos dessocializadores da pena de prisão, já que as penitenciárias funcionam (por arrasto de deficiências estruturais, sobrelotação, etc), muitas vezes, como escola do crime. Na pequena criminalidade deverão, tanto quanto possível, entrar em cena penas alternativas ou penas de substituição (pena de multa, prisão por dias livres, regime de semi-detenção, prestação de trabalho a favor da comunidade). É deste modo que se serve a justiça num Estado de direito democrático. Quando Paulo Gorjão afirma que a ressocialização «tem vindo a perverter os objectivos essenciais» da justiça e que a ressocialização «não se pode fazer à custa da justiça» , deveria explicar que objectivos essenciais são esses e que ideia de justiça advoga. Pode ser até que a sua posição faça doutrina. A minha conclusão é oposta à de Paulo Gorjão: estamos no bom caminho. |
Proteste!
Porque o Bolhão não pode fechar! e, sendo necessário, como noutras ocasiões no passado, mobilizar os portuenses para acções em defesa da cidade e do património arquitectónico, cultural e identitário que lhe está associado, solicitamos que subscreva esta petição e que a reenvie para amigos e conhecidos, que por certo também desejarão exercer o seu direito de vigilância e de prevenção face a interesses que não são os da cidade, do bem comum e muito menos dos comerciantes do Mercado do Bolhão* *Jorge Pinto e Carlos Ribeiro Movimento Cívico pela Defesa do Mercado do Bolhão |
sábado, agosto 13, 2005
Hannibal Pulido Valente Lecter
Estou a um passo de promover uma petição, pedindo a Vasco Pulido Valente e ao Público para que mudem a sua fotografia naquele jornal. É que, quando leio o Público num ambiente mais soturno, sinto-me assustado. |
Pontos De Exclamação
1) Segundo o Público, um general de quatro estrelas do exército estadunidense, dos quais existem apenas onze na respectiva hierarquia militar, foi afastado do seu posto no Comando de Treino e Doutrina do Exército, na Virgínia, por alegadamente manter uma relação extraconjugal. É que, nos termos dos regulamentos internos do Exército, este tipo de relação constitui uma violação do Código da Justiça Militar. Deixo aqui o meu ponto de exclamação. 2) Ainda lendo o Público, Liu Jinbao, ex-director de uma sucursal do Bank of China, foi considerado culpado de desvio financeiro e condenado à morte por fraude e corrupção, pena que provavelmente será comutada em prisão perpétua. Pena de morte! Mais um ponto de exclamação. |
Abrupto Desmascarado
Não sei bem como, fui ter a um blog chamado Abrupto Sexual. Será que o Abrupto de Pacheco Pereira tem tanta audiência porque os leitores, em busca do Abrupto Sexual no Google, vão enganados? |
Estátuas Que Mexem
Eu sou daqueles que pensa que uma estátua em vida pode, em muitos casos, vir a tornar-se num erro. E se, um dia destes, Manuel Alegre se vir envolvido, por exemplo, num escândalo como o da Casa Pia? Será que a Câmara Municipal de Coimbra vai mandar retirar a estátua? |
O Gang do Túnel
Esta semana no Brasil um gang assaltou um banco através de um espectacular túnel de mais de 80 metros! Mas este é um tipo de banditismo que não foi inventado pelos brasileiros. Aqui em Portugal também temos um «Gang do Túnel», com a diferença de que não conseguem achar a luz ao fundo do dito. O mais admirável é que mesmo assim o assalto é bem sucedido. Não assaltam bancos, mas os bolsos de 10 milhões de contribuintes portugueses. Os seus nomes são Fernando Gomes, Nuno Cardoso, Rui Rio (Porto), Santana Lopes e Carmona Rodrigues (Lisboa). Eles andam aí! |
sexta-feira, agosto 12, 2005
Política De Baixos Salários
Os baixos salários da classe política geram duas ordens de problemas: por um lado, os melhores fogem da política; por outro lado, os piores - os políticos - muitas vezes são rebuscados na arte e engenho de ganhar dinheiro. É fácil: se se for, por exemplo, um autarca, arranja-se um homem de palha ou testa de ferro, de preferência humilde, servil e leal. Através dele, compra-se uns quantos prédios rústicos ou urbanos ao preço da banana. Depois, faz-se obras camarárias - pontes, estradas, caminhos, et caetera - à volta do imóvel para que valorize bem depressa. Quando o prédio estiver bem valorizado, vende-se a empreiteiros 'amigos' que - só por acaso - apenas trabalham para a câmara. Tudo muito simples. Só que o homem de palha, apesar de servil e leal, pode por vezes ficar chateado. Isto acontece, nomeadamente, quando os milhares de euros em impostos sobre mais-valias são cobrados não ao espertalhão do edil, mas ao pobre homem de palha. Etiquetas: Política Nacional |
A Ponte e a Marina da Barra
![]() «Moliceiro.com – Está a referir-se à Marina da Barra? MS – Sim. Acreditamos que o projecto vai ser o motor para o desenvolvimento turístico da nossa freguesia. Moliceiro.com – Esse projecto tem levantado alguma polémica, acha que vai avançar tal como está previsto? MS – Penso que sim. É um projecto que também irá levantar outras necessidades, pois poderá implicar a construção de uma outra ponte, isto porque, as obras da marina vão interferir no actual traçado da ponte da Barra.» (sublinhado meu) «Vão interferir no actual traçado da ponte da Barra»? Como assim? A ponte da Barra pode ter que ser demolida por causa da Marina? Ah! Mas faz-se outra! Nada mais fácil! A Marina vai deixar os cofres da autarquia tão cheios que não haverá paróquia sem ponte e rotunda sem repuxo! Amén. O mais chato é o IP5, que não poderá desaguar mais directamente no mar, mas num miradouro sobre a Marina. Tremei, gafanhões! Entrevista: http://www.moliceiro.com/ilhavo/artigo/511 |