
(A Ópera do Malandro no Coliseu do Porto, quinta feira passada.)
Fui lá revisitar Chico Buarque, património da minha adolescência, potência infinita de palavras e de música que nunca se me descolaram (will they ever?).
Como diz o João Nuno Martins no programa da Ópera, “
Nós crescemos com ele. Nas alegrias, nas festas, nas saudades, nas paixões, nas separações, na melancolia, nos momentos mais importantes a sua música e as suas palavras estavam lá. A sua poesia fez-nos companhia e, de uma forma subtil, influenciou as nossas vidas.”
Sem saber como (já tomo comprimidos da Sonatura para a memória…) ia cantando as canções todas. Vinham-me com a naturalidade com que acompanho a Norah ou a Dido, no carro, de manhã. Como se fossem de ontem.
O meu amor (
tem um jeito manso que é só seu…), Pedaço de mim (
a saudade é o revés de um parto), Folhetim (
se acaso me quiseres…) e, claro, Geni, o (a) plurisexual (
joga pedra na Geni…)
Daquele público tão asséptico, (fui a primeira a levantar-me para o aplauso final), tão contidinho, tão bem educado, só retive que as palmas para a canção da Geni foram as mais longas.
Ainda (acho que) dói na consciência de todos a Geni do Porto, no fundo do poço, aqui há dias. Uma forma de sublimarmos (ou lavarmos daí as nossas mãos…) a homenagem a esta Geni mais fácil, porque de palco.
Ainda assim, espero, uma homenagem. A alguém que se assumiu como era e queria ser. Sem ter que usar coragens que em 2006 deveriam ser obsoletas e inúteis. (Porque é que é há-de ser preciso coragem para só ser?)
O Chico, em 79, já nos expunha às Genis e nos impregnava das bifurcações do “normal”… Bens do património que deixou.
Bless you, Chico. And thank you.