Dolo Eventual

David Afonso
[Porto]
Pedro Santos Cardoso
[Aveiro/Viseu]
José Raposo
[Lisboa]
Graça Bandola Cardoso
[Aveiro]


Se a realização de uma tempestade for por nós representada como consequência possí­vel dos nossos textos,
conformar-nos-emos com aquela realização.


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Para uma leitura facilitada, consulte o blogue Grandes Dramas Judiciários

Visite o nosso blogue metafísico: Sísifo e o trabalho sem esperança

O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais para rotundas@gmail.com


Para uma leitura facilitada, consulte o blogue As Mais Belas Rotundas de Portugal


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sábado, setembro 30, 2006

Não está acontecer aqui mas está a acontecer agora




O alerta para a violação dos direitos humanos em países como a China, Libéria ou o Sudão foi conseguido aliando imagens marcantes com a paisagem real envolvente das paragens de autocarro, estações de comboio ou cabines telefónicas. Um excelente trabalho publicitário realizado na Suíça, premiado já na Big Apple, ao serviço da amnistia internacional. Enquanto se espera, tocam-se consciências porque " It´s not happening here but it´s happening now".

sexta-feira, setembro 29, 2006

100 imagens reconfortantes para fumadores em tempos difíceis (76ª)

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Pedreira vira jóia



Rui Rio já não suportava olhar pela janela da sua sala nos Paços do Concelho e ter de ver aquele cenário horrendo. Não, não me refiro às prostitutas de rua que certamente também vê daquela janela, já que diariamente exercem a sua arte muito perto das traseiras do edifício da Câmara. Com toda a agitação naquela zona, a nova estação do metro da trindade, as obras de reestruturação (desnudamento) dos Aliados, aproveitou-se o embalo das máquinas e também a Pedreira da Trindade teve direito a uma nova roupagem. Durante muitos anos foi uma verdadeira nódoa no coração da cidade portuense.
A ideia de urbanizar a Pedreira da Trindade vem já dos anos 60 e sempre esteve envolta em polémica, imbróglios e tribunais. O projecto de construção de um edifício, pedido ao arquitecto Bento Lousan, foi adjudicado pela autarquia a 19 de Março de 1968. Nos anos 80,a Câmara rescindiu o acordo e o caso seguiu para a Justiça. O acórdão de Supremo Tribunal encerrou o processo, condenando, em 1989, a autarquia a indemnizar Bento Lousan. Em Março de 1992, o terreno da Pedreira da Trindade foi alienado, em hasta pública, ao empreiteiro Martinho Tavares por 6,48 milhões de euros pela Câmara. Nesse mesmo ano foi iniciada a construção do edifício pelo consórcio Euro-Jafip, que unia Martinho Tavares e uma empresa gaulesa. A falência dessa firma leva no entanto à paragem das obras. E paradas estiveram por mais de 7 anos.
Mais eis que em Outubro de 2004, depois de muitas deliberações e outras tantas querelas, a autarquia do Porto licenciou um novo projecto para a Pedreira, o Domus Trindade e espera-se que fique pronto ainda este ano. Referida como “(…) finalmente a obra” no site oficial da Câmara, a nova estrutura conta com um hotel, escritórios, ginásios e galeria comercial. Obra ou arquitectura ao género fast food (há ali um buraco negro, não existe nenhum centro comercial num raio de 50 metros, vai revitalizar a área e esvaziar algumas carteiras, além disso disfarçam com os escritórios!), fica à consideração de cada um. Estava também previsto este edifício poder acolher o Tribunal de Família e Menores. Reabilitar aquele espaço era de facto uma exigência da cidade e da zona histórica que o envolve. De lamentar é não haver projectos para eliminar outras nódoas, andantes e vestidas a rigor, que se podem ver ali tão perto. Um grande contraste com cenário tão luxuoso à vista…

Frases

«Todos fazem diagnósticos, quando o que o país precisa é de objectivos e de motivação para os alcançar. Curiosamente nos diagnósticos, a culpa é sempre dos outros e nunca dos seus autores.»
Jorge Ferreira
, edição de hoje do Diário de Aveiro

quinta-feira, setembro 28, 2006

Casos jurídicos para curiosos não juristas [44º]


Alberto acaba de falecer, sem no entanto ter manifestado em vida, junto das entidades competentes, a sua qualidade de dador ou não dador de tecidos ou órgãos. Poder-se-á retirar órgãos ou tecidos de Alberto para fins de diagnóstico, terapêuticos e de transplantação?
1) Sim;
2) Não.
*Proposta de solução em futuro post.

Abraço sentido

Há abraços quem têm um preço. E independentemente da postura que um primeiro-ministro deve ter em relação ao presidente de um outro país, onde curiosamente vive uma grande comunidade de portugueses, deve saber que o excesso de entusiasmo pode ser mal interpretado e neste caso abusivamente utilizado.
Chavez não se deve levar muito a sério. Aliás o maior erro que se pode fazer em relação a este tipo de figura, que mais tarde ou mais cedo acabará vítima de si próprio ou de um qualquer golpe militar, é dar-lhe demasiada atenção. Muito embora o folclore se possa tornar perigoso.
Mas é inegável que Sócrates foi imprudente e até mesmo ingénuo.

Substitutos procuram-se


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e mudam-se as sete maravilhas do Mundo. O colosso de Rhodes, o Farol de Alexandria, os Jardins suspensos da Babilónia e restantes companheiros procuram substitutos à altura. Sangue novo com orgulho de ocupar tão ilustre elite. Apenas se mantêm nesta corrida as Pirâmides de Gizé. Justa recompensa por se tratar da única maravilha da antiguidade que sobreviveu até aos nossos dias. Embora a original lista ainda seja a que contempla os feitos da antiguidade, foram já elaboradas diversas imitações, não oficiais, sendo conhecidas listas das sete maravilhas naturais (uma delas realizada pela CNN), listas das maravilhas da engenharia moderna, das maravilhas subaquáticas, entre outras. Desta feita, a Fundação New Seven Wonders, começou por eleger em finais de 2005, através de um painel de peritos, 21 candidatas das 77 nomeadas com vista a entrarem na corrida final da competição para a eleição das novas 7 maravilhas do mundo. As votações à escala mundial começaram em Janeiro de 2006 e decorrem online ou via telefone. No próximo ano, no dia 7 de Julho serão anunciadas as finalistas, escolhidas, não por Philon de Bizâncio, mas por milhões de pessoas. Poderá não chegar a ser oficial esta lista, no entanto, como 50% das receitas da N7W são destinadas à restauração de monumentos em todo o mundo, poderão cuidar assim de muitas maravilhas, para que e embora fiquem fora do Top 7, também possam ser admiradas.

É só uma ópera...


Aparentemente provocadora para todos e não apenas para islâmicos...

quarta-feira, setembro 27, 2006

Alma castrense

As coisas parecem não estar a correr pelo melhor na profissionalização das forças armadas.
A juntar a umas festas com muita música, bebida e tiros para o ar nas ilhas Desertas e mais uns episódios desagradáveis com uns oficiais alegadamente bêbados no Kosovo, que por motivo de força maior tinham de ir passear à cidade durante a noite, surge agora a detenção de militares da Marinha por suspeitas de corrupção.
Mas afinal que forças armadas são estas? Quem são estas pessoas?
Todos ou quase todos os homens da minha geração se recordam do momento da inspecção militar. Para uns foi uma coisa trivial que acabou por os colocar numa qualquer obscura categoria da reserva territorial depois de uma série de anos de estudo, mas para outros foi uma tortura andar a ser empurrado de um lado para outro num limiar entre a arrogância e a falta de respeito, após terem perdido o seu nome para um homogéneo nome de mancebo.
Mas havia outros para quem aquilo era uma aventura. Um orgulho, um prazer que alimentavam a cada momento em que diziam “sim senhor”, “sim meu sicrano” e “sim meu beltrano”. Uma aventura ao melhor nível do Rambo, ao ponto de lhes brilharem os olhos quando na sala escura passavam os filmes das forças especiais.
Esses são os que compõem hoje as nossas forças armadas. São todos aqueles que não pretenderam nada da vida além de um emprego estável e seguro. Não se deram bem com aquela coisa complicada dos livros e acabaram todos numa parada a fazer flexões por puro prazer na instrução de alarvidade que receberam. Tudo para simplesmente afogar o cérebro em cerveja, arrotar palavrões em cada frase e evitar fazer o esforço de pensar, especialmente quando isso não é necessário por se ter uma arma na mão.
O resultado está à vista. A qualidade da instrução revela-se nos pormenores, no rigor e distinção e nos valores dos verdadeiros homens que a tropa produz.

Sísifo e o trabalho sem esperança [30 de 100]

As mais belas rotundas de Portugal [32º]

O Dolo Eventual descobriu [rectius, suspeita] que «KREIS-VERKEHRS-INSELN» significa «rotundas». No site alemão www.portugalforum.de vê-se um link para o site de apoio à nossa rubrica «As mais belas rotundas de Portugal». Diz assim:
«Die 31 schoensten KREIS-VERKEHRS-INSELN (Rotundas) in Portugal
Hallo Freunde von Verkehrsinseln der besonderen Art!
hier in Portugal werdet Ihr entzueckt:
die Verkehrsinsel Architektur Portugals:
bald beruehmt in aller Welt!»
Disse o José Raposo, do alto do seu perfeito alemão, antes de consultar o corrector do Google: «parece que falam bem de nós».

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terça-feira, setembro 26, 2006

Frases para ter na carteira


É já quinta-feira o lançamento do livro «Frases para ter na carteira», recheado de nomes bem familiares da blogosfera.
Sobre o livro, diz Pedro Vieira, inspirado autor do Irmão Lúcia, do qual sou fã há relativamente muito tempo: «este incidente editorial prova, afinal, que o mundo da escrita em Portugal começa a ganhar a credibilidade da carreira de um António Calvário».
Dia 28 de Setembro, pelas 18h30m, no atelier «O Marinheiro», Calçada Salvador Correia de Sá, 42, 2º Frente, em Lisboa.
Se aparecerem 5 vezes mais pessoas do que as que estiveram no lançamento do meu livro, já se poderá considerar um lançamento medianamente razoável.

100 imagens reconfortantes para fumadores em tempos difíceis (75ª)

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Grandes clássicos portugueses

A comissão técnica encarregada de promover a eficiência na Administração Pública foi despedida por falta de eficiência. É crónico.

A nacionalização dos atestados

«De acordo com a resolução de CM, os trabalhadores dos organismos públicos portugueses podem passar ter que apresentar uma declaração que certifique incapacidade temporária por doença, emitida pelas instituições do Serviço Nacional de Saúde, sempre que faltarem ao emprego por estarem doentes.

O diploma discutido pelo executivo pretende alterar assim o Decreto-Lei n.º 100/99, de 31 de Março, que obriga apenas os funcionários públicos a apresentar um atestado médico para comprovarem as suas situações.

A mudança encontra-se agora em período de negociação colectiva, tendo os sindicatos já contestado a sua aplicação. Porém, a tutela revelou ambicionar vê-la em vigor a partir do próximo dia 1 de Dezembro.»
Estranho... Numa altura em que já se deram alguns passos no sentido da privatização dos serviços (dos notários, por exemplo), o governo avança com esta excentricidade.
Se por um lado, procura dissuadir as visitas excessivas aos centros de saúde através de taxas moderadoras, por outro lado, empurra os funcionários públicos para esses mesmos centros de saúde. Conheço, no entanto, muita boa gente, que sendo funcionário público, prefere pagar do seu bolso o acesso a serviços de saúde privados, abdicando desse modo de uma regalia a que teria direito, como qualquer outro trabalhador. Na prática, não têm médico de família e não estão inscritos no centro de saúde da sua área de residência porque optaram um sistema paralelo.
Há aqui um ponto que admito discutir, que é o facto de muitos desses funcionários recorrerem à ADSE para comparticipar o acesso aos serviços privados. Mas se fosse esse o problema, não percebo porque razão não se vai direito ao assunto.
Ou será que o governo duvida do profissionalismo e honorabilidade dos médicos privados? Será que um atestado médico carimbado num centro de saúde tem mais valor que um outro qualquer? Questão interessante para a respectiva Ordem colocar aos governantes...
Francamente não entendo esta absurda nacionalização dos atestados médicos. A não ser... a não ser que... esta medida não passe de uma estratégia para combater o absentismo da função pública: ninguém no seu perfeito juízo estará disposto a perder um dia inteiro no posto médico por causa da porcaria de um atestado! Quando a máquina não tem conserto há que aproveitar ao máximo as suas manhas...

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segunda-feira, setembro 25, 2006

Tarde demais



Afinal o criacionismo que tanto sucesso tem vindo a fazer na blogosesfera chegou tarde demais, porque tudo já tem explicação.
Será brevemente divulgada a verdade sobre este assunto (algures numa página de internet), tal como já foi sobre a verdadeira razão do Tsunami asiático.
Mais uma vez os suspeitos do costume, os americanos, como se nós já não soubéssemos.
Na realidade, a própria raça humana é uma invenção do governo alienígena americano, só para vender armas com o objectivo de assistir à nossa própria destruição.

As duas faces da moeda

Os resultados da comissão que estudava a administração pública são aqueles que já se esperavam. Aliás até nem se percebe muito bem porque razão se pagou a mais uma comissão para dizer o óbvio.
A máquina do estado é pesada, burocrática, confusa, tem gente a mais, sai demasiado cara e não produz nada de particularmente significativo em termos de desenvolvimento do País. É mais um travão que uma alavanca, mas isso já todos sabíamos.
Outras coisas que também são óbvias, são o acordo do governo em relação às medidas propostas pela comissão e a oposição dos sindicatos da administração pública.
Mas na realidade todos trabalham sobre o medo. Governo e sindicatos fazem todos os esforços para manter um clima de desconfiança e de medo recíproco pois é aí o único local onde alguém pode fazer vingar as suas ideias. O governo pretende alimentar o medo da incerteza no futuro e os sindicatos pretendem alimentar o mesmo medo como factor dinamizador de intervenção.
O governo diz: É melhor começarem a aceitar as nossas regras senão vamos pôr-vos todos a mexer. Sindicatos dizem: Eles vão pôr-vos a mexer por isso não aceitem as regras deles.
E pelo meio os do costume, que continuam a ter de enfrentar dia a dia os milhares de volumes de requerimentos e certidões sem saber bem se amanhã o serviço onde trabalham não será extinto.

Céu nublado

Confirma-se. O Sol nada mais é do que a continuação do Expresso por outros meios. Com a agravante de acentuar ainda mais uma certa cultura trash. É, provavelmente, um dos piores jornais do mundo. O que vale é que é sol de pouca dura.

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APFN preocupada com a própria sobrevivência


«A Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) pediu a demissão do ministro da Saúde, acusando-o de "falta de senso" por defender a despenalização do aborto e querer incentivar os hospitais a aumentar a sua prática. [...] Para a APFN, as declarações do ministro revelam "cegueira e falta de senso", uma vez que o aumento do número de abortos vai reduzir "a dramática taxa de natalidade" em Portugal, "financiando o gigantesco negócio das clínicas abortivas" através de dinheiros públicos. "Enquanto o primeiro-ministro está profundamente preocupado com a baixa natalidade, o ministro da Saúde está preocupado com o baixo número de abortos.» [Fonte]
Pela primeira vez ouço vozes contra a despenalização do aborto sustentadas no grande argumento da quebra da taxa de natalidade. O que a APFN não vê, certamente por cegueira e falta de senso, é que quem está disposto a fazer um aborto, fá-lo-á: com lei, sem lei, com clínica, sem clínica. Por isso, uma política proibicionista, divorciada da realidade, só pode ter como resultado a manutenção da dramática taxa de natalidade e o aumento da taxa de mortalidade das praticantes do aborto, dada a sua execução clandestina. Problemas a dobrar.
Mas é compreensível que a APFN invoque este argumento. A final de contas, trata-se de uma questão de sobrevivência: diminuindo a taxa de natalidade, a APFN corre risco de extinção. Não fosse ela chamar-se Associação Portuguesa de Famílias Numerosas.

domingo, setembro 24, 2006

Frontex

Aqui há umas semanas era noticia que num só fim-de-semana as lhas Canárias foram invadidas por 1200 imigrantes ilegais, que encontraram nas pequenas e frágeis embarcações, uma alternativa ao arame farpado e aos tanques de Ceuta e Melilla.
Na semana que passou a noticia era, desde o início do ano terem sido resgatados nas mesmas águas 500 corpos de imigrantes ilegais que não tinham conseguido chegar às Canárias.
Por mais idiota que possa parecer a ideia dos espanhóis manterem enclaves em território marroquino, como por exemplo Perejil, que é uma pedra a 200 metros de Marrocos, esta não é uma questão de soberania mas sim uma questão económica.
A generalidade da classe politica europeia agradece o esforço espanhol de evitar as hordas de imigrantes ilegais no próprio território africano, para não ter de se preocupar particularmente com a resolução do problema no espaço natural da União, à excepção de uns episódios em Itália, Chipre e Malta.
Portugal também participa desse esforço. Muito embora as nossas costas estejam longe da capacidade dos barcos dos imigrantes, ajudamos a proteger a fortaleza Europa lá longe, ao abrigo do programa HERA2 da Agência europeia de gestão das fronteiras externas da União, o FRONTEX, que prevê uma protecção muito além das fronteiras europeias.
Uma corveta da marinha portuguesa esteve até esta semana a fiscalizar uma parte do Atlântico ao longo das costas dos países independentes, Cabo verde, Senegal e Mauritânia, de forma a dissuadir qualquer tentativa de imigração ilegal dos nacionais destes países.
A questão não é sabermos se é correcto fecharmos a porta aos imigrantes ilegais ou se vamos escancarar a porta para os deixar entrar.
A questão é saber como é que vamos resolver este problema, porque a Europa não pode continuar a considerar que ele se resolve mantendo navios de guerra e grande aparato militar nas suas fronteiras exteriores, sejam elas no sul de Espanha ou já dentro do território africano.
A questão está directamente relacionada com o papel que a Europa rica pode e deve desempenhar em África, facilitando condições de vida adequada, exigindo democratização dos regimes e o estabelecimento de verdadeiros direitos liberdades e garantias.
Se a Europa pretende proteger-se das supostas invasões, tem de saber que isso tem um preço. Resta saber se o pretende pagar em medidas tampão, totalmente avulso, ou se pretende pagar esse preço em projectos de desenvolvimento sérios, para que Àfrica se possa realmente desenvolver de forma sustentada.

As mais belas rotundas de Portugal [31ª]



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Trazemos hoje uma homenagem à mata ibérica: a rotunda caixote do lixo. É uma mata portuguesa, com certeza.
«Este magnífico specimen está na confluência da EN 110 com o IP3, em Moínho Novo, lugarejo da freguesia de S. Pedro de Tomar, no concelho de Tomar. Os passantes vão-no enfeitanto com sacos de plástico, garrafitas, pacotes de batata frita e todo o lixo que se vai juntando no automóvel.»
[Fotografia e texto: António Alfredo Caiano Silvestre]
P.S.: O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais que por bem forem entendidos enviar para rotundas arroba gmail.com.

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100 imagens reconfortantes para fumadores em tempos difíceis (74ª)

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sábado, setembro 23, 2006

Fight Club


Um amigo cá da terra - Marcos Rocha -, maluco q.b. no bom sentido, organizou um Fight Club. No início, tudo se passava num fechado círculo de amigos. Mas agora é tempo de expansão: o Fight Club já tem site e quer afirmar-se a nível nacional.
O Fightclub.PT tem por finalidade reunir todos(as) os(as) praticantes e/ou amantes de Artes Marciais / Desportos Combate, num convívio amigável, onde todos aprendem com todos e com as suas experiências - inclusive quem nunca tenha tido contacto directo com o Mundo das Artes Marciais e esteja interessado em aprofundar conhecimentos nesta área do saber.
Alguns dos eventos podem incluir sessões de esclarecimento e seminários – sobre diversas áreas de interesse (directa e indirectamente ligadas ao mundo Artes Marciais), sendo a realidade individual de cada um o mais importante nesta partilha. Médicos, para-médicos, enfermeiros, massagistas, fisioterapeutas, professores e alunos de tango, body combat, yoga, medicina alternativa, amantes de caminhadas e da natureza, militares, policias, elementos da segurança e bombeiros, todos poderão contribuir. E pertencer ao grupo é como as chamadas da PT: completamente grátis.
Fui convidado para me juntar à equipa e dar uma palestra subordinada ao tema «legítima defesa». Talvez nas férias eu descarregue a tensão laboral acumulada durante o ano. [http://www.fightclubpt.tk/]

sexta-feira, setembro 22, 2006

Casos jurídicos para curiosos não juristas [43º]


Felisberto Esperto, de 77 anos, toda a vida foi um homem astuto e previdente. Debatendo-se com uma doença incurável, Felisberto quis garantir que suas últimas vontades seriam respeitadas e cumpridas. Assim sendo numa noite serena redigiu o seu testamento:

Eu, Felisberto Esperto, natural da freguesia de S. Pedro, concelho de Lisboa, casado com Abília Coitadinha, nascido a 2 de Maio de 1929, portador do B.I. 1234567, residente na Rua das Almas nº 100 em Coimbra, no uso pleno das minhas faculdades mentais e sem qualquer coacção, faço o meu testamento da seguinte forma:
Deixo ao meu único irmão Micas dos Santos Esperto, a minha biblioteca que se encontra na minha residência, acima indicada e a minha colecção de Rolex;
A Alzira Boaventura, amiga da família, deixo a minha casa de férias, sita na Madalena descrita na 1ª Conservatória de Vila Nova de Gaia com o nº 666 e inscrita na respectiva matriz predial sob o nº 33.

Coimbra, 10 de Junho de 2005
Felisberto Esperto

São válidas as disposições feitas neste testamento, tal qual está elaborado, sabendo que após a morte de Felisberto, em muito devido à histeria de Alzira durante o funeral, se descobriu ter sido esta sua amante durante largos anos?
1) Sim
2) Não
*Proposta de solução em futuro post.

Comprometer Portugal

É sempre interessante, num país caracterizado por uma borreguice congénita, quando surgem alguns iluminados prontos a fazer rupturas. Nós gostamos disso. É sempre aquele sintoma do murro no estômago, a pedrada no charco que agita as águas bafientas.
São sempre aqueles bem falantes que aparecem a dizer aquelas coisas que nós comuns mortais não entendemos e isso liga-os a um ideal de inteligência que não temos.
Mas convêm que apresentem propostas sérias, para que possam atingir os objectivos a que se propõem, assim como dinamizar e motivar aqueles que pretendem pôr a mexer.
Independentemente do lado que possamos observar a questão, seja ele de esquerda ou de direita, seja corporativa, empresarial ou sindical, não tem pés nem cabeça (digo eu...) apresentar uma proposta para a extinção de 200.000 funcionários públicos.
Dizer que se obtêm uma redução da despesa pública até 4% do PIB com a "migração apoiada e socialmente equilibrada para a iniciativa privada" coloca algumas questões sérias a que o compromisso Portugal optou por não responder.

1) - De que forma prevêem que o mercado de trabalho consiga absorver 200.000 trabalhadores? Quem é que nos empresários que compõem este painel tem nas suas empresas capacidade de absorver parte, ou pelo menos um ou dois, destes 200.000 funcionários públicos?
2) - Ainda que haja uma transição, estes 200.000 vão ter de ser formados. Quem é que vai responsabilizar-se por essa formação? As empresas? Não, vão querer que seja o Estado.
3) - Certamente propostas deste género compreendem uma base de informação clara. Por isso o compromisso Portugal já deve saber quantos destes 200.000 não conseguirão ser reciclados e irão para subsídio de desemprego, pré-reforma e reforma. Quantos são? Quem paga estas prestações sociais? A iniciativa privada? não, o Estado.
4) - Prevêem a possibilidade das prestações sociais de invalidez, desemprego, doença entre outras, sejam comparticipadas por seguros individuais pagos conjuntamente por empregadores e trabalhadores. Mas isso ainda não se aplica a estes, pois não?
5) - E sobre quem iria cair o impacto da contenção financeira e do adiar de decisões de consumo/investimento de 200.000 pessoas, mais de um milhão de portugueses se contarmos as suas famílias? Provavelmente sobre a iniciativa privada que em dificuldades estende sempre a mão a quem? Ao do costume.

Um pouco de bom senso faz muita falta.

O cão de Saramago


Durante uma entrevista na TVE2, ao jornalista espanhol não ocorre melhor pergunta para fazer a Saramago do que esta: «Porque chamou Camões ao seu cão?»*. Para minha surpresa, o nosso (?) Prémio Nobel não mandou o jornalista para aquele lado, nem o insultou com um apropriado «puta-madre» e nem se levantou saindo dali para fora. Nada disso! Afivelou um sorriso húmido e deu esta resposta incrível: «Sabe, apareceu-nos lá em casa no dia em que me telefonaram por causa do Prémio Camões» [pausa meditativa] «É claro que se fosse o Prémio Cervantes, o cão chamar-se-ia Cervantes...»*.
Sem pretensões literárias, gostaria de, um dia, ter um cão chamado Saramago.

*Tradução livre a partir do cristalino saramaguês (língua indeterminada, algures entre o português e o castelhano; da mesma família do luisfiguez).

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quinta-feira, setembro 21, 2006

Grandes clássicos do spam [2]


Você esta sendo [1] traido/ veja as fotos

De: Um amigo bemquerer@hotmail.com
Olá, [2]
me desculpe pela minha franqueza, sinto muito em não poder te falar pessoalmente [3], fico até meio constrangido em te falar mais [4] me sinto na obrigação de te avisar, abra o olho você está sendo traído.
Eu sei que é difícil de acreditar mais como as imagens valem mais que as palavras, por isso estou lhe enviando essas fotos para que você veja com seus próprios olhos [5].São 19 fotos, Se cuida um grande abraço.

Veja as fotos 01
[1] Gerúndio? Será que é alguém do Alentejo?
[2] Olá.
[3] Pois, o bilhete de avião está caro.
[4] Então fala menos.
[5] Não fosse eu olhar com os olhos de outra pessoa.
Veja mais clássicos do spam:
[1].

100 imagens reconfortantes para fumadores em tempos difíceis (73ª)

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O santo anda desconfiado

Depois das férias os nossos partidos políticos surgem-nos aparentemente revigorados e cheios de vontade de caminhar juntos pelo estado da nação. Para além dos pactos reina o consenso entre os partidos que ciclicamente e sem surpresas se alternam na cadeira do poder, a propósito da nomeação do Juiz Conselheiro Fernando Pinto Monteiro a novo PGR. Na assembleia temos agora compadres de politica. Se este panorama se mantiver de futuro, as próximas legislativas candidatam-se a ficar nos anais da Democracia portuguesa.
Quando a esmola é muita….
Em todo o caso quem sabe se o novo PGR faz parte da boa nova que Têmis aguarda.

As mais belas rotundas de Portugal [30º]

Falar de rotundas é um eterno retorno a Oeiras. E por isso cá estamos novamente a falar da terra do Isaltino, que por alguma razão obscura, os jornalistas revelaram recentemente ter casas aprendidas, fora de Oeiras...
Hoje é da Rotunda da Variante que falamos. Esta rotunda com oliveiras fica na saída da A5 para Oeiras e dá também acesso ao Silicon Valley português, de seu nome original Quinta da Fonte.
Estas oliveiras têm uma história engraçada. Como outras presentes em rotundas um pouco por todo o concelho, estas vieram da zona de desmatamento do Alqueva, anterior ao fecho das comportas. Até aqui nada demais a não ser o escandaloso preço a que foram compradas, porque a EDIA não fez preços de saldo. Mas o mais importante destas oliveiras acontece mais perto do natal. São todas embrulhadas, sem excepção, numa malha de milhares de pequenas luzes de natal, capaz de servir de farol para algum eventual extra-terrestre.

[1ª Fotografia: António David Francisco]
[2ª Fotografia:
José Raposo]

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quarta-feira, setembro 20, 2006

Inédito

Um jogador do Liverpool acaba de marcar ao Newcastle com um remate feito antes da linha de meio campo. Nunca vi tal coisa.

Casos jurídicos para curiosos não juristas [42º]

Albertinho e Ricardão são homossexuais, namorados e vivem juntos há cinco anos. O apartamento onde vivem é propriedade de Ricardão. Ricardão é soldado da GNR, Albertinho é dono-de-casa. Acontece que Ricardão morreu, sendo que o seu único herdeiro é o seu pai. Albertinho, não tendo para onde ir, pretende continuar - ainda que apenas por dois ou três anos - no apartamento. Poderá ele continuar a residir no apartamento?
1) Sim;
2) Não.
*Proposta de solução em futuro post.

O entalanço

Fico perplexo pelo entusiasmo acrítico da nossa comunicação social pelas benesses das grandes empresas ao comum do povinho.
Não se questiona nada nem parece haver necessidade de questionar. Os cérebros macilentos de alguns dos nossos jornalistas são apenas veículos de transmissão dos press-releases das grandes corporações.
Hoje acordei perante a estrondosa novidade de ter de deitar todo um livro de cheques fora a cada seis meses.
Aparentemente, numa inaudita medida para nos proteger (é quase sempre porque a malta não sabe tomar conta de si) os bancos já começaram a emitir livros de cheque com data de validade.
Havia os bifes, os cereais, o queijo, o leite, os enlatados e mais uma parafernália de produtos (senão a totalidade) com uma inscrição num qualquer sitio, que é tudo menos óbvio, a indicar a data aproximada da sua validade.
Agora os bancos vão passar a enviar-nos umas caixinhas com a informação: “Consumir antes da data impressa na embalagem”. E nós vamos a correr passar cheques antes que eles comecem a cheirar a ranço.
Ora alguém me consegue explicar de que forma eu estou mais protegido porque os meus cheques têm data de validade? Será que o ladrão ocasional vai esperar que os meus cheques estejam a dois dias do fim do prazo para me roubar? Depois, como é possível que tenha dificuldades em falsificar a minha assinatura, quando passar um cheque dos meus já é tarde demais? E então nos outros meses todos? Como é que a validade dos cheques me protege?
Pois é, protege-me muito pouco ou nada. Mas o que é certo é o valor a pagar de seis em seis meses por uma nova caderneta de cheques, mesmo que apenas tenha gasto um cheque da caderneta entretanto ficou fora de prazo.
Querem entalar-nos, ou melhor, como a imagem sugere enlatar-nos…

Pactos de segredo

Os pactos políticos servem interesses vários. Ou são coligações pré-eleitorais que permitem mais facilmente obter o poder, ou são acordos tácitos de aproximação de pontos de vista sobre determinadas politicas em regime pós – eleitoral.
Algumas circunstâncias próprias da democracia fazem com que os pactos sejam por vezes essenciais à existência de consensos parlamentares que permitam reformas de fundo, que doutra maneira não poderiam ser feitas.
Ora em Portugal nenhuma dessas condições está reunida. O governo não tem absolutamente necessidade nenhuma de fazer pactos para fazer reformas e a oposição precisa de tudo menos de partilhar ideias com um governo de maioria absoluta.
No entanto os pactos existem como preço a pagar da eleição de um presidente de consensos (que não fez enquanto governante) por socialistas que o deixaram eleger e por sociais-democratas não conseguiram demarcar-se dele.
Entretanto jornalistas e comentadores deste país regozijam pelo principal triunfo do pacto patrocinado pelo Sr. Presidente. Para eles já está a facturar na altura em que foi possível negociar durante seis meses sem que a comunicação social soubesse de nada.
É uma espécie de tiro no pé. Os jornalistas e os comentadores que se alimentam avidamente do fenónemo comunicação social, imaginam como correcto o modus operandi que justificaria a sua completa inutilidade.
Dá para ver que nem toda a gente está feliz. Os provisórios oposicionistas de Marques Mendes (tb ele provisório) já se queixaram da mistura de pontos de vista entre as opiniões do governo e do PSD. Mas ainda assim, Marques Mendes não perdeu a oportunidade de estar sobre os holofotes de uma potencial reforma que todos recordarão ter sido feita no tempo do Sócrates.
Este por sua vez cedeu à pressão do presidente dos consensos, vai acabar por fazer a reforma que entende desde o início e vai conseguir dizer a todos os que se oponham que o pacto reúne quase 100% dos votos dos portugueses no eixo Belém-Lapa-São Bento.
Já disse que não alinha em outros pactos mas eles favorecem a sua forma de governar que não se pretende muito questionada e quando o PSD de Marques Mendes ceder nas questões essenciais vai haver outro pacto patrocinado, aplicado à reforma da segurança social.
Para já mais um acordo, o da data do referendo ao aborto para todos podermos voltar a ver as senhoras de Fátima aí pelas ruas cheias de terços.

terça-feira, setembro 19, 2006

Proposta eventualmente dolosa

O Governo anda distraído. Faltam ainda:
a]
taxas moderadoras no acesso à morte para controle da taxa de mortalidade;
b] taxas moderadoras no acesso à velhice para controle do envelhecimento fraudulento, i. é, aquele que visa exclusivamente a obtenção de pensões da Segurança Social;
c] taxas moderadoras no surgimento de irritações cutâneas faciais femininas para contenção da chamada mulher-pipoca;
d] taxas moderadoras no surgimento de irritações cutâneas faciais masculinas para cumprimento do princípio da igualdade;
e] taxas moderadoras no pagamento de qualquer taxa moderadora para moderação das actividades moderadas.

100 imagens reconfortantes para fumadores em tempos difíceis (72ª)

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Têmis à beira de um ataque de nervos


Têmis, Iustitia prós amigos, anda angustiada lá no Olimpo. De olhos vendados, ou não fosse ela imparcial, neste caso para evitar que o seu estado de saúde se agrave. Pelo que tem observado entre as margens do Douro, a Deusa vê-se desnorteada com a espada e a balança. Vejamos:
Na Invicta, é prática mais que corrente nos juízos criminais serem marcados os julgamentos como se de um convívio de antigos alunos da escola primária se tratasse. Convocam-se todos para a mesma hora (um destes dias eram na ordem dos 20, só na parte da manhã) pois já se sabe, falta sempre alguém, arguidos, testemunhas, Advogados, há adiamentos, desistências de queixa…Assim, ganha-se tempo, matam-se “dois processos com uma cajadada” em bom-nome da celeridade da justiça. Enquanto tudo isto acontece, os intervenientes atropelam-se nos corredores e escadarias, pois o espaço a isso convida e inevitavelmente testemunhas, arguidos e emplastros interagem entre si. Reina o convívio enquanto se espera. E claro Têmis não aprova.
Para contra-balançar, o Palácio da Justiça, que recebe as causas cíveis, vive dias de acalmia e o seu já vasto e agradável espaço é agora uma espécie de Oásis. Têmis agradece, ali pode descansar por escassos momentos.
No juízo de execução (tribunal com competência específica para as acções executivas), consultar a distribuição dos processos é uma tarefa herculiana tal é o volume de processos que diariamente dão entrada (daí a acalmia vivida no Palácio, onde muitos destes processos corriam antes da Reforma executiva e da criação dos juízos de execução contemplada no DL 38/2003 de 8 de Março e concretizada pela Portaria 148/2004 de 21 de Junho). As três secções deste tribunal encontram-se literalmente entupidas e os processos não correm, empilham-se. Têmis à beira de uma ataque de nervos e sabe que esta realidade é já do conhecimento dos seus colaboradores terrenos. É frequente vê-la na Foz olhando o mar fixamente como quem aguarda uma boa nova. Não será porventura a única...

Correio do leitor


Um leitor identificado, que optou no entanto por permanecer no anonimato, fez-nos chegar este link - carregado da alma dos papéis que habitam os Tribunais do Trabalho portugueses nos dias de hoje. Infelizmente, não é situação única. Diz ainda o nosso leitor:
«Se há coisa que me arrepanha a pele é ver o professor Seara a dar banhos de moral no Dia Seguinte e estas coisinhas vão acontecendo debaixo da sua asa.»

segunda-feira, setembro 18, 2006

Grandes Dramas Judiciários: Urbino de Freitas (20)

Estamos de volta após uma semana de interregno. Antes do episódio de hoje temos para oferecer a tradução da carta inédita de Freitas Fortuna ao Dr. Bechurts que publicámos na semana anterior.

«Porto, 14 de março de 1891

Sr. Professor Dr. H. Bechurts

Confirmando a minha carta de 8 do mês corrente, e a expedição de 400 francos = 323, 56 [?], apresso-me de rectificar um erro na tradução do primeiro relatório (sobre Mário G. A. Sampaio), pois desejo a máxima exactidão.Não, Sr., não quero seguir o caminho daqueles que se armaram com um revolver contra o meu bom irmão, que não resistindo a propósitos indecentes, tiveram a coragem de aceitar a missão de peritos num caso onde mais do que a vida está em causa uma questão de honra.No parágrafo 7º (reacção 6ª) “acido iódico . A reacção produziu-se, e o iodo posto em liberdade coloriu, o sulfureto de carbono, de “violeta”. A redução foi muito nítida e rápida”. É portanto "violeta" e não "verde", o único erro, que eu me obrigo a vos comunicar o mais rápido possível.Queira Sr., aceitar os meus sinceros agradecimentos pelo seu empenho em defender um homem honesto, e pai afectuoso de 5 crianças, e juntar os meus sinceros cumprimentos.

J.A. de Freitas Fortuna
Oporto - Portugal»
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20. Depoimento de José Joaquim Ferreira

José Joaquim Ferreira, de Coimbra. Médico no Porto.
- Delegado: - Gozando V. Ex.ª nesta cidade e em todo o País um nome e crédito dos mais distintos, a sua palavra deve ser tomada quási como um Evangelho. Diga V. Ex.ª o que sabe a respeito deste processo.
- Testemunha: - Com relação ao processo pouco sei.
Diz, porém, o que se passou com ele na casa Sampaio. Fôra chamado com urgência, na quarta-feira de Cinzas, de 90, àquela casa. Quando chegou, num quarto, à esquerda da escada, tinha acabado de morrer um menino. Verificou a morte. Foi a outra sala, onde estavam duas camas e em cada cama uma menina que lhe disseram enfêrmas. Viu-as. A do lado direito pareceu-lhe amais doente. Não tinha dados para julgar, quanto ao Mário, da causa da sua morte. Preguntou desde quando estavam doentes as meninas. Responderam-lhe que desde segunda-feira. Ficaram incomodadas, na segunda, depois de terem comido uma coisa, que lhe não explicaram logo o que fôsse. Vomitaram tudo o que comeram – sentindo iguais incómodos o Mário, a avó e a criada preta. Inquiriu se os doentes tinham sido vistos por algum colega – que não, e que aquilo lhes passara com sais de fruta. Na quarta-feira, começaram a aparecer sintomas violentos nas três crianças, ao que se segiui a morte do menino, persistindo aquelas manifestações nas duas meninas. Pelo cadáver do Mário pareceu-lhe que ele fôra vítima dum envenenamento, por ópio ou algum dos seus derivados. As doentes apresentavam sintomas que não podia julgar produzidos pelo ópio, mas antes pela beladona. Acusavam constrição da garganta, perda de visão, falta de urinas, etc. – sintomas de envenenamento pela beladona. Preguntou de algum colega tinha receitado. Resposta negativa. Mostraram-lhe uma receita de sulfato de quinino, em limonada sulfúrica. Era pouco, em tais condições. Não podendo explicar as tais intermitências entre o que se tinha dado na segunda-feira e na quarta, pareceu-lhe que havia ali um facto criminoso. E daí o ter convocado, por um bilhete, a compar~encia do Comissário.
Viu a caixa remetida de Lisboa – já lá não estavam os bolos de côco. Aconselhou a avó das doentes a que chamasse outro médico, para astratar, pois tinha de ir a Lisboa no dia imediato.
- Delegado: - V. Excª. conhece venenos, ou qualquer alcalóide, que faça efeito hoje, desaparecendo esse efeito e reaparecendo 48 horas depois, sem que novo tóxico possa efectuar esse reaparecimento?
- Testemunha: - Não senhor. Só por adicionamento de novo veneno.
- Delegado. – O Réu aconselhou os clisteres de cidreira às crianças, dizendo que, mercê deles, elas dormiriam melhor e ganhariam forças. A cidreira tem propriedades narcóticas ou reconstituintes?
- Testemunha: - Receita-se para os flatos. (Risos)
- Delegado: - Ministrados os clisteres, os meninos dormiram e acordaram de manhã, o Mário com náusias, falta de vista e pêso na cabeça e a sensação de que a casa andava á roda delas. A cidreira produz esses sintomas?
- Testemunha: – Não senhor.
- Delegado: - O Réu aplicou-lhes novos clisteres de cidreira. O Mário reteve o dêle, morreu; as meninas, que o expeliram, estiveram prestes a morrer. À vista disto, não houve mais alguma coisa?
- Testemunha: - Mais alguma coisa houve.
- Delegado: - Como se lhe pode chamar? Será veneno?
- Testemunha: - Será.
A defesa nada quere da testemunha.
O Escrivão lê o depoimento do Doutor José Carlos Lopes, a que se fazem referências em vários momentos subsequentes.
Segue-se a testemunha José Carlos Godinho de Faria, natural de Tomar, médico no Pôrto.
[Episódios anteriores consultáveis no blogue de apoio: Grandes Dramas]

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domingo, setembro 17, 2006

Casos jurídicos para curiosos não juristas [41º]


Após uma breve pausa, cá voltamos aos casos:
Marcolino é irmão gémeo de Zé Tó. Zé Tó namora com Mónica. Marcolino sempre esteve apaixonado por Mónica, sem no entanto ser correspondido devido à sua personalidade. Certo dia, Marcolino vestiu-se com as roupas de Zé Tó, penteou-se como o irmão e dirigiu-se à casa de Mónica. Fazendo-se passar por Zé Tó, saiu com Mónica. Esta, convencida de que se tratava do irmão, acabou por ter relações sexuais com Marcolino. Que crime praticou Marcolino?
1) Coacção sexual;
2) Violação;
3) Fraude sexual;
4) Abuso sexual de pessoa incapaz de resistência.
*Proposta de solução em futuro post.

Más notícias

Más notícias para o ambiente. Numa altura em que estamos longe do ideal, em termos de respeito pelo mundo que nos rodeia, a camada de ozono resolve estabilizar, e alguns dizem até que já recuperou em relação à década de 90 do século passado. Boas notícias para todos os que investem nos incêndios, na exploração de combustíveis fósseis, no desmatamento da Amazónia e nas descargas de efluentes tóxicos em rios e no mar.

Visitante 50.000

Segundo o infalível Sitemeter, o nosso visitante número 50.000 tem o IP 87.196.200 (Novis). Vê-nos de Lisboa com o sistema operativo Windows XP, através do Internet Explorer 6.0 numa resolução de 1280 x 1024 (32 bits). Visitou-nos precisamente às 16H53M27S do dia 17 de Setembro de 2006. Chegou através do blogue Avenida dos Aliados e acaba de ganhar um magnífico post.

sábado, setembro 16, 2006

Ponto caramelo

Como alguns dos meus amigos sabem eu gosto muito do fenómeno "pescadinha de rabo na boca”.
Já todos sabíamos que o Bento tinha ideias bem mais "radicais" sobre teologia que o seu antecessor, não tivesse sido o próprio, responsável pela organização reciclada da Inquisição.
Mas a questão aqui é um pouco mais vasta do que a simples ideia, que afinal todos temos, sobre o Islão e sobre a violência que, pelo que nos é dado ver, lhe está associada.
Deste suposto lado ocidental do planeta obedecemos a uma reversão do ónus da prova em relação ao mundo islâmico. Em vez de serem os próprios a deixarem claro as diferenças que os separam dos extremistas, temos de ser nós todos ao mesmo tempo a compreender o alcance e a doutrina de uma religião que muita gente diz ser de paz, e ao mesmo tempo combater aqueles que a pervertem, como se a responsabilidade da interpretação do Corão fosse nossa e que por não a fazermos é que não compreendemos a razão de nos atacarem.
É estranho, mas o resultado é só um. Não se pode dizer objectivamente nada sobre alguém que nem sequer pode ser retratado, mesmo que isso seja num contexto de análise do fenómeno.
Quando nos atacam são os extremistas, quando deste lado alguém fala, já fazendo todas as ressalvas que evitem fenómenos de racismo, xenofobia e intolerância, todo o mundo árabe parece ficar afectado porque aparentemente não possui o discernimento mental para perceber que por aqui também temos extremistas e o Bento pode perfeitamente ser um deles.
É a pescadinha de rabo na boca que principalmente faz grande sucesso na Europa devido ao fenómeno de arrastamento destes assuntos para as comunidades islâmicas imigrantes.
Parece que nos auto-castigamos sempre que temos os ímpios pensamentos de considerar que as minorias étnicas nos nossos países podem estar erradas. Se falamos é porque não respeitamos a diversidade. Se não falamos é porque somos arrogantes tal como todos os colonizadores no passado, como se fosse possível responsabilizar as actuais gerações pelo colonialismo e a arrogância doutros tempos, ou até mesmo pelo imperialismo que tão ferozmente combatem, sem saberem bem o que pretendem para o substituir.
Como sempre, minorias étnicas = bom, minorias sociais = mau. Não se pode dizer nada sobre imigrantes ou sobre outras culturas mas pode criticar-se abertamente estilos de vida e manter-se perpetuamente a estratificação social que caracteriza as sociedades ocidentais e as divide entre pobres e ricos. Aliás o melhor é mesmo não fazer nada porque pode ser que o problema acabe por passar. Entretanto acumulam-se os fenómenos de intolerância de parte a parte, a integração não se faz e temos quase dentro de casa problemas tão complexos ou pelo menos tão sérios quanto no mundo árabe, no que toca a um ódio aos ocidentais.
Ratzinger falou sobre um Imperador Bizantino e todos, sem excepção, somos resultado de uma história. Se as declarações de Ratzinger não são felizes, não o teriam sido no tempo do Imperador (apesar do politicamente correcto não existir na altura) assim como também não são felizes as declarações de Maomé sobre a forma de propagar a sua religião. Mas a questão é que foram ditas em determinado momento e ninguém as desmentiu. Ainda assim, o mundo árabe parece ter ficado incomodado com a aparente interpretação que fizemos, ou que Ratzinger fez, das palavras que Maomé terá dito.
Não é clara a intenção de Ratzinger quando profere estas palavras. Poderá ter intenção de separar as águas entre dois lados de uma espécie de conflito civilizacional, mas se o faz é igualmente legitimado pelas interpretações do Corão feitas por Sheiks, Mulahs e outros que nas mesquitas interpretam semanalmente as palavras do profeta numa espécie de bolo anti-ocidental.
A verdade é que o politicamente correcto nos arrasta para uma espiral de violência contra tudo o que seja diferente do mundo islâmico, não nos restando outra saída que não compreender essa espiral de violência num respeito pela diversidade cultural que acabará por fechar a porta da diversidade no final da festa.
Mas não há nada a fazer, as declarações do Papa vêm arrastar irremediavelmente o problema para um plano de onde o queríamos retirar – a religião. A partir de agora esta tornou-se uma guerra fundamentalista entre conceitos parolos de religião que nuns e noutros momentos se comportaram praticamente da mesma forma.
Quem deve estar a esfregar as mãos é o Bush que só pode beneficiar do arrastamento do conflito para um plano ainda mais maniqueísta do que já possuía.

Para uma leitura facilitada

dos nossos posts dedicados às mais belas rotundas de Portugal, consulte o blogue com o surpreendente nome «As Mais Belas Rotundas de Portugal».

As mais belas rotundas de Portugal [29º]


Em tempos de aproveitamento das energias renováveis, o Sam enviou-nos esta rotunda eólica. Não sei como Sócrates não se lembrou disto antes: parques eólicos em rotundas. Seria uma nobre tentativa de rentabilizar esta fonte de derrapagens orçamentais nas autarquias. A construção de rotundas.
Situada na entrada/saída da A22 (Via do Infante) para Tavira, esta é a 29º intersecção giratória de ordenamento do tráfego apresentada nesta rubrica pelo Dolo Eventual. Dado o facto de Portugal ter pouquíssimas rotundas no seu território, torna-se cada vez mais difícil para este blogue e os seus colaboradores externos encontrar e fotografar exemplares. Mas prometemos dedicação e esforço.
[Fotografia: Sam]
P.S.: O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais que por bem forem entendidos enviar para rotundas@gmail.com.

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As lições do Dolo Eventual

[Autorizamos o leitor a clicar na imagem para aumentar]
A minha amiga Carla Bagão foi a Manteigas e tirou esta fotografia, que teve a gentileza de me enviar. O Dolo Eventual aproveita o ensejo para dar aqui umas lições de poupança a quem de direito, propondo alternativas à construção de duas placas «Covilhã» - uma para a esquerda, outra para a direita:
1. Se Covilhã pode ser alcançada por ambos os sentidos, sem discriminação de qualquer via rápida, poderia ser colocada apenas uma das placas. Aquela que indicasse a direcção que levasse o automobilista à Covilhã mais rapidamente.
2. Se Covilhã pode ser alcançada por ambos os sentidos, era desnecessária qualquer placa. O automobilista iria lá chegar inevitavelmente.
3. Se Covilhã pode ser alcançada nos dois sentidos, seria suficiente uma só placa com duas setas. Uma para cada direcção.

Direito à vida

Era um domingo como outro qualquer… Passada que estava a hora do almoço, a população local da cidade da Gafanha da Nazaré, no Concelho de Ílhavo, cumpria o ritual do café pelas várias pastelarias espalhadas pela Avenida José Estêvão, artéria principal. O que se viria a descobrir nesta hora do café só demonstra que o direito à vida será discutível sim em relação às progenitoras e não ao feto ou embrião. O seu direito à vida devia ser soberano. A legalização do aborto não aproveita à ignorância, falta de escrúpulos e vácuo mental.

Pequeno pormenor

João Gonçalves terá querido dizer, neste post, hoje citado no Público, o seguinte:
Valentim, Vieira, Veiga, Pinto da Costa, Vale e Azevedo, Madaíl, árbitros e companhia são, afinal, todos bons rapazes, graças ao legislador. Se calhar nunca chegaram a existir. Começa a parecer-me que o que é verdadeiramente inconstitucional é o legislador.

O cerco

O cerco está cada vez mais apertado. Ribau Esteves, presidente da C.M. Ílhavo, não dá descanso e insiste na Marina da Barra. O presidente da Região de Turismo Rota da Luz alinhou pelo autarca. O presidente da C.M. Aveiro, Élio Pilatos Maia, já lavou as mãos do assunto. Agora é a vez de Rui Paiva, da Administrição do Porto de Aveiro (APA). Há mau tempo no canal.

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Colaborador da justiça procura-se


No âmbito da Bolsa de oportunidades do site da Ordem dos Advogados foi divulgado recentemente, como vem sendo hábito, uma oferta de estágio para Advogado(a) - estagiário(a) em escritório na baixa de Lisboa, com os seguintes elementos:
- Disponibilidade Imediata
- Conhecimentos de informática como utilizador de software Windows/Office
- Estágio não remunerado (com possibilidade de remuneração na 2ª fase)
Estes não são contudo os únicos factores a considerar. Fontes fidedignas revelaram ainda que os candidatos devem evidenciar, pela análise dos respectivos C.V.´s, as seguintes características:
- Especial aptidão para endurance económico
- Excelentes conhecimentos das obras de Ghandi, Madre Teresa e Ordem das Carmelitas.
Nota Bene: Dado o volume de candiadaturas apresentadas, foi já retirado este anúncio.

100 imagens reconfortantes para fumadores em tempos difíceis (71ª)



[Oriana Fallaci recomendada por aL]

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sexta-feira, setembro 15, 2006

Fim de ciclo?

Para quem julgava que se tinha chegado ao fim do ciclo do betão: o pesadelo ainda não acabou!

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Nunca se sabe

12 maneiras de enganar incautos via e-mail.

Muito a aprender

Portugal lidera na prevalência de casos de HIV/Sida na Europa e independentemente dos números sabe-se que eles não representam a realidade.
A ignorância e o conservadorismo das beatas de sacristia do costume, continuam a evitar que se encare este problema de frente, resumindo-se o combate à doença a campanhas mais ou menos estúpidas em que ninguém se revê, e no apoio (fraco, muito fraco) às vítimas.
É incompreensível que o papel com maior impacto na prevenção e até no apoio esteja reservado a ONG’s como a Abraço e outras ligadas a grupos de defesa dos homossexuais. Associações como a Abraço, a ILGA ou O Ninho, falam a linguagem destinada aos "seus" públicos, fazem trabalho de rua e apoiam, ainda que só o possam fazer com subsídio do Estado e de outras iniciativas que organizam e promovem.
A Comissão Nacional tem um papel relativamente discreto, muda de coordenador ao sabor dos ventos políticos, faz uns colóquios, não define planos de apoio concretos, apenas espera candidaturas de associações de carácter humanitário e cria umas campanhas incipientes com o Luís de Matos.
O Brasil, já desde o tempo de Henrique Cardoso definiu um plano de combate à doença que limitasse de uma vez por todas o aumento do número de novas infecções e que permitisse o acesso a anti-retrovirais de forma mais barata à generalidade dos infectados, assumindo o ónus de copiar as patentes dos medicamentos caros do hemisfério norte e produzir genéricos.
O Brasil, sem constrangimentos morais ou conservadores, aborda o assunto desde a mais tenra idade nas escolas do país, levando a ideia de uma pedagogia de prevenção a sítios que nós ainda nem nos lembrámos, como por exemplo a industria pornográfica, onde legislaram que seriam proibidos filmes em que os actores e actrizes não usassem preservativos. Apesar da polémica quem não se recorda de uma campanha publicitária dedicada ao "Bráulio"?
Agora surge uma boa iniciativa de estreitamento de relações com a comunidade científica brasileira para a produção de anti-retrovirais genéricos para Portugal e para a Europa.
Pode ser uma boa oportunidade de partilha de experiência científica, mas também seria útil que fosse uma boa partilha de experiências pedagógicas sobre a prevenção que por cá continua a deixar muito a desejar.

O ridículo


Avelino Ferreira Torres, conhecido, entre outras virtudes, pelo seu envolvimento em negócios muito transparentes, pediu a dissolução do executivo camarário de Amarante. Motivo: incumprimento de uma sentença que condena o município a reconstruir um muro a um particular. E parece que irá recorrer aos tribunais para alcançar tão nobre desiderato. É de políticos de causas que Portugal precisa. Este homem faz falta ao Big Brother Governo.

Ignomínia

O banco de óvulos e esperma, que entra hoje em funcionamento no Instituto de Ciência Biomédica Abel Salazar da Universidade do Porto, não admite dadores fumadores. A malta do Dolo Eventual está, assim, excluída à partida.

Video killed the radio star


Durante muito foi assim, o velho som da estereofonia. Ouviam-se as nossas músicas preferidas e lá ficavam elas a deambular por entre os nossos poros. Para nos guiar nessa viagem, além da melodia claro, contávamos então com a tão importante letra. Ela permitia ver, sentir, criar expressões. Era esse o veículo da música e o charme dos antigos rádios não será esquecido. Não fosse aquele 1 de Agosto de 1981 em que tudo mudou... O primeiro videoclip lançado na televisão pela MTV “Vídeo killed the radio star” da banda The Buggles foi premonitório. A partir desse momento, todas as bandas queriam ter o seu videoclip e foi o que se viu. O certo é que existe arte em muitos vídeos e uns quantos minutos podem transformar-se em algo mais que a música que lhes dá origem. (Para onde se encaminha este rasurado todo afinal?!). Porque a arte assume varias formas e porque sim, para os aficionados de um bom “velho” videoclip, pode-se viajar por entre bandas, intérpretes e imagens que se podiam julgar esquecidas ou perdidas ou, então, simplesmente por onde se quiser. Esta liberdade ainda é plena.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Uma carta de Bilbao


Não sei se ainda se lembram disto. Nessa ocasião fiz uma exposição por escrito aos serviços do museu (em português, claro) na qual comuniquei o meu desagrado por duas coisas, a saber: 1) Pedi que fosse corrigida a informação disponibilizada ao visitante nos audio-guias sobre a obra de Karl Briulov porque, em definitivo, Camões não foi um poeta romântico português; 2) Apesar existir ainda muita informação, impressa ou audio, sobre as exposições em várias línguas (incluíndo o euskara e o galego), em português nada!
Pois bem, o sr. Xabier Pérez-Gaubeka, Director de Desarrollo do museu, respondeu às minhas reclamações. Quanto ao primeiro ponto desculpou-se, dizendo que «el Museo Guggenheim Bilbao es una entidad joven». Pois bem, eu acho que a juventude não desculpa tudo. Quem se propõe a oferecer um produto cultural e cobrar 12 euros à cabeça, tem de garantir o rigor científico dos dados que fornece ao consumidor. Hoje, graças à contra-informação do Guggenheim Bilbao milhares de cidadãos de todo o mundo tomam Camões por um poeta do romantismo. Enfim, são apenas quase três séculos...
Quanto ao segundo ponto da minha reclamação, a resposta é lacónica mas suficientemente clara para bom entendedor: «No obstante tomamos en cuenta su petición». Está bem está.
Faço aqui uma sugestão a todos aqueles que vierem a visitar esta instituição nos próximos tempos: reclamem, protestem, exijam que seja disponibilizada informação em português. Não podemos deixar que nos releguem para a invisibilidade cultural. Mas façam a reclamação sempre em português!

[OBS: a carta que me foi enviada é bilingue, isto é, em euskara e castelhano...]

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As mais belas rotundas de Portugal [28ª]


Tomar também está presente nas mais belas rotundas de Portugal, com este modelo muito frequente um pouco por todo o país. A rotunda com fonte luminosa, o que geralmente faz disparar o custo do projecto. Além disso é contrário à utilização normal que qualquer tipo de fonte deve ter. As fontes devem existir para as pessoas se aproximarem, usufruírem do local e refrescarem-se. Nas rotundas ninguém o quererá fazer correndo risco de vida.
António Silvestre (o autor) diz-nos: "É uma rotunda com fonte luminosa e com duas particularidades: 1ª, foi caríssima e 2ª, está, algumas vezes parada para poupança já que, parece, a sua manutenção é também caríssima."
[Fotografia: Alfredo Silvestre]


P.S.: O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais que por bem forem entendidos enviar para rotundas@gmail.com.

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quarta-feira, setembro 13, 2006

100 imagens reconfortantes para fumadores em tempos difíceis (70ª)

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Capa do semanário opus terrorum

No seguimento das festividades do 5º aniversário do 9-11, líderes de vários grupos terroristas reuniram-se em terreno sagrado desconhecido para discussão e aprovação do projecto "Portugal pelos Ares". A votação decorreu ordeira e democraticamente pese embora a não aprovação por unanimidade. Eis as razões apontadas para tal desfecho inusitado:
I- Faltaria o elemento surpresa, todos iriam pensar que se tratava de uma província espanhola (já lá estivemos rapazes).
II- Os telespectadores iam temporariamente ficar sem Morangos com Açúcar e Floribela. Reacção em massa e fortemente armada por parte dos pequenos rebentos dos líderes de tão magna organização que assistem diariamente atraves do canal cabo Al - Sheeta - Pt.
III- Forte oposição de Bush, membro fundador, pois pretende manter intactas as bases portuguesas como escala para as viagens dos seus convidados especiais, com destino a um bunker qualquer, em qualquer sítio fora dos states.

Nota de boas-vindas

O Dolo Eventual não tem posição unânime relativamente à questão das quotas femininas. Presumo. Eu sou contra. Aliás, não é de estranhar. Desconfio que o José Raposo é a favor. Quanto ao David Afonso, nunca privámos de uma inteligência sobre o assunto. Todavia, pelo sim pelo não - não nos venham acusar mais tarde de não procedermos à promoção da igualdade entre os sexos -, esta casa tem o prazer de anunciar que acaba de recrutar uma dolosa. Cláudia Gonçalves vai estar connosco até se fartar. Aliás, não seria de estranhar.
Sejas muito bem-vinda, então.

Má criação

Jónatas Machado, professor de Direito na Universidade de Coimbra, próximo do CDS, escreveu algumas enormidades sobre a questão criacionismo Vs evolucionismo num artigo publicado com o título de «O Papa e a evolução» (PÚBLICO, 8 de Setembro). Aquele aborto argumentativo não tem pés nem cabeça. É uma vergonha que um professor de Coimbra seja incapaz de alinhar uma argumentação de uma forma coerente. Não me vou pronunciar sobre qualquer uma das partes, mas apenas e tão só fazer algumas observações. Também não me vou debruçar sobre o texto na sua total extensão (lamento, mas não há paciência...), mas apenas sobre um pequeno e único parágrafo que nos servirá de amostra.

Diz Jónatas: «A querela entre evolucionistas e criacionistas bíblicos não é entre fé e ciência, mas sim entre duas visões do mundo: a bíblica e a naturalista». Esta é uma velha estratégia: quem parte em desvantagem começa sempre por situar as várias partes em debate ao mesmo nível. Ora, acontece que estas «visões do mundo» são diferentes justamente porque uma sustenta-se na fé e outra na ciência. Chamar pelo mesmo nome duas realidades diferentes não as transformará num única realidade. Esta artimanha tanto pode servir para situar a ciência no domínio da fé ou a bíblia no domínio da ciência. O que pretenderá Jónatas? Vamos ver.
«Os criacionistas não disputam os resultados das observações científicas feitas no presente». Óptimo princípio não fosse o que se segue: «Todavia, o passado distante não é observável nem repetível. As evidências científicas são as mesmas tanto para criacionistas como para evolucionistas, como os mesmos são os conhecimentos científicos acessíveis a uns e outros». Perceberam? Em primeiro lugar, Jónatas declara o seu cepticismo radical («o passado observável não é observável»), ou seja, como não é possível aceder aos factos do passado, a ciência não pode provar o evolucionismo (não interessa a evidência do oposto, o professor de Direito revogou a geologia, a arquelogia, a paleontologia, etc...). Todavia (agora digo eu), logo de seguida Jónatas afirma que as «evidências científicas» tanto servem a uma parte como a outra. Do cepticismo dá-se o salto para um positivismo optimista, do «não há factos» salta-se para o «há factos à medida de todos»! Vamos lá ver se entendemos: Isto de ciência é apenas uma visão do mundo, assim como a religião, estão a ver? Sobre o passado o que a ciência diz não tem validade alguma, a não ser que sirva para reforçar o ponto de vista de JM, isto é, o criacionismo.

Esta confusão entre ciência e religião, em que ambas são postas no mesmo patamar é um vício que teima em prevalecer. No mesmo homem ambas podem coexistir e nem sempre de maneira pacífica, é certo. Não vejo mal nenhum que um homem de ciência faça as suas orações ou que um homem de religião faça as suas investigações. Agora, nem deve procurar Deus no laboratório e nem deve procurar os factos científicos na bíblia. Tudo o resto ou é poesia ou é má fé.

Recomendo a leitura de um artigo de H. Noronha Galvão, professor de Teologia na Universidade Católica Portuguesa e ex-aluno de Joseph Ratzinger, intitulado «Uma questão de sensatez» (PÚBLICO, 10 de Setembro), que situa – e muito bem – a questão em torno do criacionismo no único terreno em que pode e deve ser debatida que é o da filosofia. Apesar de discordar de alguns pormenores do texto, acho importante sublinhar a lucidez do autor, que recusa a insensatez de tomar por igual aquilo que é diferente. Um bom texto para Jónatas ler.

[Deixo aqui alguns links: Jónatas Machado no Portal Evangélico, a opinião de Vasco Barreto, o entusiasmo do Nortadas e a posição da Associação de Cépticos de Portugal]

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Grandes clássicos do spam [1]


Brasília [1], 10 de setembro de 2006

Informamos que seu titulo eleitoral teve um Cancelamento [2] provisório.
O motivo do cancelamento foi uma irregularidade em seu Cadastro de Pessoa Física [3] (CPF) a qual motivou o cancelamento do mesmo, e também de seu título eleitoral [4].
Para saber mais detalhes [5] sobre esta irregularidade, e quais providências tomar, leia o regulamento clicando no link abaixo.
Após clicar no link, será exibida uma janela [6], onde a opção "Abrir" deve ser clicada.
CLIQUE AQUI PARA ABRIR O REGULAMENTO
ou se não conseguir Clique Aqui
[1] Nem se preocupam em saber a nacionalidade de um gajo.
[2] Um Cancelamento com letra maiúscula deve ser um grande cancelamento.
[3] Por oposição ao Cadastro de Pessoa Metafísica.
[4] Quer dizer que já não poderei votar no Brasil? Oh, Pedro já não sou!... À cova escura Meu estro vai parar desfeito em vento... Vou-me matar.
[5] Ainda mais?
[6] Uf, pensei que explodisse uma bomba.

terça-feira, setembro 12, 2006

Analfabetos mas saudáveis

A educação está como está. As estatísticas não enganam. "É preciso fazer alguma coisa..." -pensaram no ministério da dita. Do norte surgiu a solução para a chaga do insucesso escolar: "Esta gente anda a fumar demais!". Adivinha-se o pior. Se és aluno e tens um professor fumador a ressacar não abuses da sorte, pá! Conselho de amigo (e de fumador), pá!

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As mais belas rotundas de Portugal [27ª]


Uma coisa é certa. As rotundas de Montalegre ganham aos pontos no nível da estatuária e nas toneladas de bronze utilizado para as decorar.
Depois da Cristina Santos nos ter enviado a Rotunda do Agricultor, que a juntar às estátuas possui um frondoso relvado, envia-nos agora esta singela homenagem ao bife. Exactamente, esta rotunda faz mesmo lembrar um belo bife do gado de origem barrosã, e certamente que os autarcas da região não quiseram deixar passar a oportunidade de aguçar o apetite do incauto viajante.
A Cristina diz-nos sobre as rotundas de Montalegre que: "geralmente estão centradas em plena nacional e derivam com varias saídas exactamente para a mesma nacional..."
[Fotografia: Manny]

P.S.: O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais que por bem forem entendidos enviar para rotundas@gmail.com.

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segunda-feira, setembro 11, 2006

O governo secreto

Como os anos que passaram desde 11/09/2001 acabaram por provar, o bom governo, o governo certo é o governo secreto.
Voltámos nos últimos anos a uma sensação da mais completa abstracção da informação politica fornecida aos cidadãos eleitores. Apenas os elegemos e voltaremos a fazê-lo ciclicamente, sem que pelo meio a nossa opinião possa ser tida em conta.
Não sabemos do que falam, nem quando falam, a não ser que isso lhes interesse e seja aceite pelos marketeers que decidem por surveys.
Apenas nos alimentaram um já habitual sentimento de insegurança, formos para onde formos, como se fosse uma arma de arremesso que quando menos esperamos nos atiram à cara, para nos lembrarem que se não tomassem conta de nós já teríamos sido todos reduzidos a pó por um qualquer mal-intencionado islamita.
Subitamente deixámos de ter a maturidade de nos informarem como nos governam. De repente tornámo-nos involuntariamente cúmplices de todos os que nos querem fazer mal e padecemos todos de uma amnésia selectiva anterior a 11 de Setembro de 2001, e já não sabemos como éramos aparentemente livres.
E o pior é que parece que estamos a gostar. Estamos todos preparados a ceder espaço aos limites, às regras e ao controle para protegermos aquilo em nome da qual fingimos lutar – A Liberdade

As mais belas rotundas de Portugal [26ª]


«Rotunda pequena: Candidata (se não é que ganhou já) à mais pequena rotunda de Portugal.
Não...desenganem-se...não é nenhuma tampa de esgoto. Aquele pionés no meio da estrada é mesmo uma rotunda.
Fica no Bairro do Atalaião (em Portalegre). »
[A equipa do Em Portalegre cidade]

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100 imagens reconfortantes para fumadores em tempos difíceis (69ª)

[Mais uma recomendada pelo PCP]

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Ponto de encontro - coisas do arco da velha

«Funcionário médio do Estado, solteiro, católico, de 43 anos, com direito a reforma, pretende celebrar casamento com uma rapariga católica, que saiba cozinhar e se possível costurar, com património.»
Anúncio publicado em 7 de Março de 1920 por Joseph Ratzinger, progenitor do papa Bento XVI, no jornal católico Correio da Nossa Senhora de Altotting. Assim veio a conhecer Maria Peitner, progenitora do papa. [Link]

domingo, setembro 10, 2006

O bobo

O prof. Marcelo é imbatível! Em poucos minutos debita opiniões sobre tudo. Desde o 11 de Setembro até ao Gil Vicente, passando pelo CDS e acabando numa série de livros que nunca leu e, se tiver sorte, nunca lerá. Se o programa durasse mais 3 minutos ainda haveria tempo para dar um receita de bacalhau, sugerir um conselho matrimonial e definir a táctica do governamental para o próximo surto da gripe das aves. Mas o momento alto, para mim, foi quando rebateu o programa da criação de salas de injecção assistida com um simples pacote de pastilhas com aroma a cannabis. Soberbo! O bobo da corte inicia a época em boa forma!

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O gosto dos outros



[Hummm... acho que a Control ou a Durex perderam aqui a oportunidade do golpe publicitário do século...]

[Foto de Teodósio Dias n'A Baixa do Porto... e no do tempo e da luz]

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Das leituras de fim de semana



Quando termino de ler o Inimigo Público, a primeira notícia que me surge à retina parece-me ainda falsa. Adaptação. Curioso: a inversa não ocorre.

sábado, setembro 09, 2006

Exclusivo Dolo Eventual


A equipa do Dolo Eventual deslocou-se hoje a Regos do Menariz onde a população promete perseguir uma jovem virgem durante toda a tarde na arena, matando-a, distribuindo depois a carne pela população. Acredita-se nos poderes milagrosos e afrodisíacos da carne. Apesar de saber que tal conduta é proibida e punida por lei, a população de Regos do Menariz, pela voz do seu Presidente da Câmara, garante tratar-se de uma tradição ininterrupta desde há mais de 200 anos - requisito exigido pela lei para que possa invocar-se um regime de excepção, o qual foi foi já requerido e recusado pelas entidades competentes. Regime de excepção, refira-se, já existente na localidade de Carranscos.
«As festas em honra da Nossa Senhora da Azia são impensáveis sem a morte da virgem. O povo nem saía de casa.», declara o Presidente da Câmara de Regos de Menariz ao Dolo Eventual. E prossegue «Não compreendemos como é que indeferem o pedido de concessão do regime de excepção sem sequer ouvirem o povo de Menariz. As festas da Nossa Senhora da Azia não mereciam esta desconsideração. Mas o povo de Menariz é um povo que não sabe ficar calado perante as injustiças e como forma de protesto vai uma vez mais matar a virgem porque sem isso não há festa. É a expressão da nossa cultura. E sem cultura e tradição o povo perde a sua identidade

Leituras eventuais



«O islão condenou todas as formas de vida pródiga em proveito da actividade guerreira. Num tempo em que os seus vizinhos gozavam de um estado de equilíbrio, dispôs de uma forma militar crescente à qual nada resistiu. Uma crítica renovada de todas as formas de luxo – primeiro protestante, em seguida revolucionária – coincidiu com uma possibilidade de desenvolvimento industrial, implicada nos processos técnicos. A parte mais importante do excedente foi reservada, nos tempo modernos, à acumulação capitalista. O islão deparou em breve com os seus limites; o desenvolvimento da indústria começa a pressenti-los por seu turno. O islão regressa sem dificuldade à forma de equilíbrio do mundo que conquistara; a economia industrial, pelo contrário, comete-se de uma excitação desordenada: mostra-se condenada a crescer e já a possibilidade de crescer lhe falta.»
Georges Bataille, A Parte Maldita

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